domingo, 2 de fevereiro de 2014

Risco percebido

Não é assunto novo, amigo leitor, mas retornou ao meu radar hoje.
Risco é uma palavra complicada, com variadas definições de acordo com a área empregada. No mercado financeiro é a variabilidade do retorno de um investimento. Em auditoria, é a probabilidade de uma coisa dar errado. E por aí vamos. Pessoalmente, eu prefiro: "é a probabilidade de uma coisa dar errado multiplicada pelo dano causado quando essa coisa der errado". 
Pense na rifa de R$ 2 da sua sobrinha, valendo um jogo de facas Tramontina. São 1000 rifas e você vai comprar uma. A chance de você perder essa rifa é de 99,9%. Elevadíssima, portanto. Mas qual é o prejuízo envolvido? R$ 2. Na minha calculadora, isso é um risco baixo. Na de muita gente também, o que explica a existência de loterias e similares, como a rifa da sua sobrinha.
Pense em furar um farol vermelho em alta velocidade. Na realidade, se você tem um carro bom e dirige bem, as chances de efetivamente causar uma colisão não são tão altas assim. Eu diria estão abaixo de 30%, pois há como desviar, os outros carros podem parar para o maluco (você) passar e por aí vai. Mas... e se der errado? Bem, se der errado temos uma colisão forte, com risco de vida para muita gente envolvida, inclusive você. O seguro pode não querer pagar seu carro e o do terceiro, alegando risco agravado. Isso explica porque as pessoas, em geral, não fazem isso.
Daí chego ao estopim deste artigo: medo de tubarões. Segue o link.
O argumento é que temos enorme medo de tubarões. Eu sou um desses, admito. Relembro a forte cobertura da mídia em cada caso que acontece, bem como a contribuição do Sr. Spielberg. 


O link comenta algumas coisas muito, muuuuuito mais perigosas do que tubarões. Segundo ele, há 5 mortes anuais por ataques de tubarão, contra, por exemplo, 550 nas compras da Black Friday. Mesmo que o primeiro esteja subestimado em um fator 10 e o segundo superestimado em um fator 10, a Black Friday ainda seria algo mais perigoso. No entanto, as pessoas não tem muito medo dela, nem de texting, asfixia autoerótica e cair da cama durante o sono, apenas para citar coisas da lista.
Eu acrescento os meteoros.



Fonte de inspiração de tantos filmes, os meteoros vindos do espaço inspiraram estes e outros filmes. Mas você, leitor, sabia que até hoje não há registro de uma única morte de pessoas por queda de meteoros na Terra?
Nem na Rússia ?
Nem na Rússia. Quase 1500 feridos, em um impacto 20 vezes mais energético que a bomba de Hiroshima, e nem assim morreu alguma pessoa.
Temos ainda o estudo de Steven Lewitt, que mostra que, para uma dada distância fixa para termos de comparação, é 5 vezes mais perigoso caminhar a pé bêbado do que dirigir esse mesmo percurso bêbado. (Superfreakonomics, 1a edição)
E agora, amigo leitor, você ainda tem medo de tubarão?

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