sexta-feira, 4 de julho de 2014

10 Anos

Há 10 anos era um domingo. Não fazia frio. Na verdade, estava um belo sol.
Depois de dormir mal exatamente todos os dias daquela semana, a noite de sono de sábado para domingo foi surpreendentemente boa. Meu relógio tocaria às 8h45, mas acordei 8h20, plenamente acordado e descansado. Olhei para o teto e disse a mim mesmo:
- É hoje.
Tomei meu clássico copo de toddy vendo a corrida de Fórmula 1. GP da França, na babaca pista de Magny-Cours. O tal Alonso era bom, mas eu torcia pro Schumacher, sabidamente o melhor piloto de todos os tempos. Schummi largou em segundo e venceu. Era um bom presságio.
Por volta de 11h30, tratei de fazer meu macarrão ao sugo. Não é algo que eu faça sempre, ao contrário. Mas era um plano específico para aquele dia. Queria almoçar somente carboidratos, como um maratonista. Eu pretendia almoçar pontualmente ao meio dia, mas o danado do macarrão ficou pronto antes. Comi com calma, controlando o que fazia pois estava ansioso. Muito ansioso.
Às 12h20 já tinha almoçado, lavado a louça e conferido a mochila 3 vezes. Decidi ir mais cedo.
O horário marcado era 14h, e eu deveria levar 30 a 40 minutos para chegar. Fui dirigindo como uma velhinha. A av. Paulista ficava interditada aos domingos, uma das várias ideias cretinas da ex-prefeita Martaxa Suplicy. Fui pela avenida Brasil, mas antes do parque Ibirapuera subi para a Domingos de Morais. Não era o caminho ideal, mas era por sobre o metrô: eu queria ter o metrô por perto como plano B, caso algo acontecesse com o carro. Não foi preciso.
Cheguei à Saúde às 13h10, antes do esperado. Parei o carro e entrei na academia. Lá estavam todos, eu fui o último a chegar. Pedro, Gabriel, Eros, Eris, Paulo, Fausto e eu faríamos o exame para faixa preta dentro de 45 minutos.
Cumprimentei a todos, trocamos sorrisos, mas o ar estava denso. Dava para sentir a tensão e a energia. Cada um de nós treinara 5 anos para chegar àquele momento. Cada um de nós estava no pico de preparo físico, técnico e mental. Cada um de nós poderia destruir um tanque de guerra naquele dia. Ninguém sabia quantas horas duraria o exame, nem exatamente o que aconteceria nele. Não saber é parte do exame. 
O Mestre Gabriel passou por nós sorridente e nos cumprimentou. Fez algum comentário engraçado e rimos um pouco. A tensão se afastou, mas retornou, como alguém assoprando uma teia de aranha. O Mestre então deixou o vestiário e ficamos os 7 ali.
Nos abraçamos como um time prestes a entrar em campo. Cada um falou um pouco, duas ou três frases de auto-incentivo. O exame é individual, mas aquela história no uniria para sempre. Juntamos as mãos e soltamos um "shaolin" nem baixo nem gritado. 
E fomos para a sala de treino, onde cada um e todos nós teríamos uma tarde absolutamente brilhante

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