sexta-feira, 22 de junho de 2012

Nenhum brasileiro estava a bordo

Olá, amigos.
Meu aborrecimento de hoje é com a imprensa de modo geral, em um aspecto que muitos de vocês sequer perceberam, ou talvez nem considerem como algo negativo. Em uma rápida pesquisa no site da Folha de São Paulo, achei as seguintes três notícias:
Caso a leitura dos links lhe seja incômoda, resumo. Na primeira, um brasileiro será fuzilado por tráfico de drogas na Indonésia. Na segunda, um brasileiro terá sua peça encenada em Londres. Na terceira, um brasileiro foi eleito deputado na França. Não entrarei no mérito de nenhuma delas.
Observamos uma notícia na Indonésia, uma na Inglaterra e uma na França. As notas são policial, cultura e política. Uma possivelmente negativa (dependendo do ponto de vista do leitor) e as seguintes parecem-me claramente positivas. O que tem em comum nas 3 é o "brasileiro".
Meu amigo André Leal, com quem conversei sobre isso algumas vezes, mencionou que isso é um atributo da imprensa norte-americana que absorvemos por aqui. Não tenho porque nem como duvidar da fonte. Mas acho completamente babaca essa atitude da imprensa.
Na notícia da Indonésia, contam outras dezenas de pessoas no corredor da morte. Inclusive, é claro, outro brasileiro! O parlamento francês é composto por centenas de deputados, e nenhum deles outros é mencionado, provavelmente por cometerem o crime de serem franceses ou, menos especificamente, não serem brasileiros.E a peça encenada na terra da rainha ? Se fosse um cara conhecido do grande público, como Nelson  Rodrigues , a notícia até se esvaziaria sozinha. Mas sendo um cara menos popular, "nossa: que legal que é de um brasileiro !"
No noticiário esportivo de minutos atrás está lá:
Na F1, piloto venezuelano lidera o treino e Massa ficou em 14o. Tem que citar o brasileiro na manchete, né?
Ô complexo de inferioridade! Óbvio está que isso é um processo nem tão complicado assim de auto-afirmação enquanto país candidato a potência. É uma necessidade de mostrar que estamos no mundo todo, que fazemos parte, que somos relevantes. É aquela coisa da criança que faz uma montagem com seu Lego, mas chama a mãe par ver que bonito ficou. Pode até ser bonito mesmo, mas a mãe de fato nunca ia olha sem ser chamada. Lembra-me também os políticos fazendo jogo de cena em uma CPI da vida para aparecer nas câmeras.
Se fôssemos mesmo isso tudo, não seria necessário avisar ou relembrar. Inclusive, acho que parar de agir assim pode ajudar na auto-estima efetiva de nosso povo. Quando algo com um brasileiro aparecer no noticiário é porque é algo relevante e não porque ele é brasileiro.

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