quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Olhares

Já peguei o hábito de caminhar pelo Centro de São Paulo após o almoço. E com duas curvas diferentes, encontrei-me nas Arcadas do Largo São Francisco.
Dia de matrícula. Não sei se primeiro dia, mas tinha pouca gente. Noto 2 calouros, um rapaz e uma moça. Igualmente magros, um corpo castigado por ficar horas na sala de aula e na mesa de estudos. Olhares perdidos em rostos magros e pintados. Vencedores, não duvidem disso.
O vestibular parece ser o último rito de passagem para a vida adulta que restou em nossa cultura. Ser "de maior", beber pela primeira vez, tirar CNH... todas essas coisas estão diluídas e algumas delas sequer acontecem tamanhas são as mudanças de perfil da sociedade. Também é um rito pouco inclusivo, mas isso é outra discussão.
Eles não sabem, mas sentem que estão iniciando uma fase decisiva em suas vidas. Não poderiam estar mais certos. Serão 5 (6, 7...) anos em que formarão as bases de suas carreiras profissionais e amizades sólidas. Já provaram ser competentes em estudar, está em suas mãos criar uma base consistente.
Em comum, os dois pareciam sem ideia do que fariam a seguir. Almoçar, comprar um livro, voltar para casa ou correr gritando até a praça da Sé. Devem ter 17 ou 18 anos, mas daqui dos meus 43 a dúvida parece legítima. Neste momento, são maiores que o mundo, cada um deles.
Caso algum vestibulando leia isso, digo: sim, você está em uma fase decisiva da vida. Estude, aprenda e aprenda que estudar e aprender são coisas distintas. Faça amigos e inimigos. Ria, chore e chore de rir. E durma o mínimo possível nos próximos anos porque são sim os melhores das suas vidas.
Mó saudade.

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