sábado, 24 de maio de 2014

O Paradoxo de Prinker

O cientista canadense Steven Prinker já escreveu sobre o tema, e por isso o nomeio nesse raciocínio. Este post, amigo leitor, é daqueles que pretendo guardar como referência futura.
Um dos maiores desejos humanos é termos uma sociedade justa, livre e igual. É um bandeira impossível de ser contra após uma leitura superficial. Pois foi Prinker quem fez, pelo menos até onde sei, uma primeira leitura profunda e descobriu que isso é simplesmente impossível. E com isso, pôs fogo a essa bandeira. Sou seguidor dele.
Vamos às definições e exemplos práticos.
Uma sociedade justa é aquela baseada na meritocracia e no esforço. Um indivíduo que trabalhar mais merece ganhar mais, ter mais dinheiro ou riquezas, seja lá a forma como isso se expressar. Mesmo em uma nação rica onde ninguém precise fazer serviços extras, alguém que opte por fazê-lo deve ser recompensado por isso. Ou, por outro lado, um indivíduo que produza mais no mesmo tempo que outro merece ganhar um salário (ou equivalente) maior.
Uma sociedade livre é aquela na qual cada indivíduo pode fazer o que melhor que convier. Claro que haverá as limitações de convívio, mas ele deve poder fazer o que quiser de sua vida, seu tempo, sua saúde, sua carreira e suas posses. Pode, por exemplo, doar rios de dinheiro para causas nobres, gastar em festas ou comprar figurinhas. 
Uma sociedade igual é aquela na qual todos os indivíduos tem acesso idêntico a todos os bens e serviços, no melhor estilo marxista. Parece razoável que todos tenham a mesma quantidade de água, comida, transporte, saúde, lazer e cultura. #somostodoshumanos, não?
Pois Prinker observa que essas três coisas são incompatíveis se vistas em conjunto. O exemplo simples de entender é o trabalhador altamente dedicado. Se ele trabalhar mais para ganhar mais, temos uma sociedade justa. E ao ganhar mais, deve ter o direito de fazer o que quiser com seus ganhos, inclusive doar aos filhos, por exemplo. Mas neste caso, a sociedade deixa de ser igual, pois os filhos dele ganham algo pelo qual não trabalharam.
Interessante, não ?

Ninguém em sã consciência fala hoje em dia em desapropriar casas de famílias. Isso foi um problema soviético de um século atrás. Ao se falar em igualdade, fala-se em nivelar por um mínimo necessário o acesso a alimentação, saúde, educação e moradia. E claro que isso é válido e importante. 
Mas acho bastante peculiar o paradoxo quando pensamos nesses termos em absolutos ("only the siths deal in absolutes"). Não rola, amigo leitor: é preciso ficar com 2 de 3. Já se tentou juntar justo e igual no bloco comunista e não deu certo. tudo leva a crer que livre e igual conduziria a um rápido colapso econômico. Fiquemos com justo e livre, portanto. Com pitadas de igual. 

Um comentário:

  1. Perfeito, só é preciso lembrar (para a posteridade) que o ~verdadeiro~ comunismo nunca chegou a existir (não é que não tenha dado certo, ele simplesmente não foi implantado - sempre flutuou entre despotismo e ditadura). E provavelmente nunca irá, pois isso demandaria uma consciência coletiva absurda, e nós sabemos o quanto somos egoístas e preferimos a lei da selva acima de tudo.

    Cara, você chama ele de PRinker de propósito (meio que uma piada interna)? Porque até mesmo o site que você linkou já vem com o sobrenome correto dele (Pinker)...

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