segunda-feira, 22 de julho de 2013

Catolicismo na Berlinda

Coincide, e não é acaso, com a visita do papa Francisco ao Brasil uma pesquisa Datafolha publicada aqui (este link por der mais amigável) mostrando o quão pouco os católicos brasileiros são católicos de verdade. O Datafolha explorou o tema, mostrando que o católico brasileiro vai na missa semanal em apenas 28% dos casos. Na média, é favorável ao aborto, à união homossexual e muitos até já praticaram divórcio. E no dia em que houver catraca em igreja, esse número de participantes em missas não fica acima de 5%.
O tal catolicismo não-praticante é uma aberração estatística que, até onde sei, só existe no Brasil. Isso simplesmente não existe: católico é aquele vai na missa uma vez por semana, preferencialmente aos domingos. É aquele que, quando se casa, é "até que a morte os separe". É aquele que não admite a união homessexual, pois esta não gera prole. É aquele que não faz sexo antes do casamento. Entre outras. 
Não cobro que o católico seja um humano perfeito, mas há ritos a serem seguidos e há opiniões e ideias claramente emitidas pelo comando central da referida religião. Então, um rapaz católico que um dia cedeu às tentações e teve uma noite tórrida de amor com a namorada deve confessar o quanto antes e pagar penitência por isso. Mas que isso não se repita, ou a coisa todas de se arrepender deixa de ter credibilidade perante um suposto deus onisciente.
Será que estou exagerando?
Não acho. Então esse conceito de católico não praticante, além de ser uma piada de mau gosto, serve apenas para manter a ilusão de que o catolicismo é a religião dominante no país. Não se pode negar que esse tipo de mentira é até pequeno e perfeitamente condizente com o modus operandi da Santa Sé. A partir do momento em que se inventa um deus e se espalha que ele te criou e está de olho em você por tudo que você fez, faz e fará, distorcer números é, digamos, troco de pinga.
E como toda mentira, cedo ou tarde, é revelada, a hora da Igreja pagar seus pecados no Brasil está chegando. A pesquisa que cito mostra que a quantidade de católicos despencou de 75% (1994), passando por 64% (2007) e chegando agora a 57% em coisa de 20 anos. Antes do fim da década essa maioria absoluta tão confiável quanto uma nota de 3 reais desaparecerá. Não que esteja havendo grande perda de fiéis: tal fenômeno já ocorreu e só demora a aparecer nos números.
Animais ainda mais outro artigo sobre a confiabilidade das instituições religiosas entre os jovens. Apenas 25% dos entrevistados dizem confiar nela, sendo a base da pesquisa todos entre 15 e 29 anos de idade. A demografia está a favor do ateísmo: os idosos religiosos vão sendo substituídos por jovens, no mínimo, sem religião alguma. É, na realidade, uma forma branda de ateísmo, desprovida apenas do ativismo. 
Do meu ponto de vista, excelente.
Vamos vencer. Em breve.

2 comentários:

  1. "A demografia está a favor do ateísmo"

    Então explica isso:
    http://news.uchicago.edu/article/2012/04/18/belief-god-rises-age-even-atheist-nations

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    1. Primeiramente, acho muito bom que essa pesquisa comprove o que se percebe na prática.
      A resposta, amigo, é simples: pessoas de 70 anos de idade foram criadas nos anos 40-50 enquanto pessoas de 20 anos de idade foram criadas nos anos 90-00. Para que se tenha uma boa medida, e o estudo não fala disso infelizmente, seria necessário comparar grupos de mesma faixa etárias em diferentes gerações: qual a porcentagem desses idosos teístas que eram teístas 50 anos atrás? Eu aposto que todos.
      Mas do jeito que o texto está escrito, fica a falsa impressão que pessoas mais velhas "passam" a acreditar em algum ponto da suas vidas e os dados não foram levantados neste sentido.

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