quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Babaca

Babaca.
Em inglês*, douchebag.
Em alemão*, depp
Em francês*, douchebag
Em italiano*, cretino.
Em espanhol*, gilipollas.
*de acordo com o google tradutor.

Outro dia tive uma conversa nível épico com o amigo Leandro Rodrigues, que me alertou para uma visão que os americanos têm das pessoas através de redes sociais. Fui desafiado pelo Shifu Danillo Cocenzo a fazer um vídeo sobre isso, aceitei o desafio, mas como sou frouxo, vou escrever. Mas sim, Danillo, eu entendi o desafio perfeitamente e ficou para outra oportunidade.
A frase do Leandro foi: "não deixe os outros fazerem você parecer babaca". Mas o problema inicial é definir o que é "babaca" para só então você poder evitar que as pessoas te façam parecer um. Então discorro sobre o babaca (comportamento e espécie) para depois, em outro post, tentar não me tornar um. Corro o sério risco de errar fundamentalmente na parte 2 ao fazer a parte 1.

No Michaelis, achei como sinônimos: tolo, bobo, boboca. Deixei de lado o primeiro significado, por questões... estéticas.
O Dicio sugere os mesmos termos, suspeitamente na mesma ordem.
No Aurélio ajudou mais, e escolho os significados: 
2 - Que não é estimulante, interessante ou relevante.
3 - Que ou quem é muito ingênuo.
4 - Que ou quem tem pouca inteligência ou capacidade de decisão.
Na minha opinião de linguista leigo e torturador eventual do vernáculo, deveria ser uma soma, ou pelo menos combinação, dos significados. 

Já começa um problema aqui. Se uma pessoa faz um comentário que você não gosta e você reage chamando-o de "babaca", temos um conflito com o significado 2. Estimulante foi sim, ao ser irritante, ainda que reste ser um comentário de pouca inteligência. Então babaca seria ouvir, sabe-se lá porque, uma conversa sem qualquer análise pertinente entre duas pessoas desconhecidas sobre um assunto raso. No meu caso, duas senhoras repetindo frases da novela das 8 seria uma conversa babaca, na medida em que é desestimulante e sem inteligência alguma por ser apenas um apanhado de frases dos últimos capítulos.
Foco em "no meu caso". 
"Meu": primeira pessoa.
O leitor percebeu a sutileza? Espero que sim, mas escreverei (falarei) mesmo assim. Algo ser ou não estimulante é um conceito pessoal e individual, que varia com os interesses, histórico, bagagem cultural e até o momento em que se passa o fato. Não fica mais subjetivo que isso.
Minha bagagem cultural / de interesses inclui montes de nerdices, mas não todas. Adoro filmes, séries, livros mas não tenho paciência alguma para, por exemplo, programar computadores (coisa que fiz em um passado remoto, com relativa competência). Então dois caras debatendo código será algo necessariamente desestimulante para mim. E se, por acaso, eu achar os dois (ou um deles) falando besteiras, temos uma conversa babaca e, por conseguinte, uma pessoa babaca. Para mim. Certo de que o amigo dele discorda, e com razão, ao menos, etimológica. Então sujeito babaca é aquele que faz coisas babacas. Ok, segue.
Voltando às redes sociais, posso comentar aquilo que eu acho babaca. Mas com que utilidade, se o leitor tem interesses, ainda que ligeiramente, diferentes do meu ? Seria babaca uma postagem dessas ? Certamente.

Ai, ai... está complicado.

Comento então o que faço quando vejo algo babaca, para tentar fechar esta conversa: nada, porque não faz sentido! Quando vejo uma postagem que me desinteressa, pulo para a próxima rápido o suficiente para sequer poder citar exemplos(1). Se é desestimulante, requisito para ser babaca, é porque sequer merece atenção, que dirá um comentário. Talvez com o tempo, eu note que uma pessoa só posta coisas babacas o que faz dela um babaca !
Então é hora de deixar de seguir, pelo menos. 

(1) além, claro, das fotos de gatinhos(2).
(2) gosto de gatos, mas acho babaca(3) ver montes delas no Facebook.
(3) foi babaca da minha parte dizer isso ?

Um comentário:

  1. Na verdade, pode ser conceito pessoal meu, mas acho que falta uma coisa na definição de babaca:

    4) Que ofende sem qualquer razão ou objetivo.

    Note que isso não torna menos subjetivo o conceito, mas torna o conceito de babaca em si mais restrito. E cria uma dualidade interessante: eu posso ser babaca para você mas não ser para a pessoa do seu lado simplesmente porque a pessoa do seu lado viu um objetivo que você não viu em algo que eu disse e te ofendeu aparentemente de graça.

    Seja como for, ao meu ver, sempre seremos babacas para pelo menos uma pessoa. Basicamente porque dificilmente conseguimos não ofender ninguém e conseguimos menos ainda nunca ofender ninguém sem que a pessoa ache que é de graça. Logo, para mim, se preocupar com isso é desperdício de energia

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