terça-feira, 31 de maio de 2022
Egito - Segundo Post Intermediário
quarta-feira, 25 de maio de 2022
Egito - Dia 09 - Vale dos Reis
"- Tá, cara. Beleza. A gente entende que é muito f***. Mas não tem como seguir nesse nível."
Amigo, você pelo menos leu o título do texto de hoje? Então...
Seguimos até a entrada do vale dos Reis, onde Dr. Safwat já tinha um plano montando, ainda que sujeito às condições do dia. A entrada era um pouco caótica, com poucas bilheterias. O próprio local não era tão simples de ser visitado, pois há um conjunto de grande de tumbas básicas, sendo possível visitar 3 delas, e as tumbas especiais, com ingressos à parte. Essa lista não fica exposta de forma clara, e mesmo as tumbas básicas vão sofrendo alterações no que está disponível. Tudo isso exige que o turista pergunte ao bilheteiro no momento da compra. E não é nada que um flipchart não pudesse ter resolvido...
De posse dos ingressos, passamos pelo centro de visitantes, onde uma maquete em acrílico, para mostrar a profundidade e formato das tumbas, chamava a atenção. Pegamos então um carrinho que economizava uns 5 minutos de caminhada e estávamos na parte central do vale. Iniciamos, então, as visitas:
Meremptah (KV08). A tumba deste faraó da 19a dinastia não está tão bem preservada assim, embora o sarcófago e um tipo de "cabana" onde ele ficava originalmente sejam belíssimos de ver. As 8 colunas atualmente exercem apenas a função estrutural, mas pode-se imaginar o lugar em seu pleno esplendor no passado distante.
Foto: tumba de Meremptah, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.
Ramsés V e Ramsés VI (KV09). Dado meu desconhecimento sobre esta tumba, preciso dizer que impacto foi enorme. Eu não sabia que a preservação era tão boa, nem do grau de detalhe das gravuras em toda esta tumba, inclusive o teto. Todos os corredores e salas vão juntando as homenagens e respeitos aos deus e aos variados livros religiosos (não apenas ao Livros dos Mortos).
Fotos: tumba de Ramsés V e Ramsés VI, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.
Seti I (KV17). A tumba de Seti I é uma das que tem pagamento à parte. Neste caso, foram 1000 libras egípcias (250 reais aproximadamente), que já sabíamos ser necessários e já sabíamos que íamos gostar de visitar. Mas não tínhamos a menor ideia...
A tumba não apenas é enorme, mas tem diversos corredores e câmaras. A decoração é finíssima, toda em alto relevo e pintada em grande precisão de detalhes. As cores e os acabamentos são os mais bem preservados de todo Vale dos Reis. Visita obrigatória.
Fotos: tumba de Seti I, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.
Tutanhkamun (KV62). Outra tumba paga a parte (100 libra egípcias = 25 reais), é um passeio absolutamente obrigatório e sem graça. Isso mesmo. Sem graça por ser pequena, apertada, lotada e com decoração muito simples para os padrões do Vale dos Reis, talvez reflexo do fato dele ter tido um reinado curto e ter sido assassinado muito jovem. Obrigatória pela fama da história da descoberta, pela quantidade de tesouros que lá havia e toda a mística que envolve um nome que, normalmente, seria mero rodapé de página na história egípcia.
Tausert e Setnakhte (KV14). Depois do impacto de Seti I, era complicado continuar o passeio. Mas era o dia para isso. Uma breve caminhada nos levou a esta que é uma das mais longas tumbas do Vale dos Reis. Temos aqui a curiosidade de serem duas tumbas, por originalmente ter sido feita para Tausert (mulher) e depois expandida para Setnakhte (homem).
Fotos: tumba de Tausert e Setnakhte, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.
Ramsés I (KV16). O uso de uma cor de fundo alternativa, esse cinza-meio-azulado visível na foto abaixo permite o uso do branco na pintura das roupas. Eu não notei isso antes deste momento, e foi o que me chamou a atenção nesta tumba.
Neste momento do dia, havíamos terminado o Vale dos Reis, embora meu ingresso geral estivesse com apenas duas das três marcas feitas. Em tese, eu poderia entrar em mais alguma das tumbas regulares. Porém, Dr. Safwat havia prometido uma surpresa e eu não quis tumultuar o plano dele. Fiz bem.
Ay (WV23). Ay foi o sucessor de Tutanhkamum, governando por apenas 2 anos. Foi realmente um período turbulento. A tumba guarda muitas semelhanças com a de seu antecessor, sendo teoria de alguns que esta deveria ser a dele.
Foto: tumba de Ay, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.
O dia ainda reservaria algumas aventuras, no entanto. Foi quando iniciamos, de fato, o Cruzeiro pelo Nilo, do qual falarei no próximo post.
segunda-feira, 23 de maio de 2022
Egito - Dia 08 - Vale das Rainhas
sexta-feira, 20 de maio de 2022
Egito - Dia 07 - Vale dos Nobres e Ramesseum
O dia começa com um passeio que tem mais nome do que resultado: Colosso de Memnon. Apesar do nome pomposo, são duas estátuas razoavelmente danificadas, instaladas lado a lado. Já tinha visto maiores e melhores sem a alcunha de "colosso". Devo anotar aqui que, não mais do que 500m depois há um sítio arqueológico em estudos. Estima-se cerca de 24 estátuas similares em processo de remontagem. Dentro de 3 a 5 anos, esse local estará bem mais interessante.
Seguimos então para o Vale dos Nobres, visitar o que fosse possível por lá. E havia bastante coisa interessante. Das 3 tumbas previstas, visitamos as seguintes 4:
Rekhmire (TT 100). Vizir e governador de Tebas, nos reinados de Thutmose III e Amenhotep II. Cenas da vida cotidiana de um nobre (não de cidadão comum) percorrem toda a tumba. As cores estão primorosamente preservadas. Observem a girafa na primeira imagem abaixo.
Sennefer (TT-96). Governador de Tebas no reinado de Amenhotep II. A tumba tem um grau de conservação absurdo. O teto, com variados padrões de decoração, parecia ter sido pintado na semana anterior. No fundo, uma sala maior com 4 colunas mostram cenas religiosas diversas. Um encanto de lugar, realmente surpreendente.
Estão curtindo? Calma, que mal passamos das 10h da manhã...
O Templo de Habu é principalmente um templo de Ramsés III. Com mais de 150m de comprimento, todo seu interior é decorado com cenas históricas e religiosas. As inscrições em baixo relevo foram pensadas para serem vistas de longe. Quanto mais elevadas, maior suas profundidades, podendo chegar a 20cm para permitir melhor contraste com a luz.
Templos menores de Horemheb e Ay ainda complementam o local.
Fotos: Templo de Habu, Luxor, Egito, 2022.
Almoça, descansa um pouco, e ainda tem coisa para fazer.
O Show de Som e Luzes em Karnak, assim como o anterior em Gizé, não é grande coisa em si. Chega a ser desorganizado em sua entrada, pois o público vai sendo conduzido por um caminho principal e parando em alguns pontos pré-determinados. Ninguém sabe exatamente para onde olhar e o som não é claro para entendermos a narração.
Ao chegarmos à arquibancada, próxima ao lago, melhora um pouco. Temos boas imagens e outro resumão da história antiga local.
Perdoem o post longo, mas foi um dia bem cheio.
quinta-feira, 19 de maio de 2022
Egito - Primeiro Post Intermediário
Fazendo uma pausa na narração e descrição da viagem, estou aqui separando um tempo para tentar condensar as coisas bacanas que eu vi no Egito. Peço ao amigo leitor que visite o post depois de alguns dias de publicado, pois posso lembrar de alguma coisa e adicionar aqui.
Então vamos a elas: coisas bacanas no Egito.
- Preços. Falarei do processo de negociação em outro momento mais oportuno, mas o Egito é, essencialmente, barato. Comida, roupa, combustível... É tudo barato pacas. Não precisa ter medo de converter a moeda local (cerca de 1/4 valor do Real Brasileiro durante minha viagem).
- Câmbio. É muito fácil fazer câmbio no Egito. Mesmo o pior cenário, que é entrar em uma agência bancária, é um processo rápido, simples e altamente disponível. Mas a opção mais prática, embora um pouco mais cara, é simplesmente trocar cédulas de dólar ou euro em caixas eletrônicos. Tão simples quanto isso.
- Simpatia. De modo geral, achei os egípcios muito simpáticos e amigáveis. Tínhamos cara óbvia de turista, e isso chamava a atenção em alguns lugares, a ponto de virarmos sub celebridades em alguns lugares, com pessoas (principalmente crianças) pedindo para tirar fotos conosco.
- Comunidade. Os egípcios mantém um senso de comunidade quase anacrônico. Ajudam-se prontamente na necessidade. Cito exemplos. Há bicas, algumas delas com canecas presas, para qualquer pessoa tomar água no calor escaldante local. Isso vai conferir a ele nenhum prêmio de saúde pública, mas ajuda a lidar com a questão mais imediata: sede. Também observei o mecanismo de doação de água e alimentos ao final do horário de jejum (era Ramadã o mês todo). Achei bonito o fato deles jejuarem individualmente, mas quebrarem o jejum de modo coletivo e unido. Interessante notar que quanto mais pobre a região, mais intenso era o fenômeno da caridade alimentar.
- Idioma Inglês. Todo mundo arranha um inglês por lá. Alguns bem mais do que arranham. Fui atendido em inglês bem tranquilo em dezenas de situações, desde lojinhas até lanchonetes.
- Obras. O Egito está em obras de infraestrutura por todo lado. Estradas, pontes, linha de metrô, novos museus, canais de irrigação, conjuntos habitacionais e até uma nova capital estão em obras. E nada disso me pareceu meramente ornamental.
Egito - Dia 06 - Karnak e Templo de Luxor
Já deu pra ver pelo título, né ?
A descrição básica é a mesma, mas dois locais diferentes, separados por não mais do que 3km. Tanto Karnak quanto o Templo de Luxor são complexos de templos construídos ao longo de séculos e fazendo referências a diversos deuses e faraós. Ambos foram construídos de dentro para fora (difícil seria o oposto), então à medida em que vamos caminhando para dentro, as construções vão ficando mais antigas.
Ambos possuem construções dedicadas a variados deuses (Hórus, Isis, Osiris, Mut.. a turma toda). Ambos possuem marcações dos faraós que construíram ou expandiram alguma estrutura. Ambos narram os faraós como caras incríveis, que venceram batalhas e faziam oferendas magistrais aos deuses.
Ambos sofreram com a passagem do tempo. Possuem estruturas colapsadas e uma quantidade absurda de blocos de pedra (entre 3 e 4 milhões em cada local) estão sendo estudadas para remontagem gradual. É o maior Lego do mundo, sem a caixa de instruções...
Então qual é a diferença?
Na descrição, realmente nenhuma. Mas são construções diferentes e visitamos as duas.
Karnak me pareceu mais amplo, aberto. Há um certo destaque para os obeliscos, o maior deles da faraó Hatshepsut, que fez questão que fosse o maior de todos. Imagino o que Freud teria a dizer sobre isso.
Luxor foi visitado ao final da tarde, início da noite. Isso tornou a experiência muito melhor, pela temperatura mais amena e possibilidade de ver o local com dois tipos de iluminação. Sem dúvida, uma opção que deveria ser analisada para outros locais.
Luxor é mais compacto e me pareceu mais detalhadamente decorado. Pode ser impressão causada pela luz ou pelas melhores condições climáticas.
Conclusão... Karnak ou Templo de Luxor ?
Sim !
quarta-feira, 18 de maio de 2022
Egito - Dia 05 - Abydos e Dendera
Amigo leitor, a esta altura a viagem estava a todo vapor. Já estávamos acostumados com nosso guia, já tínhamos entendido o ritmo dos passeios e o calor escaldante já deixado claro que não ia nos dar trégua. Mesmo outras questões, das quais falarei em outros posts, já eram cotidianas.
Começamos por Abydos, talvez a mais antigas das capitais egípcias. Abydos teve fases de maior e menor importância ao longo da história, mas acaba sendo um local de visita obrigatória, em particular pelo templo de Seti I.
O acabamento delicado em alto-relevo encanta os olhos. Cores foram preservadas em diversas partes da decoração. Aqui, cunhei o termo "barroco egípcio", pela incapacidade deles em deixar um pedacinho de parede que seja sem atenção. Um dos destaques foi um corredor onde as duas paredes tinham nomes de todos os faraós em ordem. Como havia nomes posteriores a Seti I, sabe-se que o templo foi construído pensando-se as futuras adições de nomes. Este templo é um bom exemplo do politeísmo egípcio, com referências variadas a diversas divindades.
Fotos: Templo de Seti I, Abydos, Egito, 2022.
De lá, seguimos para Dendera. Embora o local também tenha uma basílica copta em ruínas e um templo romano, sem dúvida do Templo de Dendera, basicamente dedicado a Hator, é atração principal ali. "Basicamente", pois nenhum templo egípcio é exclusivo.
O padrão de construção começou a ficar claro para mim neste templo. É uma entrada com colunas simetricamente dispostas, seguidas de um corpo mais estreito e mais longo. Um altar principal fica no centro desse átrio, mas salas menores o cercam com aspectos particulares a serem homenageados. Se o amigo leitor já esteve em uma catedral europeia, o formato é essencialmente o mesmo.
A decoração, não. Novamente, relevos e pinturas recobrem todas as paredes. Há um curioso zodíaco no teto do lado direito da entrada. Há também uma cripta um pouco difícil de visitar, mas bem interessante.
O Templo de Dendera recebeu sua cota de amor cristão, com diversas imagens a até 3m de altura com rostos (ou mesmo corpos inteiros) desfigurados por formões.
Voltamos então para o hotel, fazendo um almoço bem tardio e bem saboroso no caminho.
terça-feira, 17 de maio de 2022
Egito - Dia 04 - Amarna e Tuna El-Gebel
Não era perto, nem um pouco.
Inclusive, ao olhar o mapa, ficava mais perto do Cairo do que de Luxor. Isso nos fez questionar por que estávamos em Luxor para ir até a região de Minya. Teria sido mais inteligente usar transporte terrestre de Cairo até Mynia, ficado por lá uma noite e então seguir terrestre para Luxor. O deslocamento total seria menor, economizaríamos tempo e uma passagem aérea. Sim, erramos.
Mas, prossigamos.
Beni Hasan tem a necrópole de Amarna. Éum cemitério de nobres do Antigo Egito. Fala-se que podem chegar aos milhares. No nosso caso, visitamos:
- Tumba Real. Era bem distinta das demais justamente por ser um cemitério de nobres e não de reis. Especula-se se não poderia ter sido originalmente pensada para Akhenaton.
- Meryre. Sacerdote principal do culto a Aton, no reinado de Akhenaton. Muitas cenas cotidianas e religiosas mescladas.
- Ahmes. Escriba, também no reinado de Akhenaton. Muitas gravuras sobre o trabalho diário.
- Penthu. Escriba, também no reinado de Akhenaton. Tumba que foi usada posteriormente por cristãos nômades como casa.
O segundo passeio do dia foi Tuna El-Gebel, outra necrópole bem mais recente. A influência grega nas gravuras é bem nítida, pois estamos falando de construções do século IV aC.
O destaque aqui a tumba de Petosiris, alto sacerdote de Toth, A tumba é deslumbrante, com gravuras em alto-relevo finíssimas e ainda conservando pinturas originais.
segunda-feira, 16 de maio de 2022
Egito - Dia 03 - Museus em Luxor
O terceiro dia de viagem iniciou-se com pouco sono e mais um voo. Desta vez, era interno. Pegamos um voo para Luxor, que seria nossa base para visitarmos o Alto Egito. Empacotamos tudo (na verdade, somos espertos o suficiente para não tirar nada essencial da mala) e seguimos realmente cedo para o aeroporto. Desnecessariamente cedo. Tipo 3h manhã cedo.
O ponto é que precisávamos viajar com apenas uma mala cada. Com isso, decidimos deixar as malas secundárias para traz, já no hotel onde ficaríamos na passagem seguinte pelo Cairo. Nosso receptivo foi muito conservador no cálculo de tempo e o resultado foi esperar mais de 90min pela abertura dos balcões de check in no aeroporto. Cansaço a parte, tudo correu bem.
Na outra ponta, um novo receptivo, ainda mais simpático, nos acolheu e levou ao hotel. Cuidou de todo nosso processo de check in lá também. Isso traz à tona um ponto que já havia nos cutucado antes: é muito fácil se acostumar a ter alguém cuidando das tuas pendências. Entrega-se o passaporte na mão do profissional e ele cuida do resto. Tem custo, claro. Mas tem resultado também.
Em minutos tudo estava em ordem e seguimos para encontrar nosso guia. Dr. Safwat Gabr iria nos acompanhar pelos próximos 12 dias. E o encontro foi feito ao lado da avenida das esfinges, um passeio aberto que liga os tempos de Luxor e Karnak. Ponto de encontro altamente adequado. Falarei dentro de alguns dias...
O primeiro passeio foi pelo Museu de Luxor. Havia material bastante diverso ali, com destaque para um setor inteiro sobre Akhenaton. Também chamado de Amenhontep IV, este cidadão simplesmente inventou o monoteísmo. Aproveitou inaugurar uma nova capital e peitar toda classe religiosa existente à época. Não há certeza sobre sua morte, mas assassinato não é uma opção absurda. Quando ao museu, foi meu primeiro contato com muito material de sua época. É muito curiosa a arte desse período e como ele é retratado com um rosto alongado e uma cabeça, digamos assim, atípica.
O passeio seguinte foi ao pequeno e funcional Museu da Mumificação. Lá, muito material sobre o processo de mumificação estava muito bem apresentado e explicado.
Não sei se Luxor é ima cidade grande, mas tudo me pareceu perto pacas. Não que eu reclame disso... Logo estávamos em um restaurante para almojantar. E foi ótimo, devo dizer.