Um dia um sujeito chegou em casa mais cedo do trabalho e encontrou a esposa com outro, em momentos íntimos, no sofá da sala. Revoltado, ele disse:
- Eu vou dar um jeito nisso.
No dia seguinte, ele vendeu o sofá.
Não vim aqui para repetir uma piada relativamente antiga e que foi até mesmo citada pela banda Velhas Virgens. Vim falar de futebol.
Foi anunciada ontem a decisão de que Palmeiras x Corinthians, no próximo domingo, contará apenas com a torcida mandante. O Ministério Público solicitou a medida à Federação Paulista de Futebol que, embora contrária à medida, acatou o pedido.
Entendo a postura da FPF. Ela não tem controle sobre o que acontece nesses cenários, e acabaria sendo responsabilizada de uma forma ou de outra se algo de ruim acontecesse. Agora, se ainda assim algo de ruim acontecer, pode dizer "fizemos o que nos pediram".
Segundo li, a Polícia Militar não foi consultada sobre o assunto. Também não me parecem que sejam os caras que estejam resolvendo a parada.
- O Problema
Afinal, qual é a parada, então? A parada é que as torcidas brigam. Mas não brigam dentro dos estádios que, no fim das contas, é o local mais seguro possível dada a quantidade de policiais ali presentes. Elas brigam nos entornos, nos trajetos ou simplesmente marcam horário e local para brigar.
foto: briga de torcida... no Egito
Ninguém consegue resolver o problema por uma razão bastante simples: dá muito trabalho. Quem briga não são as tais torcidas organizadas: quem briga são membros das torcidas organizadas. Instituições não brigam, pessoas brigam.
Dãããããã.
Parece estúpido de tão simples, mas os promotores públicos ainda não entenderam isso, ou pelo menos fingem que não entenderam. A solução não está em coibir a ação das instituições, mas sim a dos indivíduos. É preciso identificar os brigões, prender e processar na letra da lei. Só isso!
Mas aí nasce a questão. Para realmente dar cabo desse problema, seriam centenas, talvez alguns milhares de processos correndo na justiça, e isso dá muito trabalho. Então é mais fácil usar a tática do espantalho, fazer um anúncio midiático de que foram tomadas medidas sérias de prevenção à violência e, na verdade, não fazer porra nenhuma para acabar com essa palhaçada. Como na piada acima, do corno que vendeu o sofá.
Isso me faz lembrar o que sempre digo por aqui: o maior problema do Brasil é o Judiciário, lento, permissivo e preguiçoso.
- Metáfora
Imaginemos um funcionário de um banco que usava a posição de caixa para fraudar as contas dos clientes do banco. Ele usava a senha dos clientes para sacar dinheiro da conta das pessoas quando eram feitos pagamentos e embolsava o valor sacado a maior. Os clientes lesados reclamaram e o esquema foi descoberto.
Pergunto: alguém aqui vai sugerir fechar o banco por causa do incidente?
Pois então por que fechar a torcida organizada quando alguns de seus membros comete crimes usando o nome da instituição como cobertura?
- E agora ?
Ótimo: não teremos a torcida do Corinthians no Alianz Parque. E como diabos isso os impede de brigar em outro lugar, hein?
Burrice aguda, mais uma.
Eu tenho comentado uma proposta que jamais será aceita. Acho que as torcidas deveriam brigar no Sambódromo do Anhembi (versão paulistana da solução). Marquemos dia e horário e cobramos ingressos de quem quiser assistir das arquibancadas. Cada torcida entra por um dos lados e elas se pegam no meio. Lugares centrais custariam mais caro, portanto. O evento ocorreria sem limitação de participantes, com armas brancas ou de fogo, e sem hora para acabar.
Não é o que eles querem? Pronto! Deixemos se matarem sem envolver inocentes azarados ou patrimônio alheio.
O valor arrecadado serviria para a limpeza das arquibancadas e pista após o evento.
Desculpem-me se os iludi, amigos leitores. No fim, o post não era de futebol.
Norson, voce viu a notícia que as mães de torcedores da organizada foram chamadas para fazer a segurança do estádio?
ResponderExcluirOk é pura hipocrisia achar que isso vai impedir alguem de brigar mas seria outra medida não acha?