quarta-feira, 27 de junho de 2012

Tem horas...

Tem horas que a gente quer falar mal de uma pessoa específica, mas não pode. Vai que a pessoa descobre, não é ? 
Então a gente não fala dela para ela, ou perto dela. Na verdade, falar mal dela, ainda que longe o suficiente para ela não ouvir ainda pode ser perigoso. "As paredes têm ouvidos", diz o ditado, no sentido de que alguém que você não considera como pessoa relevante pode ouvir e relatar isso.
Sobe-se mais um degrau na paranóia, e quando se fala, isso é feito com portas fechadas, para alguém de confiança. Reclama-se do cônjuge para um colega de trabalho, ou vice-versa, afinal eles não se conhecem... Até o dia daquela festa, onde todo mundo se esbarra e você vai para lá suando frio. "Putz, é hoje..." 
Então no cúmulo da prevenção, você só fala isso para o analista, desde que ele não tome notas, é claro.
Chamo esse processo de Receita Perfeita para Paranóia.
Expandindo o conceito, evita-se falar mal do trabalho, da academia, da igreja, do grupo de dança, da ONG onde se trabalha aos finais de semana, da pizzaria e do cachorro. E assim o mundo não gira, pois pessoas que não recebem críticas dificilmente evoluem por si só.
Que fique claro que me incluo no alvo da crítica. Eu mesmo já declarei que não comentarei assuntos profissionais aqui. Embora meu cargo seja sigiloso, algumas situações corporativas não o são, e deixariam Scott Adams de cabelos em pé se ele soubesse. Ainda assim, parte-se para um política defensiva, "para evitar problemas futuros."
Que triste.

Um comentário:

  1. Não é triste, é sábio. Como disse uma advogada lá na Bolsa esses dias:

    "Todo mundo sempre lembra que a liberdade de expressão te permite falar o que quiser. Ninguém nunca lembra que ela também te obriga a responder pelo que diz."

    Por outro lado, pensa que qualquer coisa que você publique na Internet prescreve depois de três anos, então serão só três anos vivendo no terror pensando se fulano vai te processar por X ou Y. :P

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