sexta-feira, 26 de julho de 2013

O Pó

Nada mais mundano e cotidiano que o pó, não é? Não, não estou usando nenhum sentido figurado ou gíria: falo daquele pó,que tem em todo lugar, que causa ou dispara crises de rinite... ele mesmo.
Meu amigo, no momento um tanto distante, Roberto Cefas descobriu a origem do pó. O conceito que relato a seguir, até onde sei, é todo dele. As palavras podem não ser exatas, mas foi um relato que ele fez em primeira pessoa. Credito a ele, portanto.

Um dia desses, em uma conversa para matar o tempo, Cefas faz a revelação:
- Gente, eu descobri a origem do pó.
- Que pó?
- O pó, aquele que tem em todo lugar.
- Do que você está falando?
- Do pó, cara***. Que tem na mesa, no armário, no chão...
- Tá bom, Cefas, você descobriu... E qual é a origem do pó?
- É as mulheres! Elas produzem o pó.
Admito que, de repente, ele conseguiu minha atenção.
- Tá bom. Estou curioso. Pode explicar.
- Então.. quando eu era moleque, morava com a minha mãe. Toda semana, ou até antes disso, ela vinha com a história de tirar o pó. Ela já vinha com espanador, pano, aspirador de pó... Aliás, quantas mãos ela tinha?! Enfim... ela vinha dizendo que tem pó na mesa, no armário, na cadeira, na escrivaninha, nos livros... tudo tinha pó. E toca tirar o pó. Mas passava uma semana e lá estava o maldito do pó lá de novo.
- ...
- Daí eu cresci e resolvi morar sozinho. Arrumei um trampo e me mudei.
- Grande coisa.
- Mas aí é que está: assim que eu fui morar sozinho, não tinha mais pó!
-...
- Exato! Não tinha pó. Foram passando os dias, os meses.. e nada de ter pó. Iam amigos em casa, entrou coisa, saiu coisa, esqueci janela aberta.. mas nunca teve pó. 
- Ok, mas...
- Ah, mas o tempo passou, né? E depois de aprontar bastante, eu arrumei uma namorada mais séria. Aquela, você conhece.
- Sim, lembro.
- Aí, você sabe... eu já tinha uma casa e tal. E não estava mais procurando outras minas. É quando um cara começa a pensar em casar. Então eu chamei ela para morar comigo. Para ver se dava certo. 
- E?
- Pois é. Passou uma semana e lá estava ela, sábado de manhã, me acordando e dizendo: "temos que limpar a casa. Está cheia de pó." O pesadelo tinha voltado. E não sei da onde saiu um pano, um espanador e um aspirador. Ela tinha tantas mãos quanto a minha mãe.
- Mas cara...
- Eu juro! Era toda semana a mesma coisa: o pó isso, o pó aquilo... Que saco, meu!
- Tá, mas.. você não tá mais namorando ela.
- Foi quando eu descobri tudo. Um dia a gente brigou ela foi embora. Claro que eu fiquei chateado, mas depois de duas semanas, eu me toquei que o pó tinha ido embora também. Sem mulher em casa, não tinha mais pó. Essa é origem do pó, meu: são as mulheres que produzem o pó.
- Cefas...
- Cara, eu sei. Não é intencional. Elas odeiam o pó e se pudessem evitariam isso de todo jeito. Não é culpa delas. Mas são as mulheres que criam o pó. Tenho certeza: quando tem mulher morando na casa, tem pó. Quando não tem mulher,  não tem pó. Simples assim.
Desisti nesse ponto. A lógica dele é incontestável.

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