terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Projeto de Processos (2)

Continuação da história iniciada aqui.

Então chega o 5o ano e aparece a tal Projeto de Processos. A matéria ocupava 6 créditos, com aulas às 5as, de 7h30 a 12h50. No entanto, logo no primeiro dia de aula o professor esclarece que aula mesmo só haveria mais uma, na semana seguinte.
E na semana seguinte, tivemos um curso para usar um simulador de processos chamado ASPEN. Algo assim:



A turma se dividiria em grupos de 3 a 4. Cada grupo receberia um projeto único e deveria, dados os reagentes, obter o produto final em determinada pureza. O arquivo final deveria ter todas as etapas de produção, incluindo reator(es), operações unitárias e estimativa de custos de energia e tubulações.
Como a universidade dispunha de apenas 2 cópias do simulador, os computadores funcionariam das 6h às 22h, em turnos de 2h. Os grupos se organizariam em listas e teriam o semestre todo para terminar. Não haveria aulas, o que daria, no mínimo, as horas de 5a-feira para essa atividade. 
De certo modo, era como um jogo de computador, coisa que sempre gostei, tentando atingir um objetivo claro e definido. Podíamos mudar as peças de ordem a vontade, bem como as condições de funcionamento de cada uma delas. Mas se o sujeito não tem ideia do que está fazendo, o projeto não anda. Aquilo era absolutamente cativante para mim.
E, para melhorar, montem um grupo com 2 colegas excepcionais: Adriano e Renato. Eram caras com quem sempre tive pouco contato, mas por quem tinha enorme respeito. Eram alunos (e devem ser engenheiros) muito melhores que eu. Na verdade, nem nunca soube direito porque eles me aceitaram no grupo.
Às vésperas de iniciarmos o trabalho, eles me procuraram. O Brasil (apelido do Adriano) puxou mais ou menos assim:
- Norson, precisamos falar contigo.
(Putz... os caras vão me abandonar. Estava bom demais para ser verdade).
- Manda.
- Sobre Projeto de Processos.
- Sim?
- O que rola é que os grupos tem que ser de 3 ou 4. E o nosso tem 3
- Sim.
- Então fomos procurados por uma pessoa querendo entrar.
(Ufa. Pode ser um cone, não pega nada. Eu e esses dois damos conta. Além do mais, não tem mais ninguém do 5o ano sobrando. Pode ser qualquer um).
- Claro.
- Mas é que é complicado.
- Descomplica.
- É o Paulo.
(Ok, eu não esperava essa).
- Sério?!
- Sim.
(O que diabos esse cara quer fazer nessa matéria se ele não sabe a diferença entre um trocador de calor e o nariz dele?)
- Ok,sem grilo.
- Mas mano... a gente sabe da tua treta com ele.
- Certo.
- E demos nossa palavra pra você. E a palavra aqui vale.
(Uma ponta de emoção surge).
- Legal, tranquilo. Pode por o cara no grupo.
- Você não vai ficar chateado ?
- Não. Ele não vai fazer nada, eu conheço a peça. Mas não tem grilo.
- Cara, não. A gente não que chatear você. Se tem treta, ele que se vire com outro grupo.
(mais emoção)
- Confia em mim, Brasil. Não vou criar caso e aqui a palavra vale. Só estou avisando que ele não vai fazer nada, o que significa trabalharmos a 3, que já era o plano inicial. Como eu disse, sem grilo.

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