segunda-feira, 27 de junho de 2022

Egito - Dia 13 - Museu Nacional do Egito

Apesar no nome do post, há um dia a mais em relação ao anterior. Ocorre que relatei os dois dias que passamos por Abu Simbel em um post só, e não tinha muito o que falar da viagem de avião para o Cairo, o o restante da tarde descansando um pouco...

De fato, abrimos este dia na porta do Museu Nacional do Cairo. É preciso dizer que, com a inauguração próxima do Novo Museu, o tradicional (que fica na Praça Tahir) está bem sofrido. Muita coisa já foi encaixotada e levada. Muita coisa também foi encaixotada... e ficou ali mesmo. Acaba, com isso, se tornando um passeio abaixo do potencial, embora ainda assim muito interessante:



fotos: Museu Nacional do Egito, Cairo, Egito, 2022.

O ponto alto da visita é a sala com os tesouros de Tutankhamon. O cara nem foi um faraó tão relevante assim. Mas o fato de sua tumba ter sido encontrada intacta e repleta de tesouro tornou a descoberta uma história á parte. A mística é certamente maior que o homem.

Não é permitido fotografar essa sala, e ela permanece lotada por todo o funcionamento do Museu. Mas observar a máscara de perto, a menos de meio metro de distância, é realmente emocionante. Os sarcófagos ainda estão ali, bem como uma boa quantidade de joias e ornamentos.

Aqui tivemos um percalço. O dia ficou curto demais para irmos para o Museu da Civilização Egípcia, previsto pro mesmo dia. Precisamos redirecionar para o Khan El Khalily (seja qual for a grafia que o leitor quiser adotar), um enorme "bazar" (bazar significa loja, e isso não ajuda...). 

Na realidade, é um enorme agregado de vielas, becos e passagens, ocupados por centenas (milhares ?) de lojas pequenas e médias vendendo roupas, souveniers e quinquilharias em geral. Se o amigo leitor se lembra do problema que é comprar coisas no Egito, pode entender agora o que é concentrar essa turba de línguas, cores, odores e culturas e um quarteirão grande e absolutamente compactado de gente.


segunda-feira, 13 de junho de 2022

Egito - Dia 12 - Abu Simbel

Você vai para Abu Simbel?
Você vai para Abu Simbel?
Você vai para Abu Simbel?
Você vai para Abu Simbel?

Não tinha como fugir dessa pergunta. Todas as pessoas que fizeram Egito a sério (para além do Museu Nacional do Cairo e meia dúzia de fotos das Pirâmides) faziam insistentemente essa mesma pergunta. Mesmo depois de avisar que sim, que estava no plano, que tinha hotel reservado, que tinha guia local e tudo o mais, as pessoas continuavam perguntando isso. Às vezes, minutos depois.

O acesso não é nada fácil. Só há voos diretos de Abu Simbel para Aswan ou Luxor;  não há voos para o Cairo. Seria como não haver voos diretos até Foz do Iguaçu além de Curitiba. Confesso que não sabia do que se tratava antes de iniciar os estudos, mas logo ficou claro que era uma parada obrigatória. Segue antes uma breve explicação.

Abu Simbel é, do meu ponto de vista, um ótimo resumo da história do Egito. Ele foi construído no reinado de Ramsés II (sempre ele), bem perto da fronteira com a Núbia como forma de demarcar território, intimidar, demonstrar força, fazer oferendas aos deus e reafirmar o ego do faraó. 

O local escolhido foi uma montanha próxima ao Nilo, que foi escavada sob ordens do faraó para que o templo ali ficasse. A entrada do templo é voltada para o leste, iluminando o corredor principal e as 4 estátuas dos deuses criadores no fundo do templo. Em cada lado da entrada, temos 2 estátuas de Ramsés II em posição sentada, cada uma com 20m de altura. 

Mas isso não é a história toda de Abu Simbel. Pois desde a virada do século XX, o Egito tinha planos de construir a (então) maior usina hidroelétrica do mundo no Nilo. De fato, os planos foram para frente, e isso inundaria diversos sítios arqueológicos, Abu Simbel incluso. A comunidade internacional se uniu e, antes do conceito de financiamento coletivo existir, o grande rateio foi feito. A solução foi mover a montanha por 300m, de modo que ela ficasse de fora do lago. A montanha foi cortada em blocos, transportada, e remontada. 

Não fica mais Egito do que isso...

Vamos tentar (foco na palavra "tentar") descrever o lugar. 

A face norte do corredor de acesso tem pictografados prisioneiros de guerras de variadas etnias da época (gregos, sírios, babilônios...). A face sul, porém, tem apenas nubianos. O interior relatava, mais uma vez, a grandeza do faraó, em particular a famosa Batalha de Kadesh. Porém, os detalhes das gravuras são de incomparável riqueza cultural. Apenas para citar uma observação minha, em nenhuma das imagens de oferendas aos deuses, o faraó encosta o joelho no chão. Embora seja voltado para o leste, a variação das estações do ano faz com que o Sol só batesse no fundo duas vezes por ano: 21 de outubro (data de nascimento do faraó) e 21 de fevereiro (data da coroação). Se isso ainda parece pouco, olhemos para as estátuas dos 4 deuses criadores no fundo do templo, para notar que um deles é o próprio Ramsés II. Isso sequer é novidade no templo, pois em outras partes nota-se ele fazendo oferendas... a si mesmo. 



fotos: Abu Simbel, Egito, 2022

Mas essa não é a única coisa por ali. Afinal de contas, mesmo sendo um homem bastante ocupado, Ramsés II achou tempo livre para ter uma esposa preferida (entre 24 rainhas com quem casou): Nefertari. E construiu para ela um templo a parte, que é outro assombro de tão rico em detalhes. Enfim, isso aqui:


foto: Abu Simbel, Egito, 2022

Depois de ver essas construções colossais, obviamente quisemos voltar para o Show de Som e Luzes à noite. Já tínhamos feito dois shows antes, e sabíamos que não ia ser grande coisa, mas o ponto era estar lá mais um pouco. Ocorre, porém, que esse show foi renovado recentemente. É absolutamente imperdível, com brilhante aproveitamento das estruturas, som, música, narração e.. .surpresinhas. 

E no ritmo de "começou, termina", compramos ali mesmo os ingressos antecipados para voltar lá logo cedo, pois nosso voo para o Cairo saía apenas às 10h30. Com isso, pudemos ver o interior de ambos os templos com a luz matinal, que é diferente da luz vespertina. 

Então resumindo. 
P. Você foi para Abu Simbel?
R. Sim, fui 3x em 24h, e passei mais tempo por lá do que dormindo nesse período. Tá bom pra vocês?

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Egito - Dia 11 - Aswan, Philae, Elefantina e mais

Amigo leitor, o título do post já indica uma correria danada neste dia de viagem. E não é uma indicação injusta. 

Antes das 7h da manhã, já estávamos a caminho da represa e Aswan. Para quem já visitou Itaipu e mesmo Hoover, não achei particularmente impressionante. Mas a barragem é motivo de orgulho para os egípcios, então mantivemos o respeito. E não se nega sua importância, tanto no que se refere à geração de energia hidro elétrica quanto para manter o Nilo calmo e comportado. No mesmo local, há um monumento que expressa a amizade entre egípcios e soviéticos, que financiaram a empreitada na época. 

Sem perdemos mais tempo, tocamos para Philae, um importante complexo de templos. O acesso é feito por barco, dado que ele se localiza em uma ilha. Philae teve sua fase faraônica, por volta da 25a ou 26a dinastias, sendo restaurado e ampliado na fase ptolomaica. Naturalmente, os romanos tiveram tempo de dar seus pitacos posteriormente. Este foi um dos muitos monumentos realocados por ocasião da construção da barragem de Aswan. 

Foto: Templo de Philae, Aswan Egito, 2022.

Na saída, com os devidos ajustes feitos por Dr. Safwat, o barco fez um desvio para visitarmos a localização original do templo, reforçando o entendimento de que ele estaria submerso hoje sem a realocação.

A parada seguinte é um local curioso. No meio da cidade de Aswan fica um sítio arqueológico onde foi uma pedreira importante no passado. Nele está o Obelisco Inacabado. É um passeio rápido, mostrando como era o trabalho inicial de encontrar uma pedra nas condições corretas para transformá-la em um obelisco. 


Foto: Templo de Philae, Aswan Egito, 2022.

Uma passada rápida pelo barco para o almoço e seguimos para o passeio de feluca, um tipo de embarcação a vela para passeios contemplativos. Não é exatamente meu estilo, mas isso não significa que foi ruim. 

O barco nos deixou na entrada do Jardim Botânico de Aswan. Não havia tempo para aproveitá-lo por inteiro (talvez tivesse sido melhor deixar o feluca para lá...), mas o que pudemos ver foi realmente agradável. Não entendi nada quando um gato residente resolveu fazer as vezes de guia, e ficou me mostrando o caminho que eu deveria seguir na opinião dele...


Foto: Jardim Botânico de Aswan, Aswan Egito, 2022.

A parada seguinte era Elefantina. Trata-se de uma ilha que, com o vai e vem da fronteira da civilização egípcia, ficou trocando de mãos ao longo de tempo. Logo, há características tanto egípcias quanto nubianas nas ruínas locais. 


Foto: Elefantina, Aswan Egito, 2022.

Seguimos rio acima, até a última parada do dia: Vila Nubiana. Trata-se de uma vila com modo de vida típico dos nubianos, embora focada em receber turistas o tempo todo. A confusão de cores, cheiros e sons era enorme. Grande mistura de idiomas e dialetos, e mesmo os hábitos locais eram estanhos. Pudemos visitar uma típica casa deles, onde simplesmente se vai entrando e vendo as coisa sem a menor cerimônia. O pet da casa era um crocodilo.


Foto: Vila Nubiana, Aswan Egito, 2022.

Na volta, checando nossas anotações de viagem, descobrimos que a programação estendida nos custou o show de Som e Luzes em Philae. Embora outras pessoas tenham dito posteriormente que o show é muito bom, não achei nada no youtube para corroborar tal afirmação.

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Egito - Dia 10 - Edfu e Kom Ombo

Nossa viagem, neste ponto, assume o formato de Cruzeiro mesmo, conforme comentado em post anterior.

Chegamos muito cedo ao Templo de Edfu. Uma parte desnecessária do passeio é fazer o translado entre o barco e o templo de charrete. É uma fila interminável de charretes, todas equivalentes entre si, para fazer um caminho com força animal sem qualquer necessidade. Balança pacas, não é particularmente atrativo e temos que vem, não raramente, certo grau de abuso com os cavalos para um trajeto de pouco mais de 1km. Evitem se puder. 

A chegada foi igualmente complicada, pois alguma coisa entre 12 e 20 barcos estavam atracados no mesmo porto no mesmo dia para fazer o mesmo passeio. Filas enormes nas bilheterias (não tinha como comprar antes ?), na entrada e em cada ponto de interesse do templo. Juntar tudo na mesma programação semanal é burrice aguda

Não obstante, o lugar é lindo. Trata-se de um grande templo do período ptolomaico, e isso se nota em variações no estilo de arte e construção. Há grandes corredores externos, cercados por duas enorme muralhas como destaque.


Fotos: Templo de Edfu, Edfu, Egito, 2022.

Voltamos ao barco para almoço e algumas horas de navegação. Se não me enganos, foi quando aconteceu o incidente com o Portuga. Descansamos  um tanto (nada mal) e chegamos ao igualmente lotado Templo de Kom Ombo

Kom Ombo é um templo singular, por fazer oferendas a basicamente duas divindades: Sobek e Hórus. Mesmo Sobek, em alguns trechos, pode fazer referência a Horaris, que apesar do nome não tem relação com Horus, mas com uma divindade local em forma de crocodilo. A parte superior das colunas frontais foi cortada para construção de engenhos de cana de açúcar enquanto a parte inferior estava embaixo da areia e se salvou.


Fotos: Kom Ombo, Edfu, Egito, 2022.

Na saída, deixamos 10 minutos para o Museu dos Crocodilos, mas isso se mostrou exagero. Não era grandes coisas.

Voltamos para o barco, em um dia interessante e curto.


quarta-feira, 1 de junho de 2022

Egito - O Cruzeiro

Nunca tinha feito um cruzeiro. Logo, muitas das coisas a ele relacionadas foram novidade pra mim. Para quem já fez, e não é algo incomum, posso estar sendo bobo ou pouco observador. Mas optei por fazer o post apenas sobre isso.

Um Cruzeiro é, em resumo, um hotel que se move. Temos, portanto a grande vantagem dele já estar próximo à atração deseja, exigindo mínimos deslocamentos ao atracar. Por outro, seu quarto, restaurante, piscina e banheiro também se movem e isso pode ser incômodo.

O Cruzeiro no rio Nilo é extremamente tranquilo em termos de movimento. Não apenas é um rio, mas é um rio que ficou bastante comportando depois da construção da Barragem de Aswan. Deste modo, mal se nota o movimento do barco. É possível iniciar uma refeição com janela enquanto o barco está parado e terminá-la com ele em movimento sem se notar. De fato, isso ocorreu uma vez. As navegações noturnas também não perturbaram o sono, em absoluto. Esse aspecto, então, foi um sucesso retumbante. 

Todas as cabines tinha vista para fora, o que não acontece nos grandes cruzeiros marítimos. Era uma vista bonita, mas sem terraço na cabines. Não sei dizer se a vista me faria falta, portanto. A cabine em si era bem adequada, não faltou espaço. O banheiro era reduzido, mas não apertado. Houve um problema hidráulico nele, mas que foi solucionado durante uma das saídas. Nosso camareiro parece um rapaz muito feliz com o que fazia, sempre prestativo e sorridente. 

A comida era ok. Nada espetacular, mas adequada. Como era buffet livre, caso o cardápio de modo geral não agradasse era possível focar no que fosse mais interessante. As bebidas, como esperado, estavam com preços acima das de um restaurante comum. Nos bastava passar reto por isso e nenhum problema acontecia.

Achei curioso o restaurante ter mesas fixas para as cabines. Cada hóspede tinha a sua mesa, sempre a mesma. Não é o que eu esperava em um local onde espaço é o bem mais escasso. E tínhamos uma boa mesa, com vista para rio (nem todos eram assim). 

O deck superior tinha um solário e uma piscina. Não me empolguei de entrar a princípio e isso se mostrou um acerto. No 3o dia a água estava turva. Tentem imaginar no final... As espreguiçadeiras, no entanto, eram muitas e tratamos de usá-las sempre que possível. 

Houve alguns tipos de shows musicais noturnos. Era o que dizia a programação, mas nosso cansaço físico aliado ao meu desinteresse por música e especialmente dança não me deixaram sequer ir ver do que se tratava aquilo.

A estrutura de passeios terrestres, porém, é péssima pela simples razão de todos os cruzeiros fazerem os mesmos itinerários nos mesmos dias e quase nos mesmos horários. Tudo fica lotado de turistas apressados, pois o intervalo é curto. Nesse ponto, é muito melhor não fazer o cruzeiro e achar outro modo de visitar esses pontos, sobre os quais ainda escreverei.

Claro que tivemos um entrevero.

Em dada oportunidade, chegamos para almoçar e nos deparamos com nossa mesa ocupada por outros hóspedes. Achamos não apenas incômodo, mas surpreendente, dado que as regras eram claras e estavam sendo cumpridas já há 2 dias sem surpresas. 

Fizemos uma queixa a um tripulante, que repassou o assunto ao gerente geral. Ele veio falar conosco. Explicamos novamente o problema e, em pouco minutos, nossa mesa estava liberada dos invasores. O almoço transcorreu sem percalços, mas a história não acabara. 

Na saída, fomos abordados pelo hóspede que ocupou nossa mesa. Ele se identificou como português a o diálogo seguiu em nossa língua comum. No entanto, ele estava indignado de não poder se sentar na mesa próxima a seus amigos. 

O pingo de empatia que eu estava criando desapareceu quando ele continuou a falar e disse que ia ocupar aquela mesa de um jeito ou de outro. Nesse momento, desapareceu qualquer vontade minha de ser simpático ou aberto a negociação. Explicamos que a mesa era fixa, era nossa e assim continuaria a ser. Ele disse que chamaria o guia dele para resolver o problema e nós dissemos que chamaríamos o nosso.

Foi a última vez o que vimos. Em nenhuma das refeições seguintes, ou qualquer outra parte do barco, notamos a presença do portuga. Não que ele tenha sido ejetado do barco, mas apenas sumiu.

Soubemos, por nosso guia, que o grupo dele saiu do barco 4h30 do dia seguinte para tentar chegar cedo a um passeio, mas ficaram retidos por 3h na estrada dentro da van. Não senti pena.

Minha conclusão é que cruzeiro são sim atividades interessantes e válidas. Pode-se tirar muita diversão nele, e aproveitar os locais onde ele para. Mas exigem um bom estudo de roteiro também. No caso particular do cruzeiro no Nilo, valeu mais como primeira vez do que pelo cruzeiro em si, e certamente não faria novamente.