domingo, 6 de janeiro de 2013

Porque competir

Já faz alguns anos que a TSKF promove o Brazil International Kung Fu Championship Tournament. Faz ainda mais tempo que a academia participa sistematicamente de campeonatos dos mais variados tamanhos nos mais longínquos cantos do mundo. Levamos delegações que variam de poucos a centenas de atletas para competir em todos os níveis, categorias, graus e tipos de competição existentes. Você já se perguntou para que diabos serve competir ?
Começo dizendo que acho muito peculiar que uma academia que conta com mais de 2.000 atletas regularmente treinando leve uma delegação de "apenas" 400 ou 500 para o torneio que ela mesma promove. Por mais que seja um volume de gente inalcançável por qualquer outra academia no Brasil, parece-me que a adesão ainda é baixa. 
Claro que existem os mais variados motivos para um determinado atleta não competir. Ele pode não ter dinheiro para a inscrição. O campeonato pode ser em uma data impossível para ele. Ele pode até estar machucado e não estar em condições de treinar duro para uma apresentação a altura da competição. Se ainda assim não for o caso, lembre-se do GDE - Gerador de Desculpas Esfarrapadas, disponível aqui.
Mas vamos pensar pelo outro lado da questão. Em vez de se falar em porque não competir, vamos falar em porque competir.
A primeira coisa que se observa em um atleta de competição é que ele treina com mais afinco (isso incluiu quantidade, assiduidade, ritmo, dedicação e seriedade). Por si só, isso já traz benefícios impossíveis de se mesurar. É lógico que o atleta inscrito não quer fazer feio no campeonato. Ninguém quer. Então, ao mesmo tempo em que os grandes campeões estão buscando ganhar novamente, os novatos (ou os que se consideram tecnicamente inferiores) estão em busca de um lugar ao sol. 
A segunda coisa que se observa, menos no atleta e mais no ser humano, é sua renovada capacidade de lidar com a pressão. Afinal de contas, o atleta vai subir no tatame e apresentar uma vez sua técnica, sem direito de errar, escorregar, esquecer uma parte ou recomeçar. Sim, isso é pressão e ela existem em todas as atividades humanas. O campeonato ajuda muita a gente a melhorar sua relação com a pressão por resultados e, no fim das contas, o Kung Fu pretende nos fazer pessoas melhores. 
A terceira coisa que se observa é um sentimento de grupo. Os competidores, longe de se odiarem, sentem-se parte da festa. O atleta conhece novas pessoas, faz novos contatos e novas amizades. E todos saem de lá com algo em comum que só pertence a eles.
A quarta coisa é o aprendizado do campeonato em si. O atleta vai competir com colegas que ele conhece, mas também com muitos colegas de outras unidades e, principalmente, com atletas de outras escolas. E eles trarão outras formas ou as mesmas formas feitas com padrões completamente diferentes (e nem por isso errados). Assistir as competições e aprender novos detalhes, novos movimentos, novas maneiras de se fazer os mesmo movimentos foi o que mais me motivou a ir nos campeonatos durante anos. 
Claro que deve ter gente que consegue ir no campeonato sem treinar mais, sem aprimorar a técnica, não aprende a lidar com a pressão, erra tudo na hora de competir, sai emburrado com a arbitragem, não conhece novas pessoas e nem percebeu que tinha coisas a aprender. Digo que "deve ter" pois realmente não os conheço: é o tipo que desiste da academia no mês seguinte ao campeonato e, honestamente, cai nas brumas o esquecimento antes do final do ano.
Admito que eu poderia continuar a lista, mas se até agora você não foi convencido, eu jogo a toalha.

3 comentários:

  1. Antes de começar, uma coisa precisa ficar clara: eu vejo as artes marciais de uma forma parecida com a de Morihei Ueshiba-sensei.

    Isso posto, existem muitas razões para uma pessoa entrar em uma competição. Mas apenas uma para ela competir: gostar. Só faz sentido competir para quem gosta de competir. Simples assim.

    Analizando friamente, nenhum dos benefícios citados e que em tese a competição traz não pode ser alcançado apenas treinando. Eu poderia citar exemplos e exemplos disso, desde dojos onde não existe competição e no qual os benefícios que você citou, dentre outros, aparecem claramente, até academias onde eu acho tudo isso num ambiente em que a competição é desestimulada como forma de combater o stress do dia a dia.

    Mas no fundo, isso se enquadra em algo que eu já disse antes: tudo depende do objetivo do aluno. E, algumas vezes, da compreensão que ele tem do seu estilo e da sua academia.

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  2. Muito bom Norson, não vejo melhor maneira de superar o medo do que entrar em ação. A ação cura o medo.

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  3. ... Competir não é o mesmo que entrar em ação.

    Meu argumento é relativo a competições, se falamos de agir ou não a discussão é diferente.

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