segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Lamento: não teremos o carro voador

Star Wars, Minority Report, Blade Runner, Total Recall e, claro, Back to the Future estavam todos errados. Lamento, amigo leitor, mas não teremos um carro voador. Ok, estou sendo apocaliptico, pessimista e depressivo. Mas o que vocês esperavam de mim ?

(cena de Total Recall)

Eu estava pensando sobre isso outro dia, e conversando com amigos. Depois de várias considerações, com destaque para o Henrique Myiamoto, essa conclusão pareceu simples e até inevitável. O resumo segue.
Em relação a um carro comum, o carro voador acrescenta uma dimensão a mais no controle do veículo. Não basta mais uma pista linear dentro da qual podemos nos deslocar lateralmente (unidimensional). Mesmo com o uso de uma pista linear, o deslocamento passa a ser na área da sessão, ou seja bidimensional. Significa que, na prática, todo mundo precisaria de um brevê de piloto. 
Pensem no estacionamento dos veículos. Se já temos problemas para fazer balisas no chão, imagina então pousar um carro que chegou voando na vaga.

(cena de Blade Runner)

Apesar dos fios visíveis na imagem acima, já dá um certo medo parar o carro mesmo sem ninguém do lado. Hoje, se erramos a distância da guia por 30 cm, podemos até consertar, deixar assim e até rirmos do erros. Pousar um carro voador 30cm acima do chão vai dar um solavanco, digamos desagradável.
As velocidades poderiam ficar estonteantes e ainda mais perigosas que as de um carro comum. 

(cena de Return of the Jedi)

Tem ainda, é claro, o perigo do mal usuário. Sempre vai ter alguém pensando em roubar sua casa ou um banco entrando pela janela. Ia ser necessário burlar os sistemas de segurança, mas alguém duvida que isso é possível ? Aliás, isso é parte dos roteiros dos mesmos filmes que estou citando aqui.


(cena de Minority Report)

Ainda assim, tem um fator final e mais forte. Acabamos de passar uma nova Lei Seca no Congresso endurecendo a pena dos motoristas alcoolizados. Deixando de lado a ridícula decisão* do STF  sobre o bafômetro, precisamos de um novo arcabouço jurídico para punir ainda mais os motoristas que dirigem carro comuns sem a menor condição mental para tanto por não sermos capazes de evitar isso apenas na base do bom senso. 
Simplesmente não temos maturidade social e biológica para um carro voador. 

(cena de Back to the Future)

Que pena. Quem sabe em uns 300 anos. Quem sabe em outro planeta. Quem sabe em outra espécie.

*refiro-me aqui à tosquíssima decisão de que "o réu não pode produzir provas contra si mesmo", invalidando as análises feitas por bafômetro. Não sou jurista, mas não é preciso nem ser bacharel para perceber o ridículo dessa decisão. Fosse ela correta, nenhum exame poderia ser feito, nem mesmo a dosagem direta do álcool no sangue no IML, pois o réu continua produzindo a prova. Esses ridículos ministros puseram em risco, na opinião deste blogueiro, todas as provas técnicas baseadas em exames de DNA, por exemplo. 


3 comentários:

  1. Bom, como eu sou da mesma opinião da minha esposa, de que para tirar carta o cara tinha que passar por exame psicológico completo e não só por um psicotécnico meia boca, eu não vejo problemas em um exame mais duro, como um brevê, que force o cara a refazer todo o teste de tempos em tempos.

    Em relação à decisão do STF, ela é simples: está no código penal DESDE SEMPRE que nenhum réu é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Não apenas aqui, nos Estados Unidos a mesma regra existe, só que na constituição, o que é ainda pior. Posso estar enganado, mas na maioria dos países do mundo essa regra vale, e com certeza em todos os países do primeiro mundo isso é lei.
    Mas isso está longe de invalidar provas técnicas baseadas em DNA.
    Primeiro porque DNA pode ser coletado de outras fontes (copos, bitucas de cigarro) que não são juridicamente considerados parte do acusado (logo ele não está produzindo provas contra si).
    Segundo porque um mandado simples obriga o cara a entregar as amostras (existem circunstâncias específicas para isso, mas o importante é que a possibilidade existe e não é rara).
    E terceiro porque poucas decisões nesse raio de País são retroativas. Existem outros motivos, mas eu não sou formado em Direito (sou só um curioso) logo não estou capacitado para discorrer mais do que isso.

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  2. Vamos por partes, já que eu mesmo misturei os assuntos.
    Sobre o exame psicológico, eu tenho pela Psicologia o mesmo grau de respeito que tenho pelo Tarot, Astrologia, Horóscopo e Leitura de Borra de Café. Seria lindo se funcionasse, pena que não.
    Sobre o STF, o mesmo STF que recusa o bafômetro como prova decidiu que a recusa em fornecer amostras de DNA resulta em decisão automática pela paternidade. Portanto, STF, vai comprar 200g de critério porque realmente estão precisando.
    E quanto a retroagir decisões, é um dos princípios do direito penal que a retroação só pode existir a favor do réu, e é disso que estamos falando.

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  3. Psicologia é algo que eu pessoalmente acredito que funciona em alguns casos. Li estudos e estudos que demonstram que aplicada a comportamento e/ou grupos, como seria o caso, ela funciona (não dá para ignorar uma redução de mais de 90% no número de acidentes aéreos causado por análise psicológica dos funcionários) mas é de fato bem discutível a eficiência dela no que tange a tratamento individual. De mais a mais, o comentário foi mais para frisar que eu acho que o teste para carta de motorista deveria ser mais criterioso.

    Teste de paternidade não é gerar prova contra si porque ser pai de alguém não é crime nem delito. Logo, o teste de paternidade não é a mesma coisa que o bafômetro.
    Retroatividade pode existir a favor do réu, mas isso está longe de ser regra ou de ser automático.

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