Nunca tinha feito um cruzeiro. Logo, muitas das coisas a ele relacionadas foram novidade pra mim. Para quem já fez, e não é algo incomum, posso estar sendo bobo ou pouco observador. Mas optei por fazer o post apenas sobre isso.
Um Cruzeiro é, em resumo, um hotel que se move. Temos, portanto a grande vantagem dele já estar próximo à atração deseja, exigindo mínimos deslocamentos ao atracar. Por outro, seu quarto, restaurante, piscina e banheiro também se movem e isso pode ser incômodo.
O Cruzeiro no rio Nilo é extremamente tranquilo em termos de movimento. Não apenas é um rio, mas é um rio que ficou bastante comportando depois da construção da Barragem de Aswan. Deste modo, mal se nota o movimento do barco. É possível iniciar uma refeição com janela enquanto o barco está parado e terminá-la com ele em movimento sem se notar. De fato, isso ocorreu uma vez. As navegações noturnas também não perturbaram o sono, em absoluto. Esse aspecto, então, foi um sucesso retumbante.
Todas as cabines tinha vista para fora, o que não acontece nos grandes cruzeiros marítimos. Era uma vista bonita, mas sem terraço na cabines. Não sei dizer se a vista me faria falta, portanto. A cabine em si era bem adequada, não faltou espaço. O banheiro era reduzido, mas não apertado. Houve um problema hidráulico nele, mas que foi solucionado durante uma das saídas. Nosso camareiro parece um rapaz muito feliz com o que fazia, sempre prestativo e sorridente.
A comida era ok. Nada espetacular, mas adequada. Como era buffet livre, caso o cardápio de modo geral não agradasse era possível focar no que fosse mais interessante. As bebidas, como esperado, estavam com preços acima das de um restaurante comum. Nos bastava passar reto por isso e nenhum problema acontecia.
Achei curioso o restaurante ter mesas fixas para as cabines. Cada hóspede tinha a sua mesa, sempre a mesma. Não é o que eu esperava em um local onde espaço é o bem mais escasso. E tínhamos uma boa mesa, com vista para rio (nem todos eram assim).
O deck superior tinha um solário e uma piscina. Não me empolguei de entrar a princípio e isso se mostrou um acerto. No 3o dia a água estava turva. Tentem imaginar no final... As espreguiçadeiras, no entanto, eram muitas e tratamos de usá-las sempre que possível.
Houve alguns tipos de shows musicais noturnos. Era o que dizia a programação, mas nosso cansaço físico aliado ao meu desinteresse por música e especialmente dança não me deixaram sequer ir ver do que se tratava aquilo.
A estrutura de passeios terrestres, porém, é péssima pela simples razão de todos os cruzeiros fazerem os mesmos itinerários nos mesmos dias e quase nos mesmos horários. Tudo fica lotado de turistas apressados, pois o intervalo é curto. Nesse ponto, é muito melhor não fazer o cruzeiro e achar outro modo de visitar esses pontos, sobre os quais ainda escreverei.
Claro que tivemos um entrevero.
Em dada oportunidade, chegamos para almoçar e nos deparamos com nossa mesa ocupada por outros hóspedes. Achamos não apenas incômodo, mas surpreendente, dado que as regras eram claras e estavam sendo cumpridas já há 2 dias sem surpresas.
Fizemos uma queixa a um tripulante, que repassou o assunto ao gerente geral. Ele veio falar conosco. Explicamos novamente o problema e, em pouco minutos, nossa mesa estava liberada dos invasores. O almoço transcorreu sem percalços, mas a história não acabara.
Na saída, fomos abordados pelo hóspede que ocupou nossa mesa. Ele se identificou como português a o diálogo seguiu em nossa língua comum. No entanto, ele estava indignado de não poder se sentar na mesa próxima a seus amigos.
O pingo de empatia que eu estava criando desapareceu quando ele continuou a falar e disse que ia ocupar aquela mesa de um jeito ou de outro. Nesse momento, desapareceu qualquer vontade minha de ser simpático ou aberto a negociação. Explicamos que a mesa era fixa, era nossa e assim continuaria a ser. Ele disse que chamaria o guia dele para resolver o problema e nós dissemos que chamaríamos o nosso.
Foi a última vez o que vimos. Em nenhuma das refeições seguintes, ou qualquer outra parte do barco, notamos a presença do portuga. Não que ele tenha sido ejetado do barco, mas apenas sumiu.
Soubemos, por nosso guia, que o grupo dele saiu do barco 4h30 do dia seguinte para tentar chegar cedo a um passeio, mas ficaram retidos por 3h na estrada dentro da van. Não senti pena.
Minha conclusão é que cruzeiro são sim atividades interessantes e válidas. Pode-se tirar muita diversão nele, e aproveitar os locais onde ele para. Mas exigem um bom estudo de roteiro também. No caso particular do cruzeiro no Nilo, valeu mais como primeira vez do que pelo cruzeiro em si, e certamente não faria novamente.
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