sexta-feira, 29 de julho de 2022

Egito - Dia 16 - Dashur e Memphis

Conceitualmente, amigo leitor, é um dia similar ao anterior. Trata-se do entorno (ao sul) do Cairo, um pouco mais longe apenas. Segundo nosso guia Ehab, inclusive, é possível que as necrópoles de Gizé, Sakkara e Dashur sejam uma só caso novas descobertas entre elas as "conectem".

A Pirâmide Torta, construída no reinado do faraó Snefru (Sneferu) é peculiar pela mudança de inclinação. Em algum momento da construção, notou-se que... não ia dar certo. O interior é visitável, mas conforto é um conceito que passou longe. São mais de 80 de túneis com teto baixo e inclinação. Vale muito a pena fazer o passeio. 


fotos: Pirâmide Torta, Dashur, Egito, 2022.

Pirâmide Vermelha, deve-se dizer, não é vermelha. Isso não causou a mínima surpresa, dado que eu tinha estudado bastante o assunto. Acredita-se que nela foram colocados os restos mortais do faraó Snefru (Sneferu). É a mais antiga pirâmide completa e correta, dado que estamos falando aqui do fundador da IV Dinastia e antecessor de Khofu, mais conhecido como Quéops. Como na anterior, ela também é visitável e também demanda esforço, embora menos neste caso.


fotos: Pirâmide Torta, Dashur, Egito, 2022.

Seria perfeitamente aceitável chamar isso de um dia, mas não... Somos os malucos que querem (e conseguem) espremer qualquer fração de tempo e criar novas oportunidades. Então o plano foi seguir e tocamos para Memphis, uma das antigas capitais. 

Memphis não é tão bacana de visitar ainda, pois é um trabalho arqueológico mais recente. Muita coisa ainda está sendo encontrada e catalogada. Desta forma, é mais um museu a céu aberto (sol aberto ?) do que exatamente um sítio arqueológico. O destaque é (mais) uma estátua gigantesca de Ramsés II, desta vez em posição horizontal, na única parte coberta do passeio. Pode-se ver mais de perto os detalhes assombrosamente entalhados da parte superior dela. 


fotos: Ramsés II, Memphis, Egito, 2022.





terça-feira, 26 de julho de 2022

Egito - Dia 15 - Sakkara

Amanhecemos de guia novo, amigo leitor. Sem entrar em detalhes desnecessários, acabamos por solicitar a troca no final do dia anterior. Não quero aqui desmerecer o trabalho de Ahmed, mas acabamos sentido que era melhor fazer essa solicitação, à qual foi prontamente atendida. A partir de agora, teríamos Ehab. Já adianto que a troca foi muito positiva. 

Depois de exaurir tudo que havia para ver no Cairo, era o momento de começar o entorno. Acaba sendo uma surpresa dizer que, em nossa visão, a cidade do Cairo não é isso tudo de interessante. Mesmo nossa operadora começou a ter dificuldade de sugerir passeios para os dias livres além do que estava programado. 

A necrópole de Sakkara é uma concentração de tumbas realmente muito antiga. No entanto, a região foi usada para essa finalidade por bastante tempo também, em algumas "ondas" ao longo da história. É impraticável pensar as visitas em ordem cronológica, então vimos em ordem mais geográfica para otimizar o passeio. E, para nossa alegria, já é um passeio fora da lista principal de turismo, o que deixava a área bem mais vazia.

Teti foi um faraó da VI Disnatia, e teve seu local de repouso construído em uma pequena pirâmide. Embora pequena, a decoração é muito rica, já mostrando a transição para construções que dominariam a paisagem no Médio Império, embora ainda se tratasse do Antigo. O baixo relevo é muito preciso e mesmo o teto recebe a devida atenção.

foto: Pirâmide de Teti, Sakkara, Egito, 2022.

A seguir, fomos para a mastaba de Kagemni (não recomendo pronunciar o nome) (sim, você pronunciou o nome...). Ele foi vizir de Teti, e provavelmente casou com uma de suas filhas. É uma tumba plana e quadrada, com mais de 30m de lado. Honestamente, achei a decoração mais impressionante que a de Teti, tanto pelo baixo relevo quando pelo uso inteligente de cores.

foto: Mastaba de Kagemni, Sakkara, Egito, 2022.

Outro vizir com bela mastaba foi Mereruka, mais um poderoso vizir durante a VI Dinastia. Sua influência aparece na enorme construção com 33 salas, todas elas decoradas com fases variadas de sua vida e obra, bem como com cenas do cotidiano da época. A foto que separei abaixo mostra hipopótamos sendo caçados, por exemplo. 

foto: Mastaba de Mereruka, Sakkara, Egito, 2022.

A parada seguinte era o curioso Sarapeum, já do período Ptolomaico. De modo simples e direto, é um cemitério de vacas. São sarcófagos enormes, colocados em salas ou menos nos corredores, para sepultar as múmias de vacas. Não há muita decoração, mas mesmo os sarcófagos em mármores são belíssimos.

foto: Sarapeum, Sakkara, Egito, 2022.

Seguimos, então, para o passeio principal do dia: Pirâmide Escalonada de Djoser. Era simplesmente um dos passeios que eu estava mais ansioso para fazer, e já digo que superou as expectativas.

Tecnicamente, nada mais é do que empilhar 6 mastabas quadradas progressivamente menores. O desafio é técnico: como fazer isso ficar em pé. Se o amigo leitor não captou o desafio, esclareço: ninguém tinha conseguido isso antes. Imhotep (aquele mesmo, do filme...) achou as soluções estruturais para construir e manter uma pirâmide escalonada com 6 (originalmente eram 3) degraus, chegando a 62,5m de altura. 

Sim, eu entrei.



foto: Pirâmide de Djoser, Sakkara, Egito, 2022.

Sim, há outras estruturas no complexo. Mas nada é relevante assim.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Egito - Dia 14 - Bairro Copta e Museu da Civilização

Já digo que foi um dia abaixo do esperado, amigo leitor. Tivemos contratempos e falhas neste dia. Mas não foi tudo perdido, longe disso.

O bairro copta é uma parte do Cairo onde se concentram os cristão coptas, uma linhagem particular do Cristianismo com algumas mudanças nas crenças e dogmas. Olhos destreinados os confundiriam com Ortodoxos, mas isso é bem errado. E poderia até soar ofensivo.

O primeiro passeio foi pela Igreja de São Jorge Mártir (aquele mesmo, do dragão e tal...). É uma igreja muito antiga, mas ainda em uso. Apesar de datar do século V (acho eu), ela foi significativamente renovada no século XVIII, o que tirou quase todos os traços da antiguidade dela.

foto: igreja de São Jorge Mártir, Cairo, Egito, 2022.

A segunda parada foi a Igreja de São Sérgio, que apesar da idade era bastante modernizada também. De origem grego-ortodoxa, ela é praticamente circular e muito bonita de ver. 

foto: igreja de São Sérgio, Cairo, Egito, 2022

Depois, visitamos a igreja de Santa Maria Virgem também conhecida com Igreja Suspensa. Ela tem esse nome pode ter, no subsolo, um segundo conjunto de salas e câmaras consagradas. Alegadamente, foi nessas câmaras que Jesus e família viveram em parte de sua estada pelo Egito. Certamente as marcas deixadas eram sinais para os turistas dos século XX e XXI imediatamente saberem... 

foto: igreja de Suspensa, Cairo, Egito, 2022

Na sequência, deixamos de visitar a sinagoga de Ben Erza, fechada para reforma. Também falhamos na igreja de Santa Bárbara por estarmos de bermudas e ser obrigatório o uso de calças compridas. Isso nos deixou muito decepcionados pois, cientes do conteúdo do passeio, eu perguntei especificamente sobre isso na véspera, e o guia nos disse que não haveria problemas. De fato, não custava tanto assim levar uma calça na mochila, mas a falha não foi nossa. Ademais, minha paciência com lugar que tem frescura com código de vestimenta já tinha acabado ainda em Dubai. 

A seguir, fomos para o Mosteiro de São Simão, conhecida como Igreja da Caverna por ser em uma caverna. Outro furo aqui: embora fosse possível entrar, a visita foi super restrita por estar acontecendo uma missa no horário da visita. Tampouco adiantaria esperar, segundo nos informaram. 

fotoigreja da Caverna, Cairo, Egito, 2022

Com tempo de sobra, terminamos com uma rápida passagem pela Igreja de São Marcos, também em uma caverna, mas com uma linda árvore no canto. Isso dito, ela tem muito mais cara de "igreja na caverna" que a anterior. As fotos não mentem:

foto: Igreja de São Marcos, Cairo, Egito, 2022

De lá, seguimos para o Museu da Civilização. É nele que ficam, agora, as dezenas de múmias não mais expostas no Museu Nacional do Cairo. 

Embora seja um museu mais espaçoso do que efetivamente denso, foi uma visita interessante. Era possível ver cada item com facilidade e aproveitar as explicações tanto escritas quanto verbais de nosso guia. Não era possível fotografar as múmias, por questões de preservação. Mas relato que toda a 18a dinastia estava ali.

Apesar dos tropeços, foi um dia bom sim.