sábado, 11 de maio de 2013

Religião com Respeito


É isso mesmo que você leu e está supondo que entendeu, amigo leitor: vou falar bem de uma religião hoje.
Sim, é sério. E o mais interessante de tudo é que eu discordo de todas as crenças religiosas (óbvio) e discordo de praticamente todos os modos de vida deles. Como isso é possível ? Basicamente porque eu concordo com as maneiras religiosas deles.
Perplexo e confuso, amigo leitor ? Não se apresse em fechar a janela do navegador. Pesquisando um pouco, descobri que os amish são uma linhagem religiosa que cresce aceleradamente nos EUA e Canadá.  Originados na Suíça no século XVI, foram forçados a migrar para os EUA no século XVIII justamente por não se alinharem com nenhuma outra organização religiosa. "Outra" já é um termo errôneo de se usar, pois eles sequer podem ser chamados de organização: unem-se em comunidades de 20 a 30 famílias, cada uma com não menos do que 6 filhos. 
Em tópicos, seguem as seguintes crenças (não custa repetir, das quais discordo totalmente):
- resumidamente, são cristãos
- seguem a risca o Novo Testamento
- a Igreja tem o poder de disciplinar cada membro, inclusive com poder de expulsão da comunidade
- pacifismo extremo: religião e violência são absolutamente incompatíveis
- o ser humano possui livre-arbítrio para crer e se converter (ok, eu acho esta aqui logicamente viável, devo admitir).
Como consequência de uma adoção severa da passagem Romanos 2:12 ("não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês"), adotam um estilo de vida, digamos, bucólico:
- nenhum tipo de tecnologia é aceito no interior das casas. Isso inclui energia elétrica
- em comunidades mais radicais, não há sequer telefone
- não prestam serviço militar nem participam do Seguro Social
- não usam veículos motorizados de nenhuma espécie
- comem apenas o que plantam
- falam uma língua própria similar ao alemão
- não reconhecem a autoridade do governo
- não tiram fotos, nem permitem que sejam tiradas fotos deles (há comunidades menos radicais nesse quesito)
Sinceramente, eu ficaria maluco na primeira semana com esses caras. Mas devo concluir meu artigo com 3 aspectos incrivelmente positivos dos amish
- não permitem a pregação religiosa, embora aceitem conversões.
- o batismo é feito por opção, quando o seguidor se torna maior de idade.
- os jovens passam por um período de liberdade (Rumspringa) na qual podem desrespeitar os modos de vida: podem ter aparelhos de som, beber e até fumar. A conversão pelo batismo só pode ser feita depois desse período.
Em resumo, ninguém tem a mente lavada nessa budega e eles não fazem a menor questão de serem conhecidos ou de espalharem o que são. E ainda assim, crescem vertiginosamente em números. 
Eu respeito muito quem não se mete com os outros e é exatamente o que eles fazem. Os pais passam pela apreensão de "perderem" os filhos para o mundo exterior, mas isso só acontece em 10% dos casos. De onde consegui inferir, quando isso acontece, os pais não são considerados incompetentes nem discriminados na comunidade: isso é visto como um acidente ou fato da vida. 
Pastor Feliciano precisava passar uns dias por lá, não ? Uns 10 mil dias, quem sabe ?

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