sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Juros Simples

Já estudei matemática financeira diversas vezes. Acho um tema interessante e real ao mesmo tempo. Pudera: na divisão de mundo entre credores e devedores, você sempre se acha em algum dos lados da fronteira, quando não em ambos. 
A primeira coisa que se aprende em qualquer curso dessa natureza é o tal juros simples, tema deste artigo. São aqueles juros básicos, calculado apenas com contas de multiplicação. Mais ou menos assim:

juros = taxa de juros x número de períodos

Qualquer curso de matemática financeira que dure 1 semestre perderá um máximo de uma semana falando em juros simples, apenas para mostrar que eles existem e como juízes podem ser burros agudos. Juros simples não têm qualquer aplicação econômica no mundo real, e todos os professores são categóricos ao afirmar isso. Os juros compostos é que representam significado econômico real do tal custo de oportunidade.
Então..
Recentemente fiz parceria com um grande amigo para investirmos em um mercado estrangeiro de altíssimo risco e volatilidade. Claro que eu não entrei com toda minha fortuna no caso, mas foram algumas centenas de dólares. Ele está operando meu dinheiro e me prometeu uma remuneração percentual fixa. Eu e ele apostamos que ele ganha mais do que o prometido para mim, e isso é bom: incentiva ele a continuar enquanto eu ganho muito (mas muito mesmo) mais do que qualquer aplicação financeira em terra brasilis.
Quando fechamos o acordo, ele destacou um limite importante. Disse ele que nos valores que ele estava operando antes de eu entrar, ele era capaz de comprar e vender ao vivo em questão de segundos, pois o valor não é grande o suficiente para afetar o mercado. Mas ao dobrarmos o cacife e com os ganhos previstos, seria possível atingir cifras de 5 dígitos em dólar em relativamente pouco tempo. E em algum ponto, ele poderia se tornar whale (baleia), gíria que descreve um investidor grande o suficiente para que uma operação sua afete de fato o mercado. Pedi apenas para que ele ficasse atento a isso e me informasse tão logo quanto possível, para imediatamente revermos os termos do acordo. 
Depois da conversa fiquei pensando. Imaginemos que o limite prático seja 10.000 obamas, com juros de 5% por período. Abaixo disso, pode-se reinvestir os ganhos sem problemas, mas quando atingimos esse valor, não podemos mais acumular. Daí, os 10.000 passam a ser o máximo a ser operado por vez e qualquer ganho obtido não precisa mais ser reaplicado. Ou melhor, não tem como ser aplicado. É melhor retirar o lucro, mantendo apenas o principal disponível para novas aplicações. Em um período, Os 10.000 obamas viram 10.500, retira-se 500 e os 10.000 ficam disponíveis para nova rodada. Mantidos os juros, passa-se a ganhar 500 fixo por período.
Ora pois, não é isso o tal do juros simples?
Sim, é. Incrivelmente contra-intuitivo, os juros simples ressurgem qual se é grande demais em um mercado, ou pelo menos grande o suficiente. Fiquei pasmo com a descoberta: juros compostos é coisa de pobre.

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