quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Justiceiros

Nestas últimas duas semanas, explodiram os casos de bandidos e suspeitos que foram capturados por pessoas comuns (por "comuns" entenda-se "não são agentes do poder público) pelo país. O primeiro caso desta onda foi no Rio.


Seguem links de alguns outros casos:

Pronto: estou feliz de conseguir espalhar geograficamente os links por todo o país. E, como já sabemos do hábito que temos em dicotomizar todos os assuntos, já temos as duas torcidas com argumentos prontos e altamente batidos e inócuos:
- "Tem que prender mesmo: se a polícia não faz nada, deixa que a gente resolve."
- "O cidadão tem o direito de se defender."
- "Bandido bom é bandido morto."
Ou...
- "É um absurdo, eles são vítimas do sistema."
- "Coitadinho dele, isso não se faz. Todos devem ter acesso a direitos humanos, não apenas alguns."
- "Justiça feita com as próprias mãos não é justiça."

Bláááá para todos vocês. Publico aqui algo muito mais equilibrado. 
Contardo acerta no ponto de que, sim, o Estado falhou. Não consegue prover oportunidades a esses sujeitos que eventualmente se tornam criminosos, nem tampouco é capaz de lidar com eles quando isso acontece. O mesmo estado que não deu educação, saúde e condições para que ele arrumasse um emprego também não o prende, julga e condena. 
O argumento do bandido social convence cada vez menos. Nos últimos 30 anos tivemos uma sensível redução na desigualdade social e uma sensível elevação na criminalidade. Os esquerdinhas de grife ficam loucos quando digo isso. Também houve, no mesmo período, sensível (sim, vou repetir o adjetivo, contrariando todas as normas de redação e estilo, para que ninguém fique... sensível... e me acuse de parcialidade) aumento nos efetivos policiais e nas vagas de presídio, mas isso também não redundou em uma queda na criminalidade. Hora dos reaças se ofenderem.
Volto ao ponto do Contardo. Precisamos consertar o Estado, e todos os níveis e aspectos. Uma coisa não adianta sem a outra. Educação sem segurança gera professores com medo de ensinar e perpetua o modelo. Segurança sem educação é mais óbvio de ver o erro, nem por isso é erro maior.

---

Complemento de postagem:
O referido menor citado no caso inicial foi detido novamente hoje (21/fev/2014). Segue link.




Nenhum comentário:

Postar um comentário