quinta-feira, 3 de maio de 2012

De quem eu não tenho pena

Olá amigos leitores, hoje é dia de desabafo, ainda que sem lá muita elaboração literária. Falarei de quem eu absolutamente não tenho nenhuma pena nesta sociedade.
Vivemos os tempos da Reclamocracia e do Coitadismo. Todos são vítima de algum fator alheio à sua vontade para justificar suas mazelas. Assumir a culpa e aceitar a responsabilidade é coisa do século XX. Naturalmente muitas pessoas são, sim, vítimas de circunstâncias desfavoráveis, de azares incríveis e de tragédias gregas. Mas até pela definição de "azar", esses são cenários estatisticamente incomuns, embora haja uma disseminação perversamente exagerada do uso do termo.
Então vão alguns que não merecem a minha e, espero tua, pena:
- endividados no cheque especial. A conta parece simples: se você recebe uma quantia X de salário, suas despesas precisa ficar abaixo disso. Parece óbvio mas não é o que acontece. E muita gente usa o tal cheque especial até receber os salários, e sua renda real acaba corroída pelos juros de escala galática dessa modalidade de financiamento. Não tenho dó porque é um assunto mais do que batido e explicado. Uma criança de 12 anos (certo, Fábio ?) é capaz de perceber esse erro e alertar os pais. Só entra nessa quem quer.
- endividados no cartão de crédito. Versão mais recente da espécie descrita acima, esse cidadão recebe uma fatura completa e detalhada de tudo que ele consumiu no último período. Uma simples leitura e conferência com sua memória recente vai apontar que ele de fato comprou ou consumiu aquilo tudo. Por que diabos ele acha que deixando de pagar uma parcela disso sua vida vai ser melhor este mês, hein ?
- dependentes químicos. Alguém pode me jogar pedras por essa, mas ninguém experimenta nenhuma droga ilícita por acidente. Não tem LSD na sua coca-cola nem cocaína no seu pacote de sal. Para se ter acesso a isso é preciso querer, tanto no sentido de buscar a fonte, quanto no sentido de dispor do dinheiro, afinal não são coisas tão baratas assim e ainda é preciso ignorar todos os avisos e campanhas para não se usar esse tipo de produto. Só começa quem quer, então não acho que a sociedade deva pagar a conta do tratamento de ninguém: virem-se.
- torcedores feridos em brigas. Gosto de futebol, mas odeio burrice. Em minha vida já fui a mais de 200 partidas de futebol em estádio, e não menos de 15 eram clássicos e/ou finais de campeonatos. Tive mais de uma dúzia de oportunidades de me envolver em briga de torcidas e evitei todas simplesmente caminhando para o outro lado. Precisei nem correr uma única vez, e por causa de uma companhia inadequada: se eu estivesse sozinho, nada teria me acontecido naquele dia (conto essa passagem outro dia). As brigas de torcida hoje em dia são marcadas com antecedência, com hora e endereço. Só vai quem quer. Então, se você foi ou vai a um desses confrontos, vire-se de se defender dos animais do outro lado, afinal você é um animal também.
- vítimas costumazes de violência doméstica. Não me refiro a quem acabou de apanhar pela primeira vez. Mas a primeira é suficiente para ser a última. Polícia existe. Delegacia da Mulher existe. Lei Maria da Penha existe. Só volta para casa quem quer, e não me venha com o mimimi de "coitadinha da dona de casa sem instrução". Quase todo mundo tem família para onde correr num caso desses.
Paro por aqui para não esticar demais a postagem. Mas já aviso que temos continuação nesta lista.

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