segunda-feira, 11 de março de 2013

Mais uma vítima

Causa comoção o mais recente caso de atropelamento de ciclista em São Paulo. Para quem não acompanhou, segue um resumo baseado no que até o momento.
Entre 5h30 e 6h do domingo, o ciclista David Santos Souza foi atropelado por Alex Siwek na Av. Paulista enquanto trafegava pela ciclofaixa. O motorista fugiu do local sem saber que um braço da vítima estava preso no carro. Descobriu algum tempo depois e jogou o braço em um rio. Por volta das 7h, ele se apresentou a um posto da polícia alegando não saber onde estava o braço, mas acabou confessando os detalhes citados. Ele se recusou a fazer o teste do bafômetro (obrigado maios uma STF por inventar essa besteira...) e se calou no depoimento. Foi indiciado por homicídio doloso. Testemunhas afirmaram que ele trafegava em zigue-zague e alta velocidade pela avenida, e que bebeu horas antes em um casa noturna. 
Pois bem...
Não acho necessário detalhar o óbvio. Esse sujeito (o motorista) é um animal de rabo e tem que apodrecer na cadeia mesmo. Quando, e se, sair, deveria pagar uma pensão vitalícia para  a vítima que perdeu seu braço menos pelo atropelamento e mais pela fuga e e descarte do braço. Mais simples ainda, deveríamos jogar ele de um precipício e encurtar essa história toda.
Mas chamam a atenção três dois três detalhes. 
O primeiro é por conta do ciclista pedalando pela ciclofaixa ainda antes dela estar em operação. Por mais que houvessem cones de separação, os ciclistas precisam, de uma vez por todas, aprender que não é uma questão de direitos, mas de física mecânica associada a hábitos culturais. Não é sábio andar de bicicleta antes do amanhecer na faixa da esquerda em uma avenida larga e reta tradicionalmente usada como ele de ligação entre locais de festas e bairros residenciais. Não estou colocando a culpa na vítima, mas o que o cara fez foi, sim, burrice aguda. Por mais que a legislação permita, ninguém se veste de verde na festa da Gaviões. Ninguém usa suástica em bar-mitzwa. Ninguém anda de rosa entre skin-heads. Não havia necessidade alguma de David estar ali naquele ponto e naquele momento. Ele não merece ser punido por isso, muito menos sofrer o que está sofrendo, mas podia perfeitamente pedalar na Al. Santos.
O segundo é o novo protesto de ciclistas fechando a avenida. Agooooora sim, resolveu tudo, né ? Essa mania que temos há 20-25 anos de interditar a Paulista em cada protesto que achamos ter o direito de fazer é patética. Centenas, milhares de pessoas foram prejudicas sem ter feito nada de errado. Muitas delas estavam totalmente solidárias ao David, e ainda assim ficaram presas no trânsito. Isso está errado. E os ciclistas, em particular, não estão fazendo um bom trabalho de marketing de grupo, devo acrescentar.
O terceiro detalhe e a idade de vítima (21) e criminoso (22). Muito interessante como jovens tão parecidos, da mesma classe social e praticamente a mesma idade pode ter estilos de vida dão distintos. Um deles tão saudável (inegável que acordar a essa hora para pedalar é saudável) e o outro tão destrutivo (inegável que dirigir alcoolizado não pode acabar bem). 
Este último acho que realmente ninguém comentou.
(o texto acima foi riscado por grave erro deste blogueiro. No entanto, não vou me esconder atrás do delete e mantenho o original tachado, como forma de avisar que não vale mais, mas que de fato eu o escrevi)
E as duas vidas, diga-se, estão perdidas agora.

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Adição ao texto.
Agora sabemos, por depoimento do próprio Alex, que ele estava pedalando na contramão. Não se comparam 4 erros (dirigir embriagado, direção perigosa, trafegar em área isolada e excesso de velocida) com 1 (contramão). Mas que Alex errou, errou também. 
Nem por isso merecia esse castigo.

6 comentários:

  1. Sem querer entrar em juízo de valores, mas é por essas e outras que se eu fosse prefeito, eu proibia bicicleta nas ruas a não ser que o dono pagasse IPVA e Seguro Obrigatório.

    E com todo o respeito à vítima, andar de bicicleta em SP é ainda mais perigoso do que de moto. Em especial porque em ambos os casos, o infeliz parece acreditar que o motorista é que tem que prestar atenção no bom senso e nas leis de trânsito, não ele.

    Se duvida, ande na USP pela manhã de carro e conte quantas vezes um ciclista vai te fechar.

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  2. O filho de doméstica e pintor, caçula dentre 5 irmãos a caminho do trabalho (ele não estava passeando) em um domingo às 6 da manhã definitivamente não é da mesma classe social que o playboy bêbado que voltava da balada neste horário. Aliás, é provável que o ciclista tenha optado por este meio de transporte para economizar a passagem do ônibus, enquanto o motorista gastou o equivalente a 32 passagens em uma única noite na balada. As pessoas precisam pensar menos nas suas próprias necessidades e mais nas necessidades coletivas.

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    1. Oi, Gal.
      Primeiramente, legal te ver por aqui.
      A informação que eu tinha era que o rapaz estava a passeio de bicicleta (o que absolutamente não é errado). Daí eu deduzi que ele seria morador da região e, portanto, classe alta. Estando correta sua informação, e não estou duvidando, isso invalida (para não dizer "desintegra") meu terceiro comentário.
      Sobre pensar menos em si mesmas e mais no coletivo, ainda estamos um tanto longe dessa fase. As pessoas precisam, apenas, seguir as leis amplamente conhecidas e óbvias. Só isso já ajudava bastante.

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    2. Eita, Norson... O cara estava indo trabalhar, não passear. E se você vai se manifestar publicamente (e polemicamente) sobre um assunto como este, é bom pesquisar bastante os fatos pra não falar bobagem.
      Eu ainda acho que as pessoas não seguem as regras porque só pensam em si, tipo: "Essa lei vale pra todo mundo, mas eu não preciso."
      Mas todo mundo tem direito à sua própria opinião... até eu. Hehehe...

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    3. Não entendi seu segundo comentário, Gal. Já te dei razão quanto às imprecisões que cometi na resposta anterior.
      O fato é que continua sendo uma ideia fraca andar de bicicleta na Paulista (ou em qualquer outra avenida rápida) antes do amanhecer e até agora não vi argumento em contrário quanto a isso.

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  3. E agora, só para ajudar, o ciclista diz em depoimento para a polícia que estava andando na contramão:

    http://noticias.terra.com.br/brasil/transito/sp-ciclista-que-perdeu-o-braco-trafegava-pela-contramao-da-ciclofaixa,4e7c985e88f5d310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html

    Cara, trabalhador ou não, pobre ou não, com o motorista bêbado ou não, andar na contramão do que é uma das mais movimentadas avenidas da maios cidade da américa latina, independente do horário, não é apenas errado perante o código de trânsito.

    É quase digno do Darwin Awards...

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