domingo, 8 de setembro de 2013

Alergia a Padrões

Assisti esta semana a uma palestra sobre a Internet das Coisas. A parte final da mesma foi um misto de alerta com desabafo pelo palestrante a cerca da falta de atenção dada pelo governo brasileiro a esse assunto. Segundo ele, e este blogueiro concorda, não se trata de um "se", mas de um "quando". E a não participação implicará na adoção de algum padrão pronto estrangeiro.
Algum.
Algum implica haver mais de um. E, de novo, este blogueiro concorda com a afirmação implícita de que haverá mais de um padrão. De novo, e de novo e de novo.
Impressiona-me como a raça humana é, na prática, aversa a padrões universais. Até entendo que alguns padrões sejam impossíveis de serem atingidos, até porque o assunto surgiu antes do conceito de padrão universal. Aqui, ficam o destaque para o idioma e a moeda.
Mas mesmo depois do conceito de padrão apresentar suas vantagens mais do que evidentes, sempre temos mais de um padrão, até mesmo quando apenas dois são possíveis. O exemplo mais gritante é o sistema de unidades, ainda em disputa entre o britânico métrico e o universal. E pensar que esse é apenas uma birra britânica com o fato do outro ter sido criado por franceses. Também existe a diferença entre a direção pelos lados direito ou esquerdo da pista. E estamos longe de terminar a lista. Seguem outros casos:
- calendário
- quantidade de dias no ano (os árabes usam 360 até hoje !)
- data de início e término do horário de verão
- pinos das tomadas
- lado em que fica o bocal do combustível (preste atenção na rua hoje mesmo)
- frequência e voltagem da energia elétrica
- Documento Único (só no Brasil, temos RG, CPF, CNH, Eleitor e PIS-PASEP, numa busca mental rápida)
- Fuso Horário (Venezuela, por exemplo, usa horas fracionadas)
- Padrão de televisão preto-e-branco, a cores e HD.
Observe-se que algumas dessas coisas são recentes ou sofreram mudanças recentes. 
Nas últimas décadas vimos a guerra do padrão de video-cassete entre Betamax e VHS ser vencida pelo padrão pior, e foi uma vitória comercial, não racional. Na sucessor do DVD (Blu-ray x HDDVD), pelo nenos venceu o melhor, mas de novo por motivos pouco nobres. Mesmo antes disso, houve um ensaio de disputa entre LD e DVD pelo padrão do disco de filmeAté mesmo a genial iniciativa do USB enfrenta resistência dos babacas da Apple.
A única exceção que me veio à mente foi o CD, mas justamente por ser padrão permitiu a cópia relativamente fácil e que mudou a cara da indústria fonográfica no mundo. Também ouvi falar sobre a padronização dos carregadores de celular, assunto que avançou mas não está fechado.
Eu me pergunto, amigo leitor, por que é tão complicado padronizar a coisas. Compreendo que existam interesses econômicos envolvidos, mas falar nisso é pensar excessivamente no curto prazo em detrimento do longo. Lembremos que o padrão perdedor, além de não gerar recursos, gerou despesas de montanhas de dinheiro em pesquisa e desenvolvimento. 
Mas o consumidor e cidadão está aprendendo os malefícios disso, e começa a ter menos paciência com esse assunto. Insistir em padrões próprios é, como gosto de mencionar, burrice aguda.




3 comentários:

  1. "sistema de unidades, ainda em disputa entre métrico e universal". Perdão, mas o sistema internacional utiliza o metro... E já que estamos no assunto, devo ressaltar que "voltagem" é um erro linguístico. O termo é tensão.
    Ainda que no caso de celulares temos a diferença entre os aparelhos em si, com configurações diferentes de corrente em seu funcionamento, por exemplo. Há realmente impedimentos técnicos e ainda assim estão caminhando bem para um padrão.

    Quanto sobre a Apple, acho que o desafio é colocar o acento circunflexo em uma letra utilizando o infeliz do mac. É option + i, e não há indicações. Vai entender...

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    1. Sobre o termo tensão, perfeito seu comentário. Manterei o texto errado para valorizar sua participação.
      Sobre o sistema, vou corrigir por erro mental grave da minha parte. Acompanhe.

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    2. Voltagem pelo menos é tranquilo, brabo mesmo é ouvir amperagem ao invés de corrente em um filme dublado. Dói

      Petri

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