quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Cruzado, 27

Completa hoje 27 anos o Plano Cruzado. E como eu não quero falar daquele papa nazista pedófilo safado mentiroso que é o outro tema do dia, preferi tratar de Economia.
Nos anos 80, o Brasil viveu um período de descontrole inflacionário. O período do Milagre Econômico, os anos 70, havia passado sem que um novo modelo de crescimento. Por outro lado, a inflação vinha crescendo ao longo de 10 anos, mas ainda sob controle, recebeu dois choques sérios no mesmo período: as crises do petróleo.
Um dos mais importantes insumos econômicos no período, as duas crises de 73 e 79 contaminaram os preços de todos os artigos de todas as economias do planeta. A média mensal brasileira saltou de 1,1% (73) para 2,4% (74) e de 2,8% (78) para 4,4% (79). Já nos anos 80, a crise de liquidez internacional causada pela moratória mexicana em 82 elevou a inflação mensal de 5,7% (82) para 8,5% (83). Observe-se que os dois interperíodos também não foram o que se pode chamar de exemplar no controle do fenômeno. A inflação também cresceu entre 74 e 78, e entre 80 e 81.
A mudança de governo em 85 trouxe novos ares e novas cobranças. A inflação mensal chegara a 2 dígitos e algo precisava ser feito. Montou-se, então, o tal Plano Cruzado. As medidas principais do mesmo foram:
- congelamento geral de preços e tarifas
- aumento real de 16% no salário-mínimo
- desvalorização da moeda
- desmontagem do sistema de indexação
O congelamento contou com elevado apoio popular e baixo apoio técnico. Como acabou dando errado, e bem errado, mostra-se uma vez mais que o povão adora dar palpite sem entender lhufas de economia.
1986 foi, verdade seja dita, um ano de ouro. A economia cresceu 12%, a inflação foi estancada durante o período do congelamento e surgiu uma coisa nova: um sentimento de participação das pessoas no vida político-econômica. Os fiscais do Sarney se muniram de autoridade moral e cobravam o cumprimento da tabela de preços, às vezes até com alguma violência.
Infelizmente, o plano tinha falhas. E essas falhas foram exploradas ao extremo, fazendo a inflação disparar já em 1987, depois do descongelamento. As principais delas foram desconsiderações relevantes sobre aspectos operacionais particulares de cada mercado. 
Um das falhas foi a venda a prazo. O Plano Cruzado foi criando com base em planos anteriores similares feitos em Israel e na Argentina. Mas em ambos, o processo inflacionário destruíra a venda a prazo, enquanto no Brasil ele ainda era bastante pertinente. Desse modo, eram feitas vendas para recebimento em 30, 60, 90 ou até 180 dias com mecanismos de reajuste variados. Havia compras realizadas com preço já embutindo a inflação futura, por exemplo. Assim, esses preços tinham aumentos já contratados pelos próximos meses. 
A tabela precisava ser rígida, ou a chamada memória inflacionária retornaria. Mas havia falhas inerentes nesse conceito, notadamente a questão da variação dos preços relativos. É natural que os preços dos bens varie entre si ao longo de um ano, mas que no longo prazo se mantenham estáveis. A tabela impedia essa flutuação, gerando distorções graves.
Também não foi analisada a sazonalidade dos mercados. Para citar o exemplo mais sério, as companhias aérea haviam acabado de baixar seus preços visando o período de baixa temporada a começar em março. Foram obrigadas a manter os preços baixos e com isso a situação financeiras delas foi arruinada em poucos anos. Pode-se dizer sem medo de errar que o Plano Cruzado matou VASP, VARIG e Transbrasil, praticamente aniquilando o setor aéreo brasileiro. 
Porém nenhuma dessas falhas, a meu ver, era suficiente para ter matado o plano. Era possível administrar tudo isso com alguma inteligência e paciência. O governo foi intransigente até as eleições em novembro, para afrouxar demais em seguida. A inflação voltou a galope logo em dezembro de 86 (7,3%) e em abril de 87 passava dos 20%. Mais detalhes dos números podem ser vistos aqui. Mesmo a combinação dos fatores descritos acima (ajustes relativos, sazonalidade e compras a prazo que distorceram as tabelas) justificaria tal índice. 
O Plano Cruzado podia dar certo se tivesse adotado, por exemplo, revisões bimestrais da tabela de preços. Haveria enorme barulho por parte de quem não fosse contemplado com os aumentos pedidos, mas era viável. Poderia ser feito um limitador legal de, por exemplo 3% de reajuste, a critério do governo. Isso daria flexibilidade para os preços relativos, evitaria a indexação e salvaria alguns mercados. Depois de um tempo, as revisões passariam a ser trimestrais, quadrimestrais e assim por diante, pois já haveria espaço para preços até baixarem em época de baixa demanda / alta oferta. Os varejistas poderiam ter feito a sua parte, recusando-se a comprar acima das tabelas. Não seria uma medida eterna, todos sabiam disso, mas ajudaria a quebrar o ritmo inercial da inflação. 
Mas nada disso foi feito. E seguiram-se anos tenebrosos até o Plano Real botar a casa em ordem.
Uma pena. Eu acreditei no Cruzado.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Guga e o Técnico do Guga

Amigo leitor, colega de treino, vai mais uma de minhas histórias na TSKF. Esta aconteceu muitos anos atrás, creio que em 2001 ou próximo a isso.
Na época, a TSKF tinha treinos de combate*. Eram duas turmas, uma às 5as-feiras (21h) na Matriz e outra aos sábados (16h) na unidade de Pinheiros (atual Vila Madalena). Eu estava em plena ascensão física, "me achando um monte" na época. Então eu fazia a aula de combate aos sábados e nas de 5a-feira eu ficava fora do treino, mas dentro da sala acompanhando a ginástica com o pessoal em aula.
Em um determinado sábado, o Mestre Gabriel pegou particularmente pesado com a carga física do treino. A primeira série de flexões foi de 100, e nem sei quantas mais fiz depois disso. O mesmo com os abdominais. Os chutes, alguém contou, foram 150 com cada perna. E seguimos com outros exercícios. 
Ao final do treino, o Mestre percebeu o desgaste físico e moral da turma. Estávamos mortos de cansaço e chateados por estarmos mortos de cansaço. Ele então decidiu que era hora de uma das suas preleções, desta vez para elevar o moral da turma cansada. Mandou todos sentarem e falou em tom brando, algo raro na época. A se lembrar que Gustavo "Guga" Kuerten era o grande astro do esporte brasileiro naquele momento.
- Gente, vocês todos sabem quem é o Guga, certo ?
- ...
- Pensem comigo: quem joga tênis melhor: o Guga ou o técnico do Guga (Larri Passos, mas o nome não foi mencionado).
- O Guga - respondemos todos.
- Então, para que serve o técnico do Guga ?
Em silêncio, pensamos sobre a pergunta por alguns segundos. O próprio Mestre Gabriel retomou as palavras.
- O técnico do Guga serve para fazer o Guga jogar melhor. Atingir sem potencial. Vencer. Aqui na academia não é diferente. Eu não aguento essa ginástica toda que vocês acabaram de fazer. Os bons são vocês. Os campeões são vocês. Eu só estou aqui para ajudar cada um, e a todos. 
Funcionou. Ainda mortos, com dores em dezenas de partes do corpo, saímos da academia minutos depois com o moral em ordem. "Somos bons. Somos campeões. O mestre disso isso !"

Bem... Na 5a-feira seguinte, eu fui até a Matriz como de costume. Treinei das 20h-21h e fiquei ali para fazer a ginástica da aula de combate. Naquele dia, o Mestre decidiu fazer a ginástica junto dos alunos. Logo de cara, foram 150 flexões de braço, com o tórax reto e firme como uma táboa, encostando o nariz no chão em cada uma das flexões. Ninguém passou de 120, acoxambrando no final. Depois teve mais pegadas de flexão, como ralando o cotovelo, batendo palmas, um braço... Seguiu-se uma montanha de abdominais que o pessoal até acompanhou. Nos chutes começaram a cair como moscas: dez de cada tipo em ritmo forte, sem descanso entre cada variação.
Todo o discurso do sábado desmanchou-se em uma poça de suor na 5a-feira. Estava definitivamente claro quem era o Mestre, quem realmente aguentava ginástica, quem era durão de verdade.

Você que vez por outra critica o Mestre por falta de conhecimento, falta de respeito, alguma chateação ou até por más influências, saiba: você não tem a menor ideia do Mestre que tem.

* Não pergunte sobre aulas de combate para o instrutor nem para o Mestre Gabriel. Para encurtar a conversa, eram outros tempos.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Em menor grau

Aquele momento em que o ortopedista o olha para você e diz:
- Você tem a mesma contusão do Gustavo Kuerten.
- Aquela que fez ele abandonar o tênis ?
- Essa mesma. Mas é em menor grau, fique tranquilo.
Cheguei em casa e olhei o site do banco. Tenho o mesmo saldo que o Gustavo Kuerten, mas em menor grau também...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sites do ar

Estou eu aqui procurando passagens aérea para minhas férias em abril. Vai uma análise rápida dos sites utilizados, em um pico de vontade de ajudar as pessoas. 
  • Decolar
Deveria ser o que acha as melhores condições, mas não é beeeem assim. Na prática, ele faz um bom apanhado e apresenta opções, mas é preciso refinar depois.
  • Avianca
Excelente site. Com um simples click, muda-se condições do voo, atualizando preço, horário, aeroporto. Exemplar o site.
  • Gol
Com um click, altera-se o dia do voo. O site apresenta todas as opções para esse dia, não sendo necessário alterar o horário, portanto. O refresh demora um tanto, mas é viável. Há botões de filtro que eliminam aquelas coisas irreais como passagens a R$ 3 mil. Mudar de aeroporto é refazer a pesquisa, mas pelo menos não pareceu lento.
  • TAM
Não foi verificado. Não faço negócios com bandidos.
  • Azul
Não que eu não estivesse sabendo, mas a Azul já era...
  • Trip
Estava em convênio com a Azul quando ela morreu. Então você tenta comprar passagem da Trip e vai no site da Azul, que te oferece passagens da Trip... Mó viagem isso. E muito cara.

Enfim, o esquema deve ser Avianca mesmo, mas que se elogie a evolução dos sites.

Me engana que eu gosto

Desculpe o erro de português* logo no título, amigo leitor, mas além de ser uma expressão popular bastante conhecida achei adequado o deslize, por falar uma vez mais do Corinthians, ou de sua torcida no caso.
Na noite para o dia, um rapaz de 17 anos, menor de idade portanto, assumiu a autoria do disparo do sinalizador. Segue link. Sei.
Bastante conveniente um menor de idade, e que portanto não cumpre pena de nenhum tipo protegido pelo ridículo E.C.A. (Estatuto da Criança e do Adolescente) aparecer do nada assumindo a autoria do disparo que matou o torcedor boliviano Kevin Espada. Em todos os casos similares, com ou sem morte, nunca se viu ninguém assumir a autoria de coisa nenhuma. Mas desta vez, coincidentemente quando o time foi punido, apareceu o autor. Sei !!!
Mais ainda, o rapaz que confessou, por ser menor de idade, não pode ter seu rosto divulgado por estas bandas. Assim, não poderemos nós mesmos compará-lo com as imagens da tv. Conveniente, não ?
Mais ainda, caso se prove que ele está mentindo, o mesmo ECA evita punições a ele. Que prático !
Nos bastidores, o atual campeão se movimenta no sentido de, agora que estaria identificado o culpado, rever-se a punição. Agora tudo está explicado.

Agora vamos aos fatos. Viajar para a Bolívia não é a mesma coisa que pegar um busão de Guarulhos para Itaquera. São necessários documentos. Para conferir, segue link. Então, para começo de conversa, quero ver a autorização para viajar dele. Quero ver o RG ou certidão de nascimento também, bem como o cartão de embarque. Não estou o acusando de ser um criminoso indigno de direitos, quero só ter certeza de que essa documentação existe mesmo para, no mínimo, provar que ele ao menos viajou para lá.
Duvido que isso apareça. Burro é quem acreditar nisso sem provas.

* para ser totalmente honesto, acho uma enorme bobagem não se poder iniciar uma frase com pronome oblíquo. Não pode por quê, oras bolas ? Regra estúpida.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Inglês não é fácil

The plural of foot is feet
and tooth´s is teeth
But the plural of root is not reet
neither book´s is beek

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Em português, existem empresas ponto com.
Em inglês, elas são dot com.
Em português, você faz um ponto em um jogo.
Em inglês, você faz point.
Em português, você se corta e leva um ponto.
Em inglês, você leva um stich.
Em português, você marca marca um compromisso em um ponto.
Em inglês, será em um spot.
Em português, você pega ônibus no ponto.
Em inglês, será em uma stop.
Em português, precisamos debater sobre um ponto.
Em inglês será sobre um matter.
Em português, o apresentador usa um ponto.
Em inglês, usa um prompter.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Nascar 103,5

Amigo leitor, errei bastante no texto anterior sobre a Nascar (Nascar 103). Na verdade, é ainda mais complexo do que eu imaginava.
Ao contrário do que, os dois primeiros colocados no treino classificatório mantém suas posições no grid de largada. Portanto, Danika Patrick é a primeira mulher a fazer uma pole no templo sagrado de Daytona. Terá, portanto, a companhia de Jeff Gordon na primeira fila, em treino realizado no último domingo (17/fev), quando cada piloto tinha direito a duas voltas lançadas (e não uma).
Os Duels, patrocinados pela Budwiser e não pela Gatorade, definem as posições 3 a 32. Ou seja, cada Duel "vale" 15 posições no grid. O esquema par-ímpar é aquele mesmo descrito.
As posições 33 a 36 usam os tempos do mesmo treino de domingo, considerando apenas pilotos sem qualificação nos Duels. 
A partir da posição 37 (até 43) são as chamadas "posições garantidas". Seis dessas posições serão de carros bem classificados no equivalente nascarino do campeonato de construtores. A organização entre eles é por tempo, no treino do domingo. A sétima posição é reservada ao mais veloz ex-campeão que ainda não estiver classificado. Caso não haja nenhum, outro carro do campeonato de construtores entra. 
Os esclarecimentos vieram em inglês, do site da categoria.
Complicado e divertido.

Palace 2, 15

Acabo de descobrir que o desabamento do edifíco Palace 2, no Rio de Janeiro, completa hoje 15 anos.

Pausa para sentir o peso da idade...

De acordo com a matéria no UOL, 10% das vítimas não recebeu qualquer indenização e 120 delas recebeu no máximo 40% do que tinha direito. Essa é a inJustiça Brasileira.

Tragédia de Oruru

Nesta quarta-feira, 20/fev/2013, um jovem de 14 anos morreu em Oruro, Bolívia durante o jogo San José x Corinthians, estréia de ambos na Libertadores-2013. Da torcida vistante partiu um sinalizador que atingiu em cheio o rapaz, que faleceu instantaneamente.
Tudo que havia para ser falado e escrito sobre o incidente já o foi. Não faz o menor sentido um suposto ser humano disparar um objeto faiscante (o sinalizador) contra um grupo de pessoas. Assim como não faz sentido usar o objeto apenas para mostrar seu apoio ao time, não faz sentido portar o objeto em um estádio, ou mesmo fora dele, e já se pergunta qual é a relevância do elemento sair do país e viajar até lá para gritar o nome do time por 90 minutos. Também se pergunta o que faziam os policiais locais que deixaram o tal objeto entrar no estádio.
Isso tudo estabelecido, claro está que foi uma pessoa que causou a tragédia. Por mais que a polícia boliviana tenha encontrado outro 9 sinalizadores entre a torcida, foi um que foi disparado claramente em direção à torcida adversária. Antes que se questione esta afirmação, segue link com o vídeo.
Toco nesse ponto pois saiu a punição imposta pela Conmebol: o Corinthians jogará em casa de portões fechados por toda a Libertadores, e não terá direito a ingressos de visitante quando viajar. Aqui se acha a íntegra da decisão da entidade.
Daí podemos falar em exagero ou em uma punição na qual muito pagam pelo erros de poucos ou de um só. De fato, os 82 mil ingressos vendidos apenas para a primeira fase mostram o interesse legítimo do torcedor em acompanhar e apoiar o time no torneio.
Por que essas pessoas todas, que nada fizeram neste caso e, tenho certeza, condenam a atitude selvagem daquele específico suposto ser humano deveria ser prejudicadas ?
Por que o clube, que também não apoia esse tipo de atitude, deve ser punido, jogando sem apoio da torcida e perdendo essa importante fonte de arrecadação ?
Por que muitos devem pagar pelo erro de um ?
Sãopaulino que sou, fiz essas perguntas todas. Estava quase escrevendo sobre o exagero da punição quando me recordei da Tragédia de Heysel (recomendo a leitura). Em resumo, 38 pessoas morreram em uma briga iniciada por torcedores do Liverpool. Ninguém foi preso. 
Mas nada foi deixado de lado. A UEFA entrou com punição exemplar no caso. Todos os clubes ingleses foram banidos de competições internacionais por 5 anos. Isso mesmo: os torcedores do Manchester United não puder ver seu time jogar partidas internacionais por causa de uma briga de torcedores do Liverpool. Nem os do Arsenal, do Everthon... enfim. Hoje, os estádios ingleses sequer possuem alambrados. 
Pois é isso que estou propondo: que todos os times brasileiros sejam banidos de competições internacionais por 5 temporadas, de 2014 a 2018. 
Sim, foi isso mesmo que você leu, amigo leitor. Quem sabe assim, a gente aprende algo.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

2 x 3

A Gestão Haddad marca dois pontos negativos em meu placar. O assunto que comecei aqui desenrola-se com o natural passar do tempo e não estou gostando nada dos seguintes aspectos:
  • Faróis Quebrados
Verdade seja dita, os faróis (semáforos, sinaleiras...) de São Paulo não quebravam com essa facilidade toda 10 anos atrás. Mas de uns 5 anos (chute meu) para cá, a situação tem deteriorado. Qualquer garoa coloca em risco o funcionamento já precário desse importante instrumento de controle do trânsito de São Paulo. Em matéria publica na Folha Online com link aqui, menciona-se que alguns chegam a ficar 5 dias desligados. 
Antes que algum esquerdopata venha falar que "esse problema só afeta os burgueses em seus veículos individuais, poluentes e egoístas", lembro que os ônibus trafegam nas mesmas vias que os carros. 
Não é um assunto de segunda importância e, passados 50 dias da posse do prefeito Haddad, não aceito mais desculpas sobre isso. Se a CET não tem capacidade operacional de resolver esse problema, uma contratação emergencial já deveria ter sido feita. Erra o prefeito, portanto, por inação.
  • Inspeção Veicular
À medida em que o tempo passa, vai ficando cada vez mais claro que o discurso a cerca da Inspeção Veicular era uma cortina de fumaça eleitoral. Passados 50 dias, só vemos boatos, intrigas, falas, entrevistas... mas nada de concreto. Seguem algumas matérias sobre o caso, em ordem cronológica:
Sejamos francos: o conceito da inspeção é bom, mas a execução é patética. Visava tirar de circulação os veículos sem condições de trafegar na cidade, mas o fato é que tudo não passa de um mecanismo de arrecadação de taxas, cobrança de multas e despesas com oficinas. Não resolveu coisa alguma para a cidade. Pior, o prefeito supostamente de esquerda ofereceu isentar a taxa, o que gera uma despesa compartilhada por todos, incluindo quem não tem carro.
E agora na hora de fazer algo de fato, não faz nada.
O placar de 2 x 3 ainda é inicial e pode ser virado. Duvido: deram PT em São Paulo... 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Flexões e Tabuleiro

Dando seguimento ao conceito de "treine mais, reclame menos", um ótimo jogo de tabuleiro para fazer exercícios. Assim, consigo juntar duas das minhas maiores paixões: jogos e Kung Fu.
Role um dado, ande as casinhas. Ao chegar na sua casinha, faça o exercício comandado. Se não aguentar, volta onde estava.


Crédito ao consumidor e inflação

Amigo leitor, terei o disparate e a petulância de tentar explicar qual foi o grande erro da política econômica brasileira no lulo-petismo. E o problema essencial não é o Bolsa-Família.
Primeiro, falemos de economia de mercado. Gostem os esquerdopatas ou não, a economia de mercado existe. Ela é um fato social amplamente estudado razoavelmente compreendido. Estou falando daqueles conceitos de oferta e demanda que muitos conhecem. Resumidamente, a curva de oferta é crescente: quanto maior o preço, maior será a quantidade produzida. A curva de demanda faz o caminho oposto: quanto maior o preço, menor será a quantidade consumida. Ambos são comportamentos absolutamente naturais e racionais. Em conjunto, as duas produzem uma entidade bisonha (e considerada maléfica pelos esquerdopatas) chamada mercado. O ponto de encontro das duas marcará a quantidade produzida de um produto, bem como seu preço. Claro que é algo teórico, mas explica bem o fenômeno. Ainda a nível teórico, pode-se dizer que existe um par de curvas para cada produto. E, naturalmente, as curvas se afetam mutuamente, chegado-se a um conjunto agregado de valores. 
Essas curvas não são estáticas no tempo, até por cada uma representar o final de uma cadeia de suprimentos, cada qual com seu próprio comportamento. Vamos imaginar a descoberta de um novo poço de petróleo. Ela faz aumentar a oferta de petróleo em quantidade, deslocando o preço um pouco para baixo. Com o petróleo mais barato, pode-se produzir gasolina mais barata. Claro que não na mesma proporção de desconto, pois há outros custos. E com a gasolina mais barata, alguns novos consumidores podem se interessar em ter carros, aumentando a demanda e... o preço !

Economia não é algo simples. Talvez por isso não devesse ser deixada na mão de amadores.

Quando se fala em inflação, o assunto fica mais conceitual ainda. O problema é que o que está em análise não é um produto e sim o dinheiro em si. Isso faz todo o sentido, na medida em que inflação é o fenômeno da perda do poder de compra do dinheiro. Até aqui, ok ?
Pois bem. Pensemos em um sistema econômico onde há uma certa quantidade de bens e serviços sendo produzidos e uma certa quantidade de dinheiro circulando. Suponhamos que sejam quantidades constantes de ambos. O dinheiro circula e compra esses bens e serviços, ano após ano. Tudo está estável (isso se chama ceteris paribus, em Economês). 
Daí, é feito um investimento. Digamos que alguém "produza" dinheiro e use esse dinheiro novo para aumentar a produção de um bem. Aumenta-se a quantidade de dinheiro circulando, mas junto a isso aumenta-se a quantidade de bens e serviços produzidos também. Esse aumento provoca uma flutuação na relação entre bens/serviços e o dinheiro. Se o projeto foi inteligente, haverá ganho: a produção aumentou mais do que o aumento do dinheiro. neste caso, a economia cresceu de modo real e sustentado. Se o projeto foi ruim, há um excedente de dinheiro novo e isso gera uma pressão contra o mesmo. Há mais dinheiro do que bens e serviços e, pelo princípio do livre mercado, o dinheiro perde valor até o sistema se reequilibrar. Leia-se: inflação.
Se você achou estranha a ideia de se "produzir dinheiro", saiba que isso é perfeitamente comum, normal, permitido, legal e até taxado. Chama-se empréstimo. 
"Ora..", dirá o leitor, "... e onde diabos o empréstimo produz dinheiro ?". A resposta está nos juros. Se você pede 100 unidades monetárias emprestadas e precisa pagar 105 a quem lhe emprestou. Esses 5 excedentes (juros) são dinheiro criado.
  • E o Brasil no lulo-petismo ?
Mudando para o nosso cenário, o que acontece se o dinheiro emprestado, em vez de ser usado para aumentar a produção for usado para aumentar o consumo ? O chamado crédito ao consumidor. tão elogiado com fator de inclusão social, faz o que na economia ?
Basta raciocinarmos pelas lei de mercado. Se damos acesso a um empréstimo a um consumidor que o não tinha, ele toma esse dinheiro emprestado e consome, pagando juros. Na primeira linha de raciocínio, produz-se um excedente monetário sem correspondente aumento de produção: temos inflação, amigo leitor, contratada no médio prazo. Na segunda linha de raciocínio, temos um novo consumidor querendo comprar o produto sem que tenha havido um aumento prévio da produção. Se aumenta a demanda sem aumento da oferta, o preço sobe: temos inflação, amigo leitor, contratada no curto prazo.

Economia não é algo simples. Talvez por isso não devesse ser deixada na mão de amadores.

Em tese, diriam os esquerdopatas, a ideia é maravilhosa por dar acesso imediato a bens e serviços para as classes menos abastadas, incentivando o produtor a aumentar sua capacidade de produção. 
Behhhhh. Falso, amigo leitor. A primeira parte é verdadeira, mas a segunda não. Ponha-se no lugar do dono da fábrica que, da noite para o dia passa a vender seus produtos um pouco mais caros sem ter feito nada por isso. Por que diabos ele se arriscaria a investir no aumento da capacidade produtiva pagando juros elevados e sem a certeza de que a demanda continuará a crescer depois do boom artificial de consumo ? Ele simplesmente reajusta a tabela (adivinhem: temos inflação) e não se fala mais nisso.

É por isso, amigo leitor, que a inflação voltou ao Brasil. Bateu 6% ao ano, e parece que vai ficar nisso por um tempo. A política econômica do PT trouxe de volta a inflação em troca de votos para continuar no poder. 
E tem milhões de tontos votando nisso. Burrice aguda, não canso de afirmar.



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Nascar 103

A Nascar retoma suas atividades oficiais esta semana, dando início à temporada de 2013. Dando seguimento a dois artigos anteriores aqui e aqui, vou explicar as complicadas Daytona 500, marcadas para o próximo domingo. 
Não sei quantos carros podem se inscrever, mas acho que não há limites quanto a isso. Basta cumprir o regulamento técnico, o que significa que seu Opalão 73 provavelmente não poderá correr este ano. 
Daí, acontece uma série de treinos livres. Também não sei quantos são, mas são muitos.  Treina-se em Daytona mais do que a F1 treina o ano inteiro. Isso geralmente ocorre por 2 motivos, mas em 2013 são 3. Primeiro, por se tratar da mais importante prova do ano em termos de prestígio. Sim, eles começam o campeonato com a mais importante corrida. Segundo porque é a primeira corrida do ano, e muito do que se desenvolve dos projetos é testado em Daytona e usado depois,justamento por haver mais tempo: lembre-se que a Nascar é uma categoria semanal. Em 2013, temos o agravante de ser uma geração nova de carros que ninguém tinha usado antes. 
Isto feito, os carro fazem uma classificação. Todo mundo vai para a pista e faz uma volta rápida. Ou duas e tira a média, ou algo assim. Neste caso, acho que é só uma volta lançada mesmo. Isso dá a tabela ordenada de tempos. 
Os pilotos em posição ímpar (1o, 3o, 5o, 7o... - eu falei para uma certa pessoa que ia desenhar para ela entender...) correm uma prova chamada Gatorade Duel #1. Os pilotos em posição par (2o, 4o, 6o, 8o ...) correm o Gatorade Duel #2. Tratam-se de duas corridas curtas que não valem pontos, valem a classificação final para a largada. Ou seja: o resultado do Gatorade Duel #1 determina as posições ímpares de largada (1o, 3o, 5o, 7o...) e o resultado do  Gatorade Duel #2 determina as posições ímpares de largada (2o, 4o, 6o, 8o ...). O Duel #1 é considerado mais importante por valer a pole position e por ter uma vaga a mais para a corrida (22 contra 21 do Duel #2).
Em resumo: os caras andam um monte para no domingo andar outro monte. Um enorme barato. Mas assusta o fato de Danika Patrick, recém contratada pela Stewart-Haas, fazer o melhor tempo na classificação e largar na pode do Duel #1. Jeff Gordon pôs um pouco de realidade à situação fazendo o 2o melhor tempo e largando na pole para o Duel #2.
Ufa.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Bem vinda, amiga.

Seja bem vinda, amiga. Aproveite a estada, visite lugares diferentes, curta o momento.
Aqui, algumas coisas não são como na tua terra. Outras são iguaizinhas. Aqui você pode ir para onde quiser, desde que pague pela passagem. Pode ser caro, mas você não precisa de autorização para ir. Sim, é sério.
Aqui você pode expressar a opinião que quiser, tendo apenas que respeitar certos limites legais. Calma, não é nada muito incrível: você não pode acusar sem provas, não pode ofender e não pode, em essência, mentir sobre outra pessoa. Também não pode tratar da intimidade alheia.
...
Sim, eu sei: tem um grande canal de televisão que tem um programa de audiência considerável apenas sobre a intimidade de pessoas selecionadas. Tem outro que faz a mesma coisa, mas as pessoas selecionadas são pré-famosas e não pós-famosas. 
...
Desculpa, amiga. Eu mesmo não sei explicar porque alguém assiste a isso. Mas tem um monte de gente que vê. É até engraçado, porque é considerado socialmente estúpido ver isso, então as pessoas não admitem que assistem. Mas a audiência está lá.
...
Também temos  algumas revistas tratam da intimidade alheia, mas apenas quando os alheios autorizam.
...
Ah, você viu na livraria do aeroporto ? Ok, não são "algumas", mas você entendeu o conceito. Isso também vale para intimidades ginecológicas. 
...
Tem sim, um monte. E parece que vende bastante. Mas na verdade, as pessoas preferem não pagar nada e ver pela internet.
...
Pois é. Da onde você vem, não há acesso a internet. Aqui há, e quase ninguém usa para algo que preste. No Brasil, internet é usada para postar foto de gatinho em rede social, baixar filmes e séries para não ter que pagar o ingresso do cinema e assinatura da tv a cabo e para pornografia do mais amplo espectro. Lamento amiga, você veio para um país errado. Bem errado.
...
Não fica assim. Visite nossas belezas naturais enquanto elas ainda existem. E de todo modo, seja bem vinda, amiga Yoani Sánchez

(Não, eu não a conheço sequer via email. Mas somos blogueiros, o que nos faz, de um certo modo, amigos).

domingo, 17 de fevereiro de 2013

O melhor carro do mundo

Achei no site do Terra, em link aqui, uma matéria sobre os carros mais confiáveis. Fiz uma reformatação da tabela para melhor visualização:

1 Lexus 71
2 Porsche 94
3 Lincoln 112
4 Toyota 112
5 Mercedes-Benz 115
6 Buick 118
7 Honda 119
8 Acura  120
9 Ram 122
10 Suzuki 122
11 Mazda 124
12 Chevrolet  125
Média  126
13 Ford 127
14 Cadillac 128
15 Subaru 132
16 BMW 133
17 GMC 134
18 Scion 135
19 Nissan 137
20 Infiniti 138
21 Kia 140
22 Hyundai 141
23 Audi 147
24 Volvo 149
25 MINI 150
26 Crysler 153
27 Jaguar 164
28 Volkswagen 174
29 Jeep 178
30 Mitsubishi 178
31 Dodge 190
32 Land Rover 220
O critério adotado foi "quantidade de problemas a cada 100 veículos". Pelo mal traduzido/composto texto, supõe-se que seja no período de 3 anos de uso. Fu ao site original, mas não consegui achar o relatório lá.  Se algum leitor, conseguir, ajude-me. 
Algumas observações relevantes dos (poucos) dados apresentados:
- não fica definido o que diabos é um "problema". Eu tive que trocar as pastilhas de freio do meu Civic: isso é problema ou desgaste?
- havia quantidade mínima de veículos na amostra para aparecer na lista? Sabemos que existem muitas marcas, algumas grandes, que não estão na lista.
- falando em ausência, a lista não tem Renault, Peugot, Citroen e FIAT (eca !), para citar 4 grandes que notei de primeira. 
- Ferrari, Lamborghini e Maseratti era previsível estar de fora, pela quantidade pequena de unidades vendidas.
Alguém podia fazer uma versão tupiniquim dessa lista, não ?

Não fica mais italiano do que isso..

Veja por si só...
 
 
Optei pela versão sem legedas.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Dissonância Corgnitiva (2)

Dando seguimento ao tema iniciado aqui, vamos ver agora as distorções de ração.
  • Reações Distorcidas
São várias, e não pretendo cobrir todo o espectro de possibilidades. Mas aqui vão as principais que podemos observar no dia a dia.
1) Substituição apressada - ocorre quando a pessoa rapidamente aceita a nova informação em detrimento da antiga. O exame da informação nova não é detalhado ou cuidadoso. Acontece quando a pessoa tem dificuldade em fixar sua opinião ou quando a fonte da informação nova exerce algum tipo de poder sobre o alvo. Quando utilizada com má fé, é o que chamamos de manipulação. Esse caso é comum em meios de comunicação.
2) Deleção apressada - caso oposto do anterior, a pessoa rapidamente descarta a informação nova para manter a antiga. Não é feito nenhum exame da informação apenas e tão somente porque ela parece conflitar com o que está "instalado" na mente. É curioso notar que muitas vezes a informação nova sequer conflita de fato com a antiga, mas a deleção apressada impede uma boa análise. Esse caso é comum em religiões.
3) Racionalização - talvez o mais comum dos fenômenos distorcidos, é a busca por desculpas (não raro esfarrapadas: ver GDE) para fazer o cérebro se conformar. É bastante comum no dia a dia, quando vemos as pessoas terem práticas diversas dos seus próprios discursos.
4) Explicações estranhas - diferente da racionalização, a explicação estranha se utiliza de falácias para comprovar que os fatos ainda se ajustam às crenças e valores da pessoa. É uma espécie de vale tudo mental, onde o que importa é fazer a mente se sentir menos confusa ao final do processo.
5) Confusão e reações emotivas - neste caso as duas informações permanecem ativas e colidindo o tempo todo na mente da pessoa, por períodos prolongados até. É o que acontece, por exemplo, com o torcedor de futebol que acredita piamente torcer pelo melhor time do mundo frete a uma derrota ou rebaixamento. Ele vai às lágrimas não pela tristeza da situação, mas por não ser capaz de aceitar o ocorrido.
  • Leve x Intensa
O peso da dissonância tem relação com principalmente 3 aspectos: 
1) o quão divergentes são as informações
2) o quão arraigada é a informação antiga
3) flexibilidade mental da pessoa
Um pessoa que apenas confundiu o nome de um colega que conheceu ontem pode até rir de si mesma pela confusão e rapidamente se adapta ao cenário novo. Um tabagista confrontado com uma suspeita de câncer já é algo mais complicado, podendo levar o paciente a buscar outro médico por exemplo. Mas quando temos uma evidência física confrontando um dogma religioso, a coisa complica. 
Reações como explicações estranhas e deleção apressada podem vir acompanhadas de efeitos colaterias variados (ver a seguir) que, combinados, criam quadros que variam do rizível ao dramático, sem deixar de passar pelo perigoso.
  • Efeitos colaterais
Quando uma pessoa passa por uma dissonância cognitiva muito intensa, o desconforto mental é grande e estressante. Confrontar um dogma religioso capenga com uma realidade bem estabelecida não tem como ser um processo agradável. Pessoalmente, eu tenho pensado muito nesse aspecto ultimamente.
Pensemos, por simplicidade, em uma pessoa em vias de perder seu emprego. Ela percebe as dificuldades profissionais no dia a dia. A empresa pode estar mal financeiramente, ou ser um problema pontual como desentendimentos constantes e crescentes com colegas e chefes. Essa pessoa fica agitada, sensível, irritadiça e muitas vezes explosiva. O grau com que isso acontece depende demais da personalidade, mas uma explosão verbal de xingamentos, ofensas e palavrões não deixa de ser encaixar nessa categoria. Cada um de nós e cuidadoso, paciente e até permissivo com pessoas nessas condições, não ?
O versão um pouco mais séria é a da evidência que confronta o Bom Senso (lembra que eu prometi bater nele ?). O bom senso (common sense em inglês, que está mais para senso comum do que bom) é aquele conjunto de conhecimentos que, aparentemente, é estável de pertencente a todos. Só que nem por isso ele está certo. O Bom Senso rege uma série de coisas que não raro são falsas, erradas ou ineficazes. Pode-se encontrar material extenso sobre isso no trabalho do economista Steven Levitt. 
Mais um exemplo bastante palpável é o da traição conjugal. A reação da pessoa traída não é de tristeza: na maioria dos casos, o relacionamento já tinha sido percebido como problemático muito antes da descoberta da traição. A pessoa não está triste por ter sido trocada, está surpresa. A descoberta leva à dissonância cognitiva: a pessoa que era de confiança, de repente, não é mais. E não é preciso listar aqui as reações por vezes violenta e trágica que esse cenário produz.

Conclusão

Pois o processo de dissonância cognitiva severa segue, portanto, a mesma linha da versão leve. E por isso que vemos discussões futebolísticas, políticas e religiosas saírem de controle com facilidade. E é disso que vou falar agora: a dissonância dogmática.
A pessoa religiosa muito dogmática não conseguirá se adequar à realidade dos fatos. Não adianta você mostrar para o sujeito que não há na Bíblia uma linha sequer que condene de fato o homossexualismo: o sujeito acha que tem e não vai aceitar o casamento gay. Não aceitar os fatos é decisão dele, mas o choro, a raiva e a agressividade não são
Isso é importante tanto para quem vive a dissonância quanto para quem a cria. Este precisa estar preparado para ouvir o que não quer e o que não merece, e reagir a isso com o cuidado que a situação e o interlocutor merecem. Para aquele, é preciso um momento de autocrítica quando a verborragia acontecer: é um sintoma claro que algo está errado em seus dogmas, visões e valores, e uma parte da mente se deu conta disso e está iniciando um processo de evolução.
É muito comum a pessoa passar à negação nesta fase. Vai racionalizar, defender seu ponto vista, defender seu direito a ter um ponto de vista. De novo, a agressividade depende da personalidade. Mas de um modo geral, ela fará de tudo para não mudar. Esse é o erro.
Deixe a mudança acontecer


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Gil Rugai

Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta, irá a juri popular na próxima semana. Descobri no UOL, em link aqui.
O crime ocorreu em março de 2004. São quase 9 anos de espera. Se ele é culpado ou inocente, não sei. Seja qual for o veredito, no entanto, não se faz justiça
É disso que sempre falo: o maior problema do Brasil é o Poder Judiciário: é ele que permite a ocorrência impune de tantos crimes (de corrupção a homicídio, de estelionato a tráfico de drogas, de calúnia a sequestro). 
Lamentável.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Dissonância Cognitiva (1)

Amigo leitor, chegou o momento de começar a falar de assuntos mais sérios por estas bandas. E como alguns textos devem abalar crenças religiosas e políticas, além de contradizer o chamado Bom Senso, acho relevante estudar os efeitos que podem provocar. Darei até mesmo exemplo sutil ao final. Prometo.
Achei alguma coisa sobre o tema pela internet: aqui, na Wikipedia e aqui, no Dicionário do Cético. Tento reexeplicar.
O conceito é um fenômeno mental que ocorre que o cérebro se confronta com condições contraditórias. Parece simples, mas há um fator muito importante: o cérebro trabalha linearmente no tempo. Isso quer dizer que contradição surge quando uma informação nova rebate, total ou parcialmente, uma informação que já era dominada pela mente.
Pegando um exemplo simples, você acha que o nome de uma pessoa é "João". Um dia, alguém chama essa pessoa de "Zé", o típico apelido de "José". E agora ? O sujeito se chama João ou José ?
Fazendo outro exemplo, menos simples: você come bastante chocolate, mas um dia descobre que é diabético. O gosto pelo chocolate não mudou, mas você não pode mais comer. Como proceder ?
São exemplos bobos. No primeiro caso, a solução é perguntar para o sujeito e acabar com o mistério. No segundo, ou você toma insulina ou para com os doces. Mas observe que a dissonância faz o sujeito parar para pensar sobre o caso. 
Isso nos traz alguns aspectos interessantes. Primeiro, a dissonância cognitiva é um processo natural do cérebro e necessário ao aprendizado e reaprendizado. Segundo, ele está relacionado à quantidade de conceitos e informações previamente presentes no cérebro. Ou seja, quando mais velho se é, maior a chance do fenômeno ocorrer. 
  • Reação
Até aqui, tudo parece apenas uma sequência quase inevitável de eventos. Mas o problema é que o cérebro não gosta da dissonância e tentará eliminá-la o quanto antes. Isso pode ser percebido pelo incômodo que sentimos no momento em que ela acontece. "Ah, mas se eu perguntar o nome dele, será que ele ficará ofendido ?" ou "Ah, não ! Tem que ter um jeito de comer chocolate" é o que se espera passar nos exemplos acima.
Para acabar com o paradoxo, há 3 caminhos possíveis, de acordo com Festinger:
1) Substituir a crença ou conhecimento antigo
2) Buscar novas informações ou crenças para diminuir o desconforto
3) Diminuir ou zerar a relevância do que está causando a dissonância
A meu ver, o método 2 é o mais sensato. Nenhuma informação, seja a nova ou a antiga, merece maior respeito em função apenas da maturidade, sob pena de se cometer falácias de Argumentum ad Antiquitatem e Argumentum ad Novitatem, respectivamente. Ainda assim, em algum ponto será preciso tomar a decisão de seguir com ela.
Amanhã eu continuo com a segunda e última parte deste assunto 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Carnaval 2013

Neste sábado de carnaval a tarde, fui da minha casa na Saúde até a região de Perdizes. Como havia uma manifestação política (Fora Renan) na Av. Paulista, desviei meu trajeto de modo a chegar na R. Antônio Carlos. Nela, há alguns bares quando do cruzamento com a R. Augusta. Lotados, um deles tinha dois rapazes trajados com camisetas de um bloco de rua. 
Esses dois rapazes, amigo leitor, foi tudo que eu vi de carnaval neste Carnaval. O restante do tempo eu dividi entre novos projetos para o apartamento, um passeo até São Roque para reestocar minha adega, vários episódios de Spartacus (incluindo uma mini-maratona de 6 episódios), uma noitada de jogos de tabuleiro e amigos na casa de um amigo, guloseimas e gordices e, claro, namorar bastante.


O excelente video acima, de apenas 1m30, mostra minha opinião sobre o carnaval em geral. Não identifiquei imagens paulistanas nele. Não estou aqui me gabando de São Paulo ser m lugar perfeito e organizado (não é), mas do fato de não ter o tal do carnaval, apesar da pressão da mídia em noticiar o contrário.
Os desfiles são, na minha opinião, a síntese da coisa toda: 4mil pessoas ficam 40 minutos cantando a mesma música de 2 estrofes. Todas as escolas usam o mesmo ritmo, até porque nem existe outro. Gastam-se milhóes de reais, boa parte de dinheiro público, para se produzir fantasias de um só uso e veículos descartáveis para se fazer exatamente a mesma coisa que nos últimos 60 anos. Nada é mais chato, babaca, repetitivo, sem graça, irritante, cansativo, desnecessário, invasivo do sessego alheio, sem noção e esteriotipado do que isso.
Em São Paulo, no entanto, a coisa é ligeiramente diferente. Embora leve todos os adjetivos pejorativos acima, o paulistano médio não gosta do carnaval. Sim, é isso mesmo que você leu: a maior parte das pessoas daqui não curte do tal do carnaval. De novo, não estou me gabando disso: apenas constando. Prova disso é a sobra de ingressos para o desfile das escolas de samba. Segue link da matéria aqui. Pessoalmente, eu só conheço duas pessoas que alegam assitir aos desfiles. Um eu sei que dorme no processo...
Outra observação a ser feita está na composição das tais escolas de samba. O interesse diminuiu tanto que surgiu espaço para as chamadas "escolas de samba do futebol". Gaviões da Fiel, Mancha Verde e Dragões da Real são nomes de torcidas uniformizadas de futebol para quem não sabe. O que rola entre essas três é a mesma rivalidade, saudável ou não, do futebol. O paulistano não quer carnaval mais. Cansou, desistiu, desencanou ou foi fazer outra coisa.
Depois me perguntam porque eu não viajo mais no carnaval...

domingo, 10 de fevereiro de 2013