segunda-feira, 31 de março de 2014

15 anos

Há quinze anos, estreava nos Estados Unidos um filme que deveria ter passado batido. Não fosse o tiroteio em Columbine High School exatas 3 semanas depois, acredito que teria passado. Olhando os valores de bilheteria, de certa forma passou sim. O filme rendeu 171,5 milhões de dólares nos EUA e 463,5 mundialmente (somando os EUA), sendo a 5a maior bilheteria do ano. Hoje, qualquer filme que renda isso é considerado fracasso em alguma escala. Ocupa atualmente a posição #200 no ranking de maiores bilheterias de todos os tempos, de acordo com o site Box Office Mojo
Se o texto até aqui não te permitiu identificar o filme, a imagem a seguir certamente permite.


Matrix é certamente um filme marcante. Não é genial, não é tão inteligente quanto alguns gostariam que fosse, tem um interlúdio em fundo branco (para não distrair o expectador burro médio) para explicar, como um tutorial para uma criança de 6 anos o que é a tal Matriz. O parágrafo final é "A matriz é...". 
Conheço montes de pessoas que não entenderam nem assim.
Matrix tem o conceito nada inédito de que a realidade que você vê e percebe não é real, é fabricada. Tem certa proximidade com as histórias de distopia tão interessantes que vemos por aí. 
Matrix usa um visual agressivo, todos usando roupas pretas coladas. Até a atriz Carrie-Ann Moss, que é uma mulher bem média, ficou uma delícia no filme, e deve ter gerado sonhos molhados em muitos adolescentes.
Matrix tem lutas, tiroteios e perseguições de carro. Nada que não tenha sido visto aqui ou lá. A perseguição de carro em Bullitt (de 1968 !) é melhor, qualquer filme chinês tem lutas melhores. 
Os personagens de Matrix tem superpoderes, já que podem dobrar a simulação e suas leis. Mas sem dúvida todos juntos apanhariam do Batman. 

Então o que fez Matrix dar tão certo? 
Pessoalmente, acho que foi a combinação. O ajuste das coisas, o tempero, a dose, o ritmo (este sim, algo raro de ver). Até hoje citamos Matrix em diversas conversas. Compara-se lutas com as de Matrix. Compara-se roupas, visuais, poderes a Matrix. Ainda se debate a existência dela. Ainda chamamos um segurança de Agente Smith. 
Ficam aqui minhas felicitações por um filme tão interessante, divertido, cativante, inteligente, questionador, e atraente. Tão bom que poderia ter uma continuação um dia desses.
Poderia.

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Complemento de postagem
Escrevi este texto com antecedência, mas preciso completar que, neste domingo, dois canais passaram o filme, em sequência. Vi boa parte da transmissão da Warner. Confirmei o que tinha escrito aqui.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Dicas

Li outro dia uma série de dicas para se levar uma vida melhor, mais justa, mais honesta, mais produtiva, mais humana. Em nenhum momento, a lista se propunha a resolver os problemas da humanidade. Então tomo a liberdade de fazer a minha lista aqui. Estou me divertindo mentalmente há dias pensando nisso. Não tem qualquer ordem específica.

1) Nunca minta, omita ou exagere ao falar com seu médico e seu advogado.
2) A verdade é a versão mais fácil de ser contada: não precisa ser memorizada.
3) Se você está prestes a fazer uma compra por impulso na internet, antes de finalizar, feche o navegador e tente novamente comprar o que quer que fosse. O tempo de recarregamento e navegação até o site deve ser suficiente para você reconsiderar. 
4) Trate com profissionalismo qualquer pessoa portando uma arma de fogo.
5) Aprenda a dirigir, mesmo se você não gostar ou não tiver um carro. E a trocar um pneu.
6) Saiba fazer uma boa refeição.
7) Aprenda a costurar um pequeno buraco.
8) Pratique um esporte.
9) Tenha um hobby. 
10) Viagem por outros países ocasionalmente.
11) Nunca "venda" suas férias.
12) Saiba porque você morreria: um homem que não tem uma causa pela qual morreria, não tem uma causa pela qual viver.
13) Aprenda a dizer não. A distância entre falta e excesso é terrivelmente pequena.
14) Mantenha seus documentos em ordem. Verifique periodicamente.
15) Não seja o último a sair da festa, da piscina ou a adotar uma tecnologia nova.
16) Cuide do seu peso. Também cuide para não se tornar um neurótico sobre seu peso.
17) Não corte seu cabelo no dia de um evento importante.
18) Aprenda inglês.
19) Leia. E não me refiro ao cardápio ou à bula do remédio.
20) Pergunte quando não entender, não depois.
21) Mantenha uma roupa de alta qualidade sempre em condições de uso imediato.
22) Desconfie de uma pessoa que não gosta de animais, e confie em qualquer animal que não gosta de uma pessoa.
23) Aprenda a nadar.
24) Por favor, obrigado e bom dia são incrivelmente baratos e pouco usados.
25) Sempre compre as propriedades laranjas no Monopólio.
26) Mantenha sua agenda atualizada. Comece tendo uma.
27) Não fique com qualquer um/uma: você também será qualquer uma/um.
28) Um pode ser acaso. Dois é tendência.
29) Tenha um plano. Saiba quando abandoná-lo.
30) Compre na baixa, venda na alta. É mais difícil do que parece.
31) Se você emprestou 50 reais para uma pessoa e nunca mais a viu na vida, foi um bom negócio. 
32) Faça backup.
33) É perfeitamente aceitável ir sozinho a um cinema, teatro, restaurante ou parque.
34) Não faça piadas sobre algo que uma pessoa não tem controle algum (características físicas por exemplo).
35) Guarde segredos.
36) Não interrompa outra pessoa falando: isso demonstra desprezo pelo que a pessoa está dizendo e, em último caso, pela própria pessoa.
37) Não pose com bebidas. 
38) Lembre-se da sua mãe no seu aniversário. Ela está lá antes de você.
39) Dê créditos, aceite culpas e admita erros.
40) Não há errado com uma boa camiseta. Ou tênis.
41) Ricota não é queijo. Sapatênis não existe.
42) Não jogue lixo no chão. Se caiu acidentalmente, pegue.
43) Mulheres: usem sutiã no trabalho. 
44) Use "nós" mais vezes do que o que parecer certo.
45) Cumpra suas promessas. Sempre. Todas. Até o fim.
46) Ao se casar, a família vem (e vai) junto.
47) Não perca a cabeça, especialmente no trabalho.
48) Não perca a primeira aula de cada matéria: é ali que a regra do jogo será estabelecida.
49) Higiene é algo crítico. 
50) Decore seu hino nacional.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Pra que facilitar ?

Lembro, na 8a série, de surgir um termo que foi debatido em sala de aula. A professora Laís nos apresentou o termo "alunissagem", ao se referir ao pouso da Apolo 11 na Lua. Longe de ser impositiva, ela escolheu o termo justamente para acalorar a conversa.
O argumento é que alunissagem seria um contraponto a aterrissagem: ato de pousar na Lua x ato de pousa na Terra (planeta).
Fui contra. Vejo aterrissagem como ato de pousar na terra (tipo de chão, como cimento, asfalto, corpos de espartanos ou terra). Em resumo, o avião foi inventado bem antes da viagem espacial, e aterrissagem foi um termo criado no sentido de pouso, muito antes de se imaginar fazer isso em outro corpo celeste. 
Continuo contra.
Como estou lendo bastante sobre Astronomia atualmente, resolvi achar alguns termos e adaptar pelo mesmo critério de alunissagem.
- movimento de placas tectônicas em Marte: martemoto.
- planificar o solo de uma local de construção em Vênus: venuplanagem.
- colocar um 3o fio elétrico no solo, para evitar descargas atmosféricas em Mercúrio: amercuragem.
- colocação dos restos mortais de um ente querido no solo de Ganimes (lua de Júpiter): enganimedar.
- andar mais próximo ao solo de uma construção em Titã (lua de Saturno): tinâneo.

Entenderam o erro ou é preciso continuar?

terça-feira, 25 de março de 2014

Domingo Dífícil

Se um sujeito teve um domingo difícil neste último final de semana, foi Jeff Gordon. 
A corrida de Fontana teve uma peculiaridade que deu o tom da corrida. Embora a Nascar e a Goodyear tenham negado, os pneus estavam desmanchando sozinhos. A corrida que seguiria toadas de 40 voltas (capacidade do tanque) teve diversas bandeiras amarelas originadas em acidentes causados por furos de pneus. Ao todo, 19 casos geraram 9 bandeiras amarelas. A vida útil não passava de 20 voltas. Mas ninguém sabia disso antes da corrida começar. 
Jeff largou em 6o e mantinha-se entre os primeiros quando o primeiro pneu furado (Kevin Harvick) trouxe a primeira bandeira amarela. No pitstop, Jeff foi pego por excesso de velocidade. Punido, caiu para último.
Fez uma corrida de recuperação e estava entre os 15 primeiros quando veio a segunda bandeira amarela. Desta vez, algo atípico aconteceu. O normal é o pace car alinhar os pilotos em apenas uma volta e então os pits são abertos. Pode, no entanto, ocorrer algo que tome mais tempo para liberar os pits e o farol continua vermelho. Estávamos com 44 voltas, cada pneu já com mais de 20. Não havia razão estratégica para não parar. E então 8 pilotos não fazem suas entradas e todos os demais agiram como planejado. A razão é que estes 8 viram o sinal ainda vermelho e, para não descumprirem a regra e serem punidos, ficaram na pista. Mas a direção de prova negou as declarações e disse que os pits estavam abertos e a luz verde. Jeff parou só na outra volta e caiu para 36o.
Em nova prova de recuperação, foi ganhando posições na pista e nas paradas. Assumiu a ponta na volta 106 de 200. Nesse período, foram mais duas bandeiras amarelas por acidades, dos quais ele escapou por pouco em ambos.
Então, uma nova bandeira amarela, na volta 110 lhe trouxe um pit demorado, e ele caiu para 4o.
Recuperou-se, voltou a ponta e... novamente foi prejudicado em uma parada, desta vez na volta 135. Caiu para 5o desta vez.
Recuperou-se novamente, e quando estava a ponto de tomar a ponta pela 4a vez na volta 148, nova bandeira amarela interrompeu o ataque. Caiu para 4o nos pits.
Parece incrível, mas isso aconteceu de novo: ele estava no meio da ultrapassagem sobre Jimmy Johnson e, como na vez anterior, outra bandeira amarela (volta 164) o atrapalhou, faltando agora 36 voltas. Pelo menos, não perdeu posições e voltou em 2o mesmo.
Faltando esse trecho, ele contava apenas com um trecho longo de bandeira verde: seu carro estava melhor para trechos longos e deveria passar Johnson. Mas a 15 voltas do final, quando ele se aproximou para tentar a ponta, Johnson mostrou sua reserva técnica e começou a apertar o ritmo. Abriu vantagem e dominou a pista. 
A 5 voltas do final, o pneu dianteiro esquerdo de Johnson fura e a ponta fica "de graça" (como se ele não tivesse passado o grid inteiro umas três vezes) para Gordon. Ele diminuiu o ritmo para evitar furos de pneu e só precisava terminar a corrida para vencer. 
A 2 voltas do final, outra bandeira amarela, novamente por pneus furados. Todos param, fica aquela bagunça na relargada e a merecida vitória virou um mero 13o lugar. 
Dia difícil...

Print do Dia

Depois eu é que estou trollando...


segunda-feira, 24 de março de 2014

Crimeia

A crise da Crimeia chama a atenção do mundo. Ninguém quer ouvir os mimimis do ditador norte coreano quando o grande urso russo acorda. Ninguém acha o tal avião malaio (4-8-15-16-23-42 feelings), mas as manchetes tratam mesmo é desse crise. Vamos a ela.
A Crimeia é que chamamos de rito de "passagem em jogo" de tabuleiro. Todo mundo quer, todo mundo pega por um tempo, e pode ser decisivo para apontar o vencedor. Copio e colo um parágrafo escrito por Hélio Schwartsmann, colunista da folha, incapaz que sou de escrever em menos ou melhores palavras:

Se há uma parte do planeta com experiência em infernizar a vida dos cartógrafos, é a Crimeia. De 700AC para cá, a península trocou de mãos mais de uma dúzia de vezes, tendo sido controlada por cimérios, búlgaros, gregos, citas, romanos, godos, hunos, czares, o Principado de Kiev (precursores da atuais ucranianos), gregos bizantinos, venezianos, genoveses, kipchaks, otomanos, tártaros da Horda Dourada, mongóis, russos, alemães e ucranianos modernos.

No mais recente imbróglio, a região pertencia aos russos soviéticos, que doaram o território para os ucranianos soviéticos em 1954. Dado que era um país só que pretendia tomar a hegemonia do planeta, não deveria dar problema algum.  Deu em 1991, quando a realidade bateu na porta dos soviéticos e a economia planejada apresentou sua fatura. 
Daí o território permaneceu com os ucranianos. Ocorre que até 1954, a população era quase exclusivamente russa. Ao passar para o lado ucraniano, e de modo pacífico, iniciou-se uma mistura linguística-cultural. Mas foram apenas 60 anos, algo insuficiente em escala sociológica, para suprimir as diferenças. O resultado é um setor com um tanto de ucranianos, e uma maioria que se considera russa. Quiseram, então retornar à pátria mãe.
Até aí, nada de mais.
Mas não foi beeeem assim. Claramente houve um dedo russo no processo para precipitar os acontecimentos. Há relatos de infiltração de agentes russos nas manifestações em Kiev que pediam a aproximação com a União Europeia. As tais  manifestações se opunham ao presidente eleito acusado, com certo grau de razão, de ser fantoche do Tzar Putin. A bagunça se estabeleceu e um processo relâmpago de secessão seguido de anexação se viu em pouco dias. 
Ainda daria para engolir, mas o assunto parece não ter acabado. Os russos tomaram navios ucranianos estacionados na região. Isso não fazia parte de nenhum acordo. Agora amontoam tropas na fronteira. Dão indicação de que podem, a qualquer momento, marcar sobre Kiev. 
Isso já passa um tanto da conta. Os russos são expansionistas por vocação nacional. Não criaram o maior (em área) país do mundo por acidente. E tem bombas atômicas ativas, o que pode resfriar a vontade ocidental de dar um basta nisso. 
Sim, pode ficar feio, embora eu não aposte nisso.
Se há uma 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Pode deixar...

Ontem, procurei opções de impressão em lona, para fins de jogo de tabuleiro. Na verdade, não quero nada tão complicado de explicar: uma lona de 1,70 x 1,20, a cores, em alta resolução, sem acabamento. 
Google, google, google, achei um sujeito com preços interessantes. Mas os formatos não eram perfeitos. Entro então no chat de atendimento. 
Como o primeiro chat demorou 7min30seg sem me dar qualquer resposta, deu tempo de continuar um pouco mais no google. Achei outro cara, do lado de casa. Do lado quer dizer que vou a pé.
Ainda assim, abri o segundo chat. Este me respondeu:

- Boa tarde, Sr. Norson
- Boa tarde, Bruno Ferraz do Atendimento. 
(nunca tinha visto esse sobrenome !)
- Em que posso ajudar ?
- Tenho uma impressão em lona para fazer com vocês. Quais os formatos de arquivos que posso enviar ? 
(o site dizia PDF, JPG e, blergh, CDR)
- PDF, JPG e CDR.
- Certo. Mas o site diz que PDF muito complexos serão convertidos em TIFF. Minha arte original está em TIFF. Posso mandar em TIFF ?
- Infelizmente não, sr. Norson. 
(perco 30seg pensando como continuar a conversa)
- Tem um problema com as dimensões. Minha arte está em 120 x 170, mas não há essa opção. Como faço ?
- Infelizmente, só trabalhamos nos formatos indicados no site.
- Ok. E se eu pagar a impressão maior, vocês cortam no formato que preciso?
- Infelizmente não.
- Neste caso, infelizmente o concorrente faz para mim. Boa tarde.

Pergunto ao leitor: estou ficando velho e chato ou a palavra competência está ficando rara?

quinta-feira, 20 de março de 2014

Infância Sepultada

Posts nostálgicos tendem a ser tristes. Este não será exceção. Mas prometo não destilar veneno ou ofender ninguém, pelo menos hoje. 
Amigo leitor, acompanhe o primeiro grupo de fotos a seguir:

Aquaplay Basquete

 Aquaplay Aquário

Ferrorama XP-300 

  Helicóptero do Falcon

 Jipe de Combate do Falcon 
  Genius
Merlin


Conhece algum deles? Provavelmente sim, provavelmente mais de um, possivelmente todos.
E quanto a estes três, que eu ainda tenho até hoje:

Detetive 

Banco Imobiliário Junior 

Leilão de Arte

Em nota paralela, meu Detetive está com a caixa um tanto amassada por um acesso de fúria do meu pai. Ele ficou puto porque... a minha irmã estava fazendo escândalo! Note que o jogo era meu, não dela. Enfim, é um retrato da minha infância: ser culpado pelos erros dos outros. Isso explica muito minha opção por trabalhar em Auditoria.
Guardei meu xodó para o final:

Autorama

Amigo leitor, eu sou incapaz de estimar a quantidade de horas que passei com ele. Tenho até hoje e, embora não tenha usado, está operacional. Tenho 2 caixas com pistas extras, e há uma probabilidade disso não caber montado na minha sala. Não conservei como seria capaz de fazer hoje: eu era outro cara, menos consciente de certas coisas. 

Bem.... Todos esses brinquedos têm duas coisas em comum: eu tive todos e todos foram fabricados pela Estrela.
Eis que vejo hoje fotos no site São Paulo Antiga do estado em que está a antiga fábrica da Estrela, em Guarulhos. Nem sei se posso fazer isso, mas seguem algumas delas:







É de partir o coração. 
Que fique claro que não estou culpando a empresa pelo estado em que está o prédio. Segundo soube, nem é mais dela. Não estou apontando o dedo para ninguém na verdade. 
O cenário fica ainda pior quando cito que meu pai trabalhou ali por 11 anos, entre 1980 e 1991, ou seja, entre meus 6 e 17 anos. Não fica muito mais marcante do que isso, e explica em boa parte meu acesso desproporcional aos brinquedos da marca.
Termino apenas dizendo que esse tipo de coisa não poderia acontecer. E fosse caso isolado, menos mal seria. Mas os pavilhões dos Matarazzo, antiga fábrica da Ford, Cine Comodoro, Edifício São Vito... 
Enfim, estou triste. Só isso.














quarta-feira, 19 de março de 2014

Surdez funcional

Ontem testemunhei um fenômeno que chamo de surdez funcional. Não quero citar nomes, nem detalhar a história a ponto dos nomes se reconhecerem aqui, no improvável caso deste blog ser por ele/ela/eles/elas conhecido. Citarei números, mas duvido que ele/ela/eles/elas se reconheça(m) por eles, justo por serem o tema central da narrativa. Fará sentido...

A pessoa em questão estava maravilhada com um número que achou incrivelmente alto. Havia lido isso no dia anterior.
- Vocês sabiam que o menor valor para [grandeza] é 100 ? Gente, é muita coisa !
Na mesma hora, por se tratar de um assunto que eu conheço, sabia que estava errado. Respondi de bate-pronto:
- Olha, não é. Tem o caso X, que é 4 e alguma coisa.
Olhares se dirigiram para minha pessoa, em tom de desafio educado. Eu tinha que provar. Não era difícil, o caso é simples de achar na wikipedia. E em menos de 30 segundos, a informação precisa estava na minha tela.
- Achei, galera. Aqui está. O grandeza do caso X é 4,24, a menor que existe. Podem olhar. 
Olharam. Mas a pessoa simplesmente ignorou a informação e continuava maravilhada com o mínimo de 100. E falou isso, uma vez mais.
Fui pesquisar a fundo. Detectei 53 casos em que essa grandeza fica entre 4,24 e 16,20, ainda menos de 1/6 dos tais 100. Informação pública, em português, na wikipedia. Está lá para quem quiser saber...
Está lá para quem quiser saber.
Quiser.
Ok, encontrei o nervo central do problema. Querer. Eu já tinha presenciado incontáveis vezes o analfabetismo funcional, mas pude observar com calma a surdez funcional. A pessoa escuta mas não ouve um dado numérico científico relativamente simples. 4,24 não é 100 ! Na verdade, eu já havia visto o fenômeno incontáveis vezes, mas de algum modo, pude analisar somente agora. 
Não adianta, amigo leitor. O "100" está martelado, tatuado, gravado a ferro e rebitado no cérebro da pessoa. Não tem o que fazer a respeito.
Um dos colegas, num surto de boa vontade, sugeriu que, na verdade, 100 seja o mínimo para grandeza sob alguma condição específica. Analisei a lista de 53 casos que citei acima e a lista é diversa o suficiente para conter todos os filtros que pude imaginar. 
Enfim, caso perdido. A pessoa vai continuar falando em 100 e vai espalhar esse erro. 
Deixo para lá. Em um planeta onde as pessoas ainda rezam, o que é um erro de 20x em uma grandeza sem aplicação cotidiana?

terça-feira, 18 de março de 2014

Quebrando a Banca

A ideia não é minha, é de Rafael Kabeção.
"Você é aquilo que você come", dizem por aí. Tem uma boa dose de lógica nisso: um corpo é um sistema material do qual entra e sai matéria o tempo todo. Mas o maior fluxo de entrada é pela alimentação. Claro que não se pode ignorar a capacidade do corpo de converter o que foi ingerido naquilo que o corpo precisa. Mas é fato que faltas e excessos claramente afetam o corpo. Algumas faltas e alguns excessos nem precisam ser radicais para promoverem efeitos drásticos no corpo. Falta de água por míseros três dias mata qualquer pessoa de desidratação. Falta de vitamina C causa escorbuto em algumas semanas. Falta de iodo, em mínimas quantidades, afeta a tireóide. Excesso de gordura causa aumento de peso. Uma grama de arsênico pode matar; muito menos do que isso em cianureto também. Acho que o leitor entendeu meu ponto.
Mas o conceito do Rafael é usar isso de modo positivo em um cenário específico. Vamos a ele.
A base da felicidade é o bacon. Essa é uma premissa sólida e inquestionável. Vamos criar bacon então, que vem do porco. Mas não façamos isso de modo convencional. A ideia é criar um porco com alimentação a base de alho. Pode ser mais de um, um lote inteiro. Claro que o porco precisa de outros nutrientes, que podemos fornecer de várias maneiras. Mas a base da alimentação desse porco será o alho. Não sei quantos anos isso leva, mas vamos em frente. Ração com alho, lavagem de alho, petiscos de alho, água com alho. Alho. Montes de alho. Enfim...
Em algum ponto, esse porco vai morrer, de onde tiraremos o bacon e outra coisinhas interessantes... 
Mas sempre sobrará a carcaça dele. E agora vem o salto. Vamos triturar essa carcaça para adubar o alho com as sobras do porco! Novamente, o alho precisará de suplementos, adubos e alguns defensivos. Normal e esperado. Mas façamos isso a base de porco. Adubo NPK com bacon, amigo leitor. 
E adivinhem o que faremos com esse alho todo? Vamos alimentar a segunda geração dos porcos, filhotes da primeira. Vamos torcer um pouco para que Lamarck, e não Darwin, estivesse certo. De todo modo, o porco comeu alho, que virou adubo para o alho, comido por outro porco, filho do primeiro. Ah, enfim, você entendeu.
Gente... acho que em 4-5 gerações ele quebra a banca com isso. Teremos um bacon aromatizado naturalmente com alho, e um alho aromatizado com bacon. "Não fica melhor que isso", ele mesmo diria.
Jamais achei brecha para contestar esse plano. E agora que ele está no Pará, deveria começar, seja pelo porco, seja pelo alho. 

segunda-feira, 17 de março de 2014

Que jogo !

Amigo leitor, sou tão fã de futebol americano que já arrumo maneiras alternativas de curtir o esporte. Uma delas, nem tinha como ser diferente, é o jogo de tabuleiro. Tanto que este post une ambos os tags.
Na última sexta, recebi um grande amigo, Gabriel, em casa para mostra o print pessoa de Football Strategy, jogo que me foi apresentado pelo único outro demente que une essas duas paixões: Marcelo Paschoalin.
Como o jogo era na minha casa, decidi jogar no Candlestick Park. Não, isso não tem qualquer efeito no jogo. O time da casa, San Francisco 49ers (isso foi o mais vermelho e dourado que consegui...) optou pelo playbook de jogadas terrestres. O adversário, os odiosos New York Giants, trouxeram o playbook de jogadas aéreas. Ambos, portanto, contrariam suas tradições.
Pois vamos ao jogo. 
O time da casa vence o cara-ou-coro e opta por chutar a bola no primeiro tempo.

  • 1o Quarto
O jogo começou em ritmo alucinante. Os 49ers chutaram a bola e colocaram sua defesa para trabalhar. Não permitiram nenhum first down e obrigaram um punt dos Giants. Em rápida campanha, levaram a bola em apenas duas jogadas longas para o primeiro touchdown do jogo. 7-0.
No retorno, flumble no chute. Dessas coisas que não acontece nunca. Mas isso seria uma das tônicas do jogo: as falhas dos times especiais dos 49ers. Empolgados com a campanha iniciando-se a 35 jardas do adversário, os gigantes foram implacáveis e empataram rapidamente a partida em uma campanha de apenas 4 jogadas. Com apenas 3 minutos de jogo, estava 7-7.
O ataque dos 49ers voltou a campo no mesmo ritmo de sua primeira passagem. Jogando agora por terra, foi conseguindo jardas com consistência e, pressionando a defesa de New York, chegou a um novo touchdown ainda antes da metade do 1o quarto. No entanto, o time especial errou o extra point. 13-7.
Os Giants retomam a bola e fazem uma campanha mais sofrida. A defesa do time da casa começa a funcionar melhor. Várias conversões em 3 decida são feitas. Embora melhor, a defesa não conseguiu evitar o adversário de pontuar e virar o jogo. 13-14.
Os 49ers recebem a bola e inicial sua terceira campanha ofensiva. Chegaram a conquistar dois first downs, e então tiveram uma bola interceptada.
Giants responde de modo implacável e, em jogadas rápidas e ágeis, pontuam novamente. 13-21.
  • 2o Quarto
Os 5 touchdowns do primeiro quarto, dando a impressão de um placar fora do normal, tiveram seguimento no segundo quarto. 
Agora a defesa dos Giants começa a funcionar melhor. A quarta campanha dos californianos foi detida várias vezes. Houve até uma desesperada conversão em quarta descida. Já nas proximidades de marcar novamente, houve a necessidade de um field goal, que não resolveria a diferença no placar, mas poderia ser útil. E novamente o time especial dos 49ers falham.
O Giants inicial sua 4a campanha de modo similar à terceira. Fizeram bons avanços ganhando mais de 40 jardas em 6 jogadas, mas cometeram um fumble (ah, Razzle Dazzle, como eu te odeio...) e perderam a bola com isso.
San Francisco faz uma quinta campanha feroz e converte o touchdown. O time da casa, preocupado em usar o time especial no extra point, opta pelo two-point conversion. Boa desculpa para tentar empatar o jogo, o que conseguem. Aquele extra point perdido foi compensado. 21-21.
De volta à posse de bola, os Giants se aproveitam de duas falhas de marcação para ganhar 35 jardas em duas jogadas seguidas. Pressionada, a defesa da casa falha e permite o desempate. 21-28.
No entanto, os 49ers respondem em campanha bastante similar e empatam novamente. 28-28.
A campanha seguinte dos Giants é curta como a primeira. A defesa consegue parar as jogadas e cedem apenas um first down. O punt é bloqueado e a bola é retomada quase no meio do campo. Mas empolgação da torcida dura apenas duas jogadas, pois uma interceptação devolve o jogo para o time do leste.
Mais calmos e centrados, conseguem controlar a bola e, principalmente, o tempo de jogo. Marcam novamente, retomando a liderança no placar. 35-28.
Os 49ers têm pouco tempo para responder. Conseguem boas jogadas, mas o tempo é o problema. Usam os tempos para controlar o andamento do relógio, mas ainda assim não é suficiente para ganharem o campo todo. São forçados pelo relógio a tentar outro field goal, desta vez um tanto distante. Erram.
  • 3o Quarto
O terceiro quarto foi um jogo completamente diferente do que se vira até em então. As defesas, ambas, prevaleceram totalmente. No total, cada time teve 3 posses de bola e não foi possível sequer tentar um field goal
Descrito em poucas palavras, parece uma parte tediosa do jogo. Nada mais longe disso. Foram diversas campanhas de avanços curtos sendo contidos. Ambos os times foram várias vezes forçados a jogas terceiras decidas. Chegou a haver até uma pressão contra o ataque dos Giants, que correu risco de sofrer um safety
A bola terminou com o time da casa, próxima ao meio do campo, para o quarto decisivo.
  • 4o Quarto
Os ataques voltaram a funcionar no final do jogo. 
Os 49ers iniciaram com a posse de bola e retomaram o ritmo dos avanços. Ainda que sem grandes jogadas, os first downs voltaram a se suceder até que o empate foi conseguido. 35-35.
Em um lance crítico da partida, no entanto, os 49ers conseguiram bloquear o retorno do Giants. A torcida inflamou o time (não, não tem esse efeito no jogo) que soube controlar e gastar o tempo. Depois de algumas jogadas o placar era novamente do time da casa, o que não acontecia desde o meio do primeiro quarto. 42-35.
Os 49ers retornam a bola para os Giants que não conseguem avançar. A defesa do time da casa parece que vai garantir a vitória e força um punt. Só é preciso agora gastar o tempo. 
O técnico dos Giants usa com inteligência os pedidos de tempo para parar o relógio. O two-minute warnning também beneficia os visitantes e os 49ers são forçados a chutar faltando 1m45s. E pela terceira vez, erram o field goal
Em desespero, os Giants tentam a chamada hail mary. E conseguem! Avançam mais de 60 jardas em uma só jogada. O tempo está acabando, mas passes do tipo out-of-bounds economizam segundos preciosos. E a apenas 15s do final, conseguem o touchdown
As opções são chutar o extra point e empatar o jogo ou tentar um two-point conversion, que certamente determinaria um vencedor. Eles optam por arriscar e o incrível acontece: um erro de posicionamento acaba gerando uma falta: illegal formation
Fim de jogo: 42-41.

sábado, 15 de março de 2014

Os Imbecis do Dia

Já mandei no plural, para começar quente. Não tenho os nomes dos cretinos deste caso, apenas das empresas. Então elas é que vão pagar a conta pela burrada de seus respectivos representantes, até que aprendam a contratar por inteligência e capacidade em vez de por indicação e favor a amigos. Os imbecis do dia, em igual nível de falta de noção são: Sonopress, AMZ e Sony DADC.
Estes três párias simplesmente se recusaram a produzir em blu-ray o filme Ninfomaníaca por causa das cenas de sexo. Não, amigo leitor, não estamos vivendo nem sob a Inquisição nem sob a Ditadura Militar, é só gente retardada em cargos de gerência. Aliás, chamá-los de retardados já é um erro da minha parte, ao ofender as pessoas com deficiências mentais apenas pela comparação.


Que se diga, a matéria o UOL ainda traz algo aterrador. É proibida a produção de blu-rays fora do país. Isso mesmo, amigo leitor, o show de horrores parece não ter fim. Esses 3 filhos da puta não se contentam em aplicar censura cultura ao mercado de filmes, mas também praticam oligopólio com reserva de mercado garantida por lei. Onde vamos parar...
Que se diga, há um único argumento em defesa desses crápulas: cada empresa tem o direito a não fazer o que não é obrigada. Parte do princípio legal de que ninguém é obrigado a fazer nada, exceto em função de lei. Claramente não é o caso, e que ninguém tenha ideias nesse sentido.
Mas não há qualquer explicação empresarial para esse medida medieval da parte deles. A empresa que produz discos o faz por encomenda e entrega a totalidade da produção ao distribuidor. Não envolve seu nome no produto, portanto. Não há o menor risco para a imagem, isso mesmo se vivêssemos nos anos 1430. 
Obviamente, isso é ranço religioso. Somente esse tipo de opinião interfere em decisões financeiras. E onde está a Ministra da Cultura nessas horas, hein? Aquela mesmo que se apresentava como sexóloga e que recomendou a turistas relaxarem e gozarem? Esse país é uma piada de mau gosto mesmo.
Você, aí em casa, até pode fazer a sua parte. Não compre mais blu-rays nacionais. Use importados. Rodam bem, costumam vir legendados e até mesmo dublados em português (meu Inception veio dos EUA assim !). Eles que façam o blu-ray da Bíblia narrada pelo Cid Moreira. 
Fodam-se todos.

sexta-feira, 14 de março de 2014

A Força do Hábito

O amigo leitor deve ter notado que fico meio filosófico às sextas-feitas. Não é diferente hoje. Começarei relatando um caso quase bucólico.
Certa vez, uns dois anos atrás, eu voltava do almoço. Já na minha mesa, peguei minha necessaire (que nome estúpido!) e lá fui escovar meus dentes. Aliás, em uma nota a parte, qual não foi minha surpresa ao descobrir que esse hábito de escovar os dentes após o almoço é tipicamente brasileiro... 
Voltando ao ponto, eu não sabia da encrenca que ia passar. Não tinha conhecimento de que houve um vazamento no banheiro acima do meu, até porque fica em outro andar. E que para consertar o mesmo, o que inclusive estava em andamento, foi necessário fechar toda a coluna de água daquele setor do prédio. 
Daí eu coloco a pasta na escova e abro a torneira apenas para pegar um pouco de água, o que se passar normalmente. Não sabia eu que a coluna estava fechada, e aquele meio litro de água era o penúltimo ainda presente na tubulação. Escovo os dentes e aciono novamente a torneira. Mas antes de enxaguar a boca, comecei lavando a escova, como fiz por (até então) quase 38 anos. E com a escova limpa e a boca cheia de pasta... a água acaba. 
Tremenda confusão. A torneira ao lado também não tinha mais água. Tremendo incômodo. O outro banheiro fica a 20m, pelo corredor central do prédio. Tremendo mico... Mas não teve jeito: cuspi a pasta, enxuguei a boca com o papel toalha, guardei as coisas e tal necessaire e segui para o outro banheiro, para terminar o serviço.
Naquele dia eu aprendi que meu processo estava errado. O correto era enxaguar primeiro a boca e só então cuidar da escova. Faz dois anos que notei isso e comecei a inverter a ordem das operações.
Bem... ainda não terminei de inverter. Até hoje eu escovo os dentes 3-4 vezes ao dia e o hábito de lavar a escova antes está arraigado em mim. Eu preciso pensar para fazer o que considero certo e ainda erro mais do que acerto.
Pense então, amigo leitor, em outros tipos de hábito ou mau hábito. Não dar seta ao mudar de pista, maneira de amarrar o tênis, maneira de colocar uma mochila nas costas, sedentarismo, racismo, sexismo, homofobia, nó na gravata... A lista é enorme e o leitor já deve ter extrapolado para seu caso particular. Mesmo em situações mais críticas do que meramente a ordem terminar uma escovação dental, temos enorme dificuldade em mudar. 
Mas somos craques em cobrar mudanças nos outros, não somos? Não queremos um país melhor? Não queremos um mundo melhor? Queremos, desde que não tenhamos que ir lá fazer a coisa toda, ou por achar que nossa parte já está feita. 
Duvido que esteja. Duvido que só você seja o motorista do bem que sempre deu passagem ao pedestre, que nunca fez download ilegal e que sempre usou fio dental após cada refeição (diabos, sabia que tinha faltado alguma coisa !). Não precisa bancar o herói, apenas faça o que deve ser feito. 

quinta-feira, 13 de março de 2014

Lista Negra: Birds Absinto Ice

Essa eu não perdoar, vou dar porrada mesmo.
Ontem fui ao supermercado. Várias coisas pendentes a comprar. Ali pelas tantas, achei o tal Birds Absinto Ice que dá título ao post. Já havia toma antes e, verdade seja dita, a bebida é muito saborosa. Isso não está em discussão.
Mas chego em casa já perto da meia noite, cansado e com sono. Considerava, àquela altura, apenas levar as compra para o apartamento e guardar apenas os produtos refrigerados. Mas ao abrir o porta-malas, a grade surpresa: 4 das 6 garrafas vazaram. QUATRO.
Foi um inferno de fim de noite. 
Transportei tudo pingado para o apartamento. Tive que lavar todas as embalagens. Depois lavar o chão da cozinha, todo respingado do líquido verde radioativo. Depois foi limpar o porta-malas do carro, que felizmente tem um tampo de plástico para conter esse tipo de tragédia (e que funcionou a contento). 
Para que não se diga que estou inventando o vazamento, segue foto das garrafas:


A garrafa a direita aparentemente não vazou. Serve como prova da minha história. 
Prejuízo total:
- 4 garrafas de abasinto ice (Se vaza, é porque a vedação não é confiável. Você beberia ?)
- 1 embalagem de queijo
- 1 sabonete
- 1 embalagem de anti-mofo
- 1h10 minutos para desfazer a confusão
- valor aproximado R$ 40

quarta-feira, 12 de março de 2014

Cachorro 2013 Home Edition

Amigo leitor, esta saiu de uma conversa com um dos meus mais assíduos seguidores neste blog. Ocorreu que o Firefox no meu notebook achou por bem me trollar.
Resumidamente, sabem aquela função que os navegadores têm de memorizar usuário e senha para entrar em sites? Sim, eu sei que isso não é algo seguro de se usar, mas para sites que não seja de serviços financeiros ou contenham informações pessoais, não vejo maiores problemas em usar essa ferramenta. É prático, oras...


Bem... eu posso até não ver problemas, mas o Firefox vê. Simplesmente não tenho como fazer isso. A opção está desabilitada, naquele temível tom cinza que te impede de clickar na coisa.
Vasculhei help, pedi ajuda, nada. Entrei até nas configurações internas no Firefox, depois de passar por uma temerosa mensagem de aviso de que você pode até derreter geleiras se fizer algo errado, e qual não foi minha surpresa ao constatar que internamente o navegador acha que a opção está habilitada.
Vai entender...
Daí concluímos que informática e veterinária tem enorme proximidade. O computador, assim como o cachorro, apresenta problemas. Ele não te fala o que realmente tem, nada faz ele melhorar e ainda por cima ele pode te morder. Mentalmente, no caso do computador. E vez por outra, precisamos realizar uma eutanásia.


Sim, isto é uma ameaça.


terça-feira, 11 de março de 2014

O Imbecil do Dia

O Imbecil do dia é Alex Dotti, vereador pelo PMDB em Antônio Prado (RS).
O caso ganhou alguma repercussão, mas vamos resumir. Esta anta pediu a exoneração da funcionária Renata Ghiggi por ela ser atéia. E não estamos no século XIV, é no XXI mesmo. Acabou de acontecer. Até o Leonardo Sakamoto mencionou o caso em seu visitadíssimo blog.



Bem... por onde eu começo a explicar... Ah, sim.
Para começo de conversa, é fato sabido que deus não existe. Os teístas que por ventura lerem isso podem espernear a vontade e fodam-se se ficaram ofendidos. Mas já passou da hora de falar abertamente que nenhuma divindade de nenhuma religião jamais se deu ao trabalho de oferecer provas, por mais ínfimas que fossem, de suas respectivas existências. Fosse o caso de uma só religião no planeta, teríamos a possibilidade de um incidente isolado. Mas com mais de 60 mil deuses catalogados pelos 5 continentes, já podemos afirmar de peito aberto que tudo não passa de uma ilusão coletiva. Este é o primeiro ponto. (Quem quiser comentar concordando ou discordando (argh !!) fique a vontade, mas postagens ofensivas serão deletadas sem aviso).

Uma vertente menos radical e mais numerosa vai argumentar que o cretino vereador tem o direito às crenças dele. Verdade: ele pode acreditar em deus, no Papai Noel, no Coelhinho da Páscoa e na honestidade do Lula se quiser. Todos temos o inalienável direito de sermos trouxas e eu sempre gritei por esse direito. O problema é usar esse direito como bancada para impor seu modo de "pensar" aos outros ou, no caso, de punir quem é diferente dele. 
Vamos mudar a notícia e o leitor vai entender com mais facilidade:

Vereador pede exoneração de funcionária por ela ser corinthiana.
Vereador pede exoneração de funcionária por ela ser lésbica.
Vereador pede exoneração de funcionária por ela ser negra.
Vereador pede exoneração de funcionária por ela gostar de pepsi. (lembrando apenas que o RS a Pepsi vende mais que a Coca)
Vereador pede exoneração de funcionária por ela usar bolsa Prada que não combina com o sapato.

Percebem que, na verdade, não faz a menor diferença o motivo do pedido de exoneração? O fato é que esse estúpido está revoltado por ela ser diferente dele. A diferença é religiosa, mas poderia ser esportiva, sexual, étnica ou de gosto. Aqui fechamos o segundo ponto.

Mas o mais grave de tudo é o onde e como aconteceu. O babaca do vereador pode até ter sua base em votação por motivos religiosos (sejamos francos aqui: motivos religiosos = evangélico). É uma aberração da suposta democracia brasileira, mas está nas regras. Aceito. Isso não lhe dá o direito de rasgar a constituição e usar um cargo que deveria defender os princípios da democracia e tolerância para corrompê-los. Ele acusa a moça de "falar aos quatro ventos que é atéia" e faz o mesmo ao se dizer religioso. Sequer nota o papel ridículo que faz perante à lógica. Este é o terceiro ponto, que coroa sua participação neste blog.

E depois as pessoas me perguntam qual é a relevância de existirem entidades de ateus. Ainda preciso explicar?


segunda-feira, 10 de março de 2014

Cálculos Irracionais

Amigo leitor, um pouco de números. E se você esperou pelo i, aquele que é resultado da raiz quadrada de -1, esqueça: você está imaginando coisas (tum-dum, tsssss). Farei contas apenas com números inteiros. Ocorre que me deparei com uma postagem do Blog Física na Veia sobre o cálculo da data dos feriados católicos. Segue link
O cálculo da data desse feriado é uma das coisas mais sensacionalmente estúpidas que tenho notícia no nosso cotidiano. A regra é até fácil de escrever: o domingo de páscoa acontece no primeiro domingo após a primeira Lua cheia depois de 21 de marçoEntão, quanto mais perto de 21 de março houver uma Lua Cheia, mas "para frente" fica a Páscoa. 
Sensacional, não ? Misturar o calendário solar com o lunar só pode dar besteira. Fica mais divertido ainda se você procurar entender o calendário judaico, que sequer tem 365 dias...
Compilei o algoritmo no Excel. Segue o resultado:

a 2014
c = a / 100 20
n = a - [19 * (a/19)] 0
k = (c - 17) / 25 0
i = c - c/4 - [ (c-k)/3 ] + 19*n +15 24
ii = i - [30 * (i / 30) ] 24
iii = ii - { (ii/28) * 1 - [ii/28]} * [29/( ii +1)]*[(21-n)/11]} 24
j = a + a/4 + iii + 2 - c + c/4 2528
jj = j - [7*(j/7)] 1
l = iii - jj 23
m = 3 + [(l + 40) / 44] 4
d = l + 28 - [31*(m/4)] 20
20 de abril

Estou até agora tentando entender o que diabos esses números fazem. O tal c é o século menos 1. n é uma sequência de 1 a 19, cíclica. k é um corretor que só é ativado no ano 4200 e pelo que sei tem a ver com uma falha do calendário gregoriano que vai demorar até lá para causar problemas. Não faço ideia do que seja i, mas ii é o resto da divisão de i por 30. j tem a ver com anos bissextos e jj com dia da semana. 
O mais sensacional foi a correção de ii para iii: até onde entendi, isso nunca faz nada. Por se tratarem de números inteiros, ii só é "ativado" acima de 27, mas quando ii/28 torna-se 1, (1 - ii/28) torna-se zero e um multiplica o outro. Sei lá, devo ser burro.
Do ponto de vista prático, o leitor pode se divertir com os links a seguir:

- Calculadora pronta: aqui.
- Wikipedia, com códigos fonte para Excel e C: aqui.

E tudo isso para comer um ovo de chocolate trazido por um coelho (que até onde sei é mamífero e não põe ovos) para celebrar a nunca comprovada ressurreição do alegado filho de um deus que nem existe.
Sem dúvida, é meu post mais sem objetivo neste blog...

domingo, 9 de março de 2014

O Imbecil do Dia

E o Imbecil do Dia é... Sandra Rosado, deputada federal pelo PSB-RN. Segue link
O que me espanta não é tanto o objetivo da lei, que até faz algum sentido, embora as pessoas pareçam esquecer que a escravidão no Brasil acabou há mais de 125 anos e qualquer um pode mudar de emprego quando quiser. O que me espanta é essa tchonga colocar isso por escrito, algo tão completamente subjetivo como "vestimenta sexy". Ou seja, essa porcaria, se aprovada, só servirá para tumultuar as varas trabalhistas com mais um tipo de mimimi.

sábado, 8 de março de 2014

sexta-feira, 7 de março de 2014

Onde os fracos não tem vez

Título chamativo e tendencioso, admito logo na primeira linha. Mas chegarei ao ponto eventualmente. Chamou a minha atenção matéria no UOL / Folha de São Paulo sobre a festa do cantor/produtor/agente/personalidade Latino. Segue link. Ao contrário deste post, o título da matéria é muito bom e resume o problema muito bem: Latino pode ser multado em R$ 37mil por bloquear sinal de celular em sua festa. Não estou insinuando que Latino seja um pobre e oprimido, apenas peço paciência para me explicar. Mas tudo a seu tempo.




Falando em tempo, isso é uma medida do nosso tempo. O sujeito vai gastar 7 dígitos no casamento. Ok, problema dele. Daí vai pedir para que as pessoas não usem celulares durante a festa, que deverão ser deixados na chapelaria da mesma. Um tanto impositivo, não? cantor/produtor/agente/personalidade justifica, dizendo que alguns convidados se excedem nas festas e fotos podem ser publicadas para arrependimento geral posterior. Arrependimento de quem postou ou de quem foi postado? Ambos, creio.
Isso mostra a conjugação de falta de noção ao beber, falta de noção ao conectar, sinal de internet onipresente e paternalismo por parte do dono da festa. Sim, amigo leitor, o brasileiro é paternalista pacas: protege demais e é protegido demais. Talvez isso explique, ao menos em parte, a infantilidade das pessoas hoje em dia.


A Anatel intervém: não é permitido esse tipo de expediente. Promete multar o responsável em 5 dígitos. O mesmo responsável que gastará 7 na festa e pode, financeiramente, se lixar para isso.
Para começo de conversa, eu queria bloqueadores de celular em cinemas e teatros. E quero agora. Já que a falta de educação é generalizada, que a tecnologia me ajude. Não pode, diz a agência. Até entendo a não-podância, na medida em que um sujeito não deveria ter o direito de fazer isso arbitrariamente, e pode afetar a vida de quem está no entorno da festa sem dela participar.
Mas onde está a Anatel para punir as operadoras de TV a Cabo pelas vendas casadas? Cadê o sinal 4G no país inteiro, e não apenas em 12 específicos estádios de futebol? Cadê a TV Digital com multi-programação?
Na hora de enfrentar as corporações, a Anatel mostra a coragem de um chiuaua acuado, não? Neste contexto, sim, Latino é o fraco que está sendo ameaçado e pode ser punido, não sem razão, quando gente grande faz coisa muito pior.