quinta-feira, 17 de maio de 2012

Torcedor de Verdade

8 de março de 1992.
Era dia Internacional da Mulher, data para a qual não dou a menor impotância até hoje. Era domingo, isso sim mais importante. Mas o que realmente interessava era o clássico no Morumbi: São Paulo x Palmeiras, velendo pelo Brasileirão daquele ano (na época, o Brasileirão era disputado no primeiro semestre). O São Paulo defendia seu título, mas estava mais interessando numa tal de "Libertadores da América" que viria a conquistar 3 meses depois.
Fui ao estádio, vi o jogo e voltei para casa, como sempre, sem nenhuma intercorrência. São Paulo 4 x 0 Palmeiras.
Já em casa, marquei de sair com amigos, que inclusive me dariam carona. Apressei para tomar banho e não atrapalhar ninguém. Já pronto, e ainda antes dos amigos chegarem, passei pela sala, onde minha irmã Alessandra assistia ao VT do jogo. No exato momento em que eu passava, o jogo ainda estava 0x0 no VT, e São Paulo chutava uma bola na trave. Minha irmã reagiu:
- Filho da puta !
- Alê ? perguntei eu, cheio de dedos.
- Sim ? ela respondeu calmamente, ainda sem tirar os olhos da televisão.
- Erh... o jogo já acabou.
- Eu sei. Ouvi pelo rádio.
- Tipo... Foi 4 x 0 pro São Paulo.
- Sim, eu sei.
- Então. Essa bola na trave não vai mudar o placar. Inclusive, já ganhamos. Não precisamos de mais esse gol.
Ela então ficou séria, olhou para mim e disse:
- O inimigo... não merece... compaixão.
Calei-me e fui embora. Foi assim que fomos criados lá em casa, entendem ?


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