segunda-feira, 23 de maio de 2022

Egito - Dia 08 - Vale das Rainhas

A fase de Luxor da viagem foi, sem dúvida, a mais impressionante. Encaixamos uma quantidade assombrosa, mesmo para nossos elevados padrões, de passeios inesquecíveis. Siga acompanhando, amigo leitor...

Este foi um dia para acordar cedo. Para que o amigo tenha ideia, a primeira foto foi tirada às 4h33, já a caminho para o famoso passeio de balão. Tudo foi acertado na véspera, com forte influência de nosso guia, Dr. Safwat. Pesquisando posteriormente, descobrimos que não pagamos um bom preço não, e não era questão de antecedência. Falhamos nisso. 

Voar de balão se mostrou muito seguro e tranquilo na minha visão. Levei agasalho para passear, pois a temperatura local é eternamente elevada. Decolagem e pouso se mostraram bem tranquilos, assim como nosso condutor, sempre brincalhão e bem humorado. 

O passeio consiste em voar sobre monumentos e sítios na margem oeste do Nilo. Muita coisa vista por baixo na véspera foi vista por cima nesse passeio: Habu, Ramesseum, Colossos de Memnon... 




Fotos: vistas áreas da margem oeste do Nilo, Egito, 2022.

O segundo passeio do dia era o Vale das Rainhas. Apesar do nome, não são apenas rainhas, no sentido de alguma esposa relevante de um faraó, que estão sepultadas ali, mas também príncipes e até alguns nobres. Não é um assunto, assim, direto e reto. Novamente, estava previstas 3 visitas, mas fizemos as seguintes 5:

Nefertari (QV-66). Esposa preferida (de um total de 24) de Ramsés II, não há dúvida de que ela recebeu uma tumba a altura de seu faraó. De certo modo, foi até errado começar a visita por ela, tamanho o impacto visual que nos causou. Tetos, paredes e colunas são ricamente ornamentados, com inscrições em alto relevo e pintura. A preservação está excelente, sendo possível apreciar toda a qualidade do trabalho feito há mais de 3.200 anos. 



Fotos: tumba de Nefertiti, Vale das Rainhas, Luxor, Egito, 2022.

Amen Khopshef (QV=55). Príncipe, filho de Ramsés II, morreu muito jovem, antes de completar 15 anos. O estilo é similar à de Nefertiti (acima), mas as cores são mais claras e há mais uso de branco como fundo, tornando a visualização mais fácil. A preservação ainda é muito boa, mas fica um patamar abaixo.



Fotos: tumba de Amen Khopshef, Vale das Rainhas, Luxor, Egito, 2022.

Titi (QV-52). Irmã e esposa de Ramsés III, possivelmente mãe de Ramsés IV. Não julguem. A tumba não guarda tão boa conservação quanto as anteriores, com as cores já apagadas pelo tempo. As referências aos 4 filhos de Hórus são bem claras, no entanto.


Foto: tumba de Titi, Vale das Rainhas, Luxor, Egito, 2022.

Kha Em Wast (QV-44). Mais um filho de Ramsés III, temos uma tumba com mais referências ao faraó do que ao próprio filho ali sepultado. Bastante uso de amarelo como cor de fundo marca a decoração.


Foto: tumba de Kha Em Wast, Vale das Rainhas, Luxor, Egito, 2022.

Pashedu (QV-03).


Foto: tumba de Pashedu, Vale das Rainhas, Luxor, Egito, 2022.

Calma, gente. Ainda são 11h15 da manhã neste ponto da narração. Ainda tinha coisa para ver e fazer.

Estávamos prontos para pular o almoço quando chegamos em um local onde artesãos fazem trabalhos em pedra e alabastro à moda antiga. Aqui ficam dois sentimentos conflitantes. Por um lado, fomos incrivelmente bem recebidos, com muitos sorrisos, água e comida. Por outro, eu não conseguia me entender bem com as ofertas artesanatos de supostamente qualidade superior. Não consegui separar coisas incríveis das nem tanto assim, e havia uma pressão social por compramos algo, dado que havíamos sido tão bem recebidos. Por mais que se falasse "sem compromisso", foi uma pressão desagradável pela qual eu gostaria de não ter passado. 

O passeio primetime do dia era o próximo, por incrível que pareça: Templo de Hat Shep Sut. Quem conhece o nome, já entendeu porque essa era a principal atração do dia. Antes de mais nada, explica-se que Hat Shep Sut era filha de Tutmés I, irmã e esposa de Tutmés II e mãe de Tutmés III. Mas o que pareceu uma linha sucessória masculina e simples teve um período de 22 anos com ela no poder, depois da morte do esposo e antes de passar o trono para o filho. E isso era uma situação altamente irregular para os padrões egípcios. E não é que ela governou como regente, fez questão de ser vista e reconhecida como faraó.

Tanto que, ao querer construir uma tumba para si no Vale dos Reis, os sacerdotes finalmente surtaram com ela e a obrigaram a construir no Vale das Rainhas. Não se dando por vencida, Hat Shep Sut construiu então um enorme templo no Vale das Rainha, no lado em que apontava para o Vale dos Reis, do outro lado da cadeia montanhosa. E fez uma túnel tão profundo para colocar seu próprio sarcófago que ele acabou ficando, tecnicamente, do outro lado da montanha, já no Vale dos Reis, por mais que o acesso não seja por ali.

O templo em si é um deslumbre por si só, com toda a sorte de imagens e oferendas aos deuses. A conservação não era das mais incríveis, mas é um lugar fenomenal de se visitar.



Fotos: Templo de Hat Shep Sut, Vale das Rainhas, Luxor, Egito, 2022.

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