quinta-feira, 31 de julho de 2014

Desabafo

Segue cópia de carta enviada hoje pelo correio:

Antes de mais nada, quero esclarecer que esta carta não representa qualquer forma de ameaça a pessoa, grupo de pessoas, equipes ou à empresa Motorola e suas subsidiárias.
Junto a esta carta, quem estiver abrindo encontrará os destroços de um celular modelo Defy. Não foi acidente. Eu deliberadamente destruí o aparelho, tamanha raiva que ele me causou. Eu atirei ele no chão uma boa dezena de vezes, talvez mais. Fiz isso sem a bateria, para evitar vazamentos. Como disse, não tenho a intenção de prejudicar ninguém.
Comprei essa porcaria de aparelho em fevereiro de 2012. Tenho que ser justo ao dizer que os primeiros 4 meses foram ótimos. A partir disso, começaram os problemas.
Inicialmente, botão de ligar/desligar começou a falhar. Eu só conseguia desligar ou ligar o aparelho apertando forte o botão. Na assistência técnica, recebi a resposta esperada: não é um item coberto pela garantia. Desisti de desligar o aparelho, que passou a viver operando. Nem foi algo tão triste, pois o aparelho levava 3 minutos para estar completamente operacional. Sim, eu cronometrei. E não há dúvidas que se trata de grave falha de projeto.
Toda vez que eu atualizava um contato, o aparelho passava alguns segundos atualizado-o no Motoblur ®. Isso poderia ser útil, admito.
Na medida em que mais semanas se passavam, mais lento e errático o aparelho se tornou. Desligava aplicações sem que eu pedisse, passou a apresentar mal contato no cabo de carregamento e desligava e ligava novamente sem comando da minha parte.
Por volta de julho de 2013, ele passou a se desligar sozinho 10 a 20 vezes ao dia. Fazia isso durante o uso de aplicações e ligações. Chegou a desligar 3 vezes durante uma conversa que tive com minha namorada. Somando o fato do botão de ligar ter mal contato e o aparelho demorar 3 a 4 minutos para estar operacional, o convívio com ele foi ficando impossível.
Em agosto, eu perdi a paciência e decidi comprar outro aparelho. Foi quando eu tentei resgatar os dados no Motoblur® apenas para descobrir que ele não gravou absolutamente nada. NADA. Todas as vezes que eu havia esperado ele atualizar o contato editado no Motoblur eram apenas o ícone flutuando na tela. Contei com um serviço que não existe.
Tirei o chip do aparelho e coloquei em um antigo, para outra decepção. O Defy havia apagado o conteúdo do chip. Não bastava eu ter perdido todas as atualizações do período, perdi também o que tinha antes de fevereiro de 2012.
Surtei, devo dizer.
Descontei minha raiva fisicamente no aparelho, e o resultado está nesta caixa. Foi meu primeiro e último celular Motorola. Nunca mais terei qualquer aparelho celular da Motorola. Nunca mais terei qualquer produto feito pela Motorola. Motorola não entra na minha casa ou na minha vida, ponto final. O mesmo vale para minha família.

Cópia desta carta e uma foto com o conteúdo da caixa (tirada em um Samsung S4, este sim um aparelho de qualidade) estão no meu blog (www.asimovia.blogspot.com.br), que divulgo para centenas de leitores todos os dias nas redes sociais.

Segue foto da caixa:


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Quando o rabo abana o cachorro

Causa debate a decisão do Metrô de São Paulo funcionar até 0h30 em dias de jogos noturnos na capital paulista. Não sem motivo. Pois vejamos. 
Não consigo afirmar com precisão, mas os jogos às 21h50 ou mesmo 22h em São Paulo não são exatamente novidade. Acho que podemos falar em 20 anos disso, apenas para arredondar as contas. Nesses 20 anos, todos os 4 grades clubes paulistas jogaram finais de Libertadores e Copa do Brasil pelo menos uma vez cada um. Cada final significa também os jogos decisivos nas fases anteriores. Ocorridas antes da inauguração do Itaquerão, essas decisões foram jogadas no Morumbi, Palestra Itália e Pacaembu. O primeiro é relativamente acessível pela estação Butantã da Linha 4, mas o último é claramente próximo à estação Clínicas da Linha 2, e o segundo é vizinho da estação Barra Funda na mesma Linha 3 que fica a estação Itaquera. Não é, de novo, novidade essa necessidade então.
Agora tivemos a Copa e com ela o Itaquerão foi construído. Sem entrar novamente no mérito de precisarmos ou não desse estádio e de quem o pagou/pagará, o fato é que o estádio está lá e vai ser usado pelo seu mandante. Daí acontece o primeiro jogo noturno, pela Copa do Brasil, que termina perto da meia noite, e torcedores dão de cara com as grades do metrô ao tentarem ir para casa. 
E só depois disso acontecer é que alguém pensa "puxa vida, será que não dava para estender o horário um pouco ?" E em 90 minutos de reunião com dois secretários estaduais, o presidente do Metrô e o representante de apenas um dos 4 grandes clubes paulistas, conclui-se o óbvio: vamos deixar o metrô aberto mais quinze minutinhos, tempo suficiente para milhares de pessoas chegarem o sistema e usá-lo. 
Fique claro aqui que considero a medida acertada. Mas questiono com firmeza como ela foi tomada. Aponto os erros:
- não era possível ter feito isso antes ?
- precisava deixar esses torcedores corinthianos na mão depois da partida contra o Bahia ?
- por que apenas o representante do Corinthians estava presente ?
- a quem interessa os jogos tão tarde ? (Sim, sabemos que é à Rede Globo)
- e shows e outros eventos, não entram nessa conta por que ? (não deveriam os foliões no sambódromo ter acesso ao metrô pela estação Tietê nos dias de desfiles ?)

O metrô funciona em horário especial durante o Reveillon e a Virada Cultural, apenas. São motivos válidos e não estou questionando. A quinta pergunta é porque diabos apenas esses eventos merecem atenção especial.
Mas acho pertinente cutucar a quarta pergunta. O óbvio é dizer que isso interessa à Rede Globo, que quer passar a novela às 21h, mesmo que ela ainda seja popularmente conhecida como "novela das 8". E sabemos que a Globo pode moldar o que bem quer neste país, tanto que obriga o futebol a começar em horário ridiculamente tarde, prejudicando os milhares de torcedores e centenas de milhares de telespectadores que poderiam e até preferiam o jogo às 21h ou mesmo 20h. 
Mas a Globo não quer passar a novela mais cedo, pois seu carro chefe precisa de liberdade de linguajar e temática, e isso só é possível às 21h. E por que esse horário? Para você leitor, não é o ponto. Mas a novela é transmitida para o país todo simultaneamente. E esse liberdade de linguajar e temática só é possível após as 19h. Ué.. e o que as 19h tem a ver com 21h? Por que não transmitir a novela à 20h, como era antigamente ?
Por causa do fuso horário... do Acre.




O mapa mostra o Acre e um canto do Amazonas em cor diferente, por ter outro fuso horário. São duas horas a menos que Brasília. Lá é GMT-5 enquanto aqui é GMT-3. 
É isso mesmo, amigo leitor. O Acre votou em 2010 por ficar no fuso horário GMT-5. O resultado alterou oficialmente o fuso horário deles. Não sei as razões, não quero criticar ou apoiar portanto.
Mas por causa desse referendo, o Acre ficou em GMT-5. A Globo tem um programa de TV que quer usar linguagem e temática pesada, mas não quer transmitir isso em dois horários, separando a rede como fazem os americanos (Costa Leste e Costa Oeste tem programas em horários adaptados), nem quer transmitir a novela depois dos jogos, que poderiam ser às 20h, com a novela às 22h sem a menor dificuldade técnica, prática ou comercial. E tem algum tipo de legislação que impede a veiculação da novela em horário mais cedo, pois é preciso proteger as crianças do Acre das maldades da teledramaturgia brasileira, como se passar a novela às 19h (horário local) fosse impedi-las de ver, enquanto às 18h seria mais fácil.
É isso mesmo, amigo leitor. O metrô de São Paulo ficará aberto até mais tarde em algumas quartas-feiras por causa do Acre
E quem disse que o Acre não existe ?




terça-feira, 29 de julho de 2014

Anão e o Bullying

Causou indignação e comoção entre os petistas a resposta diplomática que Israel deu ao Brasil na última semana. Causou alegria e regozijo entre os tucanos a mesma reação. Logo se nota o viés das análises, todas elas. Pois vamos ao caso.
Há 3 semanas temos visto os ataques israelenses (não judeus !) ao Hamas (não palestinos !). A simples menção que faço entre parêntesis já dá o tom o problema. Nem tudo judeu é israelense e nem todo israelense é judeu (embora neste ponto a maioria o seja). Nem todo palestino é apoiador do Hamas, mas todo o Hamas é palestino, embora opere também fora da Palestina. Não está nada fácil de explicar isso...
Israel é alvo de mísseis do Hamas desde... desde sempre acho eu. Fico com a impressão, aos meus 40 anos, que o mundo sempre teve mísseis de médio alcance e que o Hamas sempre teve acesso a eles, desde a Criação Só isso já mostra a questão do tráfico internacional de armas: sem esses foguetes nas mãos do Hamas, o cenário seria completamente outro, e não vejo nenhuma autoridade de nenhum lado propondo algo efetivo nesse sentido. 
Daí Israel surtou, e não é a primeira vez, decidindo abrir fogo contra o Hamas. Covardes como qualquer terrorista, eles se escondem entre os civis. Escolas, hospitais. Desta vez, Israel não quis saber dos "detalhes" e manteve os ataques. Centenas de civis mortos, e não há como não chamar isso de covarde também. 
Daí nossa diplomacia brazuca resolveu condenar os ataques israelenses como reação desmedida aos ataques do Hamas. Tomamos dois chega-pra-lá: fomos chamados de anões diplomáticos e lembrados do resultado desmedido na semifinal da Copa. Detalhes aqui.
Começando pelo segundo, preciso citar Luís Gustavo Medina no programa Fim de Expediente, que classificou a frase de "sofrer bullying futebolístico de Israel". De fato, é. Talvez seja inapropriado, dado o teor e gravidade do assunto, mas já mostra uma das nossas facetas e o quanto futebol é importante em nossas vidas. E mostrou que o porta-voz israelense nos conhece bem.
Mas voltando ao anão, a nota relembra que a diplomacia brasileira é omissa em diversas outras crises, mas apressou-se a participar desta. Cito algumas, já que a nota não citou:
- estupros coletivos de mulheres na Índia. 
- sequestro de meninas na Nigéria
- violações dos direitos humanos em Cuba e Irã
- ditadura na Coreia do Norte
- atentado contra o avião na Ucrânia
- massacres no Tibet
Em todos esses casos, não era preciso fazer alguma coisa. De fato, a diplomacia não faz coisa alguma. Mas não poderia deixar essas situações passarem em branco e declarações de que "estupros coletivos são inaceitáveis" em nada abalaria as relações comerciais com a Índia e o papel diplomático de não fazer nada e parecer preocupado estaria cumprido.
No entanto, a diplomacia brasileira gosta de se aliar aos governos dos países fracos, não necessariamente aos fracos. E com isso perde moral, relevância, impacto. E virou anão
Agora quer participar de um evento diplomático (novamente: a diplomacia não vai impedir os mísseis de lado a lado sem alguma ação efetiva) de porte, tomou esse "passa moleque" em público.
Concluo: se querem mesmo dar um jeito naquilo, comecem pelo tráfico de armas, não pela diplomacia
E é hora de aprender e crescer com a burrada. Não podemos nos calar com alguns absurdos apenas porque eles foram cometidos por nossos aliados globais. Temos que condenar a todos. Mas daí preciso citar o brother Marcelo Del Debbio, em minha timeline do Face:
"O Hamas é o PT da Palestina". Isso explica muito do que estamos vendo.



segunda-feira, 28 de julho de 2014

Mayas e as cabeças ocas

No último sábado, perdi meu tempo e humor acordando cedo no frio que estava em São Paulo para ir até a Oca, no Parque Ibirapuera, ver a exposição dos Mayas. Meu plano para chegar lá deu errado para depois dar certo: queríamos chegar lá umas 8h20 a 8h30, para evitar filas Atrasamos, e parei o carro apenas 8h45 perto do Círculo Militar. Chegamos na Oca 8h58 e não havia qualquer fila no local. Deu no mesmo, podemos dizer. E aí terminou a alegria. 
Entramos, já recebendo a primeira má notícia: não era permitido fotografar. Nunca vou entender isso, peço ao leitor que não se dê ao trabalho de tentar justificar o injustificável.
Descemos. Havia uma boa centena de peças de variados tamanhos em exposição. Havia uma separação em 7 temas e painéis eletrônicos nas paredes com informações complementares. Todos desligados
Logo na primeira parte, sobre a relação dos maias com a natureza, começou o stress. A segurança local não permitia que minha sombra encostasse na faixa de segurança que fica a meio metro da mesa que tem uma borda de 30cm até o vidro blindado que fica outro meio metro a frente da peça que cabe na sua mão. Os textos falavam em riqueza de detalhes, mas era simplesmente impossível ver os tais detalhes em paz ou mesmo sem paz. Em uma conta rápida, você está a 1,5m de uma peça de 20cm, com detalhes de milímetros. Quem consegue ver ?
Fui advertido 5 vezes em menos de 40 minutos. Na última advertência, eu estava atrás da linha branca, agachado para ver uma peça pequena. Nas vezes em que me inclinei para frente, sempre o fiz com as mãos atrás das costas para deixar claro que não pretendia encosta sequer na mesa. Nunca estive a menos de 50cm da mesa, que dirá encostar na mesma. Ainda assim, os cabeças ocas dos seguranças cretinos ficavam o tempo todo mandando afastar. Um saco. 
Explodi de raiva por volta de 9h45. Subi de volta ao térreo, onde chamei a gerente da mostra para reclamar. Ela veio acompanhada do chefe de segurança e ambos tiveram que me ouvir. Fiz questão de dar escândalo e queimar a mostra para pelo menos 30 pessoas que chegaram enquanto eu dava esporro. Fiz questão de não usar palavrões nem ofender pessoas. Fiz questão de mostrar que a mostra é um lixo e que a culpa é dela (da gerente) e da segurança.
Ela tentou me convencer a voltar, e eu até tentei, mas a experiência estava perdida. Uma perda de tempo completa. Excelentes peças em uma mostra que simplesmente não vale o seu tempo de ir até lá, pois você não vai ver nada mesmo.
Não vá, amigo leitor. Chega eu de trouxa.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

16 não é 15

Vira e mexe, temos que lidar com a desculpa esfarrapada de algum empresa que põe a culpa no "sistema". Vez por outra, a culpa é do sistema sim. Vamos ao caso.
Ontem fui tentar comprar entradas para "Planeta dos Macacos - O Confronto" para hoje. Costumo ir ao Cinemark pois tenho dois cartões de crédito (um VISA e um AMEX) que me dão direito a uma meia entrada cada. A conta fecha certinho para o casal. Ocorre que o sistema de vendas de ingressos é no site ingresso.com.
Já aconteceu aí o primeiro problema. Algumas das salas simplesmente estavam indisponíveis. Nenhuma mensagem de erro, nenhum aviso, nenhuma explicação. Isso já me estressa. Eu sou muito exigente com o lugar do cinema e nunca deixo para comprar na hora da sessão: compro antes, pago a taxa de conveniência e isso torna minha experiência melhor. Quando funciona...
Deixei para comprar hoje, pois se estava fora do ar, estava para todo mundo e não deveria me prejudicar muito. De fato, a sala estava praticamente toda livre às 7h30 de hoje. Entrei, escolhi filme, sala, horário, lugar. Tudo em paz até aí. Na hora de pagar, vem a treta. 
sistema pede que se coloque os 6 primeiros e 4 últimos dígitos do cartão. Depois ele pede os dados complementares (pra quê, seu eu mandei ele guardar meus dados nas últimas 35 vezes que comprei lá ?) e os dígitos adicionais (centrais) do cartão. E aí ele quer o mínimo de 6 dígitos.

Observe agora a estrutura dos números de um cartão de crédito:
Visa: aaaa bbbb cccc dddd = 16 dígitos
Amex: eeee ffffff ggggg = 15 dígitos

Se você digitou os 6 primeiros e 4 últimos de cada (abaixo, em bold), ficam sobrando os do meio, pintados em azul:
Visa: aaaa bbbb cccc dddd = sobram 6 dígitos
Amex: eeee ffffff ggggg = sobram 5 dígitos

5
CINCO.
Amex tem uma estrutura de 15 dígitos, então sobram cinco dígitos, percebe amigo leitor? Algum estúpido da área de programação do site não sabe contar acima de doze pelo jeito. O site fica exigindo o mínimo de 6 dígitos quando eles não existem.
A conclusão foi não poder comprar com cartão, o que me impediu de ter acesso à meia entrada a que tenho direito. 
Burrice aguda, termo que fazia alguns meses que eu não usava aqui.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Crime Automobilístico

Tenho cada vez mais certeza de que, em algum momento na década de 90, Bernie Ecclestone caiu no banheiro e bateu a cabeça. 
Eternamente ligado ao esporte a motor, Fórmula 1 em especial, Bernie teve um time bicampeão do mundo nos anos 80: a Brabham. Depois, alçou voos maiores e quis controlar a categoria para fazê-la crescer. Conseguiu ambos. Criou contratos publicitários inimagináveis uma década antes. Aumentou o tamanho do bolo e soube reparti-lo. Trouxe as grandes montadoras para dentro do circo. Popularizou o esporte pelo mundo.
Hoje, não dá uma bola dentro. Escolhe pistas ruins em mercados duvidosos. Mudou o regulamento de forma radical demais em 2014. Não vê o problema que a falta de testes causa e intensifica medidas erradas. E agora volta ao México.
Nada contra o México, tudo a favor. Povo maravilhoso, conta com dois pilotos na categoria e tem multinacionais que querem desculpas para jogar dinheiro nela. Uma prova local é perfeita. 
O traçado do Autódromo Hermanos Rodriguez é fantástico, com uma reta longa precedida por uma difícil curva a direita inclinada clamada Peraltada, algo como "sapeca" em português. 
E eis que me apresentam isso:


Observe-se a Peraltada cortada ao meio, no lado esquerdo da imagem, coisas pintadas em amarelo. Tirando toda a graça, de fazer uma curva longa em aceleração plena, vira um treco besta, similar ao que vemos anualmente na Espanha. Segue link da fonte. 
Ontem, fiz piada sobre isso com um amigo antes de saber os fatos, dizendo que iam colocar uma chincane no meio da curva. Hoje sei dos planos e eram tão ruins quanto eu imaginei. 
Voltar ao México para fazer isso ao traçado é crime. Crime contra o patrimônio motor-cultural da humanidade. Alguém impeça essa insanidade, por favor.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Coisas que acontecem

Estava eu ontem em casa, jantar no prato, começando a ver um episódio de Arquivo X. É uma promessa minha que vou seguindo firme. Ontem era o 6x02.
Coloco o arquivo no notebook, adiciono as legendas e ele começa. 6x02 já tem o tom da temporada dado no anterior (6x01), então não é de se esperar algo tão espetacular assim. De todo modo, o episódio começa com uma bem filmada perseguição de carros. O motorista fugitivo aparece e não me é um rosto estranho, mas não reconheço de imediato.
Passam os créditos de abertura, indicando o que todos sabem: David Duchovny, Gillian Anderson, criado por Chris Carter, produzido por Vince Gilligan (então com 31 anos, e produzindo o seriado mais aclamado do momento).
O episódio retorna com o motorista fujão já preso e seguem os créditos, agora específicos do episódio. Guest Star: Bryan Cranston. Ele mesmo: Walter White, de Breaking Bad. Breaking Bad que foi criada por... Vince Gilligan.
Pois vejam só o que foi esse encontro. Cranstron faz um papel importante em um episódio único de uma série famosa mas (spoiler alert !!!) morre no final do episódio, sem a menor chance de voltar a aparecer. No entanto, conheceu o produtor com qual trabalharia uma década depois, criando uma das séries mais geniais que já passou pela televisão. Por sinal, muito melhor que o próprio Arquivo X. 
Coisas que acontecem nessa vida...

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Não basta...

Não basta gastar 28 bilhões de reais.
Não basta deixar os gringos virem aqui e fazerem a festa na nossa casa.
Não basta distorcer nosso arsenal jurídico para atender às exigências da FIFA.
Não basta correr o risco de ver a Argentina campeã do mundo aqui dentro.
Não basta montar um time limitado, fraco mesmo e ainda ouvir a comissão cantar de galo.
Não basta aturar o Fred jogando mal e sendo continuamente escalado.
Não basta ser humilhado em casa pela Alemanha, tomando de 7.
Não basta construir 4 estádios que ninguém vai usar.
E não basta colocar um empresário como coordenador técnico da seleção.

Precisa colocar o Dunga como técnico, no mesmo lugar onde já deu obviamente errado 4 anos atrás.

Fica cada vez mais difícil torcer pela seleção assim.

sábado, 19 de julho de 2014

Várzea sem fim

Acho que qualquer um que acompanha minimamente os fatos relacionados à FIFA sabem que aquilo é uma enorme bagunça, um furdúncio, um completo caos. Adiciono várzea agora. 
Recebi um email solicitando minha participação em uma pesquisa de opinião sobre o site dela, no que se refere à compra de ingressos. 
"Vou lavar a égua", pensei. Depois de todos os perrengues que passei, sendo obviamente preterido em todas as fases de sorteio por ter optado pelo pagamento em boleto em vez de cartão (que era um dos patrocinadores master do evento), de não conseguir logar para comprar os ingressos, de acordar às 4h30 diarimante (sábados, domingos e feriados inclusos) para usar software de inserção de dados e 2 sites de monitoramento de atividades para não conseguir os ingressos (acabei comprando de um amigo de um amigo), era minha vez de jogar tudo isso na cara deles


O que dizer disso ?

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Tragédia do Mês

Caminhávamos para um semana sem graça com a passagem da Copa, mas infelizmente não foi assim. Algum cretino disparou um míssil em um Boeing com quase 300 vidas quando este sobrevoava a Ucrânia. Nenhum sobrevivente.
A esperada lista de "não fui eu" seguida de "foi ele" já circulou o mundo também. Não há como especular o que de fato aconteceu até uma investigação séria achar traços do míssil e identificar sua origem. Pode ser ucraniano, russo, rebelde russo, rebelde ucraniano, venusiano ou algo assim.
Eu tentei, mas como estou com a paciência curta foi por bem pouco tempo, imaginar o que pode ser passar na cabeça oca do sujeito que efetuou o disparo. Será que ele tomou café da manhã e comentou com a esposa:
- Querida, vou explodir um avião comercial hoje.
- Que bom, querido. Não se esqueça do pão quando voltar para casa.
Não consigo chegar a nenhuma conclusão sólida. Tenho alguma dificuldade de entender esse grau de maldade extrema, então perco tempo demais tentando achar uma explicação plausível outra. 
Falhei. O ato  é de covardia extrema, pois a capacidade de manobra de um avião comercial é nula se comparada com a velocidade e agilidade de um míssil. Não há como se defender. É possível que os pilotos sequer tenham sabido a tempo do ocorrido.
O provável é que a causa primeira disso sejam vizinhos brigando por um pedaço de chão. E não é para decidir de quem é o chão. Não é um problema de posse, mas de soberania: quem é que manda ali. Forte crítico do comunismo e do socialismo, não posso deixar o nacionalismo passar em brancas nuvens sem mandá-lo à puta que o pariu. 
E antes fossem mesmo brancas nuvens no caminho do Boeing. Lamento pelas vítimas e pelas famílias e amigos. E pela Malasyan Airlines, que perde o segundo avião só este ano.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

O Pastor

Não é apenas na Fórmula 1 que temos um pastor correndo. Quem acompanha a categoria sabe das peripécias do venezuelano Pastor Maldonado. Na Nascar temos outro: Morgan Shepherd também corre. Embora com desempenhos similarmente fracos, os dois estão em estágios distintos da carreira. 
Shepherd corre ocasionalmente, não faz as temporadas completas. Este ano, das 19 corridas já feitas, correu apenas duas. Uma delas no último domingo, em Loudon. 
Não fez uma prova brilhante, longe disso. Largou em 43o (último) e terminou em 39o, a 26 voltas do vencedor. Parte do atraso se deve ao desempenho inferior tanto dele quanto do equipamento, parte ao fato de batido e perdido algumas voltas no pit e parte pelo fato do conserto não ter sido lá essas coisas e ele ter voltado à prova ainda mais lento. Envolveu-se em uma confusão com Joey Logano que o tirou da prova. Embora todos tenham apontado o dedo para ele, não consegui achar um bom replay para ter minha própria opinião.
Morgan Shepherd é experiente: tem 517 provas (equivalente a mais de 14 temporadas completas, o que não é algo absurdo na Nascar) completadas, com 4 vitórias. Sua melhor classificação em um campeonato foi 5o lugar. Não se pode dizer que foi um fator na categoria, portanto. Mas é um sujeito que insiste em fazer o que gosta, e é isso que eu admiro nele.
Por que estou falando dele ?
Morgan Shephard nasceu dia 12 de outubro de 1941, e vai completar 73 anos daqui a 4 meses. Essa é para você que se acha velho, cansado e acabado para fazer coisas importantes.


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Estatísticas

Agora que a vida vai voltando ao normal, segue uma estatística atualizada dos jogos realizados no Itaquerão:


Nada mais a declarar sobre isso.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Copa 64: Alemanha 1 x 0 Argentina - parte 2

Chegamos ao andar superior e começamos a procurar nossos lugares. Foi um pouco confuso, pois a marcação não bate com as placas internas. Há uma razão para isso: o estádio estava com a área de imprensa ampliada em função da grandiosidade do evento. No dia a dia, isso retornará ao normal. Com a ajuda de um steward, achamos nossa fileira. Todos os assentos estavam ocupados menos dois: exatamente os nossos. Sim, amigo leitor: o lugar marcado está entrando na cultura brasileira. Claro que ajustes locais são feitos: Troca comigo? Posso sentar aqui um pouco? É que eu estou separado do meu grupo... Sem incidentes relevantes nisso também. 

foto que bombou no Face, com mais de 100 likes apenas no domingo

A primeira cerveja já tinha ido, e tínhamos um hora para outras cervejas (e seus respectivos copos) e circular um pouco. Aí nota-se a qualidade visual das torcedoras argentinas. Sim, as argentinas merecem a fama que têm: nenhuma delas era, sequer, média: tudo filé.
Os assentos são muito bons. Pessoalmente, acho que poderia apertar um ou dois centímetros aumentando a capacidade do estádio, mas entendo o critério utilizado para esse bando de gordos que o ser humano está se tornando. 
Seguem algumas fotos, com legendas explicativas

visão ampla do estádio

concentração argentina

concentração alemã

A maior concentração atrás do outro gol, pela entrada C, era de Argentinos. A segunda maior, na entrada E, era de alemães. Havia ainda um terceiro grupo menor de argentinos, entre as entradas B e C, bem próximos ao campo. O restante era torcida mista. Ao contrário dos dados da FIFA, que falavam em equilíbrio, os argentinos estavam em muito maior número que os alemães: 3:1. Mas a maioria era de brasileiros, obviamente torcendo pelos europeus. Em resumo: 1 alemão: 3 argentinos: 6 brasileiros a cada 10 torcedores. Esse foi nosso feeling.
O jogo foi visto por bilhões de pessoas. Comentar lance a lance é pointless. Pude ver o tal apoio e cantoria dos argentinos, e digo que é algo memorável. Dizer que eles cantam e gritam o jogo todo é exagero, mas o apoio dele é incondicional. Às vezes se calam, cansam, são humanos além de hermanos. Mas quando outro setor do estádio começa a cantar, eles reagem imediatamente. Cantam juntos a mesma música, e são várias letras e melodias diferentes. Perto do "sou brasileiro...", a diferença é brutal. 
A letra mais marcante mexe conosco:

Brasil, decime qué se siente 
tener en casa a tu papá.
Te juro que aunque pasen los años, 
nunca nos vamos a olvidar... 

Que el Diego te gambeteó, 
que Cani te vacunó, 
que estás llorando desde Italia hasta hoy.

A Messi lo vas a ver, 
la Copa nos va a traer, 
Maradona es más grande que Pelé

A resposta a isso era um sonoro "Pentacampeão". E a convivência era, em geral, pacífica. Houve um momento de tensão durante o primeiro tempo, por ocasião do gol impedido da Argentina. Eles comemoraram, mas a situação inverteu-se segundos depois. Talvez algum hermano tenha se irritado, talvez algum brasileiro tenha provocado demais: impossível saber sem ter visto tudo. Mas houve trocas de empurrões, xingamentos, ofensas. Não vi nada mais grave, mas soube de alguns mais exaltados que foram retirados do estádio. 
Terminou o jogo, 0x0.
Prorrogação, mais 15 minutos, 0x0.


Segundo tempo, e temos o gol. Explosão de alegria, no maior Schadenfreude da minha vida. 


O desabafo da minha vizinha de cadeira foi, digamos, por conta dela. O final da partida, que eu esperava ser tenso, foi tranquilo. Não vi qualquer confusão ou sequer xingamento entre torcedores. Nada. Aos poucos, foram saindo e indo embora, calados.
Na premiação, um momento especial:


Tentaram abafar na transmissão da TV, pelo que soube. Mas a verdade nunca será calada.
Depois de confraternizar com os alemães, caminhamos por dentro do estádio e saímos pela rampa principal. Seguimos pela passarela até o metrô, onde a passagem era gratuita e em menos de 10 minutos estávamos no Shopping Nova América, para última refeição e seguir viagem. No caminho, musica de saideira:

Argentina, decime qué se siente 
tener perdido la final.
Tener solamente duas Copa, 
Brasil sigue sendo tu papá..

A Messi no lo vas a ver, 
la Copa no nos va a traer, 
Di Maria tiene nombre de mujer

Até teve um ofendidinho olhando feio, mas ficou nisso, pelo menos até onde vimos. Descemos apenas 3 estações depois, como na ida.
Comi um curioso par de croissants em um local chamado Croasonho. Garanto que a comida é melhor que o nome. Por acaso, descubro que são 4 lojas em São Paulo já. Recomendo.
Às 21h30, pé na estrada. Erramos uma das saídas, perdendo 7 minutos, e depois tudo correu bem, apesar da grande quantidade de imbecis na estrada: todos os trouxas que não estavam na ida, estavam na volta. E de todas as subespécies: cariocas, paulistas e argentinos. 
Felizmente, nada ocorreu, e chegamos em casa cansados e felizes. Como relatei às 3h23 no Face, eu não queria dormir, mesmo depois de 22 horas acordado, e tendo dirigido 900km. Queria que aquele 13 de julho não passasse nunca. Que ele permaneça vivo na minha memória para sempre.
Você, leitor, que curte futebol: vá a uma final de Copa. Vire-se. Torne-se um jornalista esportivo, tenha contatos na área do futebol ou pague o ingresso (sinceramente, o caminho mais simples). Mas vá. Vale a pena, e muito.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Copa 64: Alemanha 1 x 0 Argentina - parte 1

Contra todas as probabilidades, consegui o ingresso para ir ao jogo. Então, contra todas as tradições, não falarei de esquemas táticos, posse de bola, chutes a gol, chances perdidas, impedimentos: foco no evento em si.
Que tal?

Saí de casa por volta de 6h40 para buscar o Guilherme. Na véspera, eu já havia localizado o destino de carro no Waze: Shopping Nova América. O plano era viajar de carro e deixar o carro nesse shopping, que tem ligação fácil e prática com o metrô. Além disso, o trajeto é curto, apenas 3 estações.
Pé na estrada e o plano vai se mostrando eficaz. Estrada livre, embora coalhada de argentinos indo para jogo em plano similar ao nosso. Para minha surpresa, não tivemos qualquer problema com outros motoristas, nacionais ou importados, por todos os mais de 400km de Dutra. Foi necessária uma parada para reabastecimento e desabastecimento, se você leitor me entende... No posto, um grupo de argentinos fazia o mesmo que nós, extremamente discretos e tranquilos. O único erro foi não ter encaixado o cabo de carregamento do celular durante toda a viagem, então perdemos um tanto de bateria nisso. Mas o carregador conseguia carregar mesmo com o Waze ligado: removemos todos os outros serviços, reduzimos a luminosidade da tela e os 28% do meio do caminho chegaram ao Rio como 68%. 
O tal shopping é muito bacana. Paramos o carro sem o menor problema e seguimos passeando por dentro. Bonito, espaçoso, agradável (ok, a temperatura de inverno ajudou bastante). As duas praças de alimentação são interligadas por uma rua de botecos, como se fosse uma rua de verdade, com mesas na calçada e coberta por uma lona branca suave. O clima fica uma delícia, e por ali comemos no Bar do Manolo. 
Seguimos para o estádio de metrô, sem pagar pois era gratuito para quem tinha ingresso. Rápido e ágil, como se espera de um metrô.


No entorno do Maracanã, vimos o único erro de planejamento em todo o evento. Foi feito um enorme perímetro em volta do estádio, e só passava quem tinha ingresso. Eram múltiplas barreiras, algo entre 7 e 10, o que achei ótimo. Depois da rampa, estava a entrada A. Portadores de ingressos outros deveria seguir em sentido anti-horário em torno do estádio. Estávamos com F, e a volta foi enorme e desnecessária se nos deixassem passar em sentido horário. Isso custou um bom tempo, e perdemos o show de encerramento. Não que eu fizesse questão, mas queria ter entrado mais cedo no estádio. Também não pude passar na loja de souveniers. 
Passamos pela revista e começamos a coleção de copos Brahma. Lindos, épicos, memoráveis, únicos, exclusivos. Caminhamos até nossa entrada onde a última chance de problemas nos esperava: os ingressos não estavam em nossos nomes. Nem por isso fomos barrados: os ingressos eram verdadeiros e ninguém olhou os nomes impressos. Fui atendido em inglês, para falar a verdade. Your ticket, sir. This way. One moment, please. Divertido.
Subimos as enormes rampas até chegar lá em cima, pois nossos lugares, além de tudo, eram bem no alto, o que só melhora a visibilidade.
Já se ouviam as primeiras músicas:

Argentino: tomar no cu
Tem duas Copas, mesma coisa que o Cafu
Argentino: como é que é ?
Tem duas Copas, uma a menos que o Pelé
Argentino: "chupaté" o talo
Tem duas Copas, a metade do Zagalo

E, claro, uma um tanto mais personalista

1000 gols
1000 gols
1000 gols, 1000 gols, 1000 gols
Só Pelé, Só Pelé
Maradona cheirador

Amanhã conto sobre meus vizinhos de lugar e o jogo em si.



sexta-feira, 11 de julho de 2014

Copa 62: Argentina 0 (4) x 0 (2) Holanda

Jogo chato, preguiçoso.
A Holanda não queria jogar, preferia ir para os pênaltis confiando em Krul. A Argentina apenas não conseguiu. Messi, Higuain, Robben, Sneijder... todos em tarde pouquíssimo inspirada. Não lembro de nenhum grande lance no jogo todo. Os argentinos até queriam jogo, mas não criavam nada, pelo menos no tempo normal.
A prorrogação foi um marasmo tenebroso.
De certa forma, o plano holandês deu certo. Pelo menos no sentido de levar a decisão para os pênaltis. No entanto, Van Persie estava mal fisicamente e fazia uma partida horrenda (Van Pérsimo ?), o que custou a terceira substituição de Van Gaal.
Nos pênaltis, vitória argentina, que converteu suas 4 cobranças enquanto Romero pegou duas dos adversário, Sneijder incluso.

Meu amigo Maurício Jabour fez uma sugestão que adaptarei aqui. A ideia inicial é terminar o jogo em campo, não nos pênaltis. Então, caso o jogo termine empatado, disputa-se os pênaltis pelo formato atual até apurarmos um vencedor. Mas a disputa só vale depois da prorrogação, a ser jogada em seguida. 
Com isso, temos três vantagens. A primeira, é terminar a decisão em jogo, não em um chute aleatório, digamos, no telão acima do gol. A segunda, é acabar com o mimimi do jogador estar cansadinho, desgastadinho, estressadinho: e decisão não é final, apenas aponta uma vantagem para um dos lados. A terceira, e mais importante, é fazer com que apenas um dos times jogue pelo empate, o que venceu os pênaltis. O outro, o perdedor, precisa vencer a partida na prorrogação. 
Fica a sugestão para as múmias da FIFA.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Copa 61: Alemanha 7 x 1 Brasil

Nunca tive tanta dificuldade para começar um texto neste blog. É tanta coisa ao mesmo tempo, um turbilhão de informações, análises, piadas, teses e opiniões que fica difícil filtrar. Para não repetir nada disso, vou partir para um relato pessoal.
Segunda-feira, dia 7, eu combinei com a namorada de cortar meu cabelo no sábado dia 12. Meu cabelereiro trabalha das 14h às 22h. Embora seja possível ir durante a semana, o sábado parecia mais promissor. Mas antes de marcar, ocorreu-me que poderia haver jogo da seleção no sábado caso perdêssemos da Alemanha, e daí o estúdio desmarcaria ou, pior, apenas daria o furo. Achei melhor marcar para dia 9, quarta-feira e feriado paulista, para evitar problemas. Era o primeiro indício.

(parei o texto para almoçar e, no meio do almoço chega a confirmação de que consegui ingresso para a final)

Na própria 3a, passei no mercado e comprei salgados para as visitas. "Vai Brasil", disse para cada atendente que encontrava, mas de algum modo saía sem convicção alguma. Era mais uma tentativa de auto-afirmação do que uma declaração de apoio. Se eu dissesse "Vai Brasil" bastantes vezes, eu seria capaz de torcer. Funcionou.
Em casa, consegui até dormir antes do jogo. Acordei 15h40, sem muito barulho na rua. Nos jogos anteriores, era um inferno de fogos, cornetas e vuvuzelas desde 3 horas antes da partida. Claramente, meus inúmeros vizinhos estavam mais tensos no que ansiosos. Era outro indício.

(PUTAQUEOPARIU, CARALHO, CONSEGUI !!!)

Amigos chegam, trazem comes e bebes. Arrumamos a mesa. Sai a escalação e todos torcem o nariz. Apenas dois volantes era vulnerável demais. A que ponto chegamos: estávamos reclamando de falta de volantes no time. Era o terceiro indício. Mas pelo menos ele mantivera o Maicon no time. 
O time entra em campo unido. Canta o hino segurando a camisa do Neymar. A grande esperança do time era jogar aguerrido: em vez de jogar para Neymar, jogaria por Neymar. O grande medo era o overcompensantion: excesso de vontade faz coisas terríveis. 

(meu, nem sei como diabos vou pra lá, mas vou)

Começa o jogo.
Nos primeiros 10 minutos, até que tivemos alguma posse de bola. Nenhuma chance criada, mas havia mais volume de jogo sim. E, num cruzamento da direita, David Luiz e Dante vão no mesmo atacante, deixando Müller sozinho para abrir o placar. Tivesse sido um zagueiro alemão, menos mal. Mas Müller é atacante, vem em boa fase, e fazia seu 10o gol em Copas do Mundo, 5o nesta edição: não era exatamente o elemento surpresa, né ?
O time sentiu o gol, como todo e qualquer time brasileiro desde o fraldinha até o showbol. Os alemães equilibraram as ações e puderam atacar em seguida. Aos 23, a desgraça se fez completa: Klose fazia o segundo gol, que dava margem de folga, e ainda quebrava o recorde de Ronaldo como maior artilheiro da história das Copas. 

(ah, foda-se o 7x1! Eu vou ver uma final de Copa !)

O time desmontou completamente. Todo mundo viu o tsunami que se seguiu com dois gols de Kroos e um de Khedira em mais 5 minutos. Os volantes deles começaram a fazer linha de passe dentro da nossa área. Ninguém era capaz de cortar os passes. Ninguém marcava. Ninguém sequer teve a ideia de se jogar no chão simulando contusão para parar o o jogo. Felipão estava sentado no banco, catatônico.
A situação foi de um amadorismo emocional como eu nunca tinha visto na vida. Nocaute moral. Falta de reação. Apagão. Posso passar anos escrevendo sobre aqueles 6 minutos e jamais terminarei o texto.
Foi quando começaram as piadas. Em avalanche similar ao ataque alemão, começaram as aparecer as piadas nas redes sociais. Inútil repeti-las aqui, mas foi marcante. 

(PUTAQUEOPARIU, CARALHO, CONSEGUI !!!)

Na volta do internvalo, duas substituições, coisa que o Felipão não faz nunca. Certamente, os caras desabaram no vestiário. Compreensível.
No segundo tempo, os alemães claramente tiraram o pé. Havia um medo de algum brasileiro perder a cabeça e zuñigar algum alemão. Não o foi o caso. Com exceção de um momento em que houve uma entrada mais dura, nada de mais ocorreu. Eles fizeram mais dois gols, com o desengonçado Schürlle (aquele mesmo incapaz de acertar o gol contra a França), Oscar, o mais lutador em campo, fez o dele no final. 
Passamos a noite por ali mesmo, eu, Luciana e amigos. Jogamos tabuleiro, pedimos pizza, falamos da vida. Ninguém morreu. Ninguém chorou. Jogamos tão mal, que ninguém ficou bravo com os alemães. 

Vergonha. 
Vexame.
História.


terça-feira, 8 de julho de 2014

Ufanistas

Em textos anteriores, critiquei os que são incapazes de notar a existência de um grande evento e os abutres reclamões de plantão. Hoje é a vez dos ufanistas poliana. 
Sim, teve Copa. Sim, teve problemas também.
Saindo do âmbito esportivo, que compete à FIFA e comentarei apenas na próxima semana, falemos dos aspectos estruturais e organizacionais da Copa. 
Antes de tudo, é fato sabido, amplamente comentado e longe de qualquer dúvida que houve um grave desserviço ao se optar por 12 sedes para a Copa do Mundo. Em uma conta simples, isso dá 5,3 jogos por sede, índice baixíssimo. Uma Copa com 10 sedes daria 6,4 e com 8, minha opção, daria 8 jogos por sede. Mais que isso, a escolha de 8 sedes proporcionaria exatos um jogo de oitavas de final por sede, e os jogos subsequentes (4 quartas, 2 semis e 2 decisões) também somam 8 e podem ser distribuídos sem problemas. A opção por 12 sedes serviu apenas a interesses escusos, para que se construíssem mais arenas e mais obras de mobilidade e apoio. Fingir que 12 sedes foi uma boa decisão é patético, ou petético, como gosto de dizer.
Ainda no aspecto das sedes, depois da errônea decisão de usar 12 sedes, errou-se novamente ao escolher algumas delas. Se São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre eram decisões incrivelmente óbvias, e Curitiba, Salvador, Fortaleza e Recife eram as opções naturais seguintes, Brasília, Cuiabá, Manaus e Natal foram erros. Com todo o repeito às citadas cidades, seus times locais não fazem por merecer arenas de centenas de milhões de reais, simples assim. Seria mais correto escolher Belém, Goiânia, Florianópolis e Campinas se o assunto é futebol. Ponto.
Não é preciso mais de uma linha para o problema seguinte: superfaturamento. 
Depois veio a montagem da tabela, que escapa à compreensão do mais genial especialista em logística. Se o Brasil perder da Alemanha hoje, terá feito 7 jogos da Copa sem passar pelo Rio, sua casa oficial. Os jogos no Nordeste às 13h foram outra aberração inenarrável e indefensável. O deslocamento das seleções e torcedores, mal inerente ao tamanho do país, não obedecem a qualquer critério que tente equilibrar as distâncias. Tudo errado, portanto.
As sedes foram, então, encarregadas de definir suas obras necessárias ao evento. E tudo transcorreu na mais típica brasilidade: superfaturamentos, erros, atrasos, acidentes, mortes, tragédias. Algumas não foram terminadas, outras sequer iniciadas. Se eram tão importantes, por que não foram concluídas? Se não eram importantes, por que foram inclusas na matriz de responsabilidades?
No setor privado também não faltam críticas. Os setores aéreo e hoteleiro preferiram apenas faturar com a alta demanda em vez de criar um ambiente melhor de negócios. O resultado foi taxas de ocupação baixa nos hotéis das cidades sede e aviões vazios fora das datas dos jogos. A demanda por férias foi adiada e atrações turísticas de todo o país estão às moscas. 
A receptividade do brasileiro aos estrangeiros é fato, mas não como querem os ufanistas. É mais uma catarse coletiva, de um povo que tem consciência, mas não fama, de ser "cada um na sua" e agora se esforça para mudar de fora para dentro. Menos mal, é um processo de melhoria sim, mas não achemos que já éramos os mais receptivos do mundo. Nunca fomos. Se você acha que estou mentindo ou exagerando, experimente passar mal na rua e veja quanto tempo leva até alguém de fato lhe oferecer ajuda.
Termino nas pessoas. Onde estão os trabalhadores falando inglês ou espanhol? Não se falou tanto que grandes eventos fariam bombar os cursos de idiomas? Pois não fez. Os tão criticados brasileiros que não sabem se comunicar em Orlando e Miami são da mesma estirpe e renda maior que os brasileiros atendentes de hotel, taxistas, garçons e tantas outras profissões que se viram na base do humor, gesticulação e boa vontade para entender os que os estrangeiros falam.
A Copa passa e não deixa legados pertinentes. Deixa estádios novos, alguns onde não eram necessários, obras inacabadas e um reforço na imagem de que somos simpáticos. .

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Copa 60: Holanda 0 (4) x 0 (3) Costa Rica

Talvez o jogo mais emocionante da Copa terminou em 0x0. Terminou nos penaltis o conto-de-fadas costarriquenho, que sai da Copa de cabeça erguida, como quem teve até chaces reais de chegar a uma semifinal.
No entanto, teria sido injusto. Os holandeses foram melhor em campo por grande parte do tempo de jogo. Criaram mais, não apenas tiveram posse de bola, mas chances mesmo. Foram várias defesas decisivas desse incrível goleiro Navas, duas bolas na trave e uma salvada de zagueiro em cima da linha.



Sem estar torcendo por nenhum dos lados, em um dado ponto da prorrogação comecei a achar que a zebra venceria novamente. É quase uma tradição no futebol quando um time cria muito mais chances que outro, mas a decisão chega aos penaltis, esse time perde. 
Mas Louis Van Gaal, técnico holandês falastrão, polêmico e genial, tinha uma inédita carta na manga. Aos 15min40 do segundo tempo da prorrogação, ele substituiu o goleiro titular Cillessen pelo 3o reserva, Krul. Sua missão era clara e simples: pegar penaltis e vencer a disputa.


Bem.. não que o titular não tivesse a mesma missão. Mas aparentemente, o monstro de Hauge era especialista no assunto e lá foi para a disputa. No banco de reservas, uma crise se instalava imediatamente: o Cillenssen chutou todas as garrafas de água que achou pelo caminho. Estava irritadíssimo. Pudera: a disputa de penaltis é o momento de consagração do goleiro, a chance de virar herói nacional.
A estratégia deu certo. Krul pegou dois penaltis, sempre pulou na direção certa, venceu a parada e criou um novo patamar para esse tipo de cenário. Krul não adivinha o canto que o batedor escolheu: ele espera o chute e salta depois. Alto, forte e com braços longos, ele deixa o gol menor. Antes da última cobrança, intimidou o adversário ao ficar dentro do gol brincando com a parte de cima rede sem saltar para isso. 2m44 de altura, apenas com altura e envergadura. Acho perfeitamente válido e honesto o que ele fez. 


Já sugiram versões distintas sobre a reação de Cillissen. Já li que ele estava genuinamente irritado, bem como que foi tudo encenação. Mas o fato é que esse tipo de ação é algo antigo e conhecido em outro futebol, o americano. Lá cada jogador tem sua função bem definida. O kicker entra em campo para chutar, que significa apenas os punts e os field goals. Alguns times chegam a separar essas duas funções. E têm pelo menos 2 reservas para cada. Mesmo no futebol, utiliza-se a figura do cobrador oficial de penaltis, na medida em que a regra não obriga que ele seja cobrado pelo jogador que sofreu a falta. Não acho que o lance deveria ter causado tanta surpresa. 
Mas causou, e é mais uma das histórias desta Copa. Neste momento, estou torcendo por um jogo entre Holanda e Alemanha: quero ver um confronto entre Neuer e Krul. Prefiro que seja sábado, claro...



Copa 59: Argentina 1 x 0 Bélgica

Verdade seja dita, essa Bélgica é uma fraude. Fez cinco jogos fracos em toda a Copa, não criou nada de especial, não foi sombra do time alçado à condição de cabeça de chave em uma Copa do Mundo. 
Do outro lado do campo, os hermanos também não estão convencendo. Messi fez uma partida fraca, o que é incomum. Por isso, e pelo gol ter saído cedo, os argentinos fizeram uma partida fraca, com apenas Di Maria mantendo o ritmo da partida anterior. Higuain, que vinha jogando mal e sendo sacado do time, fez o gol do jogo, em uma bola que sobrou no pé dele na entrada da área.



E logo ele sofre agora uma contusão muscular. Pareceu sério a princípio, pois até se falou em "fora da Copa". Agora, as informações o colocam fora da semifinal, com chances de jogar no final de semana. Não é uma perda comparável a Neymar, mas preocupa o time azul e branco, sem dúvida.
Mas com tudo isso, eles chegam a semifinal depois de 24 anos. Algum mérito devem ter.

sábado, 5 de julho de 2014

Copa 58: Brasil 2 x 1 Colômbia

Amigo leitor, arrependo-me de ter atrasado este texto. Estavam vários amigos em casa, e depois da partida batemos papo e jogamos tabuleiro. Não me arrependo da decisão, mas certamente isso afetou o conteúdo texto a seguir.
Eu deveria exaltar a melhor partida da seleção até agora na Copa. Neymar apagado deu lugar a um time com variações de jogada, com meio campo, com criação. Os lançamentos diretos não deixaram de existir, mas não eram mais a única opção. Que bom ! Fred estava se movimentando muito e, embora não tenha tido nenhuma chance de gol, foi essencial na mudança de perfil de jogo. Hulk tornou a jogar bem. Outras boas notícias.
Infelizmente, ainda dependemos dos zagueiros para fazer os gols. Cada um fez o seu, sendo o segundo um golaço de falta. Isso é ruim. Mas vencemos. 
No entanto, a terrível entrada sofrida por Neymar é o assunto. Somente algumas horas depois veio a confirmação da contusão. É séria, é importante, é dolorida. Não coloca em risco seus movimentos, é relativamente fácil de curar e não deixará sequelas físicas. Apenas mentais: ele está fora da Copa, que deveria ser sua Copa. 
A entrada de Zuñiga foi de maldade ímpar, mesmo para os padrões às vezes violentos do futebol. Ele pode falar o que quiser, mas a imagem mostra claramente ele olhando para Neymar quando foi em sua direção. O joelho levantado também não deixa dúvidas. 
Na lei brasileira, isso é lesão corporal de natureza grave. Segue link na wikipedia.  O mesmo artigo menciona pena de detenção de 1 a 5 anos. Não peço mais do que isso. Na esfera futebolística, que seja banido do futebol. O esporte certamente estará melhor sem ele, e servirá de exemplo para outros.
Não prego ofensas ou agressões a ele. Não apoio as ofensas racista que, ouvi, lhe foram feitas. Merece virar um pária, se já não for um a esta altura. Mas também é um ser humano e deve ser tratado como tal, ainda que criminoso.
Para a semifinal, o clima da seleção será outro. Em vez de jogar para Neymar, jogará por Neymar. Um time com esse tipo de motivação pode superar obstáculos épicos. Não espero menos do que isso para 3a-feira.

Copa 57: Alemanha 1 x 0 França

Não foi um grande jogo.
Se não faltou criação de jogadas, boas chances de gol, grande defesas de Neuer, o novo Muro de Berlim, faltou uma boa partida de Benzema, organização tática, coordenação e um pingo, meio pingo que fosse, de pontaria ao tal Schürrle.
Como os alemães chegaram rapidamente ao gol com Hummels aos 12 minutos, o tom da partida mudou para uma pressão fortíssima dos franceses em busca de um empate que nunca veio. Nos contra ataques, os alemães também tentavam definir a partida sem sucesso. Klose, na tentativa de se tornar o maior artilheiro da história das Copa, jogou mal e não conseguir se livrar da marcação galesa. Terá nova chance na semifinal.
Os alemães chegam a sua 13a semifinal de Copa em 18 participações. Brinca com eles, brinca...

sexta-feira, 4 de julho de 2014

10 Anos

Há 10 anos era um domingo. Não fazia frio. Na verdade, estava um belo sol.
Depois de dormir mal exatamente todos os dias daquela semana, a noite de sono de sábado para domingo foi surpreendentemente boa. Meu relógio tocaria às 8h45, mas acordei 8h20, plenamente acordado e descansado. Olhei para o teto e disse a mim mesmo:
- É hoje.
Tomei meu clássico copo de toddy vendo a corrida de Fórmula 1. GP da França, na babaca pista de Magny-Cours. O tal Alonso era bom, mas eu torcia pro Schumacher, sabidamente o melhor piloto de todos os tempos. Schummi largou em segundo e venceu. Era um bom presságio.
Por volta de 11h30, tratei de fazer meu macarrão ao sugo. Não é algo que eu faça sempre, ao contrário. Mas era um plano específico para aquele dia. Queria almoçar somente carboidratos, como um maratonista. Eu pretendia almoçar pontualmente ao meio dia, mas o danado do macarrão ficou pronto antes. Comi com calma, controlando o que fazia pois estava ansioso. Muito ansioso.
Às 12h20 já tinha almoçado, lavado a louça e conferido a mochila 3 vezes. Decidi ir mais cedo.
O horário marcado era 14h, e eu deveria levar 30 a 40 minutos para chegar. Fui dirigindo como uma velhinha. A av. Paulista ficava interditada aos domingos, uma das várias ideias cretinas da ex-prefeita Martaxa Suplicy. Fui pela avenida Brasil, mas antes do parque Ibirapuera subi para a Domingos de Morais. Não era o caminho ideal, mas era por sobre o metrô: eu queria ter o metrô por perto como plano B, caso algo acontecesse com o carro. Não foi preciso.
Cheguei à Saúde às 13h10, antes do esperado. Parei o carro e entrei na academia. Lá estavam todos, eu fui o último a chegar. Pedro, Gabriel, Eros, Eris, Paulo, Fausto e eu faríamos o exame para faixa preta dentro de 45 minutos.
Cumprimentei a todos, trocamos sorrisos, mas o ar estava denso. Dava para sentir a tensão e a energia. Cada um de nós treinara 5 anos para chegar àquele momento. Cada um de nós estava no pico de preparo físico, técnico e mental. Cada um de nós poderia destruir um tanque de guerra naquele dia. Ninguém sabia quantas horas duraria o exame, nem exatamente o que aconteceria nele. Não saber é parte do exame. 
O Mestre Gabriel passou por nós sorridente e nos cumprimentou. Fez algum comentário engraçado e rimos um pouco. A tensão se afastou, mas retornou, como alguém assoprando uma teia de aranha. O Mestre então deixou o vestiário e ficamos os 7 ali.
Nos abraçamos como um time prestes a entrar em campo. Cada um falou um pouco, duas ou três frases de auto-incentivo. O exame é individual, mas aquela história no uniria para sempre. Juntamos as mãos e soltamos um "shaolin" nem baixo nem gritado. 
E fomos para a sala de treino, onde cada um e todos nós teríamos uma tarde absolutamente brilhante