Apesar de não eu ter ido por entender que não faz o menor sentido ir, seria ridículo da minha parte negar que foi o assunto do final de semana, em especial no domingo. Até porque a corrida de F1, uma das minhas maiores paixões, mais pareceu uma procissão do que uma disputa.
Claramente a manifestação da sexta-feira 13 foi inchada artificialmente pelas centrais sindicais. Havia gente paga para estar ali, aliás muito mal paga. Isso levanta uma vez mais a questão da responsabilidade política do indivíduo, com a famosa declaração do Barão de Itararé: "quem se vende sempre recebe menos do que vale". E foram R$ 35 mais um sanduba de mortadela...
Nem por isso a tal manifestação foi ilegítima. Se as centrais sindicais optaram por inflar artificialmente o evento, e para variar fizeram de modo tão tosco que foram pegos no pulo novamente, isso só é possível se existe um evento. Então passar ele de 3 mil para 9 mil pessoas com público remunerado (chute meu sem qualquer base séria para fazer afirmações) não muda o fato de que 3 mil pessoas (ok, eu chuto, mas sou consistente nisso) estavam lá. E como nenhum de nós está fazendo uma investigação técnica do que aconteceu, dane tudo isso: qualquer um pode discordar das acusações e não sejamos tolos de achar que ninguém discorda. É direito deles.
No domingo a escala foi completamente diferente, bem como o espirito da coisa. Diferentemente de defender um partido, o domingo. O protesto foi algo entre 20 e 100 vezes maior, dependendo de quem e como conta*. Que sejam 20, lembrando que ainda temos que descontar o inchaço do primeiro. Confesso que esperava maior, mas não semelhante desproporção.
* Já passou da hora de termos uma maneira séria de fazer estatísticas de eventos de rua. Nenhuma técnica mostrada me convenceu até hoje.
Tão relevante quanto a quantidade foi a variedade. Vendo apenas a questão do mandato presidencial, havia pessoas pedindo renúncia, impeachment, intervenção militar e golpe militar. Vamos deixar claro que essas 4 coisas são diferentes, antagônicas se comparadas as duas primeiras com as duas últimas. Ainda assim, essas quatro vertentes estavam de braços dados ontem. Pessoalmente, acho impossível estimar quantos apoiavam cada opção, lembrando que nem todos estava ali para falar do mandato presidencial: muita gente protestava por reforma política e outros contra a corrupção, assuntos relacionados mas diferentes. Só acho que os golpistas são menos numerosos do que a esquerda quer fazer acreditar, para surpresa de ninguém.
Portanto, amigo leitor, não se iluda ao comprar o 2015/03/15 com o Fora Collor ou o Diretas Já, protestos igualmente grandes, mas de pauta única e homogênea. Este movimento não tem sequer nome, e só isso já indica essa pluralidade.
Isso tudo já mostra, na minha opinião, uma tendência de esvaziamento do movimento. Não acho viável tanta gente com opiniões tão diferentes continuar caminhando unida por muito tempo.
Nada contra, digo. Entendo que o dia de ontem foi um exercício de tolerância e convivência. O que um inimigo comum não faz..
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