quarta-feira, 23 de outubro de 2013

USA 2: Dia 4 - Paraíso ou Inferno

Amigo leitor, estou filosófico hoje. Tive bastante tempo para pensar em um dos voos.
Acordei muito cedo hoje, 5h30. As malas estavam fechadas e o tanque do carro já cheio. O despertador não tocou, mas acordei com o alarme backup da câmera digital. Sinal de cansaço #1. 
Saí do hotel às 5h50, perdendo o café que seria a partir das 6h. Como abasteci na véspera, era só retornar o carro no locadora. Cheguei no aeroporto em 20 min e tudo correu muito bem. Devolvi o carro, registrando um total aproximado de 800 milhas (onde está a porcaria do recibo? sinal de cansaço #2).
Exatamente 1h antes do voo, eu estava sentado na sala de embarque. Teria dado tempo de tomar café sim, mas não tinha como saber. Voei a primeira perna até Charlotte sem incidentes. De lá, esperei cerca de 90 min pela segunda perna, rumo a Las Vegas.
Dormi, acordei, balancei, dormi, mudei de lado, acordei com sono e dor de cabeça, não dormi, mudei de lado... E eis que vem o serviço de bordo, totalmente pago. Ok, eles de dão água. O resto, paga-se. É normal as pessoas comprarem comida na área de embarque para economizar. Imagina se essa ideia chega ao Brasil, com o bom gosto e educação típicos... Ia ser uma farofa insuportável. ANAC: não permita isso, por favor. Passei alguma fome para não pagar os valores abusivos que eles cobram.
Desembarquei em Vegas, já com calor. Daí o susto do dia: uma das malas não veio. Fiquei lá até todos, exceto uma senhora cadeirante, irem embora. Claro, tinha um grupo de 12 brasileiras (todas mulheres) chegando no mesmo voo que eu, e o guia, sotaque carioca, dando dicas de dar medo para elas. Coitadas. 
Uma funcionária da US Airways ofereceu ajuda e ao ver os tickets, iniciou um processo de rastreamento. Antes que ela pudesse rastrear, uma última remessa de 3 malas chegou, sendo a minha a última. Eu que sonhava em um dia ter a primeira mala a sair, já tive a última...
Peguei o ônibus para a área de aluguel de carros e peguei meu full size vinho. Não lembro o modelo (sinal de cansaço #3). Carrão !!! Anda muito. A atendente ainda me explicou como chegar à loja Fry's, a 3 quadras dali. Errei o caminho que só envolvia curvas para um lado (sinal de cansaço #4) e acidentalmente cheguei ao meu hotel (sinal de cansaço #5).
Lá, lembrei que deveria ter feito o checkin do hotel ainda no aeroporto (sinal de cansaço #6). Na fila, achei um saco de MMs pela metade (foi meu almoço) na mochila, provando que passei fome até aquele momento a tôa (sinal de cansaço #7). O detalhe é eram 14h locais, mas 16h no relógio biológico.
Na verdade, em 4 dias, eu mudei de fuso horário 7 vezes entre 4 zonas diferentes. Levei minutos fazendo as contas...
Peguei sete pacotes de compras e subi para o quarto verificar tudo. 100% das compras previstas entregues. 
De modo bastante contemporâneo, fazendo lembrar mas sem imitar, estou hospedado em um castelo. Simples assim. Enorme, jogo por todo lado, mas ainda não pude explorar tudo.
Saí em busca da Fry's, ainda era importante. Consegui me virar com o mapa e alguma orientação espacial (era tarde e o Sol estava do lado direito, indicando que eu ia para o Sul; e ia mesmo !). 
Fry's é o que eu falava sobre paraíso e inferno. Diferente da visão cristã babaca, eu gosto da coisa um pouco nórdica, um pouco Yin-Yang e um pouco Star Wars. Na mitologia nórdica, paraíso e inferno são o mesmo lugar: um banquete onde cada pessoa não consegue alcançar sozinha a comida; se têm amigos, todos se alimentam e são felizes, mas se não têm, passavam vontade pela eternidade. No Yin-Yang, há um pouco de tudo em seu respectivo oposto. Em Star Wars, as verdades dependem do ponto de vista: uma estrela que brilha mais no exato momento em que um casal apaixonado troca o primeiro beijo é lindo, mas morar ao lado dessa supernova não é. 
Na Fry's tem tudo que pode ser alimentado por energia elétrica. Tudo. Tudo mesmo. Tirei uma foto de uma parede de placas-mãe de desktops. Tem três corredores micro componentes eletrônicos. Achei desde leitor de disquette 3 1/2" USB até filmes pornô. De conectores de áudio a sons automotivos. De painéis solares recarregadores de bateria de carro a tvs de 100" (sim, você leu certo: 100 polegadas). O paraíso e ver tudo, o inferno é ir embora com um GPS de 5 polegadas, com cabo HDMI de 25 pés e um rádio relógio.
Voltei para o hotel, onde fui abordado por um simpático segurança que veio papear e descobrir como um cara com aparência de mendigo estava andando por lá. Logo depois, a glória: parei do lado de uma mesa de craps e a croupier pediu para ver meus documentos para ter certeza de que tenho mais de 21 anos.
Fui tomar banho e, ao descer, notei que tinha esquecido a carteira no carro. Subi para pegar as chaves e fui ao carro, só para descobrir que, na verdade, a carteira estava na sacola da Fry's. Não subi, pois tinha mesas de demonstração de Black Jack (péssima) e de Craps (boa).
Daí peguei a carteira para jantar, obviamente, hamburguer. 
Agora dormir, pois tenho emoções fortes pela frente. Estou um pouco atrasado na agenda: era para ter passeado pelos cassinos hoje. Mas manhã deve rolar depois do show.
Que show ?
Aguardem.

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