sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Grandes fraudes esportivas

O assunto do Super Bowl me deixou com vontade de fazer um breve resgate de casos emblemáticos de influência da arbitragem no resultado de eventos esportivos. Nem todas, amigo leitor, terminaram de modo trágico: em algum momento tudo acabou sendo corrigido, fosse por instância superior, fosse pela superação da parte prejudicada ou até por eventos fora do controle de todos (a chamada sorte).
É natural que o futebol encabece a lista, não apenas por ser o esporte mais popular do mundo e aquele que mais tempo gastei (pelo menos acho que foi ele...), mas por sua fragilidade intrínseca de não ter mecanismos de proteção e correção das decisões dos árbitros. Em um último aviso, a lista não pretende ser completa, absoluta, perfeita nem ser a dos mais escandalosos; é apenas o que me veio à mente enquanto os dedos passeiam pelo teclado.
  • Final da Copa de 1966 (futebol)
Talvez o mais famoso caso do mundo, a final da Copa de 66 viu os alemães serem prejudicados em detrimento dos anfitriões em um lance onde a bola entrou no gol inglês, mas o gol não foi validado. As falhas aqui vão desde a equipe insuficiente de arbitragem, passando pela falta de revisão técnica do lance e chegando ao absolutismo do poder do árbitro.
  • Quartas de Final da Copa de 2010 (futebol)
Em uma curiosa justiça poética, os alemães foram favorecidos contra os ingleses nas quartas de final da Copa de 2010 em lance muito similar ao da Copa de 66.
  • Brasileirão de 2005 (futebol)
No muito comentado caso do juiz-ladrão Edilson Pereira de Carvalho, 11 jogos foram anulados porque o juiz estava comprado por um grupo de fraudadores de apostas (que por sinal são ilegais no Brasil). Não havia decisão perfeita a ser tomada (as opções eram anular o campeonato todo, deixar como estava, anular os jogos apitados por ele e anular apenas os jogos que ele influenciou). Teve de tudo nessa confusão, pois ele estava "contratado" para ajudar o Corinthians contra o Santos, mas o time da Baixada goleou por 4x2 sem influência do árbitro. Essa jogo foi anulado e a nova partida terminou Santos 2 x 3 Corinthians. 
Mais a frente, o confronto direto entre futuros campeão e vice teve vários lances polêmicos, sempre a favor dos paulistas.
Pelo resultado final, a CBF fez um trabalho melhor que o juiz ao favorecer o Corinthians.
  • Brasileirão de 1995
A final entre Santos e Botafogo contou com vários impedimentos mal marcados contra os paulistas e um gol em impedimento dos cariocas. O Botafogo foi campeão com isso tudo.
  • Copa do Brasil de 2000
Depois de empatar em 0x0 no Morumbi, o São Paulo empatava em 1x1 contra o Cruzeiro no Mineirão e estava com a mão no título. Aos 45' do segundo tempo, o gaúcho corinthiano Carlos Eugênio Simon marcou uma falta (existente) a favor do Cruzeiro. Na cobrança, Muller empurra um zagueiro do São Paulo que estava na barreira e a bola passou por ali para entrar no gol da virada cruzeirense.
  • Copa do Brasil de 2002
O mesmo Carlos Eugênio Simon, agora apitando a favor do time de coração, garfou o pequeno Brasiliense no primeiro jogo da final. Anulou dois gols legais e validou um em impedimento para o Corinthians. 
  • Paulistão de 1998
A criticada arbitragem brasileira foi posta de lado nas semifinais em favor de um árbitro argentino. Javier Castrilli fez mais lambança ainda ao inventar um penalti contra a Portuguesa, classificando o alvi-negro para a final contra o São Paulo.
  • Libertadores 2005
Não posso esconder os fatos. Um dos gols do São Paulo na final (foge-me a memória de qual, mas acho que foi o 2o) estava em impedimento. Curiosamente, os jogadores do Atlético-PR não reclamaram.
  • Brasileirão 2008
Outra confusão com a arbitragem. O árbitro Wagner Tardelli, que apitaria o jogo Goiás e São Paulo foi acusado antes do jogo de receber suborno. Ele ganhara ingressos para o show da Madonna no Morumbi e acabou substituído por Jailson Macedo Freitas. Curiosamente, o São Paulo venceu por 1x0, com gol impedido.
  • Final da Copa de 1982
Arnaldo Cesar Coelho, o mesmo que hoje tem a cara de pau de comentar arbitragem, favoreceu a Itália não marcando um penalti claro a favor dos alemães. A Azzura foi campeã.
  • Final da Copa de 1990
Uma das maiores bagunças que já vi, o árbitro mexicano Edgardo Cordesal deixou de marcar dois penaltis para os alemães. Em seguida, deixou de marcar um para os argentinos. No final da partida, deu um penalti inexistente para os alemães, que venceram por 1x0. 
  • Brasil x Espanha na Copa de 1958
Um penalti claro a favor dos espanhóis virou falta fora da área, pois Nilton Santos deu dois passos (dos grandes) para alterar a marcação do juiz.
  • Brasil x Uruguai na Copa de 1970
O árbitro não viu, mas Pelé deu uma forte cotovelada em um zagueiro uruguaio. Merecia o cartão vermelho.
  • Paulistão de 1988
Um quadrangular em dois turnos com os quatro times grandes definiria um dos finalistas. Os jogos entre São Paulo e Corinthians acabaram 1x1 e 2x2. Os três gols corinthianos foram em impedimento.
  • A mão de deus
Famoso lance que ocorreu na Copa de 1986. Nas quartas de final, o enorme Diego Maradona (1m65) subiu mais que o baixinho goleiro inglês Peter Shilton (1m83) e pulou mais alto do que o goleiro alcançaria com as mãos para marcar um gol de cabeça. 
  • Santos x Corinthians em 2012
Em um lance que foi graciosamente apelidado de "triplo impedimento carpado", o Santos venceu o jogo com um gol que teve três lances de impedimento diferentes. Não foram 3 jogadores impedidos, foram 3 passes diferentes para jogadores diferentes em impedimento.
  • Final do Basquete Masculino nas Olimpíadas de 72
Em complicada e polêmica decisão, a mesa recalculou o tempo de jogo ao final da partida, quando os americanos venciam por 49x48. Acharam 1,3 segundos que deram aos soviéticos a virada por 50x49. 
  • Perseguição a Michael Schumacher em 94
Com a morte de Ayrton Senna em maio, o Mundial de F1 de 94 passou a ter dono certo: o jovem alemão Michael Schumacher. A FIA fez de tudo para adiar o óbvio, incluindo duas punições desmedidas ao moço. No GP da Inglaterra, Schumacher foi punido por fazer a volta de apresentação a frente do pole position Damon Hill. Embora houvesse essa regra no regulamento, ela nunca fora cobrada até então. Schumacher foi desclassificado quando estava em 2o na prova.
Mais à frente, na Bélgica, Schumacher venceu, mas foi desclassificado por desgaste da prancha de madeira no fundo do carro. Embora tecnicamente correta, a desclassificação não levou em conta o motivo do gestaste: a regra visava evitar que os carros ficassem baixos demais, o que não era o caso. Schumacher rodou em uma zebra durante a prova e isso provocou o desgaste.
Dentro do espírito esportivo, a equipe apelou da decisão dos comissários, o que é absolutamente normal em qualquer esporte ou situação da vida. Apenas por ter apelado, Schumacher foi punido com mais duas provas de suspensão.
Na decisão do campeonato, garfado em 16 pontos e duas corridas, Schumacher viu Hill com chances de ser campeão. Em manobra ilegal, jogou o carro no adversário quando este tentava ultrapassá-lo e ficou com seu primeiro título por não ser punido.
  • Medalha de Ouro de Michael Phelps em 2008
Phelps venceu os 100m borboleta em chegada controversa. Após muitas revisões do video, o ouro foi confirmado. Mas a primeira imagem que ficou foi de erro do sistema. 

Paro por aqui. Há muitos, muitos outros casos. Convido o leitor a participar, mas peço apenas que sejam casos reais. Sem timismo, por favor.




Um comentário:

  1. Mas o que torna o futebol tão querido é a imprevisibilidade...

    Não lembro de outros casos de cabeça agora, mas assim que lembrar coloco aqui.

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