sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Portugal 1 - Dia 04 - Belém

O conceito de cidade/município faz pouco sentido para o português. Não há prefeitos ou câmara de vereadores, não há impostos municipais, não há leis municipais. Então, se um determinado local é uma outra cidade ou não, muito pouco sentido faz para eles. Claro, Porto é uma cidade e Lisboa e outra, com um nível elevado de rivalidade entre elas. Mas quando estamos na mesma região metropolitana, o cenário fica bem difuso.
Essa explicação é para dizer que não sei exatamente se posso chamar Belém de bairro, mas é como eu vi. Mas talvez seja região, setor ou mesmo cidade. Não tenho certeza. Um tanto afastado na direção oeste, é preciso, depois de um metrô até o Cais do Sodré, pegar um trem (comboio) ou um elétrico. Optamos pelo segundo, na medida em que ele fez questão de aparecer na mesma hora em que chegamos ao ponto. E isso porque já era quase meio dia (sim, acordamos bem tarde).
A região é uma espécie de concentração cultural da cidade, onde diversos museus e atrações se concentram. Tanto é verdade, que isso exigiu um segundo dia por lá, e isso já era previsto no planejamento da viagem. E algumas atividades acabaram ficando de fora, de qualquer modo.
Começamos pela Torre de Belém, que tem esse nome em função da região onde fica. Inicialmente construída como uma torre de defesa da cidade, é bastante fácil notar que o povo português tem muito mais inclinação para a arte do que para a guerra. O local comportou duas dúzias de canhões e munição para tanto, e isso logo se mostra incapaz de parar uma frota mediana que realmente queria passar por ali. No fim das contas, a obra é ricamente decorada, com entalhes em diversas colunas, paredes e pórtico, tornando a construção de 4 andares belíssima.

foto: Torre de Belém, Lisboa, Portugal, 2019

O local é bastante cheio mesmo na baixa temporada, mas não tivemos problemas para entrar. Por sinal, foi na entrada que tivemos a cena mais engraçada da viagem, quando uma turista brasileira perguntou ao bilheteiro:
- Aqui também vendem os Pastéis de Belém?
Infelizmente, Luciana não ouviu, mas eu e Yan tivemos a sorte.
De lá, foi uma boa caminhada até o Padrão dos Descobrimentos. É um monumento mais novo, homenageando com enorme elegância 28 (!) grandes navegadores portugueses. à sua frente, um enorme mosaico do mapa-mundi mostra as principais conquistas. Tão belo que é realmente difícil obter uma foto justa, até porque os navegadores estão divididos entre os dois lados do monumento. Isso foi o melhor que eu pude fazer:

 foto: Padrão dos Descobrimentos, Lisboa, Portugal, 2019

 foto: Padrão dos Descobrimentos, Lisboa, Portugal, 2019

O almoço foi um duvidoso sandes de lula (eu e Yan) e presunto (Luciana), sem muita graça nem tempero. Mas deu tempo para comer um rápido Pastel de Belém onde ele de fato é vendido. 
Aqui, um aparte polêmico. O Pastel de Belém, ao preço de E$ 1,10 é gostoso sim, preferencialmente comido na hora da compra. Mas não é isso tudo que falam. Considero os pastéis de Santa Clara muito melhores.
A tarde avançava e era hora de apertar o passo rumo ao MAAT - Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia, na esperança de fazer o combo com a Central, ao lado. Não era perto, e a caminha foi apertada. Mas posso avaliar o local em uma palavra: detestável.
Sim, foi seguramente o pior passeio de toda a viagem. Nunca mais irei ao MAAT, tampouco à Central, onde acabei nem tentando entrar por falta de tempo, e jamais recomendarei o local a qualquer amigo ou inimigo (caso ele sobreviva ao conselho maléfico, eu teria que enfrentar sua ira depois...). O local não tinha absolutamente nada de tecnologia. A parte de arquitetura se resumia a uma exposição de fotos de um arquiteto supostamente famoso. O restante era arte contemporânea daquelas esquisitas, de ficar empilhando coisas e chamando de instalação. Perda de tempo, dinheiro, energia e felicidade.
Ficamos no telhado do museu para ver o por do sol, o que trouxe algum ânimo de volta e tocamos a retornar, o que não foi muito simples. Levamos uma boa hora até entender onde pegaríamos o elétrico da volta, com tempo para o Yan pisar em um peixe na calçada. Mas conseguimos voltar até a Figueira, e subimos um pouco até uma região com bons restaurantes.
Por lá, jantamos e, finalmente, uma ótima refeição. Choco (um tipo de polvo, pra mim), peixes para Yan e Luciana. Vinho, claro.

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