Testemunhei o ocorrido que descrevo a seguir, quando tinha meus 15-16 anos.
Na época, eu frequentava com a família o Camping Quedas D´água, onde passávamos finais de semana. Íamos para lá "quinzenalmente", o que dava umas 8-10 idas por ano. Coisas de meu pai... Mas voltando ao ponto, eu passava boa parte do tempo jogando futsal (que nem chamava futsal ainda) com os amigos. O caminho até a quadra passava pela lateral do campo de futebol, território dos "adultos".
Era cerca de 80 a 100 caras com ampla gama de condição social, física, técnica e econômica. Apenas o gosto pelo futebol os unia. E, claro, uma capacidade inesgotável de fazer piadas, especialmente entre si. Para facilitar as coisas, alguém tinha tido uma ideia realmente genial. Foram produzidos um enorme jogo de camisas com os nomes ou apelidos de cada um dos integrantes da turma. Ninguém foi obrigado a participar, mas o preço era convidativos, segundo entendi, e a adesão foi massiva. Até para evitar ataques de clubismo, as camisetas eram uma verde e uma amarela, com o logo do camping em preto na frente e o nome atrás.
Naquele domingo, logo cedo, eu caminhava para a quadra. No campo, o primeiro rachão estava por começar, com os times quase prontos e uniformizados. Faltava apenas um jogador, que chegava apressado. Ele já estava de chuteiras e amarrava o calção. Estava sem camisa, e trazia, como todos que chegavam, as duas camisetas (verde e amarela), uma em cada ombro. Perguntou:
- Cheguei. Quais os times ?
E um dos mais piadistas responde:
- É time de relógio contra time sem relógio...
Não sei se consegui traduzir nas letras a graça do ocorrido. Mas usando a gíria atual, ri litros. E não ri sozinho.
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