quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Greve dos Caixas Eletrônicos

Deve ter sido no final dos anos 80 que prestei atenção pela primeira vez em uma greve dos bancários. Não sei dizer se acontecia antes, mas foi uma particularmente séria, que deixou os bancos fechados por algumas semanas. E aquilo incomodou o país inteiro.
Passada a crise, uma parcela das pessoas tinha se acostuma a fórceps com os caixas eletrônicos. Também não sei afirmar quais eram todas as operações disponíveis na época, mas pelo menos saques e depósitos eram factíveis. E isso resolvia os problemas mais imediatos de qualquer um.
Os anos foram passando, as greves se sucedendo e, a cada ano que passa, menos pessoas dependem das agências bancárias. Por um lado, os bancos investiram em tecnologia pesadamente para tirar o cliente da agência. Quase tudo pode ser feito em caixas automáticos, internet e celulares hoje em dia. Por outro, os clientes dos bancos compraram a ideia de não dependerem das agências e aceitam fazer eles mesmos uma parte do serviço dos bancários. Afinal, quando você, amigo leitor, paga uma conta pela internet, é você quem digita o código numérico.
Não quero aqui chatear o leitor: eu sou dos que mais rapidamente adotou essa prática e estou perfeitamente feliz em não sair de casa ou do escritório para quitar o condomínio, uma das 2 contas que ainda não tenho como colocar em débito automático.

E estamos, enquanto escrevo, em outra dessas greves dos bancários...

Eu tenho a visão de que os bancos lucram de 3 formas: prestando serviços, emprestando dinheiro e aplicando recursos no mercado financeiro (de modo bem amplo aqui). Uma greve de bancários faz com que os clientes deixem de realizar alguns serviços, mas a maior parte dos casos é simplesmente um adiamento e não uma perda em si para os bancos. O mesmo acontece com empréstimos: quem precisa do dinheiro faz algum esquema para conseguir segurar o cenário por mais alguns dias e então pede o mesmo empréstimo que pediria antes. No caso do mercado financeiro, o impacto da greve dos bancários é zero.
E, passados 25, quase 30 anos desde quando eu acompanhei pela primeira vez uma greve dos bancários, os caras continuam insistindo na mesma técnica de pressão. A categoria hoje tem menos de 1/4 do que tinha naquela época, tamanha foi a migração de plataforma oferecia por bancos e aceita por clientes. E a cada greve, uma parcela dos que ainda usavam agências para tudo vão migrando para outras plataformas. Medo mesmo eu teria de uma greve dos caixas eletrônicos.
Os bancários, com seu sindicato no leme, cavou a própria cova. É espécie em extinção por burrice aguda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário