sábado, 5 de abril de 2014

Prevenções x Direitos

Ferveu o assunto Prevenção x Direitos no Face esses dias. Apresento aqui meu ponto de vista, o mesmo que está lá, em uma forma diferente, já resumindo a argumentação.
Em suma, prevenir é melhor do que remediar. É isso que a sua mãe e a sua avó te disseram, não? Vamos a alguns casos práticos:
- Evite assaltos: pague a tarifa do DOC em vez de andar com dinheiro vivo. 
- Se precisar mesmo sacar dinheiro, seja discreto. Não saia balançando as notas no meio da rua, para não atrair ladrões.
- Evite brigas: não use uma camisa de futebol do time A no meio da torcida do time B.
- Evite furtos: tranque seu carro e sua casa.
- Evite ainda mais os furtos: ponha um alarme no carro e um bom muro na casa.
Bem.
Mas poxa vida... se a casa é minha, por que eu preciso trancá-la para ninguém entrar? Não faz sentido! A rigor, não faz mesmo. 
Mas qual o problema de trancar? Vai cair seus dedos de passar uma chave na porta? Não vai. Previna-se. É uma pena que seja necessário, mas é. Por analogia, o mesmo se aplica à chave do carro, ao alarme, ao muro, à camisa do time e ao dinheiro no banco. Nenhuma dessas medidas preventivas é 100% eficaz, nunca prometeu ser. Mas a lógica indica que vale a pena tentar minimizar esses riscos. 

Pois é.
Então sugeri uma medida preventiva similar: moças, usem roupas discretas para prevenir estupros.
Pronto. A histeria se estabeleceu. Imediatamente fui taxado de machista, de burro, de achar que todas deveriam usar burcas e por aí afora. Sério, aconteceu mesmo. Ah, sim, de reaça também.
O mais interessante é as pessoas têm vontade de misturar isso com a questão do direito de escolha. O direito de escolha nunca foi alvo da minha sugestão. Nunca. Ninguém é obrigado a ter alarme no carro, tranca na casa, muro, cerca... Apenas o bom senso sugere que você tenha. O mesmo para as roupas discretas.
Mas quando o assunto cutuca o feminismo, o bom senso vai de foguete para Marte, passagem só de ida. Elas (e alguns eles, não raro paus mandados de suas esposas), insistem em lutar por direitos que já conquistaram! Sabe aquele sujeito que bateu no inimigo dele e continua chutando o cara depois de caído? Igualzinho.
O direito das mulheres se vestirem como quiserem já foi conquistado e não foi por estas que estão brigando, mas por suas mães, e por vezes avós. Já foi. Venceram, com méritos. Parabéns. Justiça foi feita. Ótimo. 
Podemos passar para a década de 70 agora?
Estou falando de uma ideia, e não uma regra, para prevenir casos de estupros. Só isso. Ninguém tem que seguir. Se virar lei, inclusive, seria completamente patético. Mas elas acham que a simples ideia de prevenir pelas roupas é errada.
Claramente, não entendem como funciona a cabeça de um homem (e depois reclamam de nós...). O homem, sexo masculino, é um ser totalmente visual. O estímulo visual é que desperta a libido, seguindo para outros meios depois. Se o sujeito não vê, não tem a mesma vontade. É por isso, por exemplo, que pornografia vende para homens muito mais do que para mulheres. Claro como o dia.
Removendo o estímulo visual exagerado, talvez, talvez, o meliante safado pervertido sem vergonha crápula não tenha a ideia de molestar a moça. 
Entenderam ou eu preciso desenhar ?
Era só uma sugestão, não o motivo para uma guerra. Dá vontade de não ajudar mais.

5 comentários:

  1. Eu vivo te falando e você geralmente ignora por princípio (não que isso seja errado, mas sempre dá dor de cabeça): Minorias são mais preconceituosas do que as maiorias que teoricamente discriminam essas minorias.

    Feministas são minoria, digam elas o que quiserem.

    Agora, você quer ver o povo surtar? Deixa eu te propor algo que eu já vi antes:

    Diga que as estatísticas mostram que o Holocausto não foi tão terrível assim, que o número de judeus mortos e tal não chega nem perto dos mortos por Stalin ou qualquer ditador meia boca na África.

    Se isso é ou não verdade nem é importante, mas você acreditar (ou ter o direito de acreditar) que o Holocausto não foi nada demais perto das outras grandes desgraças que já ocorreram na história aparentemente é mais ofensivo do que você se declarar radical de (escolha seu lado), homofóbico ou machista.

    Tive um conhecido que saiu do Orkut na época de tanto rolo que deu isso...

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  2. Concordo com muita coisa nesse texto, como sempre muito bem escrito, mas é simplesmente impossível pedir para as mulheres (ao menos as que não sofreram lavagem cerebral de seitas religiosas) usarem roupas "discretas" à essa altura do campeonato.

    Não "apenas" pelo sufrágio feminino e à conquista dos demais direitos, mas também (e principalmente) pelo que veio a seguir: a massificação da moda e do marketing.

    O dinheiro manda, sabemos do poder que o livre mercado possui e oferece. Desde o berço, elas são induzidas a combater - mais para ficar de pé do que para destruir - o poder masculino vigente (com certa razão, penso eu, apesar da clara influência financeira). E existe força maior que a da comunicação? Nos vestimos de acordo com aquilo que acreditamos ser, aquilo que queremos ser.

    E as mulheres querem ser livres. Se prevenir contra isso, vestindo-se de maneira "adequada", seria um atestado de medo. Seria uma derrota, na visão de muitas. É claro que bom senso ajuda, e muitas pessoas infelizmente não possuem. Mas as estupradas não são as doidas que saem de biquini e calcinha na rua (denunciadas por atentado ao pudor).

    O meliante safado molesta porque sabe que esse é o país da impunidade.

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    1. Obrigado pelo elogio, Binho.
      Em tempo, já está claro que o bom senso foi embora deste papo.

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  3. Ah, e apesar de corinthiano não pude deixar de rir com aquela piada do post do cometa, hehe.

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  4. Bom, eu novamente digo que prevenção nunca é demais, mas também novamente digo que o ponto de vista da prevenção está errado.
    Estupro é autoafirmação de poder, não apenas uma necessidade de satisfação do desejo carnal causado pelo estímulo visual. O estuprador pode até se estimular através da garota com pouca roupa, mas vai atacar preferencialmente aquela que lhe parece mais vulnerável e incapaz de se defender.
    Pedir então para que as garotas se cubram mais não vai evitar que elas próprias sejam estupradas. O que evitaria um estupro, talvez, fosse incentivar as garotas mais tímidas a ter uma atitude mais expansiva e 'perigosa' para o criminoso, reclamando, gritando e fazendo escândalo em caso de perigo iminente.
    Mas concordo com sua colocação no face de que andar acompanhada, inibe os ataques. Esse comportamento sim evita estupros, além de assaltos, sequestros e outros crimes.

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