terça-feira, 31 de maio de 2022

Egito - Segundo Post Intermediário

Fazendo outra pausa na narração e descrição da viagem, estou aqui separando um tempo para tentar condensar as coisas negativas que eu vi no Egito. Como no anterior, peço ao amigo leitor que visite o post depois de alguns dias de publicado, pois posso lembrar de alguma coisa e adicionar aqui.

Então vamos lá: coisas negativas que eu vi no Egito.

- Negociação para tudo. Raras exceções, é preciso negociar cada preço de cada item comprado. Isso não se aplica a água e comida, mas a todo o resto. Cada lembrancinha tinha o preço negociado, e a primeira oferta vinha sempre em valores estratosféricos. Sim, isso cansa e ofende, a ponto de termos perdido o interesse em comprar qualquer coisa que fosse. 

- Propina para quase tudo. Eles querem propina para tudo: tirar uma foto, entrar em uma área fechada ou até usar o banheiro. O tempo todo é isso. Vindo de um país que passou (e passa) por uma revisão de conceitos exatamente sobre isso, é bem desagradável esse tipo de comportamento.

- Lixo. Há lixo por toda parte, mesmo nos poucos locais com lixeiras. Ninguém se importa muito com isso e todo o cenário fica feio. Não estou falando apenas de ruas e calçadas, mas mesmo nos sítios visitados pode-se encontrar sacos, embalagem de comida, garrafas... tudo. 

- Trânsito no Cairo. A cidade do Cairo tem um trânsito péssimo, e isso é o comentário de um paulistano. Em diversos trechos, notava-se pelo Google Maps que era mais rápido ir a pé até o destino. Mesmo fora dos horários de pico, mesmo em finais de semana.

- Clima. O Egito é quente e seco. Isso não foi qualquer surpresa, mesmo eu dizendo muito quente e muito seco. Mesmo bebendo volumes inenarráveis de água, o corpo sente muito o impacto. Foram vários dias com temperatura acima de 40oC e a umidade jamais passou de 12%.

- Água Suspeita. Desde o primeiro dia, e ao longo da viagem, sempre fomos informados de que a água encanada é boa o suficiente para o banho, mas não para beber ou mesmo escovar os dentes. Isso nos obrigou a consumir volumes incríveis de água mineral e cortar as saladas cruas da alimentação.

- Motoristas Alucinados. Isso não foi apenas no Cairo, mas no país todo. A total falta de consideração pelas mais básicas normas de trânsito é onipresente e pavorosa. Sinal vermelho, mão de direção e faixa de rolamento "são coisas para outros", pensam todos eles. É frequente o uso de contra-mão, ultrapassagem em locais proibidos (e perigosos) e estacionar em fila dupla ou até tripla. Ninguém usa cinto de segurança e não vi um único capacete no país todo, por mais de um mês de procura. 
Ah sim ! Pedestre não vem prioridade não. Faça-se corajoso para poder atravessar ruas ou avenidas de 7 pistas. Boa sorte e tenha um bom seguro de viagem.

- Religião. Egito é um país muçulmano. As regras dessa religião, para quem tem um pingo de moderação, valem apenas para os seguidores. Sabemos que regimes controlados por fanáticos torturam e matam pessoas que não seguem essas regras arbitrárias, mas não é o caso do Egito... Até você estar lá. 
O turista não é obrigado a seguir as normas do islã... Mas no Ramadã as atividades fecham 1h mais cedo e azar o seu.
O turista não é obrigado a seguir as normas do islã.. Mas o McDonald´s não quis me servir um simples cheeseburguer, tinha que ser sem queijo.
O turista não é obrigado a seguir as normas do islã.. Mas não existe bacon em nenhum lugar do país, muito embora seja bem fácil tomar cerveja.
Isso sem falar em mulheres usando burca preta de corpo inteiro com a temperatura ambiente na casa dos 40oC.
Sim: isso incomoda pacas.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Egito - Dia 09 - Vale dos Reis

"- Tá, cara. Beleza. A gente entende que é muito f***. Mas não tem como seguir nesse nível."

Amigo, você pelo menos leu o título do texto de hoje? Então...

Seguimos até a entrada do vale dos Reis, onde Dr. Safwat já tinha um plano montando, ainda que sujeito às condições do dia. A entrada era um pouco caótica, com poucas bilheterias. O próprio local não era tão simples de ser visitado, pois há um conjunto de grande de tumbas básicas, sendo possível visitar 3 delas, e as tumbas especiais, com ingressos à parte. Essa lista não fica exposta de forma clara, e mesmo as tumbas básicas vão sofrendo alterações no que está disponível. Tudo isso exige que o turista pergunte ao bilheteiro no momento da compra. E não é nada que um flipchart não pudesse ter resolvido...

De posse dos ingressos, passamos pelo centro de visitantes, onde uma maquete em acrílico, para mostrar a profundidade e formato das tumbas, chamava a atenção. Pegamos então um carrinho que economizava uns 5 minutos de caminhada e estávamos na parte central do vale. Iniciamos, então, as visitas:

Meremptah (KV08). A tumba deste faraó da 19a dinastia não está tão bem preservada assim, embora o sarcófago e um tipo de "cabana" onde ele ficava originalmente sejam belíssimos de ver. As 8 colunas atualmente exercem apenas a função estrutural, mas pode-se imaginar o lugar em seu pleno esplendor no passado distante. 

Foto: tumba de Meremptah, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.

Ramsés V e Ramsés VI (KV09). Dado meu desconhecimento sobre esta tumba, preciso dizer que impacto foi enorme. Eu não sabia que a preservação era tão boa, nem do grau de detalhe das gravuras em toda esta tumba, inclusive o teto. Todos os corredores e salas vão juntando as homenagens e respeitos aos deus e aos variados livros religiosos (não apenas ao Livros dos Mortos).


Fotos: tumba de Ramsés V e Ramsés VI, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022. 

Seti I (KV17). A tumba de Seti I é uma das que tem pagamento à parte. Neste caso, foram 1000 libras egípcias (250 reais aproximadamente), que já sabíamos ser necessários e já sabíamos que íamos gostar de visitar. Mas não tínhamos a menor ideia... 

A tumba não apenas é enorme, mas tem diversos corredores e câmaras. A decoração é finíssima, toda em alto relevo e pintada em grande precisão de detalhes. As cores e os acabamentos são os mais bem preservados de todo Vale dos Reis. Visita obrigatória.


Fotos: tumba de Seti I, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.

Tutanhkamun (KV62). Outra tumba paga a parte (100 libra egípcias = 25 reais), é um passeio absolutamente obrigatório e sem graça. Isso mesmo. Sem graça por ser pequena, apertada, lotada e com decoração muito simples para os padrões do Vale dos Reis, talvez reflexo do fato dele ter tido um reinado curto e ter sido assassinado muito jovem. Obrigatória pela fama da história da descoberta, pela quantidade de tesouros que lá havia e toda a mística que envolve um nome que, normalmente, seria mero rodapé de página na história egípcia. 



Fotos: tumba de Tausert e Setnakhte, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.

Tausert e Setnakhte (KV14). Depois do impacto de Seti I, era complicado continuar o passeio. Mas era o dia para isso. Uma breve caminhada nos levou a esta que é uma das mais longas tumbas do Vale dos Reis. Temos aqui a curiosidade de serem duas tumbas, por originalmente ter sido feita para Tausert (mulher) e depois expandida para Setnakhte (homem). 


Fotos: tumba de Tausert e Setnakhte, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.

Ramsés I (KV16). O uso de uma cor de fundo alternativa, esse cinza-meio-azulado visível na foto abaixo permite o uso do branco na pintura das roupas. Eu não notei isso antes deste momento, e foi o que me chamou a atenção nesta tumba.


Fotos: tumba de Ramsés I, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.

Neste momento do dia, havíamos terminado o Vale dos Reis, embora meu ingresso geral estivesse com apenas duas das três marcas feitas. Em tese, eu poderia entrar em mais alguma das tumbas regulares. Porém, Dr. Safwat havia prometido uma surpresa e eu não quis tumultuar o plano dele. Fiz bem.

Ay (WV23). Ay foi o sucessor de Tutanhkamum, governando por apenas 2 anos. Foi realmente um período turbulento. A tumba guarda muitas semelhanças com a de seu antecessor, sendo teoria de alguns que esta deveria ser a dele. 

Foto: tumba de Ay, Vale dos Reis, Luxor, Egito, 2022.

O dia ainda reservaria algumas aventuras, no entanto. Foi quando iniciamos, de fato, o Cruzeiro pelo Nilo, do qual falarei no próximo post

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Egito - Dia 08 - Vale das Rainhas

A fase de Luxor da viagem foi, sem dúvida, a mais impressionante. Encaixamos uma quantidade assombrosa, mesmo para nossos elevados padrões, de passeios inesquecíveis. Siga acompanhando, amigo leitor...

Este foi um dia para acordar cedo. Para que o amigo tenha ideia, a primeira foto foi tirada às 4h33, já a caminho para o famoso passeio de balão. Tudo foi acertado na véspera, com forte influência de nosso guia, Dr. Safwat. Pesquisando posteriormente, descobrimos que não pagamos um bom preço não, e não era questão de antecedência. Falhamos nisso. 

Voar de balão se mostrou muito seguro e tranquilo na minha visão. Levei agasalho para passear, pois a temperatura local é eternamente elevada. Decolagem e pouso se mostraram bem tranquilos, assim como nosso condutor, sempre brincalhão e bem humorado. 

O passeio consiste em voar sobre monumentos e sítios na margem oeste do Nilo. Muita coisa vista por baixo na véspera foi vista por cima nesse passeio: Habu, Ramesseum, Colossos de Memnon... 




Fotos: vistas áreas da margem oeste do Nilo, Egito, 2022.

O segundo passeio do dia era o Vale das Rainhas. Apesar do nome, não são apenas rainhas, no sentido de alguma esposa relevante de um faraó, que estão sepultadas ali, mas também príncipes e até alguns nobres. Não é um assunto, assim, direto e reto. Novamente, estava previstas 3 visitas, mas fizemos as seguintes 5:

Nefertari (QV-66). Esposa preferida (de um total de 24) de Ramsés II, não há dúvida de que ela recebeu uma tumba a altura de seu faraó. De certo modo, foi até errado começar a visita por ela, tamanho o impacto visual que nos causou. Tetos, paredes e colunas são ricamente ornamentados, com inscrições em alto relevo e pintura. A preservação está excelente, sendo possível apreciar toda a qualidade do trabalho feito há mais de 3.200 anos. 



Fotos: tumba de Nefertiti, Vale das Rainhas, Luxor, Egito, 2022.

Amen Khopshef (QV=55). Príncipe, filho de Ramsés II, morreu muito jovem, antes de completar 15 anos. O estilo é similar à de Nefertiti (acima), mas as cores são mais claras e há mais uso de branco como fundo, tornando a visualização mais fácil. A preservação ainda é muito boa, mas fica um patamar abaixo.



Fotos: tumba de Amen Khopshef, Vale das Rainhas, Luxor, Egito, 2022.

Titi (QV-52). Irmã e esposa de Ramsés III, possivelmente mãe de Ramsés IV. Não julguem. A tumba não guarda tão boa conservação quanto as anteriores, com as cores já apagadas pelo tempo. As referências aos 4 filhos de Hórus são bem claras, no entanto.


Foto: tumba de Titi, Vale das Rainhas, Luxor, Egito, 2022.

Kha Em Wast (QV-44). Mais um filho de Ramsés III, temos uma tumba com mais referências ao faraó do que ao próprio filho ali sepultado. Bastante uso de amarelo como cor de fundo marca a decoração.


Foto: tumba de Kha Em Wast, Vale das Rainhas, Luxor, Egito, 2022.

Pashedu (QV-03).


Foto: tumba de Pashedu, Vale das Rainhas, Luxor, Egito, 2022.

Calma, gente. Ainda são 11h15 da manhã neste ponto da narração. Ainda tinha coisa para ver e fazer.

Estávamos prontos para pular o almoço quando chegamos em um local onde artesãos fazem trabalhos em pedra e alabastro à moda antiga. Aqui ficam dois sentimentos conflitantes. Por um lado, fomos incrivelmente bem recebidos, com muitos sorrisos, água e comida. Por outro, eu não conseguia me entender bem com as ofertas artesanatos de supostamente qualidade superior. Não consegui separar coisas incríveis das nem tanto assim, e havia uma pressão social por compramos algo, dado que havíamos sido tão bem recebidos. Por mais que se falasse "sem compromisso", foi uma pressão desagradável pela qual eu gostaria de não ter passado. 

O passeio primetime do dia era o próximo, por incrível que pareça: Templo de Hat Shep Sut. Quem conhece o nome, já entendeu porque essa era a principal atração do dia. Antes de mais nada, explica-se que Hat Shep Sut era filha de Tutmés I, irmã e esposa de Tutmés II e mãe de Tutmés III. Mas o que pareceu uma linha sucessória masculina e simples teve um período de 22 anos com ela no poder, depois da morte do esposo e antes de passar o trono para o filho. E isso era uma situação altamente irregular para os padrões egípcios. E não é que ela governou como regente, fez questão de ser vista e reconhecida como faraó.

Tanto que, ao querer construir uma tumba para si no Vale dos Reis, os sacerdotes finalmente surtaram com ela e a obrigaram a construir no Vale das Rainhas. Não se dando por vencida, Hat Shep Sut construiu então um enorme templo no Vale das Rainha, no lado em que apontava para o Vale dos Reis, do outro lado da cadeia montanhosa. E fez uma túnel tão profundo para colocar seu próprio sarcófago que ele acabou ficando, tecnicamente, do outro lado da montanha, já no Vale dos Reis, por mais que o acesso não seja por ali.

O templo em si é um deslumbre por si só, com toda a sorte de imagens e oferendas aos deuses. A conservação não era das mais incríveis, mas é um lugar fenomenal de se visitar.



Fotos: Templo de Hat Shep Sut, Vale das Rainhas, Luxor, Egito, 2022.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Egito - Dia 07 - Vale dos Nobres e Ramesseum

O dia começa com um passeio que tem mais nome do que resultado: Colosso de Memnon. Apesar do nome pomposo, são duas estátuas razoavelmente danificadas, instaladas lado a lado. Já tinha visto maiores e melhores sem a alcunha de "colosso". Devo anotar aqui que, não mais do que 500m depois há um sítio arqueológico em estudos. Estima-se cerca de 24 estátuas similares em processo de remontagem. Dentro de 3 a 5 anos, esse local estará bem mais interessante. 

Seguimos então para o Vale dos Nobres, visitar o que fosse possível por lá. E havia bastante coisa interessante. Das 3 tumbas previstas, visitamos as seguintes 4:

Rekhmire (TT 100). Vizir e governador de Tebas, nos reinados de Thutmose III e Amenhotep II. Cenas da vida cotidiana de um nobre (não de cidadão comum) percorrem toda a tumba. As cores estão primorosamente preservadas. Observem a girafa na primeira imagem abaixo.


Fotos: Tumba de Rekhmire, Vale dos Nobres, Luxor, Egito, 2022.

Sennefer (TT-96). Governador de Tebas no reinado de Amenhotep II. A tumba tem um grau de conservação absurdo. O teto, com variados padrões de decoração, parecia ter sido pintado na semana anterior. No fundo, uma sala maior com 4 colunas mostram cenas religiosas diversas. Um encanto de lugar, realmente surpreendente.


Fotos: Tumba de Sennefer, Vale dos Nobres, Luxor, Egito, 2022.

Menna (TT-69). Outra bela mesclagem de imagens da vida cotidiana e da vida religiosa em um só lugar. Novamente, cores muito bem preservadas.

Foto: Tumba de Menna, Vale dos Nobres, Luxor, Egito, 2022.

Amenemopet (TT-41). O estilo desta tumba era diferente. As pinturas deram lugar a gravuras em baixo relevo, mostrando boa condição financeira de quem foi ali sepultado. No caso, era o filho de um nobre e juiz local. 

Foto: Tumba de Amenemopet, Vale dos Nobres, Luxor, Egito, 2022.

Estão curtindo? Calma, que mal passamos das 10h da manhã...

Rammesseum foi uma das muitas obras de Ramsés II. Convenhamos, o cara ficou no poder por 67 anos (alguns dizem que foram "apenas" 61), então houve tempo de sobra para esse tipo de construção. Segundo estudiosos, o projeto deveria ser um mausoléu, mas acabou não sendo utilizado para essa finalidade.

O templo tem uma estátua quebrada de Ramsés II e toda sorte de colunas e paredes decoradas. A inescapável batalha de Kadesh está ricamente representada. A parte superior do corredor apresenta uma estranha conformação que a torna incrivelmente mais fresca que o entorno, pela conformação de paredes que traz ali um vento refrescante. 


Fotos: Ramesseum, Luxor, Egito, 2022.

Calma, amigo leitor. Ainda tem mais um passeio.

O Templo de Habu é principalmente um templo de Ramsés III. Com mais de 150m de comprimento, todo seu interior é decorado com cenas históricas e religiosas. As inscrições em baixo relevo foram pensadas para serem vistas de longe. Quanto mais elevadas, maior suas profundidades, podendo chegar a 20cm para permitir melhor contraste com a luz. 

Templos menores de Horemheb e Ay ainda complementam o local. 



Fotos: Templo de Habu, Luxor, Egito, 2022.

Almoça, descansa um pouco, e ainda tem coisa para fazer. 

O Show de Som e Luzes em Karnak, assim como o anterior em Gizé, não é grande coisa em si. Chega a ser desorganizado em sua entrada, pois o público vai sendo conduzido por um caminho principal e parando em alguns pontos pré-determinados. Ninguém sabe exatamente para onde olhar e o som não é claro para entendermos a narração.

Ao chegarmos à arquibancada, próxima ao lago, melhora um pouco. Temos boas imagens e outro resumão da história antiga local.


Fotos: Show de Som e Luzes em Karnak, Luxor, Egito, 2022.

Perdoem o post longo, mas foi um dia bem cheio.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Egito - Primeiro Post Intermediário

Fazendo uma pausa na narração e descrição da viagem, estou aqui separando um tempo para tentar condensar as coisas bacanas que eu vi no Egito. Peço ao amigo leitor que visite o post depois de alguns dias de publicado, pois posso lembrar de alguma coisa e adicionar aqui.

Então vamos a elas: coisas bacanas no Egito.

- Preços. Falarei do processo de negociação em outro momento mais oportuno, mas o Egito é, essencialmente, barato. Comida, roupa, combustível... É tudo barato pacas. Não precisa ter medo de converter a moeda local (cerca de 1/4 valor do Real Brasileiro durante minha viagem).

- Câmbio. É muito fácil fazer câmbio no Egito. Mesmo o pior cenário, que é entrar em uma agência bancária, é um processo rápido, simples e altamente disponível. Mas a opção mais prática, embora um pouco mais cara, é simplesmente trocar cédulas de dólar ou euro em caixas eletrônicos. Tão simples quanto isso.

- Simpatia. De modo geral, achei os egípcios muito simpáticos e amigáveis. Tínhamos cara óbvia de turista, e isso chamava a atenção em alguns lugares, a ponto de virarmos sub celebridades em alguns lugares, com pessoas (principalmente crianças) pedindo para tirar fotos conosco.

- Comunidade. Os egípcios mantém um senso de comunidade quase anacrônico. Ajudam-se prontamente na necessidade. Cito exemplos. Há bicas, algumas delas com canecas presas, para qualquer pessoa tomar água no calor escaldante local. Isso vai conferir a ele nenhum prêmio de saúde pública, mas ajuda a lidar com a questão mais imediata: sede. Também observei o mecanismo de doação de água e alimentos ao final do horário de jejum (era Ramadã o mês todo). Achei bonito o fato deles jejuarem individualmente, mas quebrarem o jejum de modo coletivo e unido. Interessante notar que quanto mais pobre a região, mais intenso era o fenômeno da caridade alimentar.

- Idioma Inglês. Todo mundo arranha um inglês por lá. Alguns bem mais do que arranham. Fui atendido em inglês bem tranquilo em dezenas de situações, desde lojinhas até lanchonetes.

- Obras. O Egito está em obras de infraestrutura por todo lado. Estradas, pontes, linha de metrô, novos museus, canais de irrigação, conjuntos habitacionais e até uma nova capital estão em obras. E nada disso me pareceu meramente ornamental.

Egito - Dia 06 - Karnak e Templo de Luxor

Já deu pra ver pelo título, né ?

A descrição básica é a mesma, mas dois locais diferentes, separados por não mais do que 3km. Tanto Karnak quanto o Templo de Luxor são complexos de templos construídos ao longo de séculos e fazendo referências a diversos deuses e faraós. Ambos foram construídos de dentro para fora (difícil seria o oposto), então à medida em que vamos caminhando para dentro, as construções vão ficando mais antigas.

Ambos possuem construções dedicadas a variados deuses (Hórus, Isis, Osiris, Mut.. a turma toda). Ambos possuem marcações dos faraós que construíram ou expandiram alguma estrutura. Ambos narram os faraós como caras incríveis, que venceram batalhas e faziam oferendas magistrais aos deuses. 

Ambos sofreram com a passagem do tempo. Possuem estruturas colapsadas e uma quantidade absurda de blocos de pedra (entre 3 e 4 milhões em cada local) estão sendo estudadas para remontagem gradual. É o maior Lego do mundo, sem a caixa de instruções...

Então qual é a diferença?

Na descrição, realmente nenhuma. Mas são construções diferentes e visitamos as duas.

Karnak me pareceu mais amplo, aberto. Há um certo destaque para os obeliscos, o maior deles da faraó Hatshepsut, que fez questão que fosse o maior de todos. Imagino o que Freud teria a dizer sobre isso.





fotos: Karnak, Luxor, Egito, 2022

Luxor foi visitado ao final da tarde, início da noite. Isso tornou a experiência muito melhor, pela temperatura mais amena e possibilidade de ver o local com dois tipos de iluminação. Sem dúvida, uma opção que deveria ser analisada para outros locais. 

Luxor é mais compacto e me pareceu mais detalhadamente decorado. Pode ser impressão causada pela luz ou pelas melhores condições climáticas. 





fotos: Karnak, Luxor, Egito, 2022

Conclusão... Karnak ou Templo de Luxor ?

Sim !


quarta-feira, 18 de maio de 2022

Egito - Dia 05 - Abydos e Dendera

Amigo leitor, a esta altura a viagem estava a todo vapor. Já estávamos acostumados com nosso guia, já tínhamos entendido o ritmo dos passeios e o calor escaldante já deixado claro que não ia nos dar trégua. Mesmo outras questões, das quais falarei em outros posts, já eram cotidianas.

Começamos por Abydos, talvez a mais antigas das capitais egípcias. Abydos teve fases de maior e menor importância ao longo da história, mas acaba sendo um local de visita obrigatória, em particular pelo templo de Seti I.

O acabamento delicado em alto-relevo encanta os olhos. Cores foram preservadas em diversas partes da decoração. Aqui, cunhei o termo "barroco egípcio", pela incapacidade deles em deixar um pedacinho de parede que seja sem atenção. Um dos destaques foi um corredor onde as duas paredes tinham nomes de todos os faraós em ordem. Como havia nomes posteriores a Seti I, sabe-se que o templo foi construído pensando-se as futuras adições de nomes. Este templo é um bom exemplo do politeísmo egípcio, com referências variadas a diversas divindades.


Fotos: Templo de Seti I, Abydos, Egito, 2022.

De lá, seguimos para Dendera. Embora o local também tenha uma basílica copta em ruínas e um templo romano, sem dúvida do Templo de Dendera, basicamente dedicado a Hator, é atração principal ali. "Basicamente", pois nenhum templo egípcio é exclusivo.

O padrão de construção começou a ficar claro para mim neste templo. É uma entrada com colunas simetricamente dispostas, seguidas de um corpo mais estreito e mais longo. Um altar principal fica no centro desse átrio, mas salas menores o cercam com aspectos particulares a serem homenageados. Se o amigo leitor já esteve em uma catedral europeia, o formato é essencialmente o mesmo. 

A decoração, não. Novamente, relevos e pinturas recobrem todas as paredes. Há um curioso zodíaco no teto do lado direito da entrada. Há também uma cripta um pouco difícil de visitar, mas bem interessante. 



Fotos: Templo de Dendera, Dendera, Egito, 2022.

O Templo de Dendera recebeu sua cota de amor cristão, com diversas imagens a até 3m de altura com rostos (ou mesmo corpos inteiros) desfigurados por formões. 

Voltamos então para o hotel, fazendo um almoço bem tardio e bem saboroso no caminho.

terça-feira, 17 de maio de 2022

Egito - Dia 04 - Amarna e Tuna El-Gebel

Não era perto, nem um pouco.

Inclusive, ao olhar o mapa, ficava mais perto do Cairo do que de Luxor. Isso nos fez questionar por que estávamos em Luxor para ir até a região de Minya. Teria sido mais inteligente usar transporte terrestre de Cairo até Mynia, ficado por lá uma noite e então seguir terrestre para Luxor. O deslocamento total seria menor, economizaríamos tempo e uma passagem aérea. Sim, erramos.

Mas, prossigamos.

Beni Hasan tem a necrópole de Amarna. Éum cemitério de nobres do Antigo Egito. Fala-se que podem chegar aos milhares. No nosso caso, visitamos: 

- Tumba Real.  Era bem distinta das demais justamente por ser um cemitério de nobres e não de reis. Especula-se se não poderia ter sido originalmente pensada para Akhenaton. 

Foto: Tumba Real, Amarna, Egito, 2022.

- Meryre. Sacerdote principal do culto a Aton, no reinado de Akhenaton. Muitas cenas cotidianas e religiosas mescladas.

Foto: Tumba de Meryre, Amarna, Egito, 2022.

- Ahmes. Escriba, também no reinado de Akhenaton. Muitas gravuras sobre o trabalho diário.

- PenthuEscriba, também no reinado de Akhenaton. Tumba que foi usada posteriormente por cristãos nômades como casa.

O segundo passeio do dia foi Tuna El-Gebel, outra necrópole bem mais recente. A influência grega nas gravuras é bem nítida, pois estamos falando de construções do século IV aC.

O destaque aqui a tumba de Petosiris, alto sacerdote de Toth, A tumba é deslumbrante, com gravuras em alto-relevo finíssimas e ainda conservando pinturas originais. 

Foto: Tumba de Meryre, Amarna, Egito, 2022.

A área ainda tinha a tumba, e sua respectiva múmia, de Izidora. É o caso local da moça que morreu de amor, história incrivelmente comum nas mais diversas culturas (Inês, Julieta...). A tumba em si era bonita, mas foi ofuscada pela anterior. 

De lá, seguimos para um barco ancorado (Nile Story) que seria nossa hospedagem naquela noite.






segunda-feira, 16 de maio de 2022

Egito - Dia 03 - Museus em Luxor

O terceiro dia de viagem iniciou-se com pouco sono e mais um voo. Desta vez, era interno. Pegamos um voo para Luxor, que seria nossa base para visitarmos o Alto Egito. Empacotamos tudo (na verdade, somos espertos o suficiente para não tirar nada essencial da mala) e seguimos realmente cedo para o aeroporto. Desnecessariamente cedo. Tipo 3h manhã cedo. 

O ponto é que precisávamos viajar com apenas uma mala cada. Com isso, decidimos deixar as malas secundárias para traz, já no hotel onde ficaríamos na passagem seguinte pelo Cairo. Nosso receptivo foi muito conservador no cálculo de tempo e o resultado foi esperar mais de 90min pela abertura dos balcões de check in no aeroporto. Cansaço a parte, tudo correu bem.

Na outra ponta, um novo receptivo, ainda mais simpático, nos acolheu e levou ao hotel. Cuidou de todo nosso processo de check in lá também. Isso traz à tona um ponto que já havia nos cutucado antes: é muito fácil se acostumar a ter alguém cuidando das tuas pendências. Entrega-se o passaporte na mão do profissional e ele cuida do resto. Tem custo, claro. Mas tem resultado também.

Em minutos tudo estava em ordem e seguimos para encontrar nosso guia. Dr. Safwat Gabr iria nos acompanhar pelos próximos 12 dias. E o encontro foi feito ao lado da avenida das esfinges, um passeio aberto que liga os tempos de Luxor e Karnak. Ponto de encontro altamente adequado. Falarei dentro de alguns dias...

O primeiro passeio foi pelo Museu de Luxor. Havia material bastante diverso ali, com destaque para um setor inteiro sobre Akhenaton. Também chamado de Amenhontep IV, este cidadão simplesmente inventou o monoteísmo. Aproveitou inaugurar uma nova capital e peitar toda classe religiosa existente à época. Não há certeza sobre sua morte, mas assassinato não é uma opção absurda. Quando ao museu, foi meu primeiro contato com muito material de sua época. É muito curiosa a arte desse período e como ele é retratado com um rosto alongado e uma cabeça, digamos assim, atípica. 



fotos: Museu de Luxor, Egito, 2022.

O passeio seguinte foi ao pequeno e funcional Museu da Mumificação. Lá, muito material sobre o processo de mumificação estava muito bem apresentado e explicado. 


foto: Museu da Mumificação, Luxor, Egito, 2022

Não sei se Luxor é ima cidade grande, mas tudo me pareceu perto pacas. Não que eu reclame disso... Logo estávamos em um restaurante para almojantar. E foi ótimo, devo dizer.