sexta-feira, 10 de abril de 2015

Armadilhas Mentais

Um recente novo leitor deste blog gostou do post sobre liberação das drogas e me sugeriu algo equivalente sobre a liberação da prostituição. Evidentemente é um assunto próximo e paralelo, mas logo pensei:
"Talvez eu faça sim, não custa agradar um leitor engajado. Mas não sei se é tão pertinente, afinal nenhuma mulher é presa no Brasil por prostituição, na medida em que não é uma atividade ilegal".
Já grifei os dois pontos centrais do que falarei. Se o amigo leitor não notou, caí não em uma, mas duas armadilhas mentais. Senti-me envergonhado, a esta altura, depois de tantos textos. Faço uma autopenitência então. O machismo e o brasilianismo foram os dois erros.
Embora seja claro que a maior parte dos profissionais do sexo sejam mulheres, reduzir o assunto a elas é patético, mesmo a nível mental. Homens também trabalham nisso, não é de hoje, e não são poucos. Não achei dados para corroborar minha afirmação, mas basta ver que não é assunto novo nem na cultura popular:




Mais que isso, esqueci a quantidade de países onde a prostituição é crime. O link mostra informações detalhadas sobre 100 países, e há problemas de legalização na maior parte deles.

Falemos do óbvio então. Assim como qualquer outro tema de foro íntimo e pessoal, não cabe ao Estado interferir na vida privada do cidadão. Sei que pessoas com forte (ou mesmo fraco) ímpeto religioso são incapazes de aceitar isso, mas não é problema seu o que outra pessoa faz ou deixa de fazer, nem com quem e nem porque, desde que todos os envolvidos sejam maiores de idade e aptos a tomarem decisões. Fim.
Qualquer que seja o argumento usado contra a prostituição acabaremos esbarrando cedo ou tarde, em geral cedo, em alguma alicerce bíblico na argumentação. Assim como no caso do aborto, tema que tratei neste blog há quase 3 anos. 
Note-se que nada mudou.

Um comentário:

  1. Apenas um comentário a respeito: penso que a profissão deve ser regulamentada, considerando especialmente os incrementos no piso salarial advindos de adicional noturno (quando couber) e especialmente insalubridade e periculosidade. E sinceramente acho que até a regulamentação sair, deveria haver um trabalho forte para inibir a prática simplesmente para preservar os profissionais.

    Isso dito, ainda acho que cafetinagem, que não foi abordado mas tem relação com o tema, ainda deve continuar como crime.

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