segunda-feira, 13 de junho de 2022

Egito - Dia 12 - Abu Simbel

Você vai para Abu Simbel?
Você vai para Abu Simbel?
Você vai para Abu Simbel?
Você vai para Abu Simbel?

Não tinha como fugir dessa pergunta. Todas as pessoas que fizeram Egito a sério (para além do Museu Nacional do Cairo e meia dúzia de fotos das Pirâmides) faziam insistentemente essa mesma pergunta. Mesmo depois de avisar que sim, que estava no plano, que tinha hotel reservado, que tinha guia local e tudo o mais, as pessoas continuavam perguntando isso. Às vezes, minutos depois.

O acesso não é nada fácil. Só há voos diretos de Abu Simbel para Aswan ou Luxor;  não há voos para o Cairo. Seria como não haver voos diretos até Foz do Iguaçu além de Curitiba. Confesso que não sabia do que se tratava antes de iniciar os estudos, mas logo ficou claro que era uma parada obrigatória. Segue antes uma breve explicação.

Abu Simbel é, do meu ponto de vista, um ótimo resumo da história do Egito. Ele foi construído no reinado de Ramsés II (sempre ele), bem perto da fronteira com a Núbia como forma de demarcar território, intimidar, demonstrar força, fazer oferendas aos deus e reafirmar o ego do faraó. 

O local escolhido foi uma montanha próxima ao Nilo, que foi escavada sob ordens do faraó para que o templo ali ficasse. A entrada do templo é voltada para o leste, iluminando o corredor principal e as 4 estátuas dos deuses criadores no fundo do templo. Em cada lado da entrada, temos 2 estátuas de Ramsés II em posição sentada, cada uma com 20m de altura. 

Mas isso não é a história toda de Abu Simbel. Pois desde a virada do século XX, o Egito tinha planos de construir a (então) maior usina hidroelétrica do mundo no Nilo. De fato, os planos foram para frente, e isso inundaria diversos sítios arqueológicos, Abu Simbel incluso. A comunidade internacional se uniu e, antes do conceito de financiamento coletivo existir, o grande rateio foi feito. A solução foi mover a montanha por 300m, de modo que ela ficasse de fora do lago. A montanha foi cortada em blocos, transportada, e remontada. 

Não fica mais Egito do que isso...

Vamos tentar (foco na palavra "tentar") descrever o lugar. 

A face norte do corredor de acesso tem pictografados prisioneiros de guerras de variadas etnias da época (gregos, sírios, babilônios...). A face sul, porém, tem apenas nubianos. O interior relatava, mais uma vez, a grandeza do faraó, em particular a famosa Batalha de Kadesh. Porém, os detalhes das gravuras são de incomparável riqueza cultural. Apenas para citar uma observação minha, em nenhuma das imagens de oferendas aos deuses, o faraó encosta o joelho no chão. Embora seja voltado para o leste, a variação das estações do ano faz com que o Sol só batesse no fundo duas vezes por ano: 21 de outubro (data de nascimento do faraó) e 21 de fevereiro (data da coroação). Se isso ainda parece pouco, olhemos para as estátuas dos 4 deuses criadores no fundo do templo, para notar que um deles é o próprio Ramsés II. Isso sequer é novidade no templo, pois em outras partes nota-se ele fazendo oferendas... a si mesmo. 



fotos: Abu Simbel, Egito, 2022

Mas essa não é a única coisa por ali. Afinal de contas, mesmo sendo um homem bastante ocupado, Ramsés II achou tempo livre para ter uma esposa preferida (entre 24 rainhas com quem casou): Nefertari. E construiu para ela um templo a parte, que é outro assombro de tão rico em detalhes. Enfim, isso aqui:


foto: Abu Simbel, Egito, 2022

Depois de ver essas construções colossais, obviamente quisemos voltar para o Show de Som e Luzes à noite. Já tínhamos feito dois shows antes, e sabíamos que não ia ser grande coisa, mas o ponto era estar lá mais um pouco. Ocorre, porém, que esse show foi renovado recentemente. É absolutamente imperdível, com brilhante aproveitamento das estruturas, som, música, narração e.. .surpresinhas. 

E no ritmo de "começou, termina", compramos ali mesmo os ingressos antecipados para voltar lá logo cedo, pois nosso voo para o Cairo saía apenas às 10h30. Com isso, pudemos ver o interior de ambos os templos com a luz matinal, que é diferente da luz vespertina. 

Então resumindo. 
P. Você foi para Abu Simbel?
R. Sim, fui 3x em 24h, e passei mais tempo por lá do que dormindo nesse período. Tá bom pra vocês?

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