O passeio por Coimbra ficou parcialmente prejudicado pela forte chuva. Todo o walking tour acabou sendo cortado e ainda assim, não tem muito o que ver quando não se pode olhar para frente. E ainda tem gente que gosta da tal chuva... No entanto, os passeios eram essencialmente internos, e o dia foi bem proveitoso.
Começamos pela Catedral da Sé Nova. Observe o "nova" no nome, bem como o fato de ter sido consagrada no ano 1590. Europa é outra escala de tempo mesmo... Relativamente pequena, é mais um caso de local sagrado contaminado pelo Barroco séculos depois de sua concepção.
foto: Catedral da Sé Nova, Coimbra, Portugal, 2019
De lá, tínhamos hora marcada para visitar a Universidade de Coimbra. E digo, amigo leitor, que passamos algum nervoso. A Universidade faz bastante sentido para quem estuda ou já trabalha nela. Mas um visitante eventual qualquer, turista ou não, não tem como se achar nela. São diversos prédios e nenhuma sinalização indicativa. As pessoas tentam ajudar, mas simplesmente não conseguem. Vai andando (na chuva, lembra ?) até achar alguma coisa parecida com o que a pessoa anterior te indicou e, aos poucos, chega-se ao destino. Fomos os últimos de nosso grupo a encontrar a venda dos bilhetes. Mas deu certo.
Bem certo. O lugar é um espetáculo. Um palácio real convertido em centro de estudo e cultura. Uma das paredes, que protegia o palácio do vale foi derrubada e a vista é inspiradora. Depois visita-se a capela, que é uma das duas capelas reais ainda com esse status no país e finalmente a Biblioteca Joanina. Por motivos que escapam à minha compreensão e boa vontade, não é permitido tirar fotos nela. É uma coleção de 350 mil livros com muito mais valor histórico do que científico propriamente dito. Mas a visão dela é realmente deslumbrante. Vale destacar a presença de morcegos de duas espécies, que mantém o controle de insetos operacional. Ainda passamos por outras unidades, conhecendo algumas das histórias locais. Ficou realmente faltando ver os estudantes em suas famosas capas.
Saímos de lá para o Museu Nacional Machado de Castro, que é parte da universidade. Ele foi construído em cima de um criptopórtico romano de dois estágios, embora ninguém saiba exatamente para que ele existia em sua época. Na parte superior, surpresa !, arte sacra essencialmente barroca. Destaque para uma igreja completa que foi desmontada e remontada no museu. O passeio aqui teve uma breve pausa para um almoção no restaurante do museu: água, vinho, buffet livre e uma sobremesa por R$ 9,90.
foto: Museu Nacional Machado de Castro , Coimbra, Portugal, 2019
De lá, rumamos para a Catedral da Sé Velha, essa sim do século XII. Arcos românicos com altares barrocos. Ainda assim, as colunas relativamente finas dão a entender que se trata de estilo gótico prematuro, pelo menos nesse aspecto. Algo aberto a discussão...
foto: Catedral da Sé Velha, Coimbra, Portugal, 2019
Caminhamos um pouco pela cidade, enquanto a chuva drenava nossas forças e partimos para o interior: Vila Nova de Foz Coa. A viagem em si era tranquila, apesar da chuva: estrada vazia dá mais tranquilidade e espaço. Mesmo assim, teríamos um pequeno contratempo: encontrar o hotel.
O Waze nos indicou um ponto que ficava no meio da estrada, sem nada no entorno. E isso já eram lá pelas 20h30. Seguimos mais meio quilômetro para achar uma placa, entrando em um bairro praticamente agrícola. Trocamos o escuro pelas subidas, o que foi alguma vantagem. Mas era ruas, vou dizer amigo leitor, estreitas. Eu mantinha o carro com o espelho esquerdo a um dedo das paredes enquanto Luciana gritava que eu ia bater o carro do lado direito. E eu torcendo apenas para ninguém abrir uma porta... Foram alguns minutos tensos, mas sempre havia placas indicando estarmos na direção correta.
Ao final, achamos o hotel Bairro do Casal - Turismo D´Aldeia, um acerto crítico da minha parte na reserva. Os proprietários simplesmente adquiriram todas as casas mais altas do local, reformando-as com tecnologia do século XXI, mas mantendo o estilo visual (incluindo as paredes de pedra). Cada acomodação poderia ser chamada de chalé, mas era uma casa completa, com pequena e funcional cozinha, sala, quarto e banheiro.
Excelente experiência.
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