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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

O Mercado Livreiro

Depois do fechamento da FNAC (aqui), e do pedido de recuperação judicial da Livraria Cultura (aqui), hoje foi a vez da Saraiva (aqui). Não posso mais ignorar o assunto e vou ter que escrever sobre.
Um pouco de história, para começar.
Lá nos anos 70, quando a população brasileira tinha mais de 30% de analfabetos (alguns falam em 50%), o mercado editorial era composto por grandes editoras e livrarias espalhadas pelo país. Com custos elevados de produção, as editoras eram obrigadas a fazer tiragens enormes para atingir um custo unitário aceitável. Com isso, só era possível publicar grandes autores, nacionais ou estrangeiros, mas que tinham venda certa. Qualquer coisa fora disso era um risco enorme: pequenas editoras ou a publicação de autores pouco conhecidos. O poder do mercado estava todo na mão do livreiro, que exigiam descontos e condições abusivos das editoras para venderem, mas pelo menos não eram organizados o suficiente.
Nos anos 80 duas coisas mudam. O parque industrial é modernizado, com equipamentos menores, mais baratos, de menor custo e mais confiáveis. As tiragens podem diminuir, o que permite o lançamento de mais títulos. Por outro lado, populariza-se o shopping center no Brasil. Não que os shoppings não existissem antes, mas a explosão de empreendimentos dessa natureza trouxe espaço para livrarias novas. A combinação das duas coisas deu força ao sistema de redes. Somente as redes têm condições de lidar com o aumento de títulos e de pontos de venda simultaneamente, tamanho o capital exigido para isso. É nessa época que vivem sua era de ouro a 3 grandes redes de livrarias no Brasil: Saraiva, Siciliano e Nobel. Alguns dos shoppings maiores chegavam a ter uma de cada. O poder do mercado estava na mão das redes, que exigiam condições ainda mais abusivas das editoras. Surge a prática da consignação: a livraria só compra o livro depois de vender, e paga a perder de vista. O editor fica com todo o risco da operação.
E assim estamos nos anos 90. O grande fator desse momento é o PC (personal computer). Embora caro, era viável qualquer casa de classe média ter um em casa. A disseminação dos softwares torna possível para qualquer pessoa que tivesse um ideia e um teclado escrever um livro. A oferta de títulos explode, muitas vezes com editoras operando em meio período no computador do autor, fazendo impressões em tiragens menores. Foi quando eu mesmo entrei no mercado, pela Daemon Editora. Surge, então, um novo player: o distribuidor. Ele faz um meio campo entre a editora e a livraria. Não é prático para um editor sozinho, com 3 títulos em catálogo, tentar colocar seus produtos nas redes. Não é prático para o pequeno livreiro ir comprar cada título de cada pequena editora: ele não tem capital, espaço, conhecimento ou público para fazer isso. O distribuidor amortece o problema e fica com uma gorda porcentagem por isso. É ele, distribuidor, que tem o poder do mercado.
Vira o milênio, e estamos nos anos 2000. Amazon. O comércio eletrônico de grande porte nasce e muda o mundo irrevogavelmente. E tudo começou exatamente nos livros, que se diga. O consumidor adere, especialmente aquele fora dos centros urbanos. Pode ser muito lindinho visitar a livraria Cultura da Paulista, mas quando você mora a 200km dela, só pra começar a conversa, um site e três clicks resolvem de fato a compra do próximo Harry Potter. O poder migra para os grandes sites locais ou internacionais. As editoras, capazes de fazer tiragens cada vez menores, podem multiplicar seus títulos e fazem a entrega por demanda para o grande portal de vendas online. Ainda assim, as condições de pagamento beiram o ridículo. 
Chegam os anos 10. A vida é online e traz 3 novidades. Primeiramente, qualquer um pode gerenciar sua marca nas redes sociais. Qualquer um pode fazer anúncios e lançamentos. O consumidor encontra o editor com uma busca simples, e pode interagir com ele. A segunda mudança mudança é a capilarização do e-commerce. Não é mais necessário entrar em um grande site para comprar algo: pode-se comprar direto do produtor. E não se trata apenas de livros, vale para qualquer coisa. Diversos editores, sem necessariamente abandonar outros canais, focam na venda direta. Pode-se vender com desconto, pode-se vender autografado. E pode-se fazer um financiamento coletivo, a terceira mudança para compartilhar os riscos. Os grandes sites desistem dos livros físicos, exceto pela Amazon, que entendeu a migração tecnológica e partiu para o livro digital. O poder do mercado de livros digitais é da Amazon, o poder do mercado de livros físicos é das editoras

E como as redes quebraram ?
A verdade é que as redes sempre maltrataram, e muito, as editoras. Nos anos 90, com o fim da inflação, ela passaram a dilatar os prazos de pagamento para fazer giro de caixa. O que se pagava inicialmente em 30 dias passou para 45, 60 e chegou a 90. Imaginem isso: o editor já pagou pela revisão, diagramação e impressão, e está pegando pela estocagem. Precisa consignar o livro para a rede, que fecha mensalmente as vendas e paga três meses depois.
Quando a situação apertou para as redes no anos 10, a solução foi explorar ainda mais a  editora. Os espaços nas prateleiras passaram a ser vendidos. Aquela editora que pagou aquilo tudo no parágrafo acima ainda tinha que pagar coisa de 2 mil reais mensais por uma mísera prateleira para expor seus livros em uma loja e talvez (talvez !) vender alguma coisa.
Veio a quebradeira generalizada e muita editora vai ficar sem receber. Agora eu pergunto ao amigo leitor: você acha que algum editor está com peninha da Saraiva? Ou teve peninha da Nobel e da Siciliano antes?
Lasquem-se.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

A Garota do Colegial

Você e ela estudavam juntos por todo 2o Grau (hoje "Ensino Médio), mas ainda era o usado o termo "Colegial". Era uma moça inquestionavelmente bonita, embora não fosse a musa da turma. Mas também era um pouco diferente das outras.
Ela tinha um lado artístico pulsante. Para adolescentes, gostar de museus e de artes plásticas era, por assim dizer, incomum. Aos assuntos usuais das garotas, como galãs, novelas e sapatos, ela dava a atenção mínima para não ter terminantemente excluída das rodas de conversa. E você, um cara comum, que acompanhava futebol e ainda lia quadrinhos escondido, ela era quase que de uma casta cultural superior.
Ainda assim, ela nunca foi arrogante por ser diferente e eventualmente vocês se aproximaram no final do último ano. E acabaram tendo um namoro rápido entre a viagem formatura e o baile, no qual entraram juntos até. Era aquela paixão intensa, rápida e sincera. 

Mas a vida rapidamente acabou por separá-la de você. Ela acabou, que surpresa!, indo cursar faculdade de artes plásticas em outra cidade, e você ficou por aqui mesmo. Foi triste, vocês sentiriam a falta um do outro. Mas, verdade seja dita, era um namoro de 3 semanas. E você se encarregou de superar isso.
Como superou as dificuldade da faculdade, do estágio, dos namoros que vieram e foram, dos empregos, do casamento e do divórcio. Coisa da vida.
E foi em um dia improvável, em um shopping, que você a viu novamente. Sua cabeça foi até Marte e voltou em um instante. Todas os sentimentos e percepções inundaram simultaneamente sua mente. Era ela, e ela te reconheceu.
Os anos lhe deram alguns quilos, rugas e os primeiros cabelos brancos. Mas você tinha noção de que não era um galã de cinema: ganhou peso, perdeu cabelo e usava óculos agora. Ato contínuo, você sorri.
Ela sorri de volta e vocês se falam. Isso nunca mudou em 25 anos: era o mesmo sorriso. Pequeno, com as covinhas de sempre, com a cabeça levemente inclinada valorizando as maçãs do rosto. Ato contínuo, você se apaixona novamente.
Celular, face, whatzapp: hoje em dia, o processo de encontrar alguém envolve isso. A conversa é curta, ela tem um compromisso. Mas o contato está restabelecido. E o mais importante: ela sorriu como antes.

Quando vocês começam a se encontrar, a paixão explode logo na primeira noite. Mas algo está fora do lugar, você não sabe muito bem o que. Nos próximos encontros, começa a entender. Ela está diferente. Não tem mais tanto respeito, ou pelo menos tolerância, pelo mundo que você vive. Ela não assiste tv, não sabe das séries que você acompanham e vai ao cinema apenas em festivais alternativos. Você genuinamente tenta ir, tenta participar, mas é muito "fora da caixa". Ela não simpatiza com seus amigos, nem você com os dela. Ainda há respeito, mas fica difícil encontrar pontos em comum.
Um dia ela conta que usa drogas. Você se preocupa com vício, mas ela garante que é eventual. "Deve ser verdade", você reconhece. A relação estremece mais. Ela te convida para uma vernissage, mas é na hora do almoço. Você a convida para jantar, mas ela não pode. 
E um belo dia ela não atende o celular mais. Você vai visitá-la de surpresa, ela está com outra pessoa no apartamento e não te deixa subir. Acabou, claramente. Ela sequer se deu ao trabalho de conversar antes, apenas te deixou para trás e seguiu em frente. 
Sim, você vai superar. Já passou coisa muito pior. Apenas não quer mais saber dela, uma raiva natural e comum. Pega o celular e remove a amizade do face. Apaga o contato. Vida que segue.

Desculpem o textão, mas é assim que me sinto com Twin Peaks depois de metade do 8o episódio. Não vou seguir, não tenho nenhum interesse mais. Vou apenas tentar me manter no mistério noventista a cerca de Laura Palmer, curiosamente, uma garota do colegial. 
David Lynch morreu, só não sabe ainda.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Audaciosamente assistindo...

Confesso: por mais que eu adore Star Trek, eu nunca tinha visto a série original completa na ordem.

Pudera, alguém acima dos 30 lembra como era a televisão brasileira nos anos 70-80? A má vontade e incompetência dos diretores era épica. Eles simplesmente se recusavam a apresentar as séries na ordem feita. Mais recentemente, a poderosa RGT chegou a compactar um episódio inteiro de "Angel" em um segmento de 9 minutos. Sim, eu queria poder surrar o cara que mandou fazer isso.
Os episódios eram passados aleatoriamente, sem critério algum. Mudava-se o horário sem aviso. Cenas inteiras eram cortadas para "caberem" na grade. Erros grotescos de dublagem. Um genocídio cultural era feito com as séries. Verdade seja dita, não era apenas com Star Trek, mas com todas. Vi muita coisa da série clássica, portanto, mas não tenho uma cronologia séria na mente até hoje.
Até ontem. Agora o Netflix devolve o respeito à coisa. Então posso ver tudo, na ordem certa, no ritmo que eu quiser. Sim, o Netflix mudou a regra do jogo. 
Adaptem-se ou morram.
Por mim, tanto faz.

PS.: estarei nas próximas semanas homenageando os falecidos tripulantes.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Animamundi 2016: Dia 2

Pois lá fui eu de novo, para mais quatro sessões de curtas.
  • Curtas 2
Mais uma animação brasileira nota 5 abriu a sessão, Idéias de Canário, baseada em um conto de Machado de Assis, e adaptada a um cenário futurista no Rio de Janeiro.
La secta de inesctos, mexicano, mereceu nota 4 pela boa técnica e a história de distopia anti-livros, não exatamente original, mas sempre tocante.
A sessão ainda teve Branded Dreams, holandês nota 4, brincando com formas e a marca de uma famosa bebida negra gelada e refrescante. Animamundi é isso aí!
  • Curtas 10
Destaco aqui duas animações nota 4, a uruguaia Chatarra e a belga-holandesa Under the Apple Three. A primeira usou uma técnica de animação de objetos compondo seres vivos, incluindo um simpático cãozinho, com peças de ferro velho. A última, por outro lado, é uma comédia sobre o zumbi de um fazendeiro plantador de maçãs, com técnica impressionante.
  • Curtas 7
Novamente, apenas dois destaques nota 4: Geist, irlandês e o russo Piton y Storoj. A técnica e as expressões faciais impressionam no irlandês, sobre um náufrago que está sendo assombrado. Já o russo é mais leve, sobre a amizade entre uma cobra e um vigia, com final particularmente tocante.
  • Curtas 8
Pela terceira vez seguida, destaco duas notas 4: o tcheco Vanocni Balada e o russo Gamlet Komedia. O primeiro começa de forma triste e assustadora, com uma menina fugindo de um mecha em uma cidade devastada pela guerra, mas a história vai tomar outro rumo. Já o russo foi uma das poucas comédias típica, mostrando crianças em um teatro aprontando o tempo todo.

Foi um festival fraco a meu ver. Muitas animações nota 2 (7 ao todo). e nada que fosse realmente marcante como em outros anos. 
Uma pena. 
Espero que melhore.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Animamundi 2016: Dia 1

Piorou. Bastante.
O primeiro problema nem foi culpa da organização: a data usual do evento batia com as Olimpíadas. Veja bem: não tem como competir com isso. Então o festival mudou para novembro este ano. Compreensível, mas ruim. Daí passaram a usar uma sala no Belas Artes e duas na Cinemateca, longe pacas. Com isso, tive que me concentrar no que tinha no Belas Artes. O erro seguinte foi no formato da programação, que tentou misturar todas as facetas. Não, eu não quero. Eu quero ver as sessões competitivas de curtas, ponto. A cereja no bolo foi a bagunça que fizeram no site. Dava um trabalho danado achar a programação.
Ou seja, andamos para trás, e muito.

Vamos às sessões, usando o mesmo critério de sempre:

As notas vão de 1 a 5. Eu dou a nota do seguinte modo:
Roteiro: 1 ou 2
Técnica: 1 ou 2
Sacada genial: +1
Burrada básica: -1
Na prática, uma animação nota 5 é daquelas que verei muitas vezes pelo youtube depois. Nota 4 é das que vale a pena citar para os amigos. Nota 1 é raro: são aquelas que você preferia simplesmente que não existissem ou que a sessão acabasse aqueles minutos mais cedo.
  • Curtas 1
Ghost Cell, francês que abriu a sessão, foi ótimo. Mostra Paris como se visto por um microscópio. Nota 4.
O Disco De Ouro, de diretor brasileiro presente no evento, mostra o sucesso de um músico alienígena. Mereceu 5.
Outro nota 5 da sessão foi Once Upon a Line, americano, foi de uma beleza ímpar, usando apenas linhas simples e monocromáticas, mas com composição impecável.
A sessão ainda teve mais duas animações nota 4: Ticking Away, holandês-belga sobre um relojoeiro solitário e Chateau du Sable, francês que retratou um castelo defendido contra um grande monstro.
Foi uma das melhores sessões do Anima que já vi.
  • Curtas 6
Foram quatro destaques, todos nota 4.
Zimbo, mexicano, conta a história de um marionete.
Tabook, holandês, mostra uma moça comprando um livro peculiar em uma livraria.
Citipati, alemão, pecou apenas por não ter história. Mas apresentou uma técnica ultra-realista incrível para retratar um dinossauro.
The Alan Dimension, britânico, mostra os poderes mentais de Alan, que é capaz de prever o futuro.

sábado, 5 de novembro de 2016

Remember, remember

Remember, remember, the 5th of November
The gunpowder, treason and plot;
I know of no reason, why the gunpowder treason
Should ever be forgot


Sim, eu vou fazer isso (quase) todo ano.
Sim, eu esqueci ano passado.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Animamundi 2015: Dia 4

A cada ano aumenta a impressão de que eu curtiria mais um evento mais longo, espaçado. Acaba ficando uma maratona de conceitos e ideias que não absorvo completamente. Até por isso, estas postagem que servem de referência depois...

  • Curtas 7
Foi uma sessão bem fraca. A parte do fato de ter muita animações bem depressivas, foi aqui que rolou o único nota 1 do festival todo.
O único destaque positivo foi o coreano Johnny Express, sobre um entregador interestelar de encomendas. Aliás, este:


  • Curtas 3
Expectativa para ver Plymptom valeu a pena, e nem tanto por ele.
O colombiano/americano The Invisibles trata de uma análise simples e singela dos mendigos nos EUA. Nota 4.
El modelo de Pickmann é um mexicano nota 5 de terror. Um visual delicioso para a adaptação de um conto de Lovercraft. 
Footprints, do Plympton, nem é dos melhores dele. Nota 4. Mostra um sujeito simples seguinte pegadas estranhas em uma história suspeita e misteriosa. Ótimo final.
Dissonance é um curta meio longo (17 min) alemão. Linda história de um músico de rua em um momento difícil da vida. Melhor não falar demais para evitar spoilers, mas é nota 5.
A sessão termina com um americano nota 4, Jinxy Jenkings, Luck You, sobre um rapaz azarado nas ruas de San Francisco
  • Curtas 10
E agora Bronzit, o último do dia e do festival. Mas antes dele:
Mortal Breakup Inferno narra as peripécias de um rapaz tentando fugir da namorada louca. A Gobelins nunca tira menos que 4...
Palm Rot ganha 4 com a técnica realista de movimentos. Difícil definir a história, que está no youtube para os interessados.
Wrapped é um alemão de 4 minutos, nota 5. Melhor técnica do festival, e isso não é pouca coisa para 2015. Mostra o planeta sendo tomado por plantas. Lindo, lindo.
Bronzit nos trouxe Mi ne mozhem zhit bez. Conta a história de dois amigos que se tornam astronautas, no rigoroso programa de treinamento russo. Tudo vai bem até que chega a missão. Paro de narrar aqui, mas a mão narrativa sempre leve dele. Nota 5, mas não o melhor de todos.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Animamundi 2015: Dia 3

É, não dava para manter o nível. Nem por isso foi menos bom.
  • Curtas 6
Foi a sessão mais fraca até agora, apenar da presença do Marão, conhecido animador brasileiro e autor do primeiro da sessão, Até a China (nota 3). Não gostei da dublagem, que achei um tanto gaguejada.
O único destaque foi Ray´s Big Idea, um britânico curto em 3D, brincando sobre conceitos de Evolução Natural.
  • Curtas 2
Melhor, melhor. Estamos aquecendo o dia.
O dinamarquês Vagabond mereceu nota 4, com uma bela história de ação de um, por assim dizer, mendigo tentando salvar seu cão. Usa técnica estilizada que não compromete os movimentos realistas.
El Ladrón de Caras é daqueles complicado de comentar. Digamos assim: há uma coisa, um conhecimento que seria bom a pessoa ter antes de assistir o curta. Mas se eu disser o que é, acaba sendo um tipo de spoiler. Então recomendo a todos assistirem e depois perguntarem o que era. Nota 5, sem dúvida. E melhor do dia.
  • Curtas 9
Agora sim!
O Extraordinário Caso do Sr. A é o melhor brasileiro até o momento. Humorístico, que é o que fazemos de melhor, tem um certo grau de interação com o público, inclusive. Vale 4.
Violet merece o 5 que dei sim. Tanto pela técnica, que mostra espelhos o tempo todo na história, quanto ao roteiro, uma leitura interessante de um conto de fadas.
Smart Monkey pecou apenas por misturar duas partes desnecessariamente. Nem por isso as partes são ruins, mas é uma aventura de um macaco fisicamente fraco e mentalmente superior em tempos remotos. Diversão certa.





terça-feira, 21 de julho de 2015

Anima Mundi 2015: Dia 2

Não pude ir no sábado, então segue a análise das duas sessões de domingo, 19/07/2015.
  • Curtas 1
Outra ótima sessão, com apenas um ruim, brasileiro infelizmente.
A sessão começa com Symmetricity, uma animação russa longa (24 minutos) com uma história de diversas facetas. O time conseguiu misturar estilos distintos em momentos diferentes da história. Tem leveza de uma história de amor, uma parte da vida de um artista, interação com o ambiente e alguma coisa psicodélica. A melhor do dia, devo dizer. 
Captain 3D é cômico, sobre um superheroi que sai dos quadrinhos para enfrentar um terrível inimigo monstro de poster de filme. 
Stripy, outro ótimo (nota 5) iraniano, trata do trabalho repetitivo em fábricas, quando um dos empregados é criativo demais para simplesmente pintar as caixas em listas (strips) pretas.
Myself Smoke, da série Myself, é um boneco que debate o fato dele ser fumante. Nota 4.
Dji. Death Sails é uma das aventuras de um atrapalhado Morte, desta vez com um pirata náufrago. Nota 4, IMAO.


  • Curtas 8
O polêmico Isand abre a sessão. Eu dei nota 2, pois me senti incomodado com a história. Mas devo admitir que ela me marcou. A técnica é muito boa e a história consistente com o cenário: um cão salsicha e um macaco são deixados abandonados em uma casa.
Deadly é nota 4, sobre a amizade que uma velhinha faz com Morte. O título é um trocadilho com uma gíria irlandesa.
Wer tärgt die Kosten ? é alemão até o título. Trata-se de uma mesa redonda entre um leão, leoa, zebra, hiena e urubu sobre a cadeia alimentar.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Anima Mundi 2015 - Dia 1

O evento que sempre rolava na última semana de julho mudou para a 2a semana de agosto em 2014. Agora mudou de novo: 3a semana de julho. Depois de idas e vindas entre Memorial e Espaço Itaú-Unibanco, agora estamos no Caixa Belas Artes. Ou seja: mudou.
Esse excesso de mudanças me preocupa. Vejam se grandes festivais de... qualquer coisa... ficam mudando de endereço a cada ano (salvo aqueles que por definição mudam sempre). Dá a impressão de que (1) não é um evento financeiramente estável para quem se dispõe a sediá-lo e (2) que a organização pena para arrumar local todo ano. Isso me deixa duplamente apreensivo, com aquele feeling de que este foi/é/será o último.
Isto posto, retomo a questão das notas, no rodapé deste post.
E já que é para mudar, criarei o tag "Anima Mundi" e marcarei os anteriores, para facilitar. E a mudança nos horários foi excepcional. As sessões de 1h acontecem a cada 1h30, dando tempo de sair da sala numa boa. E com lugares marcados (o que não tínhamos no Memorial), também não há necessidade de entrar correndo. Dá tempo de comer algo, ir ao banheiro, pensar na vida. 
Ao pessoal da organização: por favor, escrevam isso na pedra e não mudem nunca mais.
Mas o que importa é o que interessa:
  • Curtas 12

Começamos com uma ótima sessão, com 5 curtas nota 4.
Animator x Animation IV é claramente uma série. Lembro de uma briga de bonecos de pau (stick figures) que fez muito sucesso anos atrás e creio, pelo estilo, ter relação. A pesquisar.
Patch, embora tenha nota 4, não me permitiu registrar a memória. 
Taupes brinca com contos de fadas de um modo inusitado. Boa ação, boas tiradas. 
Stromae foi um dos muitos a cutucar a questão da internet/redes sociais nos dias de hoje. No caso, o alvo foi o twitter.
Parrot Away é sobre um papagaio desajeitado, feito e tosco que acaba sendo a única opção de compra para um pirata ostentador. Além de engraçado, aproveita para tirar uma onda dos dias atuais. O melhor da sessão.
  • Curtas 14
E aqui o nível sobe, para duas animações nota 4 e duas nota 5:
Viaje a Piés, espanhol conta os perrengues de um viajante de trem. Com ótimo estilo, meio anime sério (existe isso ?), e uma sacada impactante no final.
Five Minute Museum, nota 5, conta uma parte da história do mundo com fotos de peças do museu de Berna. Acaba sendo uma espécie de stop motion sem motion. Delicioso.
The Meek, outro nota 5, é sobre uma sociedade de insetos frente as dificuldades que enfrentam no mundo. São várias ótimas sacadas, desde a divisão dos indivíduos em castas até a relação de poder entre eles. Incrível.
Amélia & Duarte é português e narra a história do casal-título. Pessoalmente, não gosto do uso de atores ou mesmo fotos de atores em animações, mas isso é meu gosto pessoal. 
  • Curtas 15
Outros dois nota 5:
Dernière Porte Au Sud é um assombro tanto de roteiro quanto de técnica. Esta mistura a CG para o fundo das imagens, com animação de bonecos para os personagens. História incrivelmente triste, para a qual são dadas diversas dicas no meio até que a surpresa te pega no final. Melhor do dia.
Golden Shot, turco, conta a história de um robô movido a lâmpadas. A CG está excepcional, com movimentos realistas usando peças, digamos, impossíveis. A história fica interessante quando o robô conhece um vizinho. 
Joojeh Mashini é iraniano, e como tal imprevisível. No caso, nota 4: trata do excesso de conexão que temos na internet, com sacadas ótimas do que acontece com uma grávida. E eu nem sabia que tinha internet no Irã, muito menos redes sociais e ainda menos que tinha mulheres usando.
Madam I Deva será outro que ficarei devendo explicações.



Fica uma menção honrosa para "Nuggets", nota 3 da sessão Curtas 14, pela simplicidade e objetividade com que trata um tema espinhoso (que não posso revelar sob risco de dar spoiler).



quinta-feira, 12 de março de 2015

O Disco está Triste

Um sujeito muito alto e magro. Se visto de frente, duas brilhos velhos ocupam o lugar das órbitas vazias. A única maneira de se saber que ele é um grande esqueleto era quando suas mãos - os ossos delas - saiam brevemente para fora das mangas da longa túnica preta que cobria todo o corpo. Mais ou menos assim Terry Pratchett descria Morte. 
Hoje criatura encontrou criador.


Pratchett foi uma das mais brilhantes mentes que se deu ao trabalho de pisar neste planeta. Dono de um humor refinado e apurado, não via fronteiras para os assuntos que tratava em seus livros. Usou um mundo de fantasia - Discworld - para lidar com as coisas do nosso.
Ainda assim, nunca faltou ao respeito com ninguém, sempre mostrando as características intrínsecas das pessoas, grupos e situações de modo exagerado. Certa vez, alguém me definiu Pratchett como "alguém capaz de falar do ser humano como se não fosse um de nós.". Talvez não fosse mesmo, tamanha inteligência que tinha.
Seu estilo fazia o que eu chamo de "piadas em três níveis". No mais baixo, descreve tudo de modo heterodoxo e nem por isso incompreensível. Se um dia toda a produção literária humana estiver digitalizada, Pratchett venceria um concurso de maior quantidade de combinações não usais de palavras. No nível médio, fechava parágrafos com pelo menos uma grande sacada. Era impossível ler seus livros rápido, sob pena de se perder alguma tirada por ainda estar rindo da anterior. No nível mais elevado, buscava referências que ele mesmo plantara em páginas, capítulos ou mesmo livros anteriores. E fazia com maestria, dando ao leitor permanente vontade de reler suas obras. 
Pratchett é um daqueles poucos que não deveriam ter o direito de morrerMas teve.Ou não: viverá para sempre em nossos corações.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Remember

Remember, remember, the 5th of November
The gunpowder, treason and plot;
I know of no reason, why the gunpowder treason
Should ever be forgot


Sim, eu vou fazer isso todo ano.

sábado, 16 de agosto de 2014

Anima Mundi 2014: Estatísticas

Algumas estatísticas das 11 sessões que acompanhei nesta edição do Anima Mundi.
Foram 90 curtas em 11, uma média de 8,2 animações por sessão. O que é bom: prefiro animações mais curtas, de até 10 minutos. Infelizmente perdi uma delas, canadense, ficando com "apenas" com 89 notas para avaliar.
A origem dos países foi: França (28), Grã-Bretanha (10), Brasil (9), Suíça (7), EUA (6) Alemanha (5), Canadá (5), Holanda (5), Bélgica (3), Israel (3), Polônia (2), Rússia (2), Argentina (1), Áustria (1), Croácia (1), Espanha (1), Estônia (1), Finlândia (1), Hong Kong (1), Irlanda (1), Itália (1), Lituânia (1), Luxemburgo (1) e Turquia (1). O leitor atento (e pentelho) dirá que esses números somam 97, mas isso se deve a produções conjuntas multinacionais.
A nota média das animações foi 3,31, com a seguinte distribuição: 10 notas 5, 30 notas 4, 31 notas 3, 14 notas 2 e 4 notas 1. O melhor de todos foi Fuga, que até comentei e postei no Facebook, com destaque para Le Gouffre, Wedding Cake e Lettres de Femmes. Assim que possível, colocarei links deles por aqui.
As 4 notas 1 foram para Lituânia (1), Itália (1), Brasil (1) e França (1). 
As 10 notas 5 ficaram com Canadá (1), França (3), Alemanha (2), Grã-Bretanha (3) e Espanha (1). Logo se nota que o critério espanhol é melhor que o italiano e o lituano na hora de mandar uma só animação...
Notei uma sensível queda na quantidade de curtas de humor. O mundo está mais triste, e isso se reflete na arte. Também percebo diminuição ao longo dos anos das chamadas animações conceituais, onde o cara brinca com cores e formas e deixa o conteúdo para... para quem é bom de verdade. 

Concluo com uma pergunta ainda não respondida. Se todo ano o evento terá, mais ou menos, a mesma quantidade de animações curtas e longas, por que o pessoal da organização fica se matando para criar novas grades a cada ano?
Uma vez fechado o local com a mesma quantidade de salas do ano anterior, basta repetir a grade com eventuais correções necessárias. Não precisa criar tudo do zero toda vez, gente. 
#ficaadica

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Anima Mundi 2014 - Dia 4

Sempre chego deprimido ao último dia, só de saber que vai acabar...
  • Curtas 7 (Sala 1, 18h)
Premier Automne é uma animação francesa que mostra duas crianças brincando que são, na verdade o Outuno (ela) e o Inverno (ele) interagindo. Técnica perfeita, muito simbolismo simples e delicado. Só não curti a última cena, que foi como explicar a piada, e por isso perdeu a nota 5 ficando com 4.
Marilyn Myller, britânico é daqueles mistérios pra mim. Anotei 5 em minha planilha e não consegui localizar as referências da história para narrar aqui. Fica como lição de casa.
Home Sweet Home, francês, ganha nota 5 com uma história sobre duas casas humano-retratadas com enorme sensibilidade e técnica apurada e CG. Lindos retratos da paisagem americana.
Mite, alemão, vai ao microcosmos ver os ácaros. Além da qualidade perfeita, tem uma ótima sacada no final, merecendo o 4.
Wurst, de Luxemburgo, mostra a vida em uma praia onde frequentadores são corte de carne de porco. Nota 4 pela diversão e referência culturais que não explicarei.
Through You, holandês nota 4, tem uma série de sacadas com uma técnica simples na qual as pessoas são unicolores, mas nem por isso imutáveis. 
  • Curtas 14 (Sala 2, 19h)
O alemão Harald conta a vida de um lutador de luta livre e sua obcecada mãe. Mas o prazer que ele tem na vida é a jardinagem, não a luta. Nota 4
Lettres de Femmes é belíssimo, outro francês nota 5. Mostra o trabalho de um médico de campo durante a guerra, que usa cartas de mulheres como curativo para os soldados feridos. Tocante, triste, singelo e absolutamente magnífico.
  • Curtas 15 (Sala 2, 21h)
Apesar da enxurrada de 5 franceses nesta sessão, nada mereceu grande destaque. 
Para não ficar sem resenhar, falarei de Us, uma animação franco-belga sobre como cada um de nós pode reagir de forma diferente a uma novidade em nosso ambiente. Seres unicoloridos, mas diferentes entre si, começam a lidar com pedras que aparecem para eles. As reações são as mais diversas. Ficou com nota 3.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Anima Mundi 2014 - Dia 3

Com atraso e dedicação, sigo narrando e resenhando. 
Cheguei mais em cima da hora ainda na sexta. Estava na porta da sala 1 às 17h59 e... cadê minha Luciana ? Pois é... 17h30 virou 18h02.
Mulheres, bah !
  • Curtas 5 (sala 1, 18h)
Talvez esta tenha sido a melhor sessão de curtas que vi na minha vida. Que coisa impressionante. E eu estava de péssimo humor pelo atraso da namorada, então realmente foi uma virada no clima.
Palmipedarium foi o primeiro francês do dia, nota 4. Com gráficos de qualidade, narra a relação entre um garoto filho de caçador e um animal que o adota como dono. Singelo, bonito. 
Le Chêne et le Roseau brinca com tipografia na tela, comparando as capacidades de sobrevivência de um carvalho e um junco. Os efeitos em 3D impressionaram, dado a nota 4 a ele. 
Mais tarde tivemos o nota 5 Le Gouffre, canadense, que conta a dedicação de dois aventureiros para tentar atravessar um perigoso canion. Gráficos lindíssimos, história tocante, final belo. 
Seguiram outros 3 curtas nota 4. 
How to get a girl in 60 seconds, alemão, conta em um minuto as desventuras de um rapaz tentando impressionar a garota de seus sonhos. 
O francês MONKEY SYMPHONY lembra o ritmo do famoso Presto, onde um macaco pianista e outro macaco faxineiro, mas também talentoso no piano se encontram em um ensaio. A coordenação entre trilha e imagens é belíssima. 
Terminamos com Collectors, que demorei um tanto a entender a mensagem. Com um estilo (na minha opinião) fraco e preguiçoso, conta o que acontece quando as pessoas colecionam coisas além de suas reais necessidades. Fica muito interessante quando a situação começa a sair de controle, e faz uma séria crítica ao consumismo. 
  • Curtas 12 (sala 2, 19h)
Outra sessão muito boa, com 5 animações nota 4 que comentarei. 
Edifício Tatuapé Mahal é um curta brasileiro que conta a vida como se fôssemos bonecos ou objetos conscientes. Uma bela lição sobre sentimentos negativos, com uma aparência de stop motion no estilo. 
My Stuffed Granny, britânico, conta sobre as dificuldades e até fome passada por uma família do ponto de vista da pequena garota. Stop motion impressionante, com um final feliz depois das tristezas. 
1900-2000 mostra em 1900 as inovações que teríamos 100 anos depois. Além do belo estilo, vale como lembrança do que se pensava na época. Ritmo frenético, bem ao meu gosto. 
Fingers Tale dá vida independente aos dedos dos personagens, que passam a ter seus próprios objetivos, embora ainda andem agrupados. Divertido pacas. 
Fechamos com o ótimo Reflections relembra de sua infância através dos seus próprios reflexos, mas nem sempre podemos ser como queremos: os outros adultos interferem na brincadeira eventualmente.
  • Curtas 13 (sala 13, sala 2, 21h)
Depois de um começo depressivo, a sessão engrenou muito bem também, com várias animações de CG de qualidade inquestionável.
Stardust mostra um corpo celeste em formação, com imagens de encher os olhos. Holandês, nota 4. 
Depois tivemos Beyond the Lines, francês nota 4, que relembra a invasão da Normandia (Soldado Ryan, alguém ?) como se duas crianças pequenas tivessem participado da operação. 
Mr. Plastimime, britânico nota 5, conta um mímico talentoso, mas com carreira decadente (ou que talvez nunca tenha ascendido...) até o dia em que tudo muda. 
Cargo Cult, britânica nota 4, narra as reações de uma tribo ao contato com americanos... de Pearl Harbour. 
Terminamos o dia com um alemão nota 5 chamado Wedding Cake, vencedor do público no Rio de Janeiro. Sim, merece a nota, mas não o título: conta passagens da vida de um casal de bonecos de um bolo de casamento, com um final bastante interessante. Ritmo impressionante, ótimas tiradas, irrepreensível. 

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Anima Mundi 2014 - Dia 2

Corri, cheguei, sentei: 17h57. Ufa.

  • Curtas 3 (Sala 1, 18h)
Que sessão!
Começamos com Fuga, curta espanhol maravilhoso (5), que combinou técnicas bastante variadas, todas com maestria. A história é lindíssima, sobre uma garota violinista em um conservatório. Sério candidato a melhor do ano. 
A seguir, vieram 3 notas 4. 
Diesel Rock and Stardust, o melhor brasileiro até o momento, sobre uma dupla de agentes/cientistas fazendo uma investigação, com visual psicodélico sem ser exagerado.
Mend and Make Do, britânico, conta a história da vida de uma senhora de idade do ponto de vista de suas roupas, o que deixaria Luciana Dizioli enlouquecida.
Golden Boy, francês, é uma interessante reflexão sobre o mau uso de talentos das crianças. 
A sessão ainda terminou com outro francês nota 4, Spotted, impressionou pela qualidade visual ao narrar uma vaca tentando fugir para um local seguro, ao menos para ela: a Índia.
  • Curtas 10 (Sala 2, 19h)
Não tinha como manter o ritmo. Nota triste por eu ter perdido a primeira animação, canadense. Depois trabalharemos isso no youtube.
A melhor foi Sun of a Beach, animação francesa (outra ?!) sobre uma praia e seus típicos frequentadores humanos. Técnica boa e firme, do jeito que eu gosto.
  • Curtas 11 (Sala 2, 21h)
A Roza, com z mesmo, é um curta brasileiro vertendo um poema para as telas. O ritmo segue o da história, relativamente lento. 
Nota 4. Myosis, mais um francês, impressiona novamente pela técnica apurada. 
O melhor da sessão foi From Here to Immortality, nota 5. Não posso comentar o tema sem spoiler, apenas recomendo a todas as crianças de mais de 30 anos. 
Ascencion, para variar francês, conta os entrevereos de uma dupla de alpinistas tentando colocar uma imagem de uma santa no alto de uma montanha. Sim, muita coisa pode dar errado. 

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Anima Mundi 2014 - Dia 1

E lá vamos nós, animalucos, para mais uma maratona anual de animações. O plano deste ano é de 11 sessões totalizando 90 filmes. Boa marca, devo dizer. Era factível chegar a 13, mas a um elevado custo de cansaço. Estou velho...
Cheguei ao Cine Itaú-Unibanco ainda antes das 18h. O plano não era ver a sessão das 18h, mas usar uma hora até as 19h para comprar os ingressos e passar na loja do evento. Deveria dar com folga. Pois é...
Fui direto para a máquina de compra, pois estava sem fila. Comprei para a primeira sessão sem problemas, mas tinha que efetuar o pagamento por sessão, não sendo possível selecionar tudo e então pagar. Estranho, mas funcionou. 
Foi dar zica na segunda compra. Alguma medida de segurança da Visaelectron / Banco do Brasil impede compras seguidas no mesmo estabelecimento com pequeno intervalo de tempo. Isso simplesmente me impediu de comprar tudo que eu precisava. 
Fui para a fila, que até que andou bem. Expliquei o caso e a atendente avisou que o problema deveria se repetir com ela. Tentamos e consegui comprar o segundo ingresso, mas o terceiro não teve como. Ela me orientou a sacar e pagar em dinheiro. Também disse que eu não precisaria pegar a fila novamente. Isso era por volta de 18h15.
Subi a Augusta até a Paulista, saquei (não sem enfrentar um caixa sem cédulas) e voltei, já 18h25. A atendente fez sinal de que me atenderia logo que terminasse a cliente que estava com ela. Duro foi esperar minha colega animaluca comprar 23 ingressos e pagar no cartão (esse sim funcionava !) um por um. 
O problema está no combo "pagar uma compra por vez" com "não pagar mais de uma compra a cada 5 minutos". Nem sei para quem reclamar... Mas saí da fila com tudo que queria às 18h48. 

Vamos às sessões, mas antes, o amigo leitor pode entender os detalhes das notas no final deste post. 

  • Curtas 8 (Sala 2, 19h)
Destaque mesmo não teve nenhum. 
Uma menção positiva fica para o nota 4 Entracte, sobre um mímico xavecando uma funcionária de uma lanchonete/café: técnica impecável e bela história, bastante humana, digamos assim. Meu amigo Bruno Saggese (animador e mímico) enlouquecerá quando vir este.
  • Curtas 9 (Sala 2, 21h)
A vida ficou melhor nesta sessão, com duas animações nota 5.
The Rise and Fall of Globosome com a história da vida em um planeta. Além da animação gráfica boa, a trilha sonora escolhida me impressionou muito. 
Chili con Carne é cômico, coisa que os franceses deveria fazer mais já que são tão bons. Ritmo ágil, veloz mesmo, com uma sacada surpreendente no final, conta a história de um sujeito que vai a um restaurante italiano. Se você acha que chili não é um prato italiano, já está no clima da história. 
Ainda quero elogiar Trampoline, holandês nota 4 sobre o uso de uma cama elástica vista por baixo dela. 
Divertidíssimo. Teisel pool Metsa abriu a sessão com nota 4 e a presença de sua baixinha diretora. Belo stop motion com variadas técnicas de criação dos objetos sobre um conto de fadas.


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Mayas e as cabeças ocas

No último sábado, perdi meu tempo e humor acordando cedo no frio que estava em São Paulo para ir até a Oca, no Parque Ibirapuera, ver a exposição dos Mayas. Meu plano para chegar lá deu errado para depois dar certo: queríamos chegar lá umas 8h20 a 8h30, para evitar filas Atrasamos, e parei o carro apenas 8h45 perto do Círculo Militar. Chegamos na Oca 8h58 e não havia qualquer fila no local. Deu no mesmo, podemos dizer. E aí terminou a alegria. 
Entramos, já recebendo a primeira má notícia: não era permitido fotografar. Nunca vou entender isso, peço ao leitor que não se dê ao trabalho de tentar justificar o injustificável.
Descemos. Havia uma boa centena de peças de variados tamanhos em exposição. Havia uma separação em 7 temas e painéis eletrônicos nas paredes com informações complementares. Todos desligados
Logo na primeira parte, sobre a relação dos maias com a natureza, começou o stress. A segurança local não permitia que minha sombra encostasse na faixa de segurança que fica a meio metro da mesa que tem uma borda de 30cm até o vidro blindado que fica outro meio metro a frente da peça que cabe na sua mão. Os textos falavam em riqueza de detalhes, mas era simplesmente impossível ver os tais detalhes em paz ou mesmo sem paz. Em uma conta rápida, você está a 1,5m de uma peça de 20cm, com detalhes de milímetros. Quem consegue ver ?
Fui advertido 5 vezes em menos de 40 minutos. Na última advertência, eu estava atrás da linha branca, agachado para ver uma peça pequena. Nas vezes em que me inclinei para frente, sempre o fiz com as mãos atrás das costas para deixar claro que não pretendia encosta sequer na mesa. Nunca estive a menos de 50cm da mesa, que dirá encostar na mesma. Ainda assim, os cabeças ocas dos seguranças cretinos ficavam o tempo todo mandando afastar. Um saco. 
Explodi de raiva por volta de 9h45. Subi de volta ao térreo, onde chamei a gerente da mostra para reclamar. Ela veio acompanhada do chefe de segurança e ambos tiveram que me ouvir. Fiz questão de dar escândalo e queimar a mostra para pelo menos 30 pessoas que chegaram enquanto eu dava esporro. Fiz questão de não usar palavrões nem ofender pessoas. Fiz questão de mostrar que a mostra é um lixo e que a culpa é dela (da gerente) e da segurança.
Ela tentou me convencer a voltar, e eu até tentei, mas a experiência estava perdida. Uma perda de tempo completa. Excelentes peças em uma mostra que simplesmente não vale o seu tempo de ir até lá, pois você não vai ver nada mesmo.
Não vá, amigo leitor. Chega eu de trouxa.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Pra que facilitar ?

Lembro, na 8a série, de surgir um termo que foi debatido em sala de aula. A professora Laís nos apresentou o termo "alunissagem", ao se referir ao pouso da Apolo 11 na Lua. Longe de ser impositiva, ela escolheu o termo justamente para acalorar a conversa.
O argumento é que alunissagem seria um contraponto a aterrissagem: ato de pousar na Lua x ato de pousa na Terra (planeta).
Fui contra. Vejo aterrissagem como ato de pousar na terra (tipo de chão, como cimento, asfalto, corpos de espartanos ou terra). Em resumo, o avião foi inventado bem antes da viagem espacial, e aterrissagem foi um termo criado no sentido de pouso, muito antes de se imaginar fazer isso em outro corpo celeste. 
Continuo contra.
Como estou lendo bastante sobre Astronomia atualmente, resolvi achar alguns termos e adaptar pelo mesmo critério de alunissagem.
- movimento de placas tectônicas em Marte: martemoto.
- planificar o solo de uma local de construção em Vênus: venuplanagem.
- colocar um 3o fio elétrico no solo, para evitar descargas atmosféricas em Mercúrio: amercuragem.
- colocação dos restos mortais de um ente querido no solo de Ganimes (lua de Júpiter): enganimedar.
- andar mais próximo ao solo de uma construção em Titã (lua de Saturno): tinâneo.

Entenderam o erro ou é preciso continuar?