terça-feira, 29 de julho de 2014

Anão e o Bullying

Causou indignação e comoção entre os petistas a resposta diplomática que Israel deu ao Brasil na última semana. Causou alegria e regozijo entre os tucanos a mesma reação. Logo se nota o viés das análises, todas elas. Pois vamos ao caso.
Há 3 semanas temos visto os ataques israelenses (não judeus !) ao Hamas (não palestinos !). A simples menção que faço entre parêntesis já dá o tom o problema. Nem tudo judeu é israelense e nem todo israelense é judeu (embora neste ponto a maioria o seja). Nem todo palestino é apoiador do Hamas, mas todo o Hamas é palestino, embora opere também fora da Palestina. Não está nada fácil de explicar isso...
Israel é alvo de mísseis do Hamas desde... desde sempre acho eu. Fico com a impressão, aos meus 40 anos, que o mundo sempre teve mísseis de médio alcance e que o Hamas sempre teve acesso a eles, desde a Criação Só isso já mostra a questão do tráfico internacional de armas: sem esses foguetes nas mãos do Hamas, o cenário seria completamente outro, e não vejo nenhuma autoridade de nenhum lado propondo algo efetivo nesse sentido. 
Daí Israel surtou, e não é a primeira vez, decidindo abrir fogo contra o Hamas. Covardes como qualquer terrorista, eles se escondem entre os civis. Escolas, hospitais. Desta vez, Israel não quis saber dos "detalhes" e manteve os ataques. Centenas de civis mortos, e não há como não chamar isso de covarde também. 
Daí nossa diplomacia brazuca resolveu condenar os ataques israelenses como reação desmedida aos ataques do Hamas. Tomamos dois chega-pra-lá: fomos chamados de anões diplomáticos e lembrados do resultado desmedido na semifinal da Copa. Detalhes aqui.
Começando pelo segundo, preciso citar Luís Gustavo Medina no programa Fim de Expediente, que classificou a frase de "sofrer bullying futebolístico de Israel". De fato, é. Talvez seja inapropriado, dado o teor e gravidade do assunto, mas já mostra uma das nossas facetas e o quanto futebol é importante em nossas vidas. E mostrou que o porta-voz israelense nos conhece bem.
Mas voltando ao anão, a nota relembra que a diplomacia brasileira é omissa em diversas outras crises, mas apressou-se a participar desta. Cito algumas, já que a nota não citou:
- estupros coletivos de mulheres na Índia. 
- sequestro de meninas na Nigéria
- violações dos direitos humanos em Cuba e Irã
- ditadura na Coreia do Norte
- atentado contra o avião na Ucrânia
- massacres no Tibet
Em todos esses casos, não era preciso fazer alguma coisa. De fato, a diplomacia não faz coisa alguma. Mas não poderia deixar essas situações passarem em branco e declarações de que "estupros coletivos são inaceitáveis" em nada abalaria as relações comerciais com a Índia e o papel diplomático de não fazer nada e parecer preocupado estaria cumprido.
No entanto, a diplomacia brasileira gosta de se aliar aos governos dos países fracos, não necessariamente aos fracos. E com isso perde moral, relevância, impacto. E virou anão
Agora quer participar de um evento diplomático (novamente: a diplomacia não vai impedir os mísseis de lado a lado sem alguma ação efetiva) de porte, tomou esse "passa moleque" em público.
Concluo: se querem mesmo dar um jeito naquilo, comecem pelo tráfico de armas, não pela diplomacia
E é hora de aprender e crescer com a burrada. Não podemos nos calar com alguns absurdos apenas porque eles foram cometidos por nossos aliados globais. Temos que condenar a todos. Mas daí preciso citar o brother Marcelo Del Debbio, em minha timeline do Face:
"O Hamas é o PT da Palestina". Isso explica muito do que estamos vendo.



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