quinta-feira, 21 de junho de 2012

Orgulho !

Entre tantas críticas que faço aqui, é hora de elogiar alguém. O tema do dia, em meio à Rio+20, são as sacolinhas plásticas.
Já tratei do tema anteriormente neste espaço, aqui. Os argumentos não mudaram. O aborrecimento causado pelos supermercados também não. Mas a guerra não está perdida, cidadãos de bem !
Vejo hoje, no site da Folha, uma entrevista com o vilão desta saga, Sr. João Gallasi. Segue link para a mesma. Atento para a seguinte parte apenas:

Quantas sacolas eram distribuídas no Estado?
Em São Paulo, são 6,7 bilhões de sacolas por ano, ou uma média de 550 milhões por mês.
Quanto os supermercados pagavam por esse custo mensal?
A Apas não divulga essa informação.

Sei. Entendi perfeitamente: não querem divulgar o quanto ganharam com isso, certo ?
Mas há boas notícias sim. O Ministério Púbico não validou o TAC sobre esse tema. Perceberam o óbvio: que é o consumidor quem está sendo prejudicado.  Mas o que me deixou feliz foi o posicionamento do CREA-SP sobre o tema. Este sim reproduzirei na íntegra (e espero que o Conselho não se ofenda com isso), e segue o link original.

Com o objetivo de contribuir para “tirar a Terra do sufoco,” bandeira desfraldada por uma associação de supermercados em recente “acordo de cavalheiros” celebrado com o Poder Público as sacolas plásticas, outrora disponíveis nas bocas dos caixas das lojas com o propósito de embalar higienicamente as mercadorias adquiridas pelos clientes, não mais são distribuídas. Em seu lugar são vendidas as sacolas ditas retornáveis ou as suas congêneres “biodegradáveis”, ou ainda disponibilizadas gratuitamente as caixas de papelão descartadas pelos próprios supermercados.
Independentemente dos transtornos causados aos consumidores, especialmente aos de baixa renda, que são obrigados a carregar as mercadorias adquiridas do jeito que der (aqui cabe assinalar a espantosa omissão do Procon e do Ministério Público) os aspectos sanitários e de saúde pública relativos ao transporte de mercadorias perecíveis foi minimizado frente à uma querela ambiental representada por uma pretensa e fosfórica proteção ao meio ambiente pela supressão das sacolas plásticas, responsáveis por cerca de apenas 1,3% de tudo o que é descartado, segundo a ABELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.
Em primeiro lugar, a população que se acostumou a reutilizar as sacolinhas plásticas de “mil e uma utilidades” para abrigar o lixo doméstico e papeis sanitários de modo a permitir seu encaminhamento aos aterros sanitários ficará privada desta possibilidade. Uma das consequências perversas disso será, dentre outras, a disseminação da sujeira nas ruas acarretando, com as chuvas, no aumento da poluição difusa com a consequente elevação do nível de contaminação de nossos rios. Difícil imaginar que boa parte da população se disporá a comprar sacos plásticos de lixo. Aliás, levantamento recente procedido pela Associação Mineira de Supermercados que adotou postura semelhante à congênere paulista indicou, para surpresa da dita associação, que o percentual médio de aumento de consumo de sacos de lixo se elevou em apenas 15% naquele estado desde a implantação da Lei.
  1. Um outro risco à saúde pública e ao meio ambiente reside também na utilização indiscriminada, como recipiente de produtos alimentícios, das caixas de papelão armazenadas precariamente nos porões das lojas, cujos usos pretéritos  são totalmente desconhecidos pelo consumidor que se virá obrigado a reutilizar estes recipientes de alto risco sanitário devido as condições higiênicas impróprias fáceis de se imaginar.
  2. Aliás, também com relação às sacolas plásticas retornáveis, reportagem promovida pelo jornal “Folha de São Paulo” mostrou que, de acordo com pesquisas encomendadas pelo Datafolha, bactérias e fungos podem estar presentes também nestas embalagens segundo resultados dos testes realizados pelo laboratório de análises biológicas SFDK que se utilizou de 100 sacolas plásticas retornáveis usadas. Os ensaios revelaram que das 100 sacolas avaliadas 88 tinham microrganismos capazes de formar colônias, fato este que pode ocasionar danos potenciais à saúde com riscos de doenças.
  3. Uma outra consequência deste “acordo” que certamente causará mais um  efeito perverso ao meio ambiente é aquela representada na prática pelo desmonte dos centros de reciclagem, tarefa secundária porém importante desempenhada por cada loja da cadeia de supermercados, uma vez que elas costumavam armazenar estas caixas de papelão para posterior reciclagem na fabricação de papel de aparas como fonte de matéria prima economizando-se em consequência a celulose da madeira. Com a pulverização destas embalagens pelos quatro cantos de nossa metrópole esta reciclagem se tornará bem mais difícil.
  4. Para remate assinale-se que, com o hábito da distribuição gratuita das sacolas plásticas, os supermercados na realidade contribuíam para a proteção do meio ambiente e principalmente da saúde pública, embora aparentemente não o soubessem. O equivocado banimento destas embalagens configura-se em um gigantesco passo atrás, pois, ao contrário do que imaginavam, esta medida tenderá a ocasionar um impacto sanitário e ambiental negativo, cujas consequências se farão sentir já em curto prazo.
  5. Desta forma, a Câmara Especializada de Engenharia Química do Crea-SP é de opinião que pelo menos os produtos alimentares adquiridos nos supermercados ou em quaisquer outros estabelecimentos devam ser embalados convenientemente, em perfeita higiene, pelas próprias lojas e em embalagens inéditas antes de serem entregues aos clientes. O CEEQ também lamenta que a iniciativa dos supermercados acabe também por privar boa parte da população do uso secundário, mas extremamente importante, das sacolas plásticas as quais até então desempenhavam função preponderante na cadeia reaproveitamento e de disposição de resíduos sólidos domiciliares.
Eng. Alim. Gumercindo Ferreira da Silva - Crea-SP nº 5060714620
Coordenador da CEEQ

Lendo isso, dá orgulho de ser engenheiro.



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