"- Tá, cara. Beleza. A gente entende que é muito f***. Mas não tem como seguir nesse nível."
Amigo, você pelo menos leu o título do texto de hoje? Então...
Seguimos até a entrada do vale dos Reis, onde Dr. Safwat já tinha um plano montando, ainda que sujeito às condições do dia. A entrada era um pouco caótica, com poucas bilheterias. O próprio local não era tão simples de ser visitado, pois há um conjunto de grande de tumbas básicas, sendo possível visitar 3 delas, e as tumbas especiais, com ingressos à parte. Essa lista não fica exposta de forma clara, e mesmo as tumbas básicas vão sofrendo alterações no que está disponível. Tudo isso exige que o turista pergunte ao bilheteiro no momento da compra. E não é nada que um flipchart não pudesse ter resolvido...
De posse dos ingressos, passamos pelo centro de visitantes, onde uma maquete em acrílico, para mostrar a profundidade e formato das tumbas, chamava a atenção. Pegamos então um carrinho que economizava uns 5 minutos de caminhada e estávamos na parte central do vale. Iniciamos, então, as visitas:
Meremptah (KV08). A tumba deste faraó da 19a dinastia não está tão bem preservada assim, embora o sarcófago e um tipo de "cabana" onde ele ficava originalmente sejam belíssimos de ver. As 8 colunas atualmente exercem apenas a função estrutural, mas pode-se imaginar o lugar em seu pleno esplendor no passado distante.
Foto: tumba de Meremptah, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.
Ramsés V e Ramsés VI (KV09). Dado meu desconhecimento sobre esta tumba, preciso dizer que impacto foi enorme. Eu não sabia que a preservação era tão boa, nem do grau de detalhe das gravuras em toda esta tumba, inclusive o teto. Todos os corredores e salas vão juntando as homenagens e respeitos aos deus e aos variados livros religiosos (não apenas ao Livros dos Mortos).
Fotos: tumba de Ramsés V e Ramsés VI, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.
Seti I (KV17). A tumba de Seti I é uma das que tem pagamento à parte. Neste caso, foram 1000 libras egípcias (250 reais aproximadamente), que já sabíamos ser necessários e já sabíamos que íamos gostar de visitar. Mas não tínhamos a menor ideia...
A tumba não apenas é enorme, mas tem diversos corredores e câmaras. A decoração é finíssima, toda em alto relevo e pintada em grande precisão de detalhes. As cores e os acabamentos são os mais bem preservados de todo Vale dos Reis. Visita obrigatória.
Fotos: tumba de Seti I, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.
Tutanhkamun (KV62). Outra tumba paga a parte (100 libra egípcias = 25 reais), é um passeio absolutamente obrigatório e sem graça. Isso mesmo. Sem graça por ser pequena, apertada, lotada e com decoração muito simples para os padrões do Vale dos Reis, talvez reflexo do fato dele ter tido um reinado curto e ter sido assassinado muito jovem. Obrigatória pela fama da história da descoberta, pela quantidade de tesouros que lá havia e toda a mística que envolve um nome que, normalmente, seria mero rodapé de página na história egípcia.
Tausert e Setnakhte (KV14). Depois do impacto de Seti I, era complicado continuar o passeio. Mas era o dia para isso. Uma breve caminhada nos levou a esta que é uma das mais longas tumbas do Vale dos Reis. Temos aqui a curiosidade de serem duas tumbas, por originalmente ter sido feita para Tausert (mulher) e depois expandida para Setnakhte (homem).
Fotos: tumba de Tausert e Setnakhte, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.
Ramsés I (KV16). O uso de uma cor de fundo alternativa, esse cinza-meio-azulado visível na foto abaixo permite o uso do branco na pintura das roupas. Eu não notei isso antes deste momento, e foi o que me chamou a atenção nesta tumba.
Neste momento do dia, havíamos terminado o Vale dos Reis, embora meu ingresso geral estivesse com apenas duas das três marcas feitas. Em tese, eu poderia entrar em mais alguma das tumbas regulares. Porém, Dr. Safwat havia prometido uma surpresa e eu não quis tumultuar o plano dele. Fiz bem.
Ay (WV23). Ay foi o sucessor de Tutanhkamum, governando por apenas 2 anos. Foi realmente um período turbulento. A tumba guarda muitas semelhanças com a de seu antecessor, sendo teoria de alguns que esta deveria ser a dele.
Foto: tumba de Ay, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.
O dia ainda reservaria algumas aventuras, no entanto. Foi quando iniciamos, de fato, o Cruzeiro pelo Nilo, do qual falarei no próximo post.
Nenhum comentário:
Postar um comentário