Bem, sendo honesto no texto, parece haver uma movimentação por parte do executivo no sentido de emitir uma medida provisória para recriar a infame CPMF, desta vez com alíquota de 0,20%.
A matéria a que me refiro é esta, no UOL.
Bem... o tema é antigo e conhecido. Todos os problemas da CPMF já foram apontados, o pior deles é o fato de incidir de forma absolutamente heterogênea em diferentes cadeias econômicas. Também não faz o menor sentido o comentário de que atinge igualmente a todos, pobres e ricos. Uma pinóia: se é heterogêneo na economia, obviamente o será com indivíduos. Sim, deveremos ter a volta das confusas "conta investimento" e todos os trambolhos associados.
Também já foi discutido antes as vantagens do imposto: simples de entender, fácil de apurar e praticamente sem custo para arrecadar. E permite comparar o arrecado em impostos diferentes, potencialmente apontado sonegadores. Inclusive, nem é um imposto tão elevado assim.
O ponto central aqui é outro. Aliás, outros, pois são dois.
O primeiro é o fato de o governo não querer cortar a própria carne. Não falo de programas sociais ou investimentos: falo do custeio da máquina. Todos apontam os 39 ministérios. Todos apontam os novos carros dos senadores. A lista é imensa e nunca é tocada nos cortes. Nunca. O governo atual parece entender que tem direito a esses privilégio, o que é contradição até mesmo semântica. Pessoalmente, até entendo que os cortes na máquina não seriam suficientes. Mas pelo menos dariam uma sensação de "fizemos o possível, mas não foi suficiente". Mesmo pagando absurdos em impostos, o incômodo em pagar mais um seria menor.
Mas meu segundo ponto é o quanto o atual governo está desconectado da realidade do cidadão brasileiro. A CPMF é um imposto antipático e odiado pela população em geral. Aliás, boa parte desse ranço foi criado pelo próprio PT enquanto oposição, pois ela nasceu em 1993, ainda em incarnação anterior (IPMF). Mas o governo parece simplesmente não notar isso. Parece não compreender que isso incomoda. Parece não ser capaz de sintonizar os sentimentos da população. Fosse, viria a público explicar com algo do tipo "sabemos que ninguém gosta, mas é necessário". Isso aliviaria as tensões. O governo Dilma 2 está completamente perdido, sem rumo algum.
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