quinta-feira, 28 de março de 2013

Multi 21

Amigo leitor, deixei passar uns dias para comentar os episódios ocorridos na última corrida de F1, na Malásia. Se você estava em Marte, segue um resumo dos fatos.
A corrida estava dominada pela Red Bull, com Weber na frente e Vetel logo atrás. O australiano tinha uma estratégia melhor e merecia estar ali. A equipe até tentou estragar o plano dele e ainda assim ele se manteve, por seus próprios méritos, na liderança. Passada a última rodada de pitstops, a equipe deu uma ordem para ambos os pilotos diminuírem o mapa dos motores, de modo a prevenir quebras e economizar combustível. Weber obedeceu. Vetel não.
Ainda com o motor no máximo de performance, o alemão alcançou o australiano e com ele lutou pela vitória. Passou, venceu. E logo na sala de encontro antes do pódium o clima de velório era nítido. Ninguém sorria, nem mesmo Adrian Newey que vira mais uma dobradinha de sua autoria. Foi quando Weber, de cara amarrada pronunciou o fatídico "Multi-21" com aquela cara de "Que parte de Multi-21 você não entendeu ?"
Os desdobramentos ainda estão acontecendo. Há quem defenda o alemão, há quem o ataque. O tema do jogo de equipe domina o ambiente. De novo. E de novo e de novo. Só tenho uma opinião firme sobre isso tudo, que apresentarei no final. 
A favor de Vetel, há o argumento de que o que importa é vencer. Que esse tipo de acordo é ridículo, estraga o esporte (estraga mesmo), que é cedo demais para ajustes de pontos no campeonato de 19 corridas e que ele tem esse ímpeto de vencer tudo.
Contra Vetel, existe a questão do acordo firmado entre as partes. "O combinado não sai caro" e Vetel concordou com o acordo antes da corrida, achando que isso seria a seu favor. Como foi contra, ele descumpriu. 
Fato é que Vetel foi um canalha equiparável ao que Senna fez em Ímola-89, quando descumpriu acordo feito com Prost. A série de erros é enorme:

- Primeiro de tudo, não devia sequer existir esse tipo de acordo.
- Uma vez feito o acordo, ele deve ser cumprido. Esporte é feito de ética, antes de tudo.
- No momento em que Vetel decidiu não aceitar a ordem, poderia ao menos ser homem de responder "Multi-21 teu cu. Vou vencer essa bagaça". 
- Independente de não ter como mudar o mapa do motor (por força do regulamento), a equipe sabe o que o piloto está fazendo. A Red Bull sabia da rebeldia e poderia (deveria ?) ter avisado Weber disso.
- Ainda assim, em um dado ponto, Vetel estava chegando. Weber tinha essa informação e poderia questionar a equipe o que diabos estava acontecendo. Não sei se o fez.
- Além de questionar, a porcaria do botão, como visto antes, é controle do piloto. Volte o motor para a posição máxima e defenda-se do ataque, oras.

Não acho que nenhum dos lados do debate está totalmente certo nem totalmente errado. Vivemos criticando os pilotos que ficam atrás sem atacar o companheiro e agora estamos criticando o cara que descumpre isso. 
Mas se tem uma coisa que eu acho é que esse tipo de acordo deu o que tinha que dar. Não é com uma canetada que se resolve tudo, mas precisa-se de uma solução urgente, definitiva e eficaz contra essa praga.

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