terça-feira, 21 de julho de 2015

Custo Brasil

Nem todos sabem o que vou relatar aqui. Mas tentarei ser sucinto na medida do possível.
Em 2008 fui contratado para representar no Brasil a City Interactive. Preparei aqui um total de 12 jogos para serem lançados em formato de revista+jogo em bancas. Eu tinha experiência nesse tipo de operação e montei tudo que era necessário para fechar negócio. Tinha sim uma boa grana para explorar ali. 
O projeto naufragou 13 meses depois, em junho de 2009. Basicamente, a matriz polonesa não compreendeu as diferenças de mercado entre o deles e o nosso. Para eles, o natural é vender 60-65% da tiragem, com margens elevadas a favor da editora (descontos máximos de 30%) e depois inutilizar as sobras. No Brasil, as margens de desconto giram em torno de 50% e qualquer venda de 40% na primeira passagem em banca é celebrada com festa. Muito piores, portanto. Mas o termo "primeira passagem" remete ao fato de se fazer múltiplas passagens em banca, até devido às dimensões do país. E no processo que demora 2 anos em vez dos 2 meses na Polônia, chega-se a margens de lucro similares.
Que fique claro, eu não me esquivo da minha parcela de culpa. Se a matriz não soube entender, inegável que eu não soube explicar. Talvez eu devesse ter feito mais tabelas, mais gráficos, mais coloridos ainda. Talvez eu devesse ter ligado para o Marek.
Fato é que em junho de 2009 eles deram o projeto como perdido e mandaram eu fechar a empresa City Interactive Brasil, da qual eu era diretor sem uma confort letter.
Então...

Hoje, dia 21/07/2015, consegui dar baixa no último documento.

A maior preocupação era, sem a confort letter, ser responsabilizado por qualquer papel inútil que deixasse de ser entregue depois que a matriz me largou aqui (sem pagar minha rescisão). Hoje isso acabou.
E aí está, Brasil. SEIS ANOS para fechar uma empresa. 
SEIS ANOS.

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