sábado, 2 de fevereiro de 2013

Pensamento e Meditação

Em conversa com o amigo Elon, ele me abriu os olhos para um raciocínio complicado e deveras interessante. No intuito de mitigar a complexidade, amigo leitor, tentarei dividir em duas partes e juntá-las ao final.
  • Conjuntos
Não que eu pretenda usar Teoria dos Conjuntos aqui, mas pensemos em um universo limitado. Dentro dele há componentes, partes, elementos... chamemos de qualquer modo, pois pouco importa. Se delimitarmos um objeto desse universo de modo claro, podemos dizer que temos o objeto e o não-objeto, composto por tudo o mais que não for esse objeto. 
Supondo-se que o universo tenha conhecimentos sobre si mesmo, pode-se dizer que a parcela não-objeto conhece perfeitamente a parcela objeto, por exclusão. "Tudo que está faltando do universo, necessariamente, faz parte do objeto", pensa o não-objeto. E daí a questão de o que é objeto e o que é não objeto pode ser alvo de uma inversão booleana: tanto faz qual é qual.
Até aqui, ok ?
  • Sete passos para o Pensamento Inovador
O Modelo U de processo mental faz o indivíduo mergulhar de uma condição de pensamento comum para emergir em um resultado novo e completo. O original deste texto sobre os sete passos está aqui.Trata-se de uma ideia bastante revolucionária que tentarei resumir em poucas linhas:
1) Suspensão: é a ação de cancelar, ainda que temporariamente, todas as suposições, predefinições e preconceitos*, evitando-se qualquer conclusão. Exige paciência para deixar a nova realidade surgir.
2) Redirecionamento: é o ato de se conectar profundamente ao assunto pensado, com um um foco em mudança. O dinamismo prevalece sobre a rigidez.
3) Desapego: é render-se, desistir totalmente do controle.
4) Presença: é deixar o conhecimento interno emergir. É como uma intuição, uma ideia soprada aos ouvidos, uma epifania. É algo tão lindo, estranho e simples que até falta uma boa palavra para denominar esta fase.
5) Cristalização: começando o caminho de volta pelo U, esta fase faz com que os novos conceitos, ideias e interpretações que surgiram na fase de Presença começam a ganhar solidez e estrutura. Somos seres materiais afinal de contas, e mesmo a mais transcedental das ideias precisa ser expressa materialmente. Pelo menos por enquanto...
6) Protópito: é um processo de auto-crítica do que está formado. Se feito corretamente, é algo até mesmo paralelo ao passo anterior, permitindo as correções e ajustes inerentes a qualquer processo criativo.
7) Institucionalização: se tudo deu certo, o pensador se quer é a mesma pessoa e se reconhece diferente. Novas maneiras de pensar e agir estão instaladas no indivíduo, que precisa agora apenas voltar a caminhar normalmente.

* não confundir com a discriminação, este sim um termo pejorativo. Preconceito é o processo mental segundo o qual você percebe que pode cair no chão se pular da janela antes de pular. Preconceito é o que permite a vida consciente e (razoavelmente ) inteligente. Por si só, é um conceito neutro. A confusão começa quando surge o preconceito racial (por exemplo), que nada mais é que um mau (péssimo ?) uso de uma boa ideia.
Respire um pouco. Releia se não ficou tudo claro, eu espero.
  • Meditação
Todo mundo sabe o que é meditação. Muito acham que a praticam. Alguns de fato a praticam. Mas o conceito de meditar é conhecido, embora seja difícil escrever uma definição que agrade a todos (deja vu com alguma parte deste texto ?)
De todo modo, a medição é não é pensamento, não é concentração e não é raciocínio. Também não é sentimento, oração ou sonho. Acho que eliminando esses 6 termos, o que sobra é a meditação. 

E onde isso tudo nos leva ?
Bem... se a pessoa for capaz de meditar e buscar seguir os 7 passos do pensamento inovador no processo, pode emergir com nova compreensão de variados tópicos da natureza, da humanidade ou da filosofia. Por outro lado, a meditação leva o indivíduo a um estado de separação de tudo o mais. Ele se isola do universo em um modelo objeto / não -objeto. E como o objeto conhece o não-objeto por exclusão, a meditação pelo método dos 7 Passos leva à Verdade, necessariamente.
Inevitavelmente. Inexoravelmente.

(Vai dizer agora que você viu chegando essa conclusão, logo no meu blog !)

A única barreira que ainda vejo nesse raciocínio é a questão do universo consciente. Isso é premissa básica para tudo que veio neste texto. Mesmo que o objeto for consciente, e o não objeto não for, a bagunça está estabelecida. 
Mas acho que vale, digamos, meditar sobre isso.

2 comentários:

  1. O grande problema com o modelo em U do processo mental, pensando na Verdade, é que ele pressupõe que qualquer um pode fazer alguns dos passos, quando na verdade boa parte do que seria necessário está enraizada nos gânglios basais em boa parte das pessoas. Outro problema é que isso necessariamente restringe à pessoa ao que ela sabe.

    Mas como método pontual para resolver um problema é totalmente válido.

    O problema com o preconceito racial é que, enquanto existem sim preconceitos cientificamente corretos em relação às diferentes "raças", como menor resistência ao álcool ou maior tendência a desenvolver um tipo de específico de câncer, o que é essencialmente errado é o conceito de superioridade entre raças.

    Mas até aí, vai explicar para um cara desses que, do ponto de vista evolutivo, o ser humano NÃO É mais evoluído que um crocodilo...

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  2. Até mesmo entre limitado e ilimitado há conexão semântica consciente. Nada se observa sem consciência (finita ou não) e observar fica tautológico por construção. Isso torna autopoiético o universo.

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