Acordamos quebrados.
Essa parada de atravessar a ilha ida e volta todo dia é pesada, e notei isso no extremo mau humor da Luciana com a grudenta areia de White Sands Beach. Sim, havia motivo para irritação, mas não tanta: o resto era cansaço. Cancelei os planos iniciais para a manhã, dormimos mais e tivemos uma manhã leve.
Leve significou dirigir meras 10 milhas até o Zoológico / Jardim Botânico da cidade. Há que se considerar que Hilo é a maior cidade da ilha e tem apenas 43mil habitantes. Não esperem um espetáculo inigualável. Além disso, o local está em renovações para novas atrações.
Isto posto, é um parque simpático e gratuito. Fizemos amizade com duas araras azuis e adoramos uma variante de calopsita/arara/papagaio/sei lá branco. Limpo, sinalizado, simples, pequeno e aconchegante. Na saída, Luciana reconheceu o valor da ideia.
Almoçamos no Jack in the Box e pé na estrada para o principal passeio desta viagem.
- Manta Night Dive
Às 15h30 o barco partia do porto de Kona. Borboletas no estômago indicavam o grau de ansiedade. O bagulho tinha que ser doido...
Para quem não é do ramo de mergulho, este é considerado o 3o melhor mergulho do mundo, e 1o entre os noturnos. Diversos barcos seguem para um local amavelmente apelidado de "Manta Heaven". Lá, ascendem luzes fortes tanto de cima para baixo quanto de baixo para cima. Cada mergulhador tem sua própria lanterna. A soma dessa iluminação toda produz um boom de produção de plancton. Não por acaso, plancton é o alimento das raias. É o equivalente a sair a pé na savana africana jogando montes de carne moída na esperança de avistar um leão. A diferença é que as raias não tem nenhuma capacidade de fazer mal aos mergulhadores exceto, talvez, dando uma trombada.
Antes disso, fazemos o primeiro tanque (Log #19) de reconhecimento no local. E eu estava impossível: achei uma manta apressada (ainda era fina de tarde) e um raríssimo scorpionfish. Este é complicadíssimo de achar, pois ele se disfarça de pedra quando está parado, e era o caso. Ganhei elogios do nosso lider (Flossie). Mantive ótimo controle no consumo de ar, da flutuabilidade e da navegação. Na parada de segurança, avistei ao fundo outra raridade: uma moréia-cobra.
O segundo mergulho (Log #20) foi realmente épico. Noturos exigem alguns cuidados a mais, mas mal chega a ser este o caso: é tanta gente e tanta luz que não chegar a ser um noturno assim noturno. Logo que descemos, pudemos ver ao longe os focos de luz atraindo uma quantidade indescritível de peixes. Eles ocupavam todos os 20m de profundidade em cardumes cilíndricos ou cônicos, nadando em cículos e se esbaldando do plancton ali produzido. Se não houve nenhuma manta teria valido tudo.
Mas tinha. E como tinha. Ao final, soubemos da contagem oficial de 32. Não se fica um único segundo sem ver ao menos 3 delas. Cheguei a contar 8 no mesmo enquandramento visual.
Tive dificuldades para me acomodar no fundo. Talvez mais peso tivesse ajudado. Ainda assim, deitei no fundo e ali fiquei, feliz. E ainda por cima consumi poquíssimo ar, tanto que subi no penúltimo grupo, podendo brincar um pouco mais no fundo enquanto os outros iam se recolhendo.
Inesquecível.
A volta, devo relatar, foi incrivelmente tensa. Depois de comer uns petistos no Quinn's (ótima cozinha, péssimo atendimento), pegamos a longa estrada norte para Hilo. A alternância de chuva e neblina noturna chegou a reduzir a visibilidade para menos de 10m por alguns momentos. Mas escapamos ilesos e cansado.
E felizes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário