quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Portugal 1 - Dia 08 - Batalha, Fátima e Conímbriga

Já posso antecipar, no primeiro parágrafo, que foi um dos melhores dias da viagem.
Devido à proximidade do Mosteiro da Batalha em relação ao hotel, alguns procedimentos foram alterados.
Após um café da manhã razoável, mas nada sensacional, deixamos tudo no hotel e partimos para a primeira visita, o Mosteiro da Batalha. Durante o checkin na véspera, o atendente perguntou se iríamos visitar o mosteiro no dia seguinte, já que ele não conhecia outra razão para visitar a cidade. Uma caminhada de 6 minutos debaixo de chuva nos levou até ele.
A vista por fora já é deslumbrante. Ao entrarmos, descobrimos visita guiada que necessitaria apenas alguma espera, com a qual podíamos arcar. Na compra dos bilhetes uma cena bastante engraçada quando o celular da atendente, sem autorização dela, reiniciou o vídeo que ela tinha pausado. E não era, exatamente, recomendado para menores, tampouco para uma atração de cunho religioso. Diferente da situação em Belém dias antes, eu estava sozinho e foi mais fácil conter a risada. 

foto: Mosteiro da Batalha, Batalha, Portugal, 2019

foto: Mosteiro da Batalha, Batalha, Portugal, 2019

Escrevendo os textos depois da viagem é bom relembrar que nem tudo é barroco naquele país. Neste caso, o neogótico predomina claramente. O amigo leitor pode ter notado alguma colunas na parte externa que parecem cortadas. Na verdade, elas são chamadas de Capelas Imperfeitas, embora "inacabadas" seja o termo correto. Elas simplesmente não foram terminadas após a morte do arquiteto responsável, e assim estão até hoje. Era claramente um puxadinho atrás do altar principal e, aparentemente, ficará assim para a eternidade. Lindíssima.
Voltamos ao hotel, fizemos checkout e pé na estrada para Fátima. O GPS nos levou a um grande estacionamento onde paramos o carro e entramos por trás da nova catedral. Já a visitamos nessa mesma pegada. Realmente, é uma tremenda obra de engenharia, com entradas e saídas fáceis, conjuntos de bancos deslocados para facilitar o acesso e a visualização do altar e uma acústica impressionante. De lá, passamos para um conjunto de capelas subterrâneas, boa parte das quais estava fechada. Também ali um pequeno museu, onde chama a atenção fotos do local nos últimos 100 anos, mostrando como o fenômeno de Fátima é um processo em andamento ainda.

foto: Santuário de Fátima, Fátima, Portugal, 2019

De lá, atravessamos um enorme pátio, creio ter uns 300m de comprimento, até o outro lado onde fica a basílica "antiga" (inaugurada nos anos 50). Há uma fachada semi-circular à frente, e pode-se caminhar por ela, passando por trás o altar que só é usado nas grandes celebrações. Ainda pudemos ver uma área de recepção e acomodação de peregrinos, aquelas pessoas que simplesmente saem em viagem para ir até sem qualquer tipo de plano ou condições de ficar. Se o amigo leitor acha uma insanidade viajar sem qualquer tipo de preparação ou suporte, muito me espanta que esse seja o problema percebido nessa ideia. Ainda pudemos ver a certa distância a capela original onde começou esse culto, devidamente preservada e protegida. 
Concluo essa parte dizendo que a sensação de engodo não sai do ar. Não é difícil imaginar que era 3 crianças absolutamente entediadas pela falta do que fazer na região (problema que, deve ser dito, persiste um século depois) e inventaram a história da aparição da santa por alguma razão qualquer: ou para justificar um atraso, ou para chamar a atenção ou por total falta do que fazer mesmo. E antes que elas pudessem voltar atrás, a história já estava muito grande e totalmente fora do  controle deles, sendo impossível voltar atrás. 
De lá, seguimos para o melhor passeio de toda a viagem: Conímbriga (não estou seguro de ter o acento, mas a pronúncia era proparoxítona de todo modo). Ao contrário de outras ruínas romanas que visitei antes, onde vi banhos (Bath), teatros (vários), arena (Trier) e pequenas vilas (Hommervila). Mas eu nunca tinha visitado as ruínas de uma cidade inteira, com 20 hectares de área, incluindo duas casas de nobres (uma delas com os respectivos mosaicos e jardins preservados), fórum, banho, ruas e diversos bairros residenciais e comerciais, além do anfiteatro e duas versões do muro da cidade. Tudo isso em um só lugar.

foto: Conímbriga, Portugal, 2019

foto: Conímbriga, Portugal, 2019

De lá, a viagem era curta até Coimbra. Nem por isso, chegar ao hotel era menos simples. A Pousada Moderna, localizada em uma ruela da Baixa, foi outra estadia inusitada. Primeiro porque fica em uma rua incrivelmente apertada para passar a pé, que dirá de carro para tirar as malas. Depois pela sua própria constituição: trata-se de um prédio comercial onde alguém foi comprando salas comerciais e transformando em quartos de hotel. No nosso andar mesmo havia uma manicure... Que fique claro que não houve qualquer tipo de incômodo, e a pousada atendeu nossas necessidades.
Saímos para comer nas imediações, já que a persistente chuva não deixaria uma exploração mais longa. Acabamos por comer porco e porco preto, com grande satisfação gastronômica. 




quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Portugal 1 - Dia 07 - Óbidos

Já me perguntaram antes de eu começar: mas você pegaram o atestado?
Não, mas o dia começou com um café da manhã épico, que incluía até champagne. Coisas de hotel cinco estrelas. Luciana ainda conseguiu o melhor lugar do salão para sentarmos e apreciarmos a vista do vale no processo.
O passeio local consistia em caminhar pelas muralhas, o que eu carinhosamente apelidei de wallking tour. O muro é aberto e livre: pode-se andar sobre ele o quanto se quiser, o que incluiu um trecho apertado de 80cm de largura sem qualquer tipo de proteção contra quedas, gratuitamente. Apenas a parte baixa do muro estava liberada, pois a parte alta estava em processo de recuperação. Uma pena. Depois disso, andamos pelas ruas longas de Óbidos vendo as lojas e degustando ginginhas ocasionais. 

foto: muro de Óbidos, Óbidos, Portugal, 2019

foto: principal cruzamento de Óbidos, Óbidos, Portugal, 2019

No trecho final, Luciana cansou e não conseguiu fazer o tour pela parte interna do castelo. Novamente, não é assim um castelo, mas uma ruína. A única parte que sobrou pertence à pousada onde pernoitamos. 
Pé na estrada e seguimos para o Mosteiro de Alcobaça, onde fica um mosteiro cistirceano. Procurei aqui no blog e notei que nunca me detalhei sobre eles. Sem aprofundar demais, era uma ordem monástica com hábitos incrivelmente espartanos. Eram veganos radicais, dividiam a vida entre trabalhar e rezar, acordando 2h30 da manhã todos os dias para isso. Tinham direito a apenas dois mantos, que deveriam revesar quinzenalmente. Também falavam o mínimo possível, tendo que manter silêncio absoluto durante as refeições enquanto um deles era selecionado para perder essa mesma refeição enquanto lia alto as escrituras. Apenas na fase final, no século XIV, é que as regras ficaram mais flexíveis e eles podiam usar os dois mantos juntos em dias frios do inverno. Veja bem...
Descobrimos que a Ordem de Cister ainda está ativa em pleno século XXI, embora muito menos presente do que século XII, auge de sua força. E descobrimos que esse radicalismo frugal todo não era beeeem assim em Portugal, onde foram encontrados vestígios de peixes e até carne na cozinha. O local ainda tinha uma curiosa passagem estreita onde os monges tinham que passar para mostrar que não estavam gordos demais. Naturalmente, o abade não tinha que fazer o teste. Ou seja, era uma ordem de cister, versão Europa Latina...
O Mosteiro em si é uma mistureba de estilos, pois foi sendo reformado ao longo dos séculos. Cada novo dono acrescentava algo na fachada ou nas áreas internas. As restaurações também não eram, assim, criteriosas. Tipo isso:

foto: fachada do Mosteiro de Alcobaça, Alcobaça, Portugal, 2019


foto: Mosteiro de Alcobaça, Alcobaça, Portugal, 2019

Mais pé na estrada para dormirmos em Batalha, passando para um jantar em Tomar. O Lonely Planet indicava um restaurante que estava fechado. Optamos por outro ali perto e comemos uma bisteca  bovina e um file de lombo de porco. Curiosamente, o tal restaurante fechado parecia ter gente dentro ao passarmos na volta para o carro. Ficamos meio frustrados com isso.
Mais elogios hoteleiros aqui, desta vez para a Pousada dos Outeiros, que tinha a seguinte vista em sua entrada:

foto: Mosteiro da Batalha, Batalha, Portugal, 2019






terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Portugal 1 - Dia 06 - Sintra

Durante a fase de planejamento, fiquei com a impressão de que deixar um dia só para Sintra poderia ser um erro. Isso, de fato, se confirmou.
A região montanhosa de Sintra apresenta grande concentração de palácios e castelos, tanto pelo clima ameno no verão quanto pela posição tática elevada em termos militares. Quanto à nossa viagem, bem, digamos que não era verão...
Partimos logo cedo para o Palácio de Sintra, uma construção do século XIX. Com duas chaminés realmente esquisitas ao olhar, o palácio conserva a estrutura e mobília de sua época, sendo um passeio relativamente rápido e muito agradável. A cidade no entorno também é uma graça. 

foto: Palácio de Sintra, Sintra, Portugal, 2019

De lá, rápido pé na estrada e estávamos em Queluz, palácio e jardins. O local tornou-se residência do regente Dom João VI, e foi onde nasceu e morreu Dom Pedro IV (nosso I). Carregado de valor histórico, o palácio também é muito bonito. Os jardins, castigados pelo inverno, ainda eram muito bonitos ainda assim. 

foto: Palácio de Queluz, Sintra, Portugal, 2019


foto: Palácio de Queluz, Sintra, Portugal, 2019 

foto: Palácio de Queluz, Sintra, Portugal, 2019

Voltamos então na direção do Palácio de Pena, assim como os respectivos jardins. Construído mais recentemente em arquitetura romântica, é essencialmente um mosteiro reaproveitado com muito gosto pelo rei-consorte Fernando II. Em cima disso, foram feitas partes em referências islâmicas, clássicas e manuelinas, mas com extrema sutileza em todas as áreas. Mobília da época preenche o espaço com elegância.
Aproveitamos muito pouco dos jardins, pois a chuva era intensa já nesse dia. Ademais, como em muita coisa em Portugal, era aclives, por assim dizer, peculiares. A forte neblina impediu qualquer boa foto de paisagem, mas não impactou na qualidade do passeio.

foto: Palácio Nacional de Pena, Sintra, Portugal, 2019

Ao final da tarde, tomamos a difícil de decisão de pular o Castelo dos Mouros. Haveria pouco tempo para aproveitar, e o melhor a fazer seria tentar visitá-lo na viagem de retorno a Lisboa, em duas semanas. 
Seguimos então para Óbidos, onde dormiríamos. O GPS nos levou para o lado errado do castelo, mas ao acharmos a pousada, tudo se esclareceu e eu saí de lá com uma permissão para dirigir por dentro do castelo. Mais um item do bucketlist cumprido.
A incrível Pousada do Castelo de Óbidos é um hotel cinco estrelas (meu primeiro, que chique !) encrustada no castelo em si. Parte dela fica dentro do castelo e parte fora, o que causa bastante confusão nas avaliações. Nosso quarto era do lado de fora, embora fosse um upgrade gratuito da reserva original. Ainda assim, nenhuma mágoa da nossa parte.
Fizemos um walking tour pela cidade, o que acabou compreendendo a cidade inteira de tão pequena que ela é. 



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Portugal 1 - Dia 05 - Mais Belém

Como dito na descrição anterior, Belém tem muita coisa para ver, então era necessário voltar mesmo. Desta vez, eu mandei bem na programação, pois os 5 (!!!) passeios ficavam na mesma quadra, literalmente.
Fizemos o mesmo trajeto da véspera, passando novamente em frente o Mosteiro de Jerônimo e começando o dia pelo Museu Nacional de Arqueologia. Eu estava começando a entender a arqueologia portuguesa, sobre a qual eu tinha conhecimento zero antes dessa viagem. O museu é, na verdade, um pedaço da construção do Mosteiro dos Jerônimos, remodelado para outra finalidade. Eram 4 partes bem distintas, uma de achados pré-históricos, uma do período da Idade do Ferro (envolvendo a ocupação romana), uma de objetos egípcios que, confesso, desconheço como foram parar ali e uma de alta segurança (era proibido fotografar e havia detectores de metal na saída) com jóias das mais antigas. Um passeio bastante atrativo e interessante.
De lá, fomos ao Mosteiro dos Jerônimos em si. Analisando de forma resumida, se o amigo leitor for visitar uma única atração na cidade, vá nesta. 

foto: Mosteiro dos Jerônimos, Lisboa, Portugal, 2019

Gostou dele por fora? Sabe de nada...

foto: Mosteiro dos Jerônimos, Lisboa, Portugal, 2019

Acredite amigo leitor cada uma dessas coluninhas é diferente das demais. Caminha-se pelos dois andares, pelo átrio, e salas anexas. Parte delas, claro, tinham azulejos. Não consigo descrever muito, pois realmente faltam palavras aqui. Daria para passar um dia lá vendo todos os detalhes.
Colada nela, já fica a Paróquia de Santa Maria de Belém. Barroca, claro, ela conta com os túmulos de duas grandes personalidades: Luís de Camões e Vasco da Gama. E tem o mesmo grau de detalhamento do mosteiro, com colunas e vitrais lindíssimos:

foto: Paróquia da Santa Maria de Belém, Lisboa, Portugal, 2019

Uma pausa para um lanche rápido nos Pastéis de Belém, e voltamos à carga.
Atravessamos a frente do mosteiro novamente, viramos à direita e lá estava o Planetário. Aqui, um aparte: a programação do planetário tinha apresentações de idades livre, 3 anos, 6 anos, 8 anos, 10 anos e 12 anos. A única de 12 anos era aos domingos, 15h. Este dia inteiro, inicialmente planejado para a 6a-feira, mudou para o domingo por causa disso: pegar uma apresentação um pouco mais adulta, sobre buracos negros. A apresentação foi, no entanto, infantilóide. Extremamente superficial, sem conteúdo realmente científico, com uma narrativa metida a engraçadinha e que não agradou sequer as crianças presentes. Não tem como dizer diferente, mas infelizmente não recomendo.
O dia, no entanto, ainda não estava terminado. A poucos metros dali estava o Museu da Marinha, passeio importante em um país que construiu sua história no mar. E era sim muito bom. Na verdade, excedeu as expectativas. 
Composto em duas partes, o museu delineou a história da marinha portuguesa desde o início das navegações até os dias atuais. Com centenas de miniaturas de embarcações construídas com enorme esmero, era possível notar o desenvolvimento que a indústria naval teve depois do início das descobertas. E é importante ressaltar esse "depois": os barcos usados para atingir a costa africana eram realmente pequenos, daqueles que eu não usaria para ir mergulhar. Admiro ainda mais a coragem dos descobridores. 

foto: Museu da Marinha, Lisboa, Portugal, 2019

A segunda parte era menor em área e em diversão, mas ainda assim relevante. Grandes barcos doados nos últimos 30 anos compõem uma amostra em vista real duas dúzias de peças em excelente estado de conservação, com uma passarela superior que permitia ver por cima também. Um excelente passeio, devo repetir.
Finda a diversão, era preciso trabalhar pela viagem. Voltamos ao hotel, pegamos nossas malas e seguimos para o aeroporto de metrô para buscar o carro alugado. O excelente atendimento da Sixt demorou um pouco pelas tecnicalidades do processo, pois acabamos fazendo um upgrade para um carro um pouco maior. Mas tudo correu muito bem. 
Seguimos então até Sintra, onde dormimos em um quarto divertidíssimo: ele não apenas tinha uma ante-câmara antes de entrar no quarto, mas o quarto em si tenho o formato de um baú. Só elogios à Quinta das Murtas.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Portugal 1 - Dia 04 - Belém

O conceito de cidade/município faz pouco sentido para o português. Não há prefeitos ou câmara de vereadores, não há impostos municipais, não há leis municipais. Então, se um determinado local é uma outra cidade ou não, muito pouco sentido faz para eles. Claro, Porto é uma cidade e Lisboa e outra, com um nível elevado de rivalidade entre elas. Mas quando estamos na mesma região metropolitana, o cenário fica bem difuso.
Essa explicação é para dizer que não sei exatamente se posso chamar Belém de bairro, mas é como eu vi. Mas talvez seja região, setor ou mesmo cidade. Não tenho certeza. Um tanto afastado na direção oeste, é preciso, depois de um metrô até o Cais do Sodré, pegar um trem (comboio) ou um elétrico. Optamos pelo segundo, na medida em que ele fez questão de aparecer na mesma hora em que chegamos ao ponto. E isso porque já era quase meio dia (sim, acordamos bem tarde).
A região é uma espécie de concentração cultural da cidade, onde diversos museus e atrações se concentram. Tanto é verdade, que isso exigiu um segundo dia por lá, e isso já era previsto no planejamento da viagem. E algumas atividades acabaram ficando de fora, de qualquer modo.
Começamos pela Torre de Belém, que tem esse nome em função da região onde fica. Inicialmente construída como uma torre de defesa da cidade, é bastante fácil notar que o povo português tem muito mais inclinação para a arte do que para a guerra. O local comportou duas dúzias de canhões e munição para tanto, e isso logo se mostra incapaz de parar uma frota mediana que realmente queria passar por ali. No fim das contas, a obra é ricamente decorada, com entalhes em diversas colunas, paredes e pórtico, tornando a construção de 4 andares belíssima.

foto: Torre de Belém, Lisboa, Portugal, 2019

O local é bastante cheio mesmo na baixa temporada, mas não tivemos problemas para entrar. Por sinal, foi na entrada que tivemos a cena mais engraçada da viagem, quando uma turista brasileira perguntou ao bilheteiro:
- Aqui também vendem os Pastéis de Belém?
Infelizmente, Luciana não ouviu, mas eu e Yan tivemos a sorte.
De lá, foi uma boa caminhada até o Padrão dos Descobrimentos. É um monumento mais novo, homenageando com enorme elegância 28 (!) grandes navegadores portugueses. à sua frente, um enorme mosaico do mapa-mundi mostra as principais conquistas. Tão belo que é realmente difícil obter uma foto justa, até porque os navegadores estão divididos entre os dois lados do monumento. Isso foi o melhor que eu pude fazer:

 foto: Padrão dos Descobrimentos, Lisboa, Portugal, 2019

 foto: Padrão dos Descobrimentos, Lisboa, Portugal, 2019

O almoço foi um duvidoso sandes de lula (eu e Yan) e presunto (Luciana), sem muita graça nem tempero. Mas deu tempo para comer um rápido Pastel de Belém onde ele de fato é vendido. 
Aqui, um aparte polêmico. O Pastel de Belém, ao preço de E$ 1,10 é gostoso sim, preferencialmente comido na hora da compra. Mas não é isso tudo que falam. Considero os pastéis de Santa Clara muito melhores.
A tarde avançava e era hora de apertar o passo rumo ao MAAT - Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia, na esperança de fazer o combo com a Central, ao lado. Não era perto, e a caminha foi apertada. Mas posso avaliar o local em uma palavra: detestável.
Sim, foi seguramente o pior passeio de toda a viagem. Nunca mais irei ao MAAT, tampouco à Central, onde acabei nem tentando entrar por falta de tempo, e jamais recomendarei o local a qualquer amigo ou inimigo (caso ele sobreviva ao conselho maléfico, eu teria que enfrentar sua ira depois...). O local não tinha absolutamente nada de tecnologia. A parte de arquitetura se resumia a uma exposição de fotos de um arquiteto supostamente famoso. O restante era arte contemporânea daquelas esquisitas, de ficar empilhando coisas e chamando de instalação. Perda de tempo, dinheiro, energia e felicidade.
Ficamos no telhado do museu para ver o por do sol, o que trouxe algum ânimo de volta e tocamos a retornar, o que não foi muito simples. Levamos uma boa hora até entender onde pegaríamos o elétrico da volta, com tempo para o Yan pisar em um peixe na calçada. Mas conseguimos voltar até a Figueira, e subimos um pouco até uma região com bons restaurantes.
Por lá, jantamos e, finalmente, uma ótima refeição. Choco (um tipo de polvo, pra mim), peixes para Yan e Luciana. Vinho, claro.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Portugal 1 - Dia 03 - Castelo de São Jorge e Alfama

Demorei demais para levar a Luciana a um castelo, mas foi nesse dia.
O Castelo de São Jorge, na verdade, é o muro do castelo que um dia foi o Castelo de São Jorge. Não é tão incomum assim manter apenas os muros e algumas paredes internas para se visitar, na medida em que a construção original em si já não existe há séculos pelos mais variados motivos. Eu acho mais justo colocar o termo "ruínas" no nome da atração, com o intuito de controlar as expectativa, mas ninguém isso em lugar nenhum.
Ok, eu entendo: as considerações acima podem dar a entender que eu não gostei do passeio, o que não é verdade. A vista da cidade é maravilhosa. Há um acesso guiado para uma escavação arqueológica que inclui um bairro pré-histórico, um bairro mouro e o palácio de um bispo. O guia, inclusive, explicou que o local desfaleceu de vez no terremoto de 1755. Há também um pequeno museu com os achados locais e uma câmara escura, com apresentações a cada 20 minutos.
Algumas fotos:

foto: Castelo de São Jorge, Lisboa, Portugal, 2019

foto: Castelo de São Jorge, Lisboa, Portugal, 2019

foto: Castelo de São Jorge, Lisboa, Portugal, 2019

De lá, comemos um rápido pão com chouriço nas imediações e iniciamos o walking tour na região de Alfama. Sim, andamos muito mais do que o bom senso recomenda, mas vimos um monte de coisas: Miradouro de Nossa Senhora do Monte, Igreja de Nossa Senhora do Monte, Jardim da Graça, Jardim Botto Machado, Panteão Nacional (apenas por fora), diversas casas noturnas de Alfama (foi mais ou menos onde o amigo Yan no encontrou e passou a fazer parte de trupe) e Catedral da Sé (onde o Yan conseguiu passar uma conversa nos atendentes e com isso entramos para visita completa após o horário limite).
Mais fotos:

foto: vista de Lisboa, Portugal, 2019


foto: Alfama, Lisboa, Portugal, 2019

foto: Catedral da Sé, Lisboa, Portugal, 2019

Já eram 18h, mas o dia estava longe de terminado. Encontramos novamente o Douglas, que nos levou fazer compras para um incrível risoto de bacalhau no apartamento onde ele estava hospedado, láááá no Parque das Nações. 
Aqui, um aparte: compramos no supermercado 3 garrafas de vinho que custaram, somadas, E$ 4,37. Sim, o amigo leitor converteu certo...
Enfim, o resultado disso tudo foi chegar no hotel de Uber pra lá das 2h, mortos e felizes.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Portugal 1 - Dia 02 - Dia da Natureza

É curioso como eu só notei isso ao começar a escrever, mas o fato é que o dia foi reservado para coisas da natureza. O Zoológico não estava na conta, por questão de tempo (e só depois descobri que custava E$ 22 por pessoa...)
O dia começa com um sólido, embora apressado, café da manhã no hotel. Era o primeiro contato, e sabíamos que era importante explorar as opções. Muito bom, devo dizer. Depois seguimos para o metrô. Na véspera, ainda no aeroporto, eu carregara dois cartões com E$ 15 cada, então não havia muito a se considerar. 
Seguimos até o Jardim Botânico / Museu de História Natural para começar o dia. Esse tipo de combo sempre é útil tanto em termos de bilhetes com descontos quanto por estarem no mesmo lugar, economizando transporte e tempo. Depois de alguma caminhada, chegamos ao local minutos depois de abrir. 
Havia uma certa ameaça de chuva, mas naquele momento estava estável. Optamos por começar pelo Jardim, portanto. Não era um jardim tão grande assim, e estava meio sofrido por ser inverno. Ainda assim, a disposição era bastante agradável, com passeios bem demarcados e identificação na maior parte das espécies. E ainda tinha algumas flores, tipo isso:

foto: Jardim Botânico, Lisboa, Portugal, 2019

De volta ao prédio principal, já emendamos o Museu de História Natural. É aquela tradicional coleção de fósseis e minerais. Confesso que não foi um passeio marcante, mas longe de dizer ruim ou chato. A coleção de minérios era bem interessante:

foto: Museu de História Natural, Lisboa, Portugal, 2019

De lá, almoçamos nas proximidades. Achamos um restaurante indiano do tipo bom e barato, e ficamos por lá. Comemos um frango com molho e arroz basmati excelentes. De volta ao metrô, a viagem era um pouco mais longa, até o norte da cidade.
Da estação Oriente, que é um passeio por si só, atravessamos a pé o Parque das Nações. Trata-se de uma região revitalizada, com prédios muito novos, em geral ocupados por empresas de tecnologia, e prédios residenciais bastante novos. Mas era nele que ficava o Oceanário.

foto: Ocenário, Lisboa, Portugal, 2019

Sim, era caro pacas: E$ 18 por pessoa. Mas um tremendo passeio. O tanque central é enorme, onde convivem dezenas de espécies de peixes, incluindo variedades de tubarão e raia. Em torno dele, há 4 ecossistemas específicos, com destaque para os pinguins e lontras, e os corredores contam com tanques menores com espécies mais frágeis como águas vivas, cavalos marinhos e muitos outros. O único ponto negativo foi uma turista chinesa tirando fotos com flash. Chamamos a atenção dela e ela optou por ficar tirando sarro da gente. Eu parei o passeio para observar se as fotos iam continuar com flash ou não, para chamar um segurança, o que não se mostrou necessário. Hoje eu sei que deveria simplesmente ter chamado o segurança e deixado o problema para ele. Mas mesmo esse incidente não diminuiu o valor da atração em nada.
Voltamos para a região sul da cidade, o Cais do Sodré, visitar o Time-Out Market. É essencialmente a versão gourmet do Mercado da Ribeira, que fica na outra metade do prédio. Se o amigo leitor já visitou o Marcadão em São Paulo, é exatamente a mesma coisa. Lá, encontramos o amigo Cid, que estava por lá em período de estudos. Jantamos um desnecessariamente caro sandes de presunto (sandes é como eles dizem sanduíche). Não estava ruim, longe disso, mas ainda não era nosso primeiro acerto gastronômico.




terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Portugal 1 - Dia 01 - Chegada e Walking Tour

O amigo leitor pode ter notado uma séria queda da frequência de textos do blog. É a vida. Insatisfeitos podem entrar em contato com nosso departamento de atendimento ao cliente e solicitar reembolso ou prorrogação da assinatura...

A viagem começou com uma experiência razoavelmente bem sucedida: fui para o aeroporto de trem, linha 13-Jade da CPTM. O conceito funciona em termos: sem malas (Luciana as levou sozinha) e sem muita pressa, pois foram 3 baldeações. Uma vez em Cumbica, tudo transcorreu com tranquilidade, até porque eu fizera o check-in via app dois dias antes. Nota negativa para um abusivos preços praticados pelos restaurantes e lanchonetes locais. Por isso estão todas fechando.
O voo teve perrengues administráveis. Não recebemos cardápio, e quando o passageiro na fileira à nossa frente gentilmente cedeu o dele, estava errado. Foram vários trechos de turbulência, alternados com um choro de criança que aparentemente gostava da turbulência, pois só chorava nos trechos de voo suave. No mais, a refeição estava muito boa e o entretenimento de bordo bastante vasto. Não é culpa da LATAM se eu escolhi mal os filmes (Venon e mais algum outro que sequer consigo me lembrar qual foi).
Aqui, um aparte. Eu pensei comigo mesmo e entendo que pagaria sem problemas uma sobretaxa de 5% no valor da passagem para não haver crianças a bordo, mas não creio que pagasse 100%. Em algum lugar nessa escala está meu ponto de indiferença. Logo, entendo que há oportunidades de ganho para as empresas aéreas: voos sem crianças  e mais caros. Minha sugestão: estudem isso.

O desembarque em Lisboa foi tranquilo, com uma notável exceção: a imigração. Pegamos uma fila de 90 minutos apenas para mostrar nossos passaportes e podermos entrar no país. A estrutura tinha 16 guichês e eu fiz contas: se uma pessoa levar 1 minuto para ser liberada, eles tem uma capacidade de atender 16 pessoas por minuto. 160 pessoas levarão 10 minutos. Então 3 voos com 320 passageiros chegando juntos geram 1 hora de trabalho, ponto. Coloque um quarto voo, alguns passageiros a mais em cada um deles, eventuais entraves burocráticos com alguns viajantes e 3 cabines desativadas para gerar o caos em questão.
Ainda no saguão do aeroporto, já providenciei um chip para o celular. Foram 15 euros para um chip da Vodafone com 30 GB de dados, válido por 15 dias. Estava funcionando antes mesmo de eu sair do estande. Recomendo fortemente. Pegamos o metrô sem dificuldades, pois fica colado ao setor de desembarque e seguimos para o Hotel Sete Colinas, onde ficaram nossas malas. Apenas a curiosidade do metrô lisboeta correr pelo lado esquerdo dos trilhos. Leva dias para se acostumar a isso.
Outro aparte aqui: escolhendo a saída correta do metrô, a porta do hotel fica a 8 metros da mesma. Sim, era isso mesmo, amigo leitor: 8 metros. Desta vez, eu me excedi no critério "localização boa". 

Partimos para um walking tour, portanto. Luciana estava cansada de não dormir no voo (ela realmente não dorme quase nada), mas ficar zumbizando no saguão do hotel não era aceitável. 
Foi tipo isso:

foto: Marquês de Pombal, na praça de mesmo nome, Lisboa, Portugal, 2019

foto: Praça do Comércio e Mirante da rua Augusta, Lisboa, Portugal, 2019

Começamos pela Avenida da Liberdade, seguimos pela Praça dos Restauradores e entramos no bairro da BaixaAlmoçamos um tal "cozido português", que é um ensopado de variados cortes de carne (e nem achamos isso tudo...) e visitamos a combalida igreja de São Francisco, arruinada pelo terremoto de 1755 e um incêndio em 1959.
O caminho ainda passou pela Praça da Figueira e logo achamos a famosa Rua Augusta, onde um pombo cagou no meu ombro, e chegamos na Praça do Comércio, ampla e linda. Na volta, encontramos o Elevador de Santa Justina, que cobra uma enormidade para te levar morro acima em 3 minutos de viagem. Depois de subir sim o tal morro, chegamos ao Miradouro de São Pedro de Alcântara
Fizemos o caminho morro abaixo por outra rua, o que acidentalmente (sim, eu admito) nos levou à Igreja de São Roque. Havia tempo antes do passeio seguinte, o que nos permitiu entrar e visitar com alguma tranquilidade.
De lá voltamos para as proximidades da Rua Augusta, mas precisamente na Rua dos Correeiros, onde fica o Museu do Banco BCP. Não lembro exatamente quando, o local era uma padaria (ou algo assim). Quando a rua foi transformada em calçadão, o proprietário quis escavar o subsolo para construir uma garagem. Obteve as autorizações e partiu para obra, mas logo deparou-se com uma ruína romana. O banco foi até lá, comprou a bagaça toda e bancou a escavação arqueológica. O resultado foi um centro de produção de garum, um tipo de licor de peixe. Se isso lhe causa estranheza, estamos falando de molho inglês. O local está incrivelmente preservado, podendo-se observar distintas fases da construção, estruturas de produção e armazenagem e até mesmo um ossário estava no local. Detalhe: visita com guia e gratuita, de hora em hora.

foto: Museu do Banco BCP, Lisboa, Portugal, 2019

Ao final desse passeio, por volta das 17h, Luciana pifou. Levei-a para o hotel, onde ela compreensivelmente desabou de cansaço, e eu ainda tive ânimo para encontrar o amigo Douglas Donin pela primeira vez em pessoa. 
Jantamos em um restaurante próximo. Peixe, oras.