quinta-feira, 10 de julho de 2014

Copa 61: Alemanha 7 x 1 Brasil

Nunca tive tanta dificuldade para começar um texto neste blog. É tanta coisa ao mesmo tempo, um turbilhão de informações, análises, piadas, teses e opiniões que fica difícil filtrar. Para não repetir nada disso, vou partir para um relato pessoal.
Segunda-feira, dia 7, eu combinei com a namorada de cortar meu cabelo no sábado dia 12. Meu cabelereiro trabalha das 14h às 22h. Embora seja possível ir durante a semana, o sábado parecia mais promissor. Mas antes de marcar, ocorreu-me que poderia haver jogo da seleção no sábado caso perdêssemos da Alemanha, e daí o estúdio desmarcaria ou, pior, apenas daria o furo. Achei melhor marcar para dia 9, quarta-feira e feriado paulista, para evitar problemas. Era o primeiro indício.

(parei o texto para almoçar e, no meio do almoço chega a confirmação de que consegui ingresso para a final)

Na própria 3a, passei no mercado e comprei salgados para as visitas. "Vai Brasil", disse para cada atendente que encontrava, mas de algum modo saía sem convicção alguma. Era mais uma tentativa de auto-afirmação do que uma declaração de apoio. Se eu dissesse "Vai Brasil" bastantes vezes, eu seria capaz de torcer. Funcionou.
Em casa, consegui até dormir antes do jogo. Acordei 15h40, sem muito barulho na rua. Nos jogos anteriores, era um inferno de fogos, cornetas e vuvuzelas desde 3 horas antes da partida. Claramente, meus inúmeros vizinhos estavam mais tensos no que ansiosos. Era outro indício.

(PUTAQUEOPARIU, CARALHO, CONSEGUI !!!)

Amigos chegam, trazem comes e bebes. Arrumamos a mesa. Sai a escalação e todos torcem o nariz. Apenas dois volantes era vulnerável demais. A que ponto chegamos: estávamos reclamando de falta de volantes no time. Era o terceiro indício. Mas pelo menos ele mantivera o Maicon no time. 
O time entra em campo unido. Canta o hino segurando a camisa do Neymar. A grande esperança do time era jogar aguerrido: em vez de jogar para Neymar, jogaria por Neymar. O grande medo era o overcompensantion: excesso de vontade faz coisas terríveis. 

(meu, nem sei como diabos vou pra lá, mas vou)

Começa o jogo.
Nos primeiros 10 minutos, até que tivemos alguma posse de bola. Nenhuma chance criada, mas havia mais volume de jogo sim. E, num cruzamento da direita, David Luiz e Dante vão no mesmo atacante, deixando Müller sozinho para abrir o placar. Tivesse sido um zagueiro alemão, menos mal. Mas Müller é atacante, vem em boa fase, e fazia seu 10o gol em Copas do Mundo, 5o nesta edição: não era exatamente o elemento surpresa, né ?
O time sentiu o gol, como todo e qualquer time brasileiro desde o fraldinha até o showbol. Os alemães equilibraram as ações e puderam atacar em seguida. Aos 23, a desgraça se fez completa: Klose fazia o segundo gol, que dava margem de folga, e ainda quebrava o recorde de Ronaldo como maior artilheiro da história das Copas. 

(ah, foda-se o 7x1! Eu vou ver uma final de Copa !)

O time desmontou completamente. Todo mundo viu o tsunami que se seguiu com dois gols de Kroos e um de Khedira em mais 5 minutos. Os volantes deles começaram a fazer linha de passe dentro da nossa área. Ninguém era capaz de cortar os passes. Ninguém marcava. Ninguém sequer teve a ideia de se jogar no chão simulando contusão para parar o o jogo. Felipão estava sentado no banco, catatônico.
A situação foi de um amadorismo emocional como eu nunca tinha visto na vida. Nocaute moral. Falta de reação. Apagão. Posso passar anos escrevendo sobre aqueles 6 minutos e jamais terminarei o texto.
Foi quando começaram as piadas. Em avalanche similar ao ataque alemão, começaram as aparecer as piadas nas redes sociais. Inútil repeti-las aqui, mas foi marcante. 

(PUTAQUEOPARIU, CARALHO, CONSEGUI !!!)

Na volta do internvalo, duas substituições, coisa que o Felipão não faz nunca. Certamente, os caras desabaram no vestiário. Compreensível.
No segundo tempo, os alemães claramente tiraram o pé. Havia um medo de algum brasileiro perder a cabeça e zuñigar algum alemão. Não o foi o caso. Com exceção de um momento em que houve uma entrada mais dura, nada de mais ocorreu. Eles fizeram mais dois gols, com o desengonçado Schürlle (aquele mesmo incapaz de acertar o gol contra a França), Oscar, o mais lutador em campo, fez o dele no final. 
Passamos a noite por ali mesmo, eu, Luciana e amigos. Jogamos tabuleiro, pedimos pizza, falamos da vida. Ninguém morreu. Ninguém chorou. Jogamos tão mal, que ninguém ficou bravo com os alemães. 

Vergonha. 
Vexame.
História.


2 comentários:

  1. Discordo de uma coisa: os alemães tiraram o pé com 28 do primeiro tempo. Quem foi para cima ainda depois foi quem entrou no decorrer do segundo tempo.

    Em tempo: claro que eu já vi algo assim antes. E você também, supondo que você viu aquele fatídico jogo do Santos contra o Barcelona. Literalmente homens jogando contra crianças.

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  2. Como conseguir um ingresso pra final de copa sem vender um dos rins? Ou vc vendeu um dos seus? rs

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